terça-feira, 31 de outubro de 2017

No Jardim de Raymundo


Publicado originalmente no Facebook/Amaral Cavalcante, em 20 de outubro de 2017

No Jardim de Raymundo.
Por Amaral Cavalcante.

Na sexta-feira passada, dei-me um presente digno de real embaixador, ao visitar o reino principesco de Raymundo Luiz da Silva, na Avenida Barão de Maruim.

O gentil’homem, guardião das mais profundas memórias desse Sergipe de elegantes políticos e fortunas históricas que se esvaem ao sabor da nossa indiferença, recebeu-me na porta da sua cidadela de cajado em punho e sorriso grato. Que entrasse!

Com a mão no meu ombro, ele me lavaria pelos corredores da casa aos seus domínios: uma aprazível construção no amplo quintal, iluminada pela luz inconfundível de tantos Aracajus gloriosos que ele guarda sob a sombra de um pé de manjelão, cioso da sua majestosa função de guardião de memórias.

Raymundo é a lembrança fiel de conquistas políticas e progressos no jornalismo, na literatura escorreita cultivada em crônicas certeiras, na implantação de benéficas ações na área da comunicação, do esporte, na vida social e no assessoramento intelectual a destacados agentes do poder político, em Sergipe.

Ao som do estridente trilili de dezenas de pássaros cantores que ele reconhece, a todos, por inusitada convivência e amorosos tratos, Raymundo me conduziu ao seu reino de amabilidades, ao seu papo gostoso de quem envelhece de bem com a vida e faz da sua memória um legado precioso demais para todos nós.

Conversamos com a sofreguidão de quem aguarda um naufrágio: eu, às pressas porque tinha compromissos bestas que nem valiam à pena; ele, senhor do tempo como se a eternidade já o liberasse de qualquer pressa.

O tempo foi pouco, mas juro que farei outras visitas como essa, para o bem da minha sanidade intelectual e refrigério de alma.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Amaral Cavalcante.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Você sabe quem foi Orlando Dantas?


Publicado originalmente no site Expressão Sergipana, em 27 de setembro de 2017

Você sabe quem foi Orlando Dantas?

De Redação

Orlando Vieira Dantas nasceu em Capela (SE) no dia 28 de setembro de 1900, filho de Manuel Correia Dantas, governador de Sergipe entre 1926 e 1930, e de Adelina Vieira Dantas.

Proprietário rural e empresário da agroindústria açucareira, formou-se em engenharia civil, no Rio de Janeiro (então Distrito Federal), em meados da década de 1920. De volta a Sergipe, em 1934 militou no Partido Social De­mocrático de Sergipe.  Em 1945, ingressou na União Democrática Nacional (UDN) e mais tarde na Esquerda Democrática, em cuja legenda ele­geu-se para a Assembleia Constituinte estadual em 1947. Mais tarde, filiou-se ao Partido So­cialista Brasileiro (PSB), fusão da Esquerda Democrática com outras correntes políticas, do qual foi um dos fundadores em Sergipe.

Deputado Federal (1951 - 1953).

Em outubro de 1950, elegeu-se deputado federal por Sergipe na legenda da Aliança Popular, coligação do PSB com o Par­tido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Nesse mesma pleito, Getúlio Vargas foi eleito presidente da República. Deixando a Assembleia sergipana em janeiro de 1951, Orlando Dantas assumiu o mandato de deputado fede­ral no mês seguinte.

Em dezembro de 1951, Getúlio enviou ao Congresso um projeto propondo a criação de uma sociedade de economia mista, a Petrobrás, para a exploração do petróleo no país. Dantas participou do debate em torno do projeto como congressista e como homem de imprensa. Em maio de 1952, antes que o projeto começasse a ser discutido em plená­rio, o governo apresentou um requerimento de emergência aprovado posteriormente, ape­sar das manifestações contrárias da minoria, para o encaminhamento dos debates, de modo a evitar que o controle da matéria lhe escapas­se. Orlando Dantas declarou ser o requerimen­to suspeito, por estar em consonância com a campanha feita pela imprensa, financiada pela Standard Oil, visando a defesa de um projeto prejudicial à economia do país.

