quarta-feira, 30 de maio de 2018

Arcebispo emérito Dom Luciano Cabral será sepultado hoje

Foto: Ascom/UFS

Publicado originalmente no site do Cinform, em 30 de maio de 2018

Arcebispo emérito Dom Luciano Cabral será sepultado hoje

Por Thayná Ferreira 

O arcebispo emérito de Aracaju, Dom Luciano Cabral Duarte, de 93 anos, faleceu em decorrência do mal de Alzheimer nesta última terça-feira, 29, e será sepultado hoje, 30, na Igreja São Salvador, localizada na Rua Laranjeiras, Centro.

Dom Luciano além de religioso, teve grande importância na educação do estado. Ele foi professor, fez doutorado em Filosofia pela Sorbonne, foi um dos fundadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS), foi o primeiro diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe e o primeiro presidente do Conselho Diretor da UFS.

A pró-reitora de Gestão de Pessoas da UFS, Ednalva Freire Caetano, divulgou um texto a respeito da trajetória do arcebispo. Em um dos trechos, ela relata que em 1963, ele foi nomeado para o Conselho Estadual de Educação, assumindo, em seguida a presidência da Câmara de Ensino Superior e designado pelo Secretário de Educação, Luiz Rabelo Leite, para coordenar um grupo de trabalho, com o intuito de criar uma universidade federal no estado.

Em outro trecho ela relata que logo após o ato de criação da Fundação Universidade Federal de Sergipe, Dom Luciano ficou encarregado de elaborar os estatutos da nova fundação. Em 1967, foi eleito Presidente da Fundação Universidade Federal de Sergipe e no ano seguinte nomeado membro do Conselho Federal de Educação.

Por fim, a pró-reitora finaliza declarando que a “contribuição de D. Luciano Cabral Duarte para a criação, instalação e manutenção da Universidade Federal de Sergipe nesses 50 anos é atestada por todos aqueles que tiveram o privilégio de participar da sua convivência”.

Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br

O adeus a dois Josés


Publicado originalmente no Facebook/Marcos Cardoso, em 30 de maio de 2018

O adeus a dois Josés

Por Marcos Cardoso

Quis o destino que o arcebispo emérito Dom Luciano José Cabral Duarte e o ex-deputado federal José Carlos Teixeira morressem numa mesma tarde de outono. Na última terça-feira, dia 29, ambos se despediram da vida. Luciano José com 93 e José Carlos com 82 anos de idade.

Por caminhos diversos e até antagônicos, os dois Josés foram personagens imprescindíveis na construção da identidade cultural e política sergipana, e no momento mais grave da nossa história, que foi a ditadura militar de 1964 a 1985.

Uma coincidência já havia marcado de forma definitiva a biografia dos dois. O ano de 1966 foi decisivo para eles.

Naquele ano, o monsenhor Luciano Duarte foi sagrado bispo auxiliar de Aracaju, recebendo o báculo das mãos do arcebispo Dom José Vicente Távora, a quem viria suceder em 1971.

O professor e intelectual crescia na hierarquia da Igreja Católica, suas ações no campo social e educacional se fortaleciam, suas cultas pregações influenciavam gerações de cristãos.

Também naquele ano, o jovem deputado federal José Carlos Teixeira firmou-se como líder da resistência ao regime, organizando o Movimento Democrático Brasileiro, o MDB, que abrigava toda a oposição e os proscritos da esquerda, inclusive os comunistas.

Em 1966, o filho do empresário Oviêdo Teixeira reelegeu-se, sendo o único deputado federal pelo MDB, que também conseguiu eleger seis deputados estaduais, contra 26 da Arena, o partido do governo. A Assembleia Legislativa abrigava 32 parlamentares.

Dom Luciano foi mentor de um pioneiro projeto de reforma agrária no Estado. Com o apoio do governo local, a Arquidiocese adquiriu algumas fazendas em quatro municípios na bacia do rio Cotinguiba, onde ele implantou o Prohcase – Promoção do Homem do Campo de Sergipe, beneficiando centenas de famílias.

Além de criar novas paróquias, construir igrejas e capelas, ele fundou o Museu de Arte Sacra de São Cristóvão, que guarda um respeitável acervo histórico.

Mas certamente a sua obra mais importante foi a criação da Universidade Federal de Sergipe. Ele liderou a luta que culminou com a unificação numa mesma instituição das Escolas de Ciências Econômicas e de Química, da Faculdade de Direito, da Escola de Serviço Social, da Faculdade de Ciências Médicas e da Faculdade Católica de Filosofia, da qual foi o primeiro diretor.

Na noite do dia 15 de maio de 1968, no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Dom Luciano Duarte, já como presidente do Conselho Diretor da Universidade Federal de Sergipe, abriu a solenidade que instalava definitivamente a maior instituição sergipana de ensino superior.

No mesmo período, no recrudescimento da repressão, o deputado José Carlos Teixeira defendia a liberdade de universitários da mesma instituição, que lutavam contra o regime ditatorial.

Ele foi reeleito deputado federal mais uma vez em 1974 e foi prefeito nomeado de Aracaju em 1985, quando preparou a capital para a primeira eleição livre de prefeito, vencida pelo correligionário Jackson Barreto.

Em 1986, foi o único candidato a governador do PMDB a perder a eleição. Ele foi diretor da Caixa Econômica Federal e foi vice-governador na segunda gestão de João Alves Filho, de 1991 a 1994, de quem também foi secretário da Cultura em 2003.

Mas a obra mais marcante de José Carlos Teixeira na gestão cultural foi a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe, a SCAS, que movimentou o ambiente artístico local nos anos 70 e 80, permitindo que o sergipano assistisse a grandes espetáculos nacionais e até internacionais.

Mesmo militando em campos ideologicamente opostos, Luciano Cabral Duarte e José Carlos Teixeira mantinham uma convivência respeitosa, alimentada à paixão pelas artes, pela música clássica, pela cultura.

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Marcos Cardoso.

A morte de José Carlos Teixeira

Imagem reproduzida do site A8 SE. e postada pelo blog 
"SERGIPE, sua terra e sua gente", para ilustar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no site Infonet/Blog/Ivan Valença.

A morte de José Carlos Teixeira

Texto de Ivan Valença

Na sua sessão de ontem de manhã, meio que improvisada porquê de fato não deveria ter havido a sessão ordinária, a Assembleia Legislativa antecipou-se ao anuncio da morte do ex-deputado José Carlos Teixeira. De fato, o político sergipano só veio a óbito já pouco depois do meio-dia e não às 10h30 como foi anunciado. Um dos mais importantes políticos sergipanos, José Carlos Teixeira elegeu-se deputado federal pela primeira vez em 1962, reelegendo-se pelos anos afora por mais três vezes.

A mais importante voz contra o golpe militar de 1964, Teixeira também por essa época tornou-se a mais importante voz da área cultural do Estado ao promover a Sociedade de Cultura Artística de Sergipe. Graças ao seu empenho, alguns diretores teatrais de fora do Estado – como Wilson Maux e Mário Sérgio, por exemplo –  vieram dirigir artistas sergipanos em obras de excelente qualidade. Um desses trabalhos, chamado “Chuva”, peça de Somerset Maugham, trouxe interpretações marcantes de atores como o prof. João Costa, a socialite Tereza Prado e o então estreante em jornalismo José Carlos Monteiro, antes de ir residir em definitivo no Rio de Janeiro. 

