terça-feira, 28 de novembro de 2017

Alese homenageia Ilma Fontes pelos 50 anos de jornalismo


Publicado originalmente no site F5 News, em 28/11/2017

Alese homenageia Ilma Fontes pelos 50 anos de jornalismo

A escritora, roteirista, cineasta, jornalista, médica psiquiatra, curadora e editora do jornal “O Capital”, Ilma Fontes, recebeu das mãos da deputada estadual Ana Lúcia a homenagem da Assembleia Legislativa de Sergipe pelos 50 anos de dedicação ao jornalismo. Realizada na tarde desta segunda-feira (27), a solenidade reuniu autoridades dos três poderes, jornalistas, literatas, artistas e militantes culturais que prestigiaram a justa homenagem.

Ana Lúcia emocionou a todos com seu discurso cheio de poesia e despido de formalidade, tal qual a homenageada da tarde. “Um enredo de vida marcado pela coerência e pelo compromisso com a ‘resistência ao ordinário’. Egrégia é a resistência. Eminente é a renitência. Ilma é ilustríssima. Dos dias de Mário Jorge, Joubert Moraes e Cacique Chá à garupa da motocicleta do jovem pintor Tintiliano. Da Praça Tobias Barreto, da casa de seu Aderbal e dona Jenny ao Rio de Janeiro e ao firmamento”, apontou.

“Ainda que a tempestade desabasse, pesadíssima, sobre o país e os sobre cajueiros da província del Rey, uns e outros muito poucos seguraram a barra enquanto perdurou a longa e vexaminosa borrasca da ignorância dos coturnos do 28 BC”, declarou Ana Lúcia em referência à resistência de Ilma durante o período da ditadura militar.

“Deputada Ana Lúcia, a senhora me faz muito feliz nesta tarde, mas ao mesmo tempo dispara uma adrenalina, que há muito tempo não vivenciava”, agradeceu a homenagem e o discurso da deputada. “O ato de escrever é um ato solitário. Falar é outra praia. E falar para um público tão excelso, é me considerar uma felizarda. Eis aqui uma pessoa vitoriosa, porque nunca nada foi fácil para mim, mas tudo valeu a pena”, destacou emocionada a homenageada.

Ícone da cultura sergipana, Ilma Fontes marcou e permanece marcando a história de Sergipe. “Nunca saí do jornalismo”, contou, ao falar sobre sua saída de Aracaju para estudar medicina no Rio de Janeiro, onde trabalhou como psiquiatra na Clínica Visconti Silva. Largou a psiquiatria para dissecar a cultura e retornou a Aracaju, onde trabalhou com cinema, literatura, artes e, claro, jornalismo. “Sair da fôrma da conformidade é desconfortável”, disparou a ilustríssima Ilma, referindo-se à coragem de deixar a medicina para dedicar-se à cena cultural.

“Médica, Ilma é poeta. Doutora como Guevara, como Guimarães Rosa, como Tchekhov. Legista, não se limitou a dissecar carcaças inertes. Deitou olhos sobre a anatomia distrófica do conservadorismo de nossa terra para alcançar o mundo todo. Dissecou o cacique Serigy, mas também Jean Genet e Rimbaud. Psiquiatra, negou-se à lobotomização e a reforçar o superego chatíssimo que interditou a emancipação e condenou à indigência cultural tantas mulheres de seu tempo”, completou Ana Lúcia.

Em seu discurso, Ilma rememorou histórias suas e do jornalismo sergipano. Histórias de repressão e de libertação, da ditadura militar e do rock’n’roll. Em uma dessas histórias, nossa homenageada contou que seu modo de desafiar a sociedade e de subverter o conservadorismo dominante, lhe rendeu a demissão do jornal Gazeta de Sergipe. Em plena ditadura militar, Ilma entrevistou seu amigo, o poeta Mário Jorge, para o periódico. Com o título “Poesia no paredão”, a entrevista foi considerada “inadequada” para a edição e a jornalista, “inadequada” para o jornal.