Na sessão da Câmara de 6 de junho, a UDN encaminhou um substitutivo assinado por representantes dos principais partidos po­líticos. Orlando Dantas o assinou pelo PSB de Sergipe. Este substitutivo apresentava como proposta a criação de uma empresa estatal (Empresa Nacional de Petróleo – Enape) e incorporava diversas sugestões feitas no me­morando enviado à Câmara, em maio de 1952, pelo Centro de Estudos e Defesa do Pe­tróleo e da Economia Nacional (CEDPEN), um dos principais promotores da campanha pelo monopólio estatal do petróleo.

Depois de muita discussão, o projeto original saiu da Câmara com alterações significati­vas.  Foram aprovadas emendas que tornaram mais nítido o controle do Estado na nova em­presa. Modificaram-se os dispositivos referen­tes à participação dos estados da Federação na distribuição da receita do Imposto Único sobre Combustíveis Líquidos e Lubrificantes.  Por outro lado, foram incluídos dispositivos relativos à participação dos estados produto­res nos resultados da atividade da empresa. A Petrobrás só viria a ser criada em 3 de outu­bro de 1953, através da Lei nº. 2.004, sancio­nada por Getúlio Vargas.

Líder do PSB na Câmara a partir de março de 1952, tentou a reeleição em outubro de 1954, dessa vez na legenda da Aliança Social Democrática – coligação do PSB com o Parti­do Social Democrático (PSD) e o Partido Re­publicano (PR).  Obteve apenas a segunda suplência e, deixando a Câmara em janeiro de 1955, a ela não retornou na legislatura seguin­te.

No pleito de outubro de 1962, elegeu-se quarto suplente de deputado à Assembleia Le­gislativa de Sergipe, na legenda do Partido Ru­ral Trabalhista (PRT), não chegando a exercer o mandato.  Com a extinção dos partidos polí­ticos pelo Ato Institucional n.º 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, tentou candidatar-se a senador em 1966 por Sergipe na legenda do Movimento Democráti­co Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instalado no país em abril de 1964, mas a agremiação não acolheu sua candidatura. Em 1968 ingressou na Aliança Re­novadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar.

Além de suas atividades no ramo açucareiro e na política, foi diretor-presidente da Gazeta de Sergipe, jornal de sua propriedade.

Faleceu em Aracaju no dia 9 de abril de 1982.

Era casado com Dulce Meneses Dantas, com quem teve quatro filhos. Um deles, Hélio Dantas, também seguiu a carreira política

Publicou O problema açucareiro em Sergi­pe (1944), Aspectos da política sergipana (1953), Análises da inflação no Brasil (2ª. ed., 1957), Movimento cultural de Sergipe, Pla­nificação econômica de Sergipe e A vida patriarcal em Sergipe (1981).

FONTES: CÂM.  DEP.  Deputados; CÂM.  DEP. Relação nominal dos senhores; CISNEIROS, A. Parlamentares, Grande encic.  Delta; NÉRI, S. 16; TRIB.  SUP.  ELEIT.  Dados (1, 2, 3 e 6).

Texto e imagem reproduzidos do site: expressaosergipana.com.br

domingo, 15 de outubro de 2017

Ilma Fontes e o Jornal "O Capital"


A fotografia de Ilma Fontes, no alto da página, é de autoria de Janaina Santos.
O escritor Jorge Domingos, residente em Petrópolis (RJ), tem em mãos o jornal O Capital.


Publicado originalmente no site Jornal o Boemio, em 14 de julho de 2017.

Ilma Fontes e o Jornal "O Capital"

Por Eduardo Waack

Ilma Fontes é figura legendária da literatura nacional, da nordestinidade e do jornalismo alternativo. Mulher tão forte quanto bela, partiu corações e fez muitos intelectuais reverem opiniões, embalados pela clareza de sua presença iluminada e rara. Não é figura fácil, defende suas posturas com a mesma firmeza com que acolhe amigos oriundos dos quatro cantos do planeta. Tenho o enorme prazer de conhecê-la há quase 27 anos, quando um dia recebi em minha casa, no final de 1991, um exemplar de O Capital. Meses antes, amigos comuns residentes em Pernambuco lhe entregaram a edição nº 09 de O Boêmio, jornal por mim editado.