Fundador do PMDB, o partido de Oposição consentido pela Revolução Militar de 1964, José Carlos Teixeira exerceu toda sua atividade política como filiado ao partido. Por um breve espaço de tempo, nos anos 1980, foi Prefeito de Aracaju e passou o comando da cidade ao seu colega de partido, Jackson Barreto, eleito por voto direto dos eleitores. 

Foi diretor da Caixa Econômica e Secretário da Cultura, em 2003, no governo do Sr. João Alves Filho. Quando ajudou a fundar a SCAS (Sociedade de Cultura Artística de Sergipe) no início dos anos 50, ficaram famosas as recepções oferecidas por Teixeira a artistas estrangeiros que vinham se apresentar na SCAS.

 José Carlos Teixeira despediu-se do seu povo aos 83 anos de idade, embora aparentasse ter um pouco mais.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca

A morte de Dom Luciano Duarte

Imagem reproduzida da TV SERGIPE e postada pelo blog: 
"SERGIPE, sua terra e sua gente",  para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no site infonet/blog/ivanvalenca

A morte de Dom Luciano Duarte

Texto de Ivan Valença

Aos 93 anos de idade faleceu ontem a tarde aqui em Aracaju o Arcebispo Emérito de Aracaju, dom Luciano José Cabral Duarte. Figura exponencial da Igreja Católica em Sergipe, d. Luciano teve uma vida vitoriosa no campo eclesiástico e plena de realização. Ele trabalhou assiduamente para a constituição da Universidade Federal de Sergipe, na metade dos anos 60. 

Um pouco antes, o seu trabalho também foi vitorioso para a constituição e instalação da Rádio Cultura de Sergipe, em 1959. Professor universitário, ele trabalhou também para a instalação das faculdades de Filosofia e de Serviço Social. Fui seu aluno ainda na Faculdade Católica de Filosofia. Embora divergíssemos politicamente, era, no entanto, um enorme prazer assistir aulas suas de Filosofia. Era um poço de conhecimento dentro de uma oratória especialmente cativante.

As vezes contraditório, D. Luciano era capaz de se preparar para constituir uma entidade que trabalhou pela Reforma Agrária. A doença de que foi vítima, o Mal de Alzheimer, privou os sergipano dos seus conhecimentos sobre quase tudo na vida das pessoas, além de um discurso primoroso, e um texto maravilhoso (isto pode ser conferido nos livros que publicou, principalmente em “Europa e Europeus”, seu primeiro livro.

Por muito tempo foi o editorialista da Rádio Cultura de Sergipe, texto transmitido, por cinco minutos diários, a partir das 13h. Frequentador assíduo de cinema, tinha um gosto refinado na literatura e na música. Assistir uma aula do professor Luciano Duarte era um prazer que nos foi retirado muito cedo. 

D. Luciano Duarte agora descansa em paz. No período da doença, recebeu assistência de sua irmã, uma verdadeira santa, d. Carmen Duarte.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs/ivanvalenca

José Carlos, o político do MDB que marcou a reação sergipana à ditadura

Foto reproduzida do site infonet.com.br e postada pelo blog

Morre José Carlos Teixeira, o político do MDB que marcou a reação sergipana à ditadura 

Velório será no Palácio Museu Olímpio Campos, na Praça Fausto Cardoso

José Carlos Teixeira: serviu bem à causa da democracia

Morreu no começo da tarde desta terça-feira, 29 de maio, aos 82 anos, José Carlos Teixeira, ex-deputado federal pelo MDB, ex-vice-govenador de Sergipe e o político que mais marcou a reação sergipana à ditadura militar durante os sombrios anos 70.

Filho de um dos maiores homens da história e da economia de Sergipe - Oviedo Teixeira -, José Carlos Mesquita Teixeira nasceu em Itabaiana no dia 3 de maio de 1936.

Ele exerceu quatro mandatos de deputado federal por Sergipe, presidiu o MDB na origem, disputou a sucessão estadual em 1986 e perdeu para Antonio Carlos Valadares, mas foi prefeito de Aracaju de 1985-1986 e eleito vice-governador do Estado na gestão de João Alves em 1990, ironicamente num acordo costurado pelo próprio Valadares.

José Carlos Teixeira vinha se debatendo contra um processo de debilitação orgânica causado por um câncer há alguns anos e a morte dele deixou tristes os ambientes político e familiar de Sergipe.

“É com muito pesar que comunico o falecimento de meu irmão José Carlos Teixeira, ocorrido às 14h de hoje. O velório será no Palácio Museu Olímpio Campos, na Praça Fausto Cardoso, saindo o féretro amanhã às 10h para o Cemitério Colina da Saudade, onde será sepultado às 11h”, informou um dos irmãos, o empresário Tarcísio Teixeira. No começo da tarde, a família distribuiu uma “Nota de Falecimento”.

“Maria Eugênia Fontes Souza Teixeira, Simone, Suiene, Solange, Eugênia e Marília, Marcelo e Carlos Rodrigo, Rafael, André, Guilherme, Gabriela e Leonardo, Gilza e José Lauro, Luiz Antônio, Tarcísio e Maria Aparecida, Maria Celi e Luciano, João e Vera, Ana Maria e Carlinhos, Leopoldo e Arlinda, Maria Cristina, esposa, filhas, genros, netos, irmãos e cunhados cumprem o doloroso dever de comunicar o falecimento de José Carlos Mesquita Teixeira, ocorrido no dia 29 de maio. O velório ocorrerá no Palácio Museu Olímpio Campos, na Praça Fausto Cardoso, a partir de 20 horas, saindo o féretro amanhã às 10 horas para o Cemitério Colina da Saudade, onde será sepultado às 11 horas. A família desde já agradece a todos que comparecerem à esse ato de fé e caridade cristã”.

O Governo do Estado de Sergipe decretou luto oficial de três dias pela morte de José Carlos Teixeira. Com o seguinte informe. “O governador Belivaldo decretou luto oficial de três dias e colocou o Palácio Museu Olímpio Campos à disposição para realização do velório. O chefe do Executivo destacou o trabalho de José Carlos a favor da democracia e da cultura sergipana

José Carlos Teixeira foi um dos fundadores do MDB e lutou contra o regime Militar em 1964. Uma das últimas funções públicas que assumiu foi a Secretaria de Estado de Cultura, em 2003, quando promoveu uma reestruturação na Orquestra Sinfônica de Sergipe, com intercâmbio de músicos e renovação de instrumentos.

O governador Belivaldo decretou luto oficial de três dias e colocou o Palácio Museu Olímpio Campos à disposição para realização do velório. O chefe do Executivo destacou o trabalho de José Carlos a favor da democracia e da cultura sergipana.

“José Carlos Teixeira nos deixa num momento de grande turbulência política. É significativa sua perda neste momento. Mais um democrata nos deixa. Temos que exaltar o legado de José Carlos, um amante da nossa cultura, que sempre carregou a bandeira de nosso estado, de nossa arte e da liberdade”, afirmou.

O MDB de Sergipe também manifestou, em nota pública, pesar pela morte de Zé Carlos Teixeira. Tem o seguinte teor:

“O Diretório Estadual do MDB/Sergipe vem a público lamentar profundamente o falecimento do ex-prefeito de Aracaju, José Carlos Teixeira. Um dos fundadores do antigo MDB em nosso Estado, ele foi o primeiro presidente da sigla em Sergipe.