“O ativismo politico e cultural é uma coisa que entranhou-se e não poderia deixar de entranhar-se na minha geração, que é a geração do rock’n’roll”, resumiu Fontes.

E definiu-se no poema “Cogito”, de Torquato Neto: “eu sou como eu sou / pronome pessoal intransferível / do homem que iniciei  / na medida do impossível / eu sou como eu sou  / agora  / sem grandes segredos dantes  / sem novos secretos dentes  / nesta hora  /  eu sou como eu sou  / presente / desferrolhado indecente /feito um pedaço de mim”.“Aos 50 anos de jornalismo, Ilma Fontes ainda tem tudo a dizer e a mostrar”, finalizou Ana Lúcia.

Texto e imagem reproduzido do site: f5news.com.br

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Assembleia Legislativa Homenageia a jornalista Ilma Fontes.

Foto reproduzida do site: antoniomiranda.com.br e postada pelo blog
‘SERGIPE, sua terra e sua gente’, para ilustrar o presente artigo.

Texto compartilhado de publicação originária do Portal Infonet, de 24/11/2017

AL Homenageia a jornalista Ilma Fontes.
Por Ivan Valença.

Sessão especial de homenagem à Jornalista Ilma Fontes está programada para 2a feira, a partir das 17h, pela Assembleia Legislativa do Estado. A homenagem é pela passagem dos 50 anos de atividade jornalística daquela que, se fosse seguir a carreira pela qual se formou, seria médica.

 Mas, um belo dia, 50 anos atrás ela se encontrou com o jornalismo e foi mordida pela mosca azul, transformando-se, no jornal “Gazeta de Sergipe”, numa das melhores e mais lidas cronistas sociais da época. Depois é que se dedicou ao mundo das Artes, organizando exposições e mostras fotográficas. 

Por muitos anos foi a curadora das mostras de arte organizadas pelo Legislativo Estadual e mantém um jornalzinho alternativo de boa circulação no Estado, também dedicado ao mundo das artes. Se há uma homenagem merecida certamente é esta dedicada a Ilma Fontes.

O peso da idade não diminui o entusiasmo pela Arte feita por sergipanos para sergipanos.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Biografia de Leandro Maynard Maciel

Foto reproduzida do site: harpyaleiloes.com.br e postada pelo blog
"SERGIPE, sua terra e sua gente", para ilustrar o presente artigo.

Nome: MACIEL, Leandro

Nome Completo: LEANDRO MAYNARD MACIEL

Tipo: BIOGRAFICO

*const. 1934; sen. SE 1935-1937; const. 1946; dep. fed. SE 1946-1955; gov. SE 1955-1959; sen. SE 1967-1975.

Leandro Maynard Maciel nasceu em Rosário do Catete (SE) em 8 de dezembro de 1897, filho de Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel e de Ana Maynard Maciel. O pai, abastado senhor de engenho em Sergipe, foi político militante desde 1871, tendo sido, durante o Império, diversas vezes deputado provincial e deputado-geral; após a proclamação da República (15/11/1889), foi deputado por Alagoas à Constituinte de 1891 e à primeira legislatura do Congresso Nacional (1891-1893), além de senador por Sergipe (1894-1902).

Fez os estudos primários e secundários no Colégio Salesiano de Aracaju e nos colégios Spencer e dos Irmãos Maristas, em Salvador. Ainda estudante, influenciado pela figura de Rui Barbosa, tomou parte, na capital baiana, da Campanha Civilista, movimento que promoveu, entre agosto de 1909 e março de 1910, a candidatura de Rui Barbosa à presidência da República em oposição à do marechal Hermes da Fonseca, afinal eleito no pleito de março de 1910.

Aluno do curso de engenharia da Escola Politécnica da Bahia, representou sua faculdade no Congresso dos Estudantes de Engenharia, realizado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Ao terminar o curso, em março de 1922, apresentou uma tese que foi depois incorporada ao levantamento de um dos grandes problemas nacionais: O aproveitamento do potencial hidráulico do rio São Francisco na garganta de Paulo Afonso.