Era um tempo em que as pessoas se escreviam longas cartas, que o correio postal entregava e eram aguardadas com verdadeira ansiedade. Não havia internet e nem telefones celulares, que diluem os afetos e afastam os seres, dando a falsa impressão que nos une a todos numa aldeia global. O mundo digitalizado sufocou os afetos e esfriou os carinhos. Com o mesmo carinho recebi cada uma das 276 edições de O Capital que Ilma gentilmente me enviou mensalmente. A alegria contagia toda a família, pois este valente jornal tem lugar cativo em minha residência, em cima do balcão que une a cozinha à sala. Sempre existe um exemplar de O Capital à disposição de quem chega em casa, e tê-lo à mostra me faz tanto bem quanto a felicidade de respirar sem precisar pagar. Ler Ilma é saber e sentir que estamos vivos e atuantes.

Por suas páginas passaram aplaudidos nomes da cena cultural brasileira, e pequenos grandes segredos tornaram-se públicos. Ilma vai até as últimas consequências para honrar seus compromissos e sua posição. Exemplar cronista, ela deixa o nome de Sergipe, e em especial sua querida Aracaju, em evidência no atlas nacional. Lembro-me das colunas de Newman Sucupira e Mano Melo, dos poemas de Ane Walsh, Maria Cristina Gama e Djanira Pio, da fresca elegância de Araripe Coutinho, suave como o perfume de flores silvestres. Lembro-me de Rosemberg Filho e Lapi, viajo com Henry Jaepelt e Márcia Guimarães. E sou leitor assíduo dos 24 Comentários de Jorge Domingos. Ilma é a nossa grande mãe, nossa mestra, irmã e musa inspiradora. Aonde ela vai, vamos todos nós. Seus editoriais reunidos são literatura da melhor qualidade.

E assim seguimos esta batalha num intenso intercâmbio. Somos resistentes ao ordinário, o que fazemos é cultura popular independente e evolucionária. O destino nos uniu. Como me disse certa vez na Universidade de São Paulo o poeta concretista Augusto de Campos, referindo-se a Haroldo, somos irmãos siamesmos. A primeira edição de nossos jornais foi publicada em 26 de junho de 1991, no mesmo dia, mês e ano. O Capital para mim é referência obrigatória, é tendência, vanguarda e história. Ele me guia como um pastor conduz suas ovelhas. Procuro dialogar com O Capital e resolver os enigmas por Ilma propostos. E tenho em mente uma certeza. Enquanto existir O Capital e Ilma Fontes, eu sigo editando O Boêmio. Um dia sei que não estaremos mais aqui. Porém fizemos a nossa parte, estamos fazendo, acertando e errando, da melhor maneira possível. Ilma é a serena lua cheia que cruza os céus da poesia, e ilumina os apaixonados na longa noite latino-americana. Ilma Fontes sou eu, eu sou Ilma Fontes.

Texto e imagens reproduzidos do site: jornaloboemio.wordpress.com

A voz sergipana no The Voice Brasil 2017


A voz sergipana no The Voice Brasil 2017

"Se o canto fizer bem pra minha alma, vai fazer também na de quem me ouve"

Só bastou a aparição dele soltando os trinados com propriedade musical, segurança, descontração e muita ginga, para todas as atenções se voltarem pra ele, sem falar da cobiça dos quatro técnicos experts em música: 'Ivete Sangalo', 'Lulu Santos', 'Carlinhos Brown' e 'Michel Teló', todos lutando entre si querendo atraí-lo para o time deles.

Lógico que estou falando de 'George Sants', a nova revelação da música em nosso Estado, e primeiro artista sergipano a furar o cerco e conquistar uma classificação na batalha musical do pra lá de concorrido programa "The Voice Brasil", da Rede Globo.

'George' tem 29 anos de idade e é natural da cidade de Boquim, onde desde a infância, ouvindo sua mãe cantar enquanto lavava as roupas dos outros quatro filhos, demonstrou especial afinidade com a música e se encantou totalmente por ela.

Ele começou a cantar na igreja ainda criança. Aos 16 anos ingressou no 'Grupo Vocal Sírius', conjunto de expressão no cenário da música gospel sergipana. Participou de alguns trabalhos como backing vocal em grandes eventos, teve aparição em programas de TV e Rádio, e também gravou CDs com músicos do seguimento gospel, o que gerou certa visibilidade e introduziu a participação dele em festas de casamentos, aniversários, entre outros eventos sociais.