Foi também um bravo soldado nas trincheiras da luta pela democracia. Empresário de família tradicional, ele emprestou seu nome à esta causa, assumindo os mesmos riscos que todos os outros que abraçaram este nobre objetivo.

José Carlos Teixeira também deixou o seu nome marcado, exercendo o comando da Prefeitura de Aracaju, na Secretaria Estadual da Cultura e como vice-governador do Estado, deixando uma marca indelével na história política sergipana. João Augusto Gama . presidente do Diretório Estadual do MDB em Sergipe”

O senador e seu conterrâneo Eduardo Amorim, PSDB, também expediu nota de pesar pelo falecimento de José Carlos Teixeira. A nota diz o seguinte:

“Foi com pesar que o senador Eduardo Amorim recebeu, na tarde desta terça-feira, 29, a notícia do falecimento de José Carlos Teixeira, aos 82 anos. Ele estava muito doente, vítima de um câncer, e vinha sendo acompanhado em sua residência.

Natural de Itabaiana, José Carlos Teixeira foi deputado federal por quatro mandatos, prefeito de Aracaju e secretário de Estado da Cultura. Também foi vice-governador em 1990 no governo de João Alves Filho. José Carlos Teixeira era filho de Alda Mesquita e Oviêdo Teixeira. Deixa a esposa e cinco filhos.

Manifesto, neste momento de profunda dor, meus sentimentos aos familiares e amigos desejando que Deus dê o conforto necessário a cada um. Tenham certeza que, neste momento, José Carlos Teixeira está com Deus, pois esse é o destino daqueles que nos fizeram felizes nesta vida, ressaltou Eduardo Amorim”.

Texto reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

Alese lamenta falecimento ex-vice-governador de Sergipe José Carlos Teixeira

Foto reproduzida do site da PMA.

Alese lamenta falecimento do ex-vice-governador de Sergipe José Carlos Teixeira

Por Rede Alese

Com profundo pesar, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), lamenta por meio do presidente, o deputado Luciano Bispo (MDB), o falecimento do ex-vice governador de Sergipe, ex-deputado federal, ex-prefeito de Aracaju e ex-secretário de Estado da Cultura, José Carlos Mesquita Teixeira, ao tempo em que presta condolências à família enlutada neste momento de profunda dor.

Zé Carlos Teixeira faleceu na tarde desta terça-feira, 29, aos 82 anos. Acometido por um câncer, ele vinha sendo acompanhado pelos médicos em sua residência.

Vida

Filho do empresário Oviêdo Teixeira e de d. Alda Mesquita Teixeira, Zé Carlos Teixeira foi militante da União Sergipana dos Estudantes Secundaristas – USES, ao lado de Jaime Araujo e Tertuliano Azevedo em 1950, quando estudava no Colégio Estadual Atheneu Sergipense. Também estudou na Bahia, onde vivera outra experiência no movimento estudantil secundarista, participando ativamente da campanha “O petróleo é nosso”.

Formou-se em Contabilidade pela Escola Técnica de Comércio Tobias Barreto, em Aracaju (1957); em outubro de 1962 elegeu-se deputado federal na legenda da Aliança Social Democrática – coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Repu­blicano (PR).

Vice-lí­der do PSD na Câmara dos Deputados (1965), com a extinção dos partidos políticos por força do Ato Institucional nº 2 (27/10/65), e a implantação do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar instalado no país em abril de 1964.

Presidente do diretório regional e integrante do diretório nacional da agremiação (1966), vice-líder da bancada (1966-1967), vice-presidente das comissões da Bacia do São Francisco, de Segurança Nacional e de Fisca­lização Financeira e Tomada de Contas, e titular Comissão de Orçamento, em novembro de 1966 foi o único candidato do MDB de Sergipe a reconquistar o mandato federal. Com o retorno do pluripartidarismo foi um dos fundadores e primeiro presidente do PMDB em Sergipe.

Foi nomeado prefeito de Aracaju pelo governador João Alves Filho exercendo o mandato entre 30 de maio de 1985 e 1º de janeiro de 1986, quando transmitiu o cargo ao seu correligionário Jackson Barreto, o primeiro prefeito da cidade eleito pelo voto popular após 20 anos. Em 1990 foi eleito vice-governador de Sergipe na chapa que reconduziu João Alves Filho ao Governo do Estado.

Zé Carlos Teixeira deixa esposa, cinco filhas e netos.  O velório será no Palácio Olímpio Campos (Praça Fausto Cardoso); o cortejo sairá às 10h desta quarta-feira, 30 para o Cemitério Colina da Saudade, onde o corpo será sepultado às 11h.

Texto reproduzidos do site: al.se.leg.br

Homenagem a Dom Luciano José Cabral Duarte (1925 - 2018)

Vídeo reproduzido da Fanpage Facebook/Arquidiocese de Aracaju

Dom Luciano José Cabral Duarte | ☼ 1925 + 2018

Foto: Arquivo UFS.

Texto publicado originalmente no site da Arquidiocese de Aracaju.

DOM LUCIANO Cabral Duarte (1971-1998)
2º Arcebispo Metropolitano | 1925 + 2018

Com o falecimento de Dom José Vicente Távora, em 1970, Dom Luciano José Cabral Duarte, que já exercia as funções de Bispo Auxiliar, foi nomeado pelo Papa Paulo VI, o 2º Arcebispo Metropolitano de Aracaju.

Ainda como Bispo Auxiliar de Aracaju, na condição de Diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, como membro do Conselho Estadual de Educação de Sergipe, especificamente como Presidente da Câmara de Ensino Médio e Superior, e, posteriormente, como membro atuante do Conselho Federal de Educação, notabilizou-se pela maneira como se empenhou pela criação da Universidade Federal de Sergipe. Sua presença atuante foi deveras marcante para o advento da Universidade, inclusive incorporando-lhe a Faculdade Católica de Filosofia, a Faculdade de Serviço Social e o Colégio de Aplicação, este último por ele mesmo fundado. Atuação como Arcebispo:

1) Incrementou o cultivo das vocações sacerdotais, criando em toda a Arquidiocese um clima, como ele sempre afirmava, de sensibilidade vocacional. Compôs e ordenou que fosse rezada em todas as Missas a Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, ainda hoje rezada em toda a província eclesiástica de Aracaju.

2) Criou várias paróquias na Capital e no interior.

3) Através de suas homilias e sermões, especialmente durante a Semana Santa e horas católicas, doutrinava e encantava seus ouvintes pelo brilho de sua palavra.

4) Ordenou vários sacerdotes, frutos de seu trabalho pelas vocações sacerdotais.

5) Pouca gente sabe, mas é digno de menção o esforço empreendido por Dom Luciano junto ao Ministério da Previdência Social para que as empregadas domésticas de Aracaju, de Sergipe e do Brasil, pudessem usufruir dos benefícios do Instituto de Previdência e Seguridade Social.

6) Nesta mesma dimensão, fundou a Escola João XXIII, na Vila João Costa, para recuperação de mulheres marginalizadas e o Centro Educacional BEM-ME-QUER, na rua São Cristóvão, para filhos de Domésticas.

7) Transferiu o Seminário Menor para o Bairro Industrial, onde ainda hoje se encontra.

8) Recuperou a posse dos conventos Nossa Senhora do Carmo e São Francisco, em São Cristóvão, fundando, neste último, o Museu de Arte Sacra de Sergipe, onde se encontra o acervo valioso de imagens e objetos sacros, legados preciosos das gerações passadas que, hoje, estão preservados graças à instituição do referido Museu.

9) Transformou o Convento São Francisco em centro de encontros de evangelização e estudos sociais.

10) Já o Convento do Carmo ele entregou às Irmãs Beneditinas que, até pouco tempo, nele instalaram o Mosteiro Beneditino Nossa Senhora da Vitória.

11) Outro ponto marcante na atuação de Dom Luciano foi a resolução tomada por ele, juntamente com os Bispos de Estância e de Propriá, para a fundação do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, com o objetivo de facilitar a formação dos sacerdotes para a Arquidiocese de Aracaju e para as dioceses sufragâneas.

12) Entre as iniciativas altamente benéficas de Dom Luciano, registre-se a presença da Comunidade SHALOM entre nós. Não só pela direção da Rádio Cultura que lhe foi entregue, desde 1992, como também por sua atuação na evangelização, através dos constantes encontros, que são promovidos pelos membros da comunidade, visando à formação humana da juventude e das famílias.

13) Acolheu e estimulou também a fundação, em Aracaju, da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa - ADCE, visando à divulgação dos princípios da Doutrina Social da Igreja entre os empresários, para que exista um fraterno relacionamento entre empregadores e empregados, dentro dos sadios princípios da Doutrina Social da Igreja.

Para que se tenha uma idéia da ação da ADCE em Aracaju, posso citar a realização de 21 encontros de reflexão, atingindo, mais ou menos, 500 empresários e 5 encontros de reflexão, para funcionários, abrangendo cerca de 400, que saem cientes de que patrões e empregados não devem viver em antagonismo, porém irmanados, tendo como fundamento os princípios da fé, da justiça, da verdade, da solidariedade e do amor ao trabalho para que, juntos, construam uma sociedade fraterna, próspera e pacífica.

14) Para facilitar o acesso da comunidade à programação da Rede Vida de Televisão, empreendeu uma campanha em prol da instalação de uma torre repetidora em Aracaju.

15) Para mostrar concretamente a viabilidade da reforma agrária e, concomitantemente, da criação de empregos para as pessoas não alfabetizadas ou de pouca instrução, que não possuíam terra para trabalhar, Dom Luciano empreendeu uma bem sucedida experiência de reforma agrária em Sergipe. Contando com a colaboração dos governadores da época, como Dr. Lourival Batista, Dr. Paulo Barreto de Menezes e Dr. João Garcez e, ainda da Misérior, instituição alemã, e até da maçonaria de Aracaju, a Loja Cotinguiba, Dom Luciano José Cabral Duarte, ainda como Bispo Auxiliar e, a partir de 1971, como Arcebispo Metropolitano de Aracaju, conseguiu recursos e comprou grandes propriedades: duas no município de Maruim, uma em Santo Amaro das Brotas, uma em Santa Rosa de Lima, uma em Carmópolis e uma em Divina Pastora. Essas 06 propriedades foram divididas em lotes de 33 tarefas (dez hectares) e nelas foram assentadas 261 famílias. Antes e depois de instalados, os chefes de família eram treinados e orientados para o cultivo da terra e tornaram-se pequenos agricultores e criadores de gado. Muitos deles, hoje, possuem transporte próprio e até casa em Aracaju. Esta melhoria de vida dos participantes do projeto justifica plenamente o nome PROCASE - Promoção do Homem do Campo de Sergipe, que, ao longo de sua existência, entre 1968 e 1988, beneficiou cerca de 5.000 pessoas.

Trata-se de uma iniciativa-modelo que poderia muito bem servir de orientação para os nossos governantes Nacionais, Estaduais e Municipais, para que promovam a verdadeira reforma agrária justa e produtiva, precedida, como aconteceu com a PROCASE, pela criteriosa escolha de quem quer, de fato, trabalhar e pela necessária preparação para o correto uso da terra que lhe foi doada.

Assim, a terra é dividida e quem não tem preparo para outras atividades, ou não consegue emprego em outras áreas, acaba tendo uma ocupação, diminuindo, com isso, os altos índices de desemprego, o grande mal da Nação Brasileira, que tem feito tantos dos nossos irmãos caírem na marginalidade.

Fonte: Livro Presença Participativa da Igreja Católica nos 150 anos de Aracaju – Monsenhor José Carvalho

Texto reproduzido do site: arquidiocesedearacaju.org

Arcebispo emérito de Aracaju, Dom Luciano, morre aos 93 anos

Foto reproduzida do Facebook/Rádio CulturaAM e postada pelo blog

Texto publicado originalmente no site F5 News, em 29/05/2018

Arcebispo emérito de Aracaju, Dom Luciano, morre aos 93 anos

Velório acontece na Igreja Jesus Ressuscitado, a partir das 19h   

Morreu na tarde desta terça-feira (26), em Aracaju, o arcebispo emérito de Aracaju, Dom Luciano Cabral Duarte. Ele tinha 93 anos e sofria de mal de Alzheimer. Segundo a Cúria Metropolitana, Dom Luciano estava acamado e tinha a saúde fragilizada por conta da doença.

Segundo a Arquidiocese de Aracaju, o velório será realizado na Igreja Jesus Ressuscitado, a partir das 19h. Já o sepultamento será na Igreja São Salvador, logo após a missa de corpo presente que ocorrerá às 16h da quarta-feira (30).

O arcebispo emérito de Aracaju estudou na Escola de Aprendizes Artífices, depois Escola Técnica, hoje IFS, antes de ingressar no Seminário Menor do Sagrado Coração de Jesus, aos 11 anos. Sempre foi o primeiro colocado na turma. Em 1942, mudou-se para o Seminário de Olinda, em Pernambuco. Em fevereiro de 1945 transferiu-se para São Leopoldo (Rio Grande do Sul) onde concluiu os estudos eclesiásticos necessários para se tornar padre. Foi ordenado sacerdote por Dom Fernando Gomes, então bispo de Penedo, no dia 18 de janeiro de 1948 e iniciou suas atividades sacerdotais na Igreja do São Salvador.

Ações desenvolvidas por Dom Luciano em Sergipe

Ainda como Bispo Auxiliar de Aracaju, na condição de diretor da Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, como presidente da Câmara de Ensino Médio e Superior e, membro atuante do Conselho Federal de Educação, notabilizou-se pela maneira como se empenhou pela criação da Universidade Federal de Sergipe.

Sua presença atuante foi marcante para o advento da Universidade, inclusive incorporando a ela a Faculdade Católica de Filosofia, a Faculdade de Serviço Social e o Colégio de Aplicação, este último por ele mesmo fundado.

Atuação como Arcebispo:

​Incrementou o cultivo das vocações sacerdotais, criando em toda a Arquidiocese um clima, como ele sempre afirmava, de sensibilidade vocacional. Compôs e ordenou que fosse rezada em todas as Missas a Oração pelas Vocações Sacerdotais e Religiosas, ainda hoje rezada em toda a província eclesiástica de Aracaju.

​Criou várias paróquias na capital e no interior. ​ Pouca gente sabe, mas é digno de menção o esforço empreendido por Dom Luciano junto ao Ministério da Previdência Social para que as empregadas domésticas de Aracaju, de Sergipe e do Brasil, pudessem usufruir dos benefícios do Instituto de Previdência e Seguridade Social.

​Fundou a Escola João XXIII, na Vila João Costa, para recuperação de mulheres marginalizadas e o Centro Educacional BEM-ME-QUER, na rua São Cristóvão, para filhos de Domésticas.

​Transferiu o Seminário Menor para o Bairro Industrial, onde ainda hoje se encontra.

​Recuperou a posse dos conventos Nossa Senhora do Carmo e São Francisco, em São Cristóvão, fundando, neste último, o Museu de Arte Sacra de Sergipe, onde se encontra o acervo valioso de imagens e objetos sacros, legados preciosos das gerações passadas que, hoje, estão preservados graças à instituição do referido Museu.

​Transformou o Convento São Francisco em centro de encontros de evangelização e estudos sociais. Já o Convento do Carmo ele entregou às Irmãs Beneditinas que, até pouco tempo, nele instalaram o Mosteiro Beneditino Nossa Senhora da Vitória.

​Outro ponto marcante na atuação de Dom Luciano foi a resolução tomada por ele, juntamente com os Bispos de Estância e de Propriá, para a fundação do Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, com o objetivo de facilitar a formação dos sacerdotes para a Arquidiocese de Aracaju e para as dioceses sufragâneas.

​Entre as iniciativas altamente benéficas de Dom Luciano, registre-se a presença da Comunidade SHALOM entre nós. Não só pela direção da Rádio Cultura que lhe foi entregue, desde 1992, como também por sua atuação na evangelização, através dos constantes encontros, que são promovidos pelos membros da comunidade, visando à formação humana da juventude e das famílias.

​Acolheu e estimulou também a fundação, em Aracaju, da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa - ADCE, visando à divulgação dos princípios da Doutrina Social da Igreja entre os empresários, para que exista um fraterno relacionamento entre empregadores e empregados, dentro dos sadios princípios da Doutrina Social da Igreja.

​Para facilitar o acesso da comunidade à programação da Rede Vida de Televisão, empreendeu uma campanha em prol da instalação de uma torre repetidora em Aracaju.

​Para mostrar concretamente a viabilidade da reforma agrária e, concomitantemente, da criação de empregos para as pessoas não alfabetizadas ou de pouca instrução, que não possuíam terra para trabalhar, Dom Luciano empreendeu uma bem sucedida experiência de reforma agrária em Sergipe. Contando com a colaboração dos governadores da época, como Dr. Lourival Batista, Dr. Paulo Barreto de Menezes e Dr. João Garcez e, ainda da Misérior, instituição alemã, e até da maçonaria de Aracaju, a Loja Cotinguiba, Dom Luciano José Cabral Duarte, ainda como Bispo Auxiliar e, a partir de 1971, como Arcebispo Metropolitano de Aracaju, conseguiu recursos e comprou grandes propriedades: duas no município de Maruim, uma em Santo Amaro das Brotas, uma em Santa Rosa de Lima, uma em Carmópolis e uma em Divina Pastora. Essas 06 propriedades foram divididas em lotes de 33 tarefas (dez hectares) e nelas foram assentadas 261 famílias. Antes e depois de instalados, os chefes de família eram treinados e orientados para o cultivo da terra e tornaram-se pequenos agricultores e criadores de gado. Muitos deles, hoje, possuem transporte próprio e até casa em Aracaju. Esta melhoria de vida dos participantes do projeto justifica plenamente o nome PROCASE - Promoção do Homem do Campo de Sergipe, que, ao longo de sua existência, entre 1968 e 1988, beneficiou cerca de 5.000 pessoas.

​*Com informações da Arquidiocese de Aracaju

Texto reproduzido do site: f5news.com.br

O estadista que o povo perdeu

Foto reproduzida do site: g1.globo.com/se e postada pelo blog.

Texto publicado originalmente no Facebook/Luciano Correia, em 29 de maio de 2018

O estadista que o povo perdeu

Por Luciano Correia

Em 1985 eu fui indicado para exercer o cargo de secretário de Comunicação da Prefeitura de Aracaju na gestão de José Carlos Teixeira, indicado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Partidão”. Fiquei intrigado como um dos políticos mais importantes do estado, deputado federal de cinco mandatos, apostava sua política de comunicação a um moleque de 24 anos, recém formado na Bahia e ainda começando no jornalismo, só porque um partido aliado resolvera me indicar. Tomei posse, trabalhei muito, tanto quanto sua operosa e curta gestão de sete meses, que fez um trabalho marcante em nossa capital.

Ao final, Zé Carlos saiu candidato a governador pelo seu PMDB (nunca saiu dele!), contra o candidato da chamada Aliança Democrática, Antônio Carlos Valadares, do PFL. Fui contra meu então partido e, numa espécie de “traição”, eu e os também militantes Antônio Samarone e Jorge Carvalho votamos em Zé Carlos, mesmo tendo se aliado, como diziam os defensores da tal Aliança, às grandes oligarquias sergipanas. Isso é discurso e narrativa, evidentemente, para justificar as opções da esquerda a um projeto liberal encabeçado pelo PFL, dissidência da velha e igualmente oligárquica Arena. Nunca me arrependi de minha posição e, mais que isso, o voto no candidato do PFL resultou depois num governo medíocre, autoritário e truculento.

Vivi só o começo da campanha, na verdade um ensaio de campanha, pois foi enquanto ele ainda era prefeito de Aracaju. Nada se compara com o volume da política atual e a complexidade incorporada às campanhas eleitorais, mas fiquei impactado com a quantidade de realizações em tão pouco tempo e a fantástica acolhida pela população da periferia. Como jornalista, tive o lampejo de querer contar aquela experiência, que começava com a gestão profícua de sete meses e terminava pela campanha desafiadora, onde o melhor dos candidatos, disparadamente, em todos os aspectos, fora demonizado pela máquina de propaganda que se incorporara ao projeto conservador da Aliança Democrática. José Carlos Teixeira era infinitamente melhor do que seu concorrente, em todos os quesitos, até mesmo se apelássemos para as os velhos maniqueísmos entre o bem e o mal. Até por esse prisma, Teixeira era o lado do bem.

Meu insight consistia em escrever um livro contando isso, indo contra a corrente dos que até hoje insistem em justificar sua adesão a um bloco ainda mais conservador. Cheguei até em pensar num título: “José Carlos Teixeira, o estadista que o povo perdeu”. Mas minha preguiça jamais o permitiu. Carreguei comigo essa conta mal resolvida, uma grande reportagem que jogaria mais luzes no debate e uma iniciativa que repararia, pelo menos no papel, uma tremenda injustiça. Contei isso a JCT uma vez, mas ele, na sua grandiosidade, acolheu como um gesto de simpatia, sem maiores comentários. A mesma simpatia com que me brindava absolutamente todas as vezes em que nos encontrávamos: “Meu secretááárioooo”, trovejava ele, naquele seu jeito de político tradicional, mas de espírito inquieto, moderno, um admirador da revolução francesa, apaixonado por música clássica, pai amoroso de cinco filhas e marido companheiro de sua amada Eugênia.

O trovão de sua voz, entretanto, nunca foi só um impulso vocal de seu estilo, mas a expressão de um homem valente, combativo e, sobretudo, de extraordinária coragem. Zé Carlos saiu do berço de uma das famílias mais tradicionais de Sergipe, uma das mais ricas do estado durante anos, que, não obstante o conforto de uma carreira parlamentar com seus pares em Brasília, optou pela então arriscada empreitada de fundar a oposição em Sergipe a partir do golpe de 64. Foi ele o fundador, como dizia Benedito Figueiredo, do querido e sofrido MDB, legenda que cumpriu missões extremamente desafiadoras e, mais ainda, abrigou dezenas de comunistas e gente da esquerda que não tinha espaços institucionais de militância. Como também foi um abrigo humanitário de presos políticos e perseguidos pela ditadura. Conhecendo, como conhecemos, o perfil conservador e arrogante das elites locais, é difícil supor a existência de um político bem nascido cumprindo a saga progressista e desafiadora de Teixeira.

A despedida de José Carlos Teixeira nessa terça, 29 de maio, num momento tão difícil da esfera pública nacional, só aumenta seu valor e importância na galeria dos grandes brasileiros. Aos familiares, amigos e aos que, como eu, tiveram o privilégio de trabalhar e conviver com esse gigante moral, cabe-nos registrar a maravilha de sua missão em vida, na certeza de que trajetórias como a sua valem para sempre como referência do bom combate.

Texto reproduzido do Facebook/Luciano Correia.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Sergipe perde Dom Luciano José Cabral Duarte


Publicado originalmente no site A8 SE, em 29 de maio de 2018

Sergipe perde Dom Luciano Cabral Duarte

Redação Portal A8

Dom Luciano Cabral Duarte, arcebispo emérito de Aracaju, faleceu na tarde desta terça-feira (29), aos 93 anos, em decorrência do Alzheimer – que já o deixava com a saúde bastante debilitada.

O arcebispo emérito de Aracaju estudou na Escola de Aprendizes Artífices, depois Escola Técnica, hoje IFS, antes de ingressar no Seminário Menor do Sagrado Coração de Jesus, aos 11 anos. Sempre foi o primeiro colocado na turma. Em 1942, mudou-se para o Seminário de Olinda, em Pernambuco. Em fevereiro de 1945 transferiu-se para São Leopoldo (Rio Grande do Sul) onde concluiu os estudos eclesiásticos necessários para se tornar padre. Iniciou suas atividades sacerdotais na Igreja do São Salvador.

De acordo com a Arquidiocese de Aracaju, o velório de Dom Luciano Cabral Duarte ocorrerá nesta terça-feira (29), às 19h, na Igreja Jesus Ressuscitado. Já o sepultamento, será na Igreja São Salvador, logo após a missa de corpo presente que ocorrerá às 16h.

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com/sergipe

Morre o ex-deputado federal José Carlos Teixeira

Foto reproduzida do site: scascultura.wordpress.com e postada pelo blog.

Texto publicado originalmente no Portal Infonet, em 29/05/2018 

Morre o ex-deputado federal José Carlos Teixeira

José Carlos Mesquita Teixeira, faleceu aos 82 anos

O político e estudioso José Carlos Mesquita Teixeira, 82 anos, morreu nesta terça-feira, 29. Ele vinha enfrentando um grave problema de saúde e se encontrava assistido em casa num home care. Nos últimos dias ele piorou necessitando de balão de oxigênio.

José Carlos Teixeira deixa esposa, cinco filhas e netos. Segundo um amigo da família, o velório acontece por volta das 18h no Palácio Museu Olímpio Campos. Já o sepultamento acontecerá na manhã da quarta-feira, 30, no cemitério Colina da Saudade.

Sobre José Carlos Teixeira

Cinco anos após sua formatura, José Carlos enveredou pela política e em 1962 foi eleito deputado federal pelo PSD sendo um dos poucos membros da legenda a fazer oposição ao Regime Militar de 1964 ingressando no MDB, partido do qual foi um dos fundadores e primeiro presidente da legenda em Sergipe (1966-1975). Reeleito em 1966, não logrou êxito na disputa por um novo mandato em 1970, mas atuou como membro do Conselho Nacional de Telecomunicações (CONTEL).

Reeleito deputado federal em 1974, foi vice-presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas, vice-presidente (1974-1976) e diretor da Federação das Indústrias do Distrito Federal (1979-1982) e presidente do Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) entre 1977 e 1978. Em 1978 foi candidato a senador sendo derrotado por Passos Porto, da ARENA.

Com o retorno do pluripartidarismo foi um dos fundadores e primeiro presidente do PMDB em seu estado e conquistou seu quarto mandato de depurado federal em 1982. Encerrado o ciclo de governos militares, foi nomeado prefeito de Aracaju pelo governador João Alves Filho exercendo o mandato entre 30 de maio de 1985 e 1º de janeiro de 1986 quando transmitiu o cargo ao seu correligionário Jackson Barreto, o primeiro prefeito da cidade eleito pelo voto popular após vinte anos.

Nas eleições de 15 de novembro de 1986 foi o único dos vinte e três candidatos a governador do PMDB a não vencer as eleições visto que os sergipanos elegeram o pefelista Antônio Carlos Valadares. Findo o seu mandato parlamentar foi nomeado Diretor de Captação da Caixa Econômica Federal (1987-1989) pelo presidente José Sarney. Em 1990 foi eleito vice-governador de Sergipe na chapa que reconduziu João Alves Filho ao governo.

Ele também foi secretário de Cultura em 2003 no governo de João Alves Filho  e um dos fundadores da Sociedade de Cultura Artística de Sergipe (SCAS).

Texto reproduzido do site: infonet.com.br

domingo, 27 de maio de 2018

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História

Atento, escuto o discurso de Gileno Lima na sessão inaugural da
Academia Sergipana de Medicina, há 20 anos na História
Foto: acervo ASM

Publicado originalmente no site Infonet/Blog/Lucio A. Prado Dias, em 24/12/2014 

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História

Por Lúcio Antônio Prado Dias

Parte 1

Vinte anos se passaram desde a memorável noite de nove de dezembro de 1994. Naquele dia, no auditório da Sociedade Médica de Sergipe, vinte e seis médicos sergipanos assinaram a ata de fundação da Academia Sergipana de Medicina, escrita com exatidão pelo secretário geral ad - hoc daquela sessão, o saudoso professor e colega José Leite Primo. Ninguém me contou. Eu mesmo estava lá, de corpo e alma, como presidente da Sociedade Médica, participando desse momento histórico e, mais ainda, assinando a ata, como o mais jovem integrante do sodalício, com apenas 40 anos de idade, fato que honra a minha trajetória de vida associativa e do qual sou eterno devedor.

Uma delegação de médicos vinda da Bahia, liderada por Geraldo Mílton da Silveira, então presidente da coirmã baiana e Thomaz Rodrigues Porto da Cruz, sergipano ilustre que pontifica no cenário médico da terra de Castro Alves, abrilhantou a sessão. Coube ao saudoso Gileno da Silveira Lima fazer a explanação inicial sobre as providências que culminaram com a fundação e instalação da Academia, naquela memorável noite. Liderando um grupo de destacados médicos, Gileno foi de um estoicismo e determinação incomuns. Sabia que outras tentativas haviam ocorrido no passado, sem sucesso, mas mesmo assim aceitou o desafio de levar a cabo tão importante realização e assim o fez. Fica justificado, pois, o pensamento com o qual iniciei esse artigo: “ Algo só é impossível até que alguém duvide e acabe por provar o contrário”.

 Pela sua tenacidade, Gileno da Silveira Lima foi escolhido para ser o Presidente de Honra da Academia. Seu amor e dedicação ao sodalício e sua paixão incontida pela criatura, terminaram sendo reconhecidas pelos seus pares quando se referem à entidade: “A Casa de Gileno Lima”. Como bem disse Ralph Waldo Emerson, "os nossos atos  são os nossos anjos".

Sinto-me, pois, no dever de relatar um pouco da vida de Gileno Lima, em curta pincelada. Quando chegou a Aracaju, vindo de Laranjeiras, onde foi médico na cidade no início dos anos 50, ele veio atuar no Hospital Santa Isabel, chegando à direção do nosocômio em 1958, substituindo a Carlos Firpo, tragicamente assassinado, no rumoroso episódio que ficou conhecido como “A tragédia da Rua Campos”.  

No Hospital Santa Isabel ele implementa uma ampla e geral reforma, transformando a centenária instituição num hospital moderno. Para viabilizar essa grande obra, Gileno recorre a um organismo internacional, a alemã Miserior ( associação católica que através dos donativos recebidos nas missas ajuda obras humanitárias em todo o mundo), que doa recursos significativos para a obra de restauração do hospital.

Outra ação marcante de Gileno Lima foi promover o retorno à casa do ilustre cirurgião Augusto Leite, para as comemorações do Jubileu de Ouro da primeira laparotomia (cirurgia abdominal) feita em Sergipe, em 1914. Conto-lhes o que se sucedeu. Corria o ano de 1962 – ano do Centenário do Hospital Santa Isabel - e com a aproximação da data, Gileno prepara uma solenidade para a inauguração das novas instalações do complexo cirúrgico, a quem denomina de “CENTRO CIRÚRGICO Dr. AUGUSTO LEITE.” Superando todas as dificuldades e apelando para a interferência de  amigos fraternos de Augusto Leite, (que prometera nunca mais pisar os pés no hospital após divergências com a diretoria da entidade), o velho cirurgião finalmente cede aos apelos e comparece ao ato inaugural. Duas grandes surpresas, porém, ainda estavam reservadas. Com mãos firmes e técnica ainda apurada, mesmo com idade já avançada, Augusto Leite repete o procedimento cirúrgico realizado 50 anos atrás, em uma paciente com fibrossarcoma uterino. Sensibilizado com a iniciativa da direção do   Santa Isabel, Augusto Leite, num gesto magnânimo, doa à entidade o BISTURI DE OURO, que havia recebido em 1958, dos seus colegas do Hospital de Cirurgia, por ocasião do Jubileu de Ouro de sua formatura. O bisturi é recebido com todo o carinho pelo Hospital Santa Isabel, que o instala numa redoma iluminada encravada nas paredes centenárias da instituição. Esse episódio é um dos mais marcantes da medicina sergipana e tem em Gileno Lima o seu idealizador e principal articulador.

 Disse Augusto Leite, naquela oportunidade: “ Não há quem possa dizer, nem pressagiar, em termos seguros, a grandeza de seu futuro, nesse seu grande voo de progressos. Estamos tranquilos. Gileno está com ele; está dentro dele, com alma e coração.” E conclui: “Cada instrumento tem uma história. O bisturi conta a história de todos. Ainda estudante, o bisturi me abria caminho à cirurgia, circunscrito às pequenas operações de estreante. Embalou-me, cedo, nas suas promessas, instigado pelos pequenos sucessos operatórios. Não parou mais. Não tive mais sossego aqui, no  Santa Isabel. A história é longa. Chegou afinal à maturidade; envelheceu, radiante, no trabalho. Homenagearam-no, certa feita. Vestiram-no de ouro. Milagres da bondade e generosidade de colegas do Hospital de Cirurgia. Voltou, de surpresa, à Casa Materna. Sentiu-se feliz, acolhido por Gileno Lima. Aqui está, na sua casinha iluminada, a recordar, com santo orgulho, a história da cirurgia em Sergipe”, arremata.

Tempos depois, o bisturi desapareceu de sua casinha iluminada, nem a parede existia, dele não mais se sabia o paradeiro. Conseguimos recuperá-lo e, doado pelo Hospital Santa Isabel, encontra-se hoje no Museu Médico de Sergipe, devidamente restaurado e guardado, como símbolo da Medicina de Sergipe.

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Geraldo Milton com o Medalhão da Academia Sergipana de Medicina, em 2004

28/12/2014 

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História

Parte 2

No artigo anterior, contei pra vocês um episódio marcante na vida de Gileno Lima, presidente de honra da Academia Sergipana de Medicina que foi o de trazer de volta ao Hospital Santa Isabel, em 1962, o médico Augusto Cezar Leite, para inaugurar as novas instalações do centro cirúrgico e, dois anos depois, em 1964, dessa vez para as comemorações do Jubileu de Ouro da primeira cirurgia abdominal feita em Sergipe, pelo notável cirurgião, em 1914.

   De espírito irrequieto, mesmo já aposentado, Gileno Lima não se afasta das atividades médicas e cabe-lhe, em 1994, desencadear o processo de fundação da Academia Sergipana de Medicina. Instigado pelo primo e médico baiano Geraldo Milton da Silveira, Gileno viaja a Salvador para um encontro com ele. Geraldo Milton presidia àquela época a Academia de Medicina da Bahia. 

Entusiasmado com a ideia de ver fundada a congênere sergipana, o ilustre esculápio baiano fornece-lhe estatutos da coirmã baiana e de outras congêneres,  alimentando-o com preciosas informações. De volta a Aracaju, Gileno forma uma comissão, composta pelos médicos Cleovansóstenes Aguiar, Alexandre Menezes, Hugo Gurgel, Osvaldo de Souza, José Leite Primo e Lauro Porto, para compor os primeiros quadros de patronos e outras providências devidas.

   Convidou-me então para ser um de seus fundadores, após eu colocar, na condição de presidente da SOMESE, toda a infraestrutura da entidade à disposição da comissão. Gileno sempre ressaltava esse fato. Dizia que o meu nome já estava há muito tempo aprovado em função da minha atuação em prol da categoria mas, na oportunidade, ele omite a informação. Somente depois da minha decisão, ele me comunica o fato.

   Gileno Lima poderia ter sido o primeiro presidente. Aliás, deveria. Declinou por humildade e amor à Academia. Queria que outros colegas compartilhassem desse momento de alegria e realização. No seu discurso, ele faz um histórico de todos os passos e ações para que a Academia se tornasse realidade. Traça um breve perfil de cada membro fundador e é aplaudido de pé pela assistência que lota o auditório.

   Em toda a história da Academia, foi um dos mais assíduos atores, vibrando com todas as suas ações e conquistas e se colocando sempre à disposição para colaborar no que fosse preciso. Tínhamos muito em comum. Fomos amigos e conselheiros. Trocávamos ideias e preocupações. Em várias ocasiões encontrávamos na livraria que eu mantinha na SOMESE e  ficávamos ali, por horas a fio, alimentando sonhos, escalando montanhas, cruzando  rios, perseguindo todos os arco-íris, sonhando com dias cada vez melhores para a nossa Academia.

   Gileno Lima partiu para a sua última morada em 5 de maio de 2006, privando-nos da sua companhia experiente e conciliadora. Mesmo sem a presença física, a sua obra permaneceu,  eterna e imortal a nos guiar, como facho de luz iluminando os nossos caminhos.

   Não poderia, do mesmo modo, deixar de falar de Geraldo Milton da Silveira

(foto). Nesse momento, é imperativo e dever de honra. De temperamento afirmativo e rígido defensor das suas teses e princípios, Geraldo esteve, ao longo de sua vida, sempre à frente das lutas e iniciativas das entidades médicas associativas, científicas e culturais da Bahia. Presidiu a Federação Brasileira de Gastroenterologia e a Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Membro da Sociedade Brasileira de História da Medicina, comandou com brilhantismo o congresso nacional da entidade em Salvador. Foi também presidente da Academia de Medicina da Bahia e um dos mais atuantes e ferrenhos defensores da vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, a primeira escola médica do país, lutando pela sua recuperação e preservação. Era um entusiasta em tudo que fazia e muito rigoroso no cumprimento dos princípios que defendia.

   Mas o que eu gostaria mesmo de chamar a atenção é para a sua relação com a medicina de Sergipe. Ele notabilizou-se como um dos principais artífices para a fundação da nossa Academia, fornecendo a Gileno da Silveira Lima, seu primo e fraternal amigo, todas as informações necessárias para o processo de sua criação, fato que me parece justo ressaltar.

   Na sessão festiva de  instalação da nossa Academia, em 9 de dezembro de 1994, na condição de presidente da Academia de Medicina da Bahia, ele proferiu importante discurso de saudação aos seus confrades sergipanos. Veio da Boa Terra chefiando expressiva delegação, com destaque para os doutores Thomaz Rodrigues Porto da Cruz, filho ilustre da terra de Tobias Barreto, Alberto Serravalle, José Ramos de Queiroz, um dos fundadores da coirmã baiana e a professora Maria Tereza de Medeiros Pacheco, professora de Medicina Legal da Universidade Federal da Bahia.

  No discurso, Geraldo manifestou a sua grande satisfação em poder estar naquele momento 
testemunhando o nascimento de mais uma nova academia de Medicina e, sobretudo, a sergipana, para a qual deu todo o seu apoio e entusiasmo.

  Um ano após, em 1995, retornou para as comemorações do primeiro aniversário da Academia, assim se repetindo por ocasião dos festejos dos cinco anos de fundação e finalmente, pela quarta e última vez, na sessão comemorativa do primeiro decênio, ocorrida em 9 de dezembro de 2004, liderando novamente  outra delegação de notáveis baianos. Por tudo que fez pela criação e desenvolvimento da nossa Academia, Geraldo Milton da Silveira foi distinguido com o título de Sócio Emérito.

  O exemplo de vida de Geraldo Milton da Silveira, falecido em Salvador, com 81 anos, em 30 de julho de 2006, curiosamente quase três  meses após a morte do primo, Gileno Lima, permanecerá sempre presente para todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo e para os mais jovens, um caminho a ser seguido.

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Cleovansóstenes, Hamilton e este escriba: os 4 primeiros presidentes, 
sendo que Gileno é Presidente de Honra

02/01/2015

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História

Parte 3

  Com a morte dos primos Gileno da Silveira Lima e Geraldo Milton da Silveira, ocorrida curiosamente no mesmo ano, a questão da imortalidade volta à cena, não compreendida por alguns. No discurso proferido por ocasião da sessão de instalação da recém-fundada Academia Sergipana de Medicina e traduzindo o sentimento dos coirmãos baianos, Geraldo disse: “A imortalidade se traduz pela preservação e divulgação de feitos, trabalhos e pesquisas dos que nos antecederam, concretizando-se assim o pensamento de Alex Carrel ou, de certa forma, o trabalho desenvolvido pelos monges de Salerno”.

  A preservação da história, cujo entendimento e maior significado vêm sendo cada vez mais aceitos e exercitados no Brasil nos dias de hoje, sobretudo através das academias e dos institutos históricos, mantém acesa a chama da memória e o sentido da verdadeira imortalidade do pensamento e da ideia. O melhor retrato de um povo  é a sua memória, que nos propicia o entendimento para absorver as suas mutações. A história distorcida ou irremediavelmente perdida são crimes irreparáveis. As instituições lutam para evitar que tais danos se concretizem. Portanto, a imortalidade concebida por esta visão, nos distingue e engrandece.

  Coube ao acadêmico Cleovansóstenes Pereira de Aguiar a primazia de ser o primeiro presidente da Academia Sergipana de Medicina, de 1994 a 1996. A recusa de Gileno Lima em assumir a presidência, que vinha ao seu encontro por fluidez natural, levou a Academia a encontrar no sanitarista e professor Cleovansóstenes Aguiar o seu porto seguro, aclamado entusiasticamente pelos seus pares. Fato curioso é que tanto Gileno quanto ele, exerceram, no passado, o cargo de prefeito de Aracaju ambos, pois, com experiência administrativa. Sob o comando do sanitarista, a Academia teve o seu primeiro estatuto e regimento aprovados em assembleia. Com a habilidade e generosidade que lhe são peculiares, o eminente professor e homem público administrou com eficiência os dois primeiros anos de existência da Academia, normalmente anos difíceis para qualquer instituição.  No momento da instalação, em 1994, o quadro inicial de patronos totalizava 35 membros e não os 40 previstos na fundação. O seu modelo se baseava na Académie Française, fundada em 1635 pelo cardeal Richelieu, que acabou se tornando o paradigma das academias modernas, tradicionalmente composta por 40 membros, sendo uma das mais antigas instituições da França. Tivemos a oportunidade, eu e Henrique Batista, em momentos distintos, de visitá-la em caráter oficial, no meu caso, com cartas de apresentação assinadas pelo Dr. Ary de Christan, presidente da Federação Brasileira de Academias de Medicina e pelo Dr. Pedro Kassab, ex-presidente da AMB e pai do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.

   Pois bem. Instalar inicialmente a Academia sergipana com 35 patronos mostrou-se, no futuro, uma decisão prudencial e sábia dos seus organizadores, com o objetivo de minimizar injustiças. No final do primeiro decenário de existência da Academia, esse quadro estava complementado, bem como gradativamente foram sendo eleitos e empossados os primeiros ocupantes a partir da cadeira 27, sucessivamente, começando em 1998. Até então, nos primeiros quatro anos, a Academia funcionou apenas com os seus vinte e seis membros titulares, que assinaram a ata de fundação.

    Dirigiu a Academia, a partir de 1996, o acadêmico José Hamilton Maciel Silva, dando sequência a sua vida de dedicação ao associativismo, depois de presidir o Conselho Regional de Medicina e a Sociedade Médica de Sergipe, com idêntico sucesso e empreendedorismo.  Na sua gestão foram eleitos e empossados os  acadêmicos William Eduardo Nogueira Soares, na cadeira 27 – Patrono: Maria do Céu Santos Pereira; Anselmo Mariano Fontes, na cadeira 28 – Patrono: Nélson