Recém-formado, ingressou nos quadros do Ministério de Viação e Obras Públicas, sendo designado para exercer suas funções na Paraíba. Ali trabalhou nas obras do porto da cidade da Paraíba, atual João Pessoa, capital do estado. Transferido para o Rio de Janeiro, trabalhou no Departamento de Portos, Rios e Canais.

Ingressou na política em 1926, com a chegada de Ciro Franklin de Azevedo à presidência de Sergipe. Com a morte deste, em 1927, assumiu o governo o coronel Manuel Correia Dantas, presidente da Assembleia Legislativa, a quem se ligou politicamente, ocupando em seu governo o cargo de diretor do Departamento de Obras Públicas do estado. Em 1929 filiou-se ao Partido Republicano (PR) de Sergipe e candidatou-se a deputado federal nas eleições de maio de 1930, sendo eleito com o apoio da Coligação Democrática Sergipana.

Em 3 de outubro de 1930 estalou a revolução. No dia 14, o capitão Juarez Távora, à frente dos revolucionários vindos da Paraíba, ocupou o estado de Sergipe e depôs o presidente Correia Dantas. Assumiu o governo o primeiro-tenente Eronides Ferreira de Carvalho, que ainda antes do final do ano foi substituído pelo capitão Augusto Maynard Gomes, nomeado interventor federal pelos chefes revolucionários. Leandro Maciel manteve o cargo de diretor de Obras Públicas do novo governo.

Em maio de 1933, elegeu-se deputado por Sergipe à Assembleia Nacional Constituinte na legenda do Partido Social Democrático (PSD) de seu estado, tomando posse em novembro do mesmo ano. Promulgada a nova Constituição em 16 de julho de 1934 e eleito, no dia seguinte, o presidente constitucional da República, Getúlio Vargas, até então chefe do Governo Provisório, os deputados constituintes tiveram os mandatos prorrogados até maio de 1935. Nas eleições de outubro de 1934, Leandro Maciel elegeu-se deputado federal na mesma legenda para a primeira legislatura ordinária após a Constituinte. Entretanto, com a instalação da Assembleia sergipana no início de 1935, foi eleito indiretamente senador por seu estado. Preferindo exercer o mandato no Senado, abriu mão de sua cadeira na Câmara dos Deputados. Com o golpe do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, que fechou todos os órgãos legislativos vigentes no país, teve porém o mandato de senador interrompido.

Na UDN

Em abril de 1945, foi criada a União Democrática Nacional (UDN), partido que nasceu da campanha pela redemocratização do país e que reuniu as forças políticas contrárias ao presidente Getúlio Vargas. Filiando-se à UDN, Leandro Maciel participou da primeira reunião de seu diretório nacional, realizada no dia 21, quando foram nomeadas as comissões para a elaboração do primeiro projeto de estatuto do novo partido. Coube-lhe participar da comissão incumbida do estudo dos problemas estaduais e municipais.

Em 29 de outubro desse ano, Getúlio Vargas foi deposto pelos chefes militares. No pleito de dezembro, Leandro Maciel elegeu-se deputado por Sergipe à Assembleia Nacional Constituinte, na legenda da UDN. Empossado em 19 de fevereiro de 1946, participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer mandato legislativo ordinário. Em 1948, foi eleito membro da Comissão de Obras Públicas e membro da Comissão Especial da Bacia do Rio São Francisco, na Câmara dos Deputados.

Em outubro de 1950, reelegeu-se deputado federal, sempre na legenda da UDN, para o período legislativo de 1951-1955. Nesse mesmo ano, concorreu pela UDN ao governo de seu estado, sendo derrotado por Arnaldo Rollemberg Garcez, lançado pelo PSD e pelo Partido Republicano (PR). Como deputado federal por Sergipe, canalizou verbas para seu estado, destinadas a obras de construção de açudes, estradas de rodagens, hospitais e escolas, e à aquisição de máquinas e geradores elétricos para diversos municípios.

Em outubro de 1954, venceu as eleições para governador de seu estado, na legenda da UDN e com o apoio do Partido Social Progressista (PSP), do Partido Social Trabalhista (PST) e do Partido Trabalhista Nacional (PTN), vencendo Edélzio Vieira de Melo, candidato do PSD. Deixando a Câmara em janeiro de 1955, assumiu o governo em fevereiro, tendo como vice-governador o médico José Machado de Sousa, que o substituiu de março a junho desse ano. Nesse período viajou ao Rio de Janeiro a fim de tratar de interesses do estado, ligados à usina hidrelétrica de Paulo Afonso, cuja expansão até Sergipe pleiteava.

Durante sua administração, realizou a dragagem e desobstrução do porto de Aracaju e a construção de mais de trezentos quilômetros de estradas de rodagem. Reconstruiu a rede de distribuição de energia elétrica e reformou o sistema de abastecimento de água do estado. Restaurou o palácio Olímpio de Campos ou das Secretarias, destinado ao funcionamento dos vários órgãos do governo, e vários edifícios e escolas públicas, inaugurando em fevereiro de 1958 o Instituto de Educação Rui Barbosa, em Aracaju. Concluiu e inaugurou igualmente o aeroporto de Santa Maria, também na capital estadual. Instituiu, finalmente, o sistema de mesas-redondas para debater assuntos de interesse público e obter maiores esclarecimentos sobre os vários problemas do estado. Findo o seu governo, passou o cargo, em 31 de janeiro de 1959, a Luís Garcia.

Em novembro de 1959, seu nome foi apresentado à convenção nacional da UDN como candidato à vice-presidência da República na chapa de Jânio Quadros. Nessa ocasião, derrotou o deputado Fernando Ferrari. Todavia, em abril de 1960, renunciou à candidatura, sendo substituído, em julho, por Mílton Campos.

Em fevereiro de 1961, foi nomeado presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), por Jânio Quadros, que então iniciava seu governo. À frente dessa autarquia federal, modificou o Plano do Álcool, fixando preços para o produto adquirido pelo instituto, modificando a sistemática de entrega do álcool às companhias de gasolina e estabelecendo a obrigatoriedade de as usinas receberem, para a produção de álcool direto, a mesma percentagem fixada para a produção do açúcar. Regulamentou ainda o pagamento de canas fornecidas às usinas associadas a cooperativas centralizadoras de vendas e alterou as datas de início e fim de safra de alguns estados do Nordeste. Extinguiu o Serviço Especial de Requisição e Destilação de Aguardente e criou a Divisão de Exportação do IAA, por decreto de 22 de junho de 1961. Em setembro de 1961, após a posse do vice-presidente João-Goulart na presidência da República em virtude da renúncia de Jânio Quadros (25/8/1961), deixou a presidência do IAA, sendo substituído, em caráter interino, pelo vice-presidente do instituto, Eduardo Rios Filho.

Em outubro de 1962, lançado pela UDN e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), voltou a concorrer ao governo de Sergipe, sendo, contudo, derrotado por João Seixas Dória, candidato do PSD e do Partido Republicano Trabalhista (PRT).

Na Arena

Com a dissolução dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação criada em abril de 1966, formada pelas forças políticas ligadas ao movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart.

Em novembro de 1966, elegeu-se senador por Sergipe, na legenda da Arena. Nesse pleito derrotou o industrial Oviedo Teixeira, candidato do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, e pai do deputado José Carlos Teixeira, presidente do diretório regional daquele partido em Sergipe. Durante seu mandato, iniciado em fevereiro de 1967, foi presidente da Comissão de Transportes, Comunicações e Obras Públicas, vice-presidente da Comissão de Redação, membro da Comissão de Finanças e Economia, e da Comissão de Minas e Energia, além de suplente das comissões de Indústria e Comércio, do Polígono das Secas, de Agricultura, de Justiça de Ajustes Internacionais, de Legislação sobre Energia Atômica e de Serviço Público Civil.

Concorrendo novamente às eleições de novembro de 1974 para o Senado na legenda arenista, não conseguiu reeleger-se, sendo derrotado por João Gilvan Rocha, do MDB. Ao terminar seu mandato de senador em fevereiro de 1975, retirou-se da vida política.

No exercício da vida pública, foi ainda fiscal do Serviço de Águas e Esgotos de Aracaju, diretor da Companhia de Serviços de Luz e Força de Sergipe (Energipe) e presidente das Usinas Nacionais.
Faleceu em Aracaju no dia 14 de julho de 1984.

Era casado com Marina de Albuquerque Maciel, filha de Otacílio de Albuquerque, médico, jornalista e político paraibano, que foi deputado estadual e federal e senador pela Paraíba (1923), e um dos articuladores no Nordeste do movimento revolucionário de 1930.


FONTES: ARQ. PÚBL. EST. SE; ASSEMB. NAC. CONST. 1934. Anais; BANDEIRA, L. 24; Boletim Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Relação dos dep.; CISNEIROS, A. Parlamentares; COSTA, M. Cronologia; Diário do Congresso Nacional; Encic. Mirador; FRANCO, A. Escalada; FUND. GETULIO VARGAS. Cronologia da Assembléia; GODINHO, V. Constituintes; Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (9/3/60, 27/7 e 16/10/66); LACERDA, C. Depoimento; NABUCO, C. Vida; NÉRI, S. 16; OLIVEIRA, H. Presidentes; Perfil (1972); PINTO, L. Pequenos; SENADO. Anais (1935); SENADO. Dados; SENADO. Dados biográficos (1974); SENADO. Endereços; SENADO. Relação; SILVA, G. Constituinte; WYNNE, J. História.

Texto reproduzido do site: fgv.br/cpdoc/acervo

domingo, 19 de novembro de 2017

Dona Dulce e Sr. Orlando Dantas


“Meus avós Dulce e Orlando Dantas. No final dos anos 40 ou início dos anos 50, acredito que na Fazenda Coqueiro, em Socorro, que era propriedade de meu avô”. (Paulo Roberto Dantas Brandão).

Foto e Legenda reproduzidos do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Imbuaça, O nome do artista e o artista do nome


De publicação do Facebook/Luiz Eduardo Oliva, em 15/11/2017.

Imbuaça, O nome do artista e o artista do nome. (*)
Por Luiz Eduardo Oliva (**)

Aracaju era apenas uma cidade com pouco mais de cem anos, ruas ainda enlameadas e o prefeito Godofredo Diniz aqui ou acolá inaugurando calçamentos de paralelepípedos. A população não passava dos 170 mil habitantes onde quase todo mundo se conhecia. Tudo era perto, mas tudo parecia longe. Nas cidades pequenas as maiores distâncias parecem ser maiores que nas cidades grandes. Ir até o bairro Santo Antônio, nem pensar. Os moradores das cercanias da Rua de Riachuelo, Santa Luzia, Lagarto, Arauá e Itabaiana tinham seus limites estabelecidos ao leste pelo banho do Rio Sergipe ali na “Rollemberg” acompanhados de Zé Peixe e de Dona Filomena; ao sul pelas cercanias da Igreja São José, arrodeada de mangues com o “Bariri” como anexo, pegando caranguejo em armadilha improvisada de lata de óleo de soja marca “salada”; ao oeste esbarrava-se nas areias brancas do Oratório de Bebé e ao norte, depois da Catedral já era longe.

A cidade, naturalmente era dividida em zonas. Mas zona era a denominação que a turma do futebol de pelada dava para digladiarem-se os mais ou menos “índios” como eram chamados os mais arruaceiros onde nas pelejas o pau comia. Quem nasceu no bairro Santo Antônio, parecia lá se estabelecer para sempre. Os colégios eram poucos. “Tobias Barreto” rivalizava com o “Atheneu Sergipense” e tinham como contra ponto a “Escola Normal” só de mulheres, as normalistas. O “Jackson de Figueiredo” com sua farda cor de cáqui tinha abrigado entre seus alunos o consagrado Joao Gilberto, o papa da Bossa Nova e também tinha o “Dom José Tomaz” pelas cercanias. O “Salesiano” e o “Arquidiocesano” eram os colégios religiosos assim como o “Nossa Senhora de Lourdes” e o “Patrocínio São José” sexistas, uns só para homens e outros para mulheres. Freiras e Padres monopolizavam parte do ensino. O “Tiradentes” surgiu depois assim como o G.A. (Ginásio de Aplicação) onde as meninas da nossa vã sociedade eram cognominadas de uma expressão escatológica para designar que eram “metidas”. Tudo isso fazia de Aracaju uma cidade bucólica, praiana, interiorana, embora fosse capital.

Mas se diz disso tudo nessa introdução para falar de um personagem: Manuel Imbuaça. Quem sabe de quem se trata? Certamente, se a pergunta fosse em torno do grupo de teatro Imbuaça, que fez esse mês quarenta anos de atuação, praticamente todo aracajuano sabe do quem se está falando. Mas poucos conhecem a figura do artista que deu ao “Imbuaça” o nome. Era morador da Rua Santa Luzia, numa extensão que ia da Rua Riachuelo à Praça Tobias Barreto. Ali se constituiu em um dos mais interessantes “guetos” daquela Aracaju com pouco mais de cem anos. Naquele trecho e nas suas cercanias, residiam ou viviam esse escrevinhador, Guda, Bolívar, Chumbinho, Zé Aélio, Geraldão, Vaca Braba, Seu Pedrinho, Hunaldinho, Bebeta, Bosco Scafts, Zé de Filomena, Jeze, Dona Lucinda, Robertão, Carlinhos, Sêo Vavá da Safira, Alcides Melo, Mário Jorge, Agamenon, Pipiri, e, naturalmente, Mane Imbuaça.

O nome verdadeiro era Manoel Silva Alagoano, um tipo que vivia com uma tropa de jegues, fazendo “carrego” em areia lavada para fazer celão, uma espécie de barro que era utilizado em construções. Mané Imbuaça, como era conhecido, fazia biscates. Durante o dia saia logo cedo com a sua troupe de burricos. No final da tarde, todos os dias a cena se repetia: voltava bêbado, conduzindo trôpegamente seus fiéis jericos. O entardecer naquele pedaço de rua era sempre uma festa. Alcides Mello esse belíssimo compositor da música sergipana que hoje vive em Uberlândia, Minas Gerais é ainda quem traz na memória a mais completa tradução daquela (sua) gente. E daqueles momentos. Pipiri, um artista popular era a mais significativa expressão do “marginal” quase Madame Satã. Artista popular, ganhava trocados nas escolas imitando personagens da política, trens, animais. Conta-se que certa vez, ao final de uma apresentação no Colégio Patrocínio São José, como uma das Irmãs ao pagar o cachê dissera que parte do arrecadado iria para as obras de caridade, Pipiri sentiu-se lesado. Não perdeu tempo. Virou-se para o auditório e disse que ia imitar uma freira...bufando. Se bem que usou a outra palavra mesmo.

Mas o personagem é Mane Imbuaça. Nos finais de semana pegava um pandeiro e saia para cantar emboladas e acrescentar parcos vinténs ao pouco que lhe rendia a sua tropa de jegues. Era, no dizer de Alcides, improvisador dos melhores. Cantava e alegrava. Tinha um humor permanente, espirituoso, para tudo uma saída divertida. Certa ocasião Alcides levou Mane Imbuaça a um bar que era ao ar livre, o Mine Golfe, onde hoje está situada a sede da OAB. Era o ponit da época. Os jovens, nas mesas, aos sôfregos beijos, chamaram a sua atenção. Bêbado, Mané Imbuaça virou-se para Alcides e perguntou: “Ô Alcide, isso aqui é um cabaré destampado?”

Cabaré, na verdade, era a principal opção para a Aracaju boêmia entre os anos 50 e 70. Chante Clair, Beco dos Cocos, Mira Mar, Bambu... a maioria num lugar denominado Vaticano. Mas isto já é outra história. Um dia mataram Mane Imbuaça a pauladas. Lá se foi o artista, ficou só o nome, perpetuado no grupo que se iniciou como teatro de rua, num Festival de Arte de São Cristóvão, festival que em boa iniciativa do atual prefeito da velha Capital, Marcos Santana, será retomado neste mês de dezembro.

Hoje o nome Mané Imbuaça não diz mais nada do artista popular, miserável, bêbado, que morreu de forma trágica. Foi o seu nome que o hoje famoso grupo de teatro tomou emprestado quando se iniciou pela arte de rua (inicialmente o Imbuaça fazia o chamado “teatro de rua”). Nome de um artista do meio do povo, cuja história caberia muito bem como tema de uma das peças que fazem do Grupo Imbuaça, ao lado do teatro de Jorge Lins a melhor tradição da arte cênica sergipana. Mas o Mané Imbuaça sumiu como fumaça. Entrou por uma perna de pinto, saiu por uma perna de pato... Senhor Rei mandou dizer que agora, conte mais quatro. Histórias que a historiografia não conta. De uma Aracaju que o tempo deixou para trás.

(**) Luiz Eduardo Oliva, advogado, poeta e professor. Ex-secretário de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania.

(**) Artigo publicado no Jornal da Cidade edição de fim de semana (11 a 13 de novembro de 2017).

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Luiz Eduardo Oliva.

domingo, 12 de novembro de 2017

sábado, 11 de novembro de 2017

'O Grande Reizinho', por Petrônio Gomes

Foto reproduzida do site: acese.org.br e postada pelo
 blog SERGIPE..., para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no Facebook/Petrônio Gomes, em 10/11/2017.

O Grande Reizinho.
Por Petrônio Gomes.

Quando o Dr. Paulo Barreto governou nosso Estado, as estradas de Sergipe eram um modelo para o país. Gente simples mas conhecida de todos, estiveram compondo o seu governo, como Joaquim Barreto, João Andrade Garcez e outros. Houve também um comerciante que todos chamavam reizinho! por ser de pequena estatura, mas um modelo de simplicidade.

Eu trabalhava no Café Aragipe, que ficava próximo ao estabelecimentos de Alcides Vasconcelos. Só sei que um dia reizinho foi trazido de automóvel oficial para o seu estabelecimento, na certa por se encontrar substituindo alguém muito importante. O mais gostoso foi o fato de reizinho sair porta dos fundos do carro enquanto o chofer continuava perfilado, segurando a porta de onde ninguém saía. Sãos meus amigos de longa data, os Vasconcelos, que me perdoarão pelas palavras de simples carinho.

Texto reproduzido do Facebook/Petrônio Gomes/http://bit.ly/2AvpFaH

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Perdemos Robson Porto



Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone.

Perdemos Robson Porto.
Por Antônio Samarone.

Acabo de receber a notícia do falecimento de Robson Porto, filho de seu Portinho. Robson era sobrinho de dona Josefa Porto, esposa de Othoniel Dórea, chefe político durante a República Velha em Itabaiana, e primo de Passos Porto.

Robson era um bom papo, referência de educação e urbanidade, memória privilegiada da vida Itabaianense. Robson era o goleiro das nossas peladas e torcedor do Confiança. 

Robson era casado com Jeane, filha de Seu João Carteiro. O sepultamento será hoje à tarde, em Itabaiana.

Requiescant in pace, meu amigo.

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Texto reproduzido do Facebook/Antonio Samarone.
Fotos Facebook/Ludwig Oliveira/Antonio Samarone.