Para ampliar o seu trabalho, formou a parceria "Sina Casamenteira", com foco na união de vários cantores e instrumentistas para apresentações diversas. Iniciou os curso de Administração, Letras Vernáculas e Ciências Atuariais, mas ainda não concluiu nenhum deles, pois, segundo ele: "A arte fala com mais força!".

Agora, neste ano de 2017, foi selecionado para participar do programa "The Voice Brasil", sendo o primeiro e único sergipano a representar o Estado na edição do programa veiculado pela 'vênus platinada'. Cantou, encantou, emocionou e seduziu os jurados, a ponto de todas as cadeiras se virarem para ele, quando escolheu 'Ivete Sangalo' como sua técnica.

O BACANUDO.COM, primeiro espaço que divulgou a apresentação de 'George Sants' no televisivo, atraindo assim toda a atenção dos sergipanos para frente da telinha, todos emanando boas energias ao candidato, sai mais uma vez na frente e bate um papo descontraído com o promissor artista, que sem dúvida alguma dará muito o que falar e se projetará nacionalmente, pois talento e determinação é o que não lhes falta. Acompanhe e permaneça na torcida!

BACANUDO - Quando percebeu o dom para a música?
GEORGE SANTS - Todas as manhãs, muito pequeno, quando eu acordava, gostava de ficar encostado na porta do quintal ouvindo minha mãe lavando roupa e cantando. Eu achava lindo! Ela me despertou pra esse lado da música. Quando comecei a frequentar os cultos da igreja foi que comecei a cantar de verdade.

BACANUDO - Quais foram os primeiros passos que você deu na carreira?
GS - Eu participei de gravações de alguns CDs de amigos fazendo backing vocal, depois ingressei no 'Grupo Vocal Sírius', gravei um CD com eles e me apresentava nas igrejas.

BACANUDO - Quem são os artistas que lhe influenciaram e servem de inspiração até hoje?
GS - Eu costumo dizer que eu gosto de música boa, não importa o seguimento ou o artista. Se a música me fala algo positivo, se a melodia mexe comigo, escuto. 'Leonardo Gonçalves', 'Tracy Chapman', 'Celine' sempre me inspiraram!

BACANUDO - Quais as dificuldades para se viver exclusivamente de música em Sergipe?
GS  - Eu sempre tive empregos fixos e levava a música em segundo plano no quesito cantar como profissão. Então, eu não posso falar que experimentei grandes dificuldades. Só que a gente conhece algumas realidades. Quem se conforma não sai do lugar.

BACANUDO -  O que você acha ser preciso para se tornar em um cantor de sucesso nacional?
GS - O segredo do sucesso universal, quando a gente quer ser real, é ter gente boa por perto, experimentar parcerias, firmar os pés no chão, não se deslumbrar, ser pro mundo o que a gente é na intimidade.

BACANUDO - Como é feita a escolha do seu repertório e o que gosta de interpretar?
GS - Gosto muito de fazer releituras de músicas de outras épocas e de cantar sobre temas positivos! A música, pra mim, tem função terapêutica! Na montagem do repertório eu tento mesclar o que as pessoas estão ouvindo com esses princípios aí. Se o canto fizer bem pra minha alma, vai fazer também na de quem me ouve.

BACANUDO - É mais difícil cantar em português ou em língua estrangeira?
GS - No programa, participante e produção escolhem as músicas que melhor se encaixam com o nosso jeito de cantar. Cantar em língua estrangeira é mais complicado por causa da falta, talvez, de convivência com determinada língua, mas não deixa de ser um ótimo exercício de memória musical.

BACANUDO - Como surgiu a ideia de participar do "The Voice Brasil"?
GS - Surgiu em casa, de pijama, sentado no sofá! Fui ver o que aconteceria se eu mandasse um vídeo e deu no que deu!

BACANUDO - Você se deparou com algum obstáculo? Se aconteceu, qual foi?
GS - A gente sempre tem pedras no caminho, mas eu não posso reclamar. Obstáculos tornam a gente mais forte!

BACANUDO - O que muda daqui pra frente para 'George Sants' a partir dessa classificação no icônico programa?

GS - Na minha essência, nada. Na minha mente,  ganha proporção a vontade de estudar e me dedicar cada vez mais à música.

Foto de Jandson Vieira

Texto e imagem reproduzidos do site: bacanudo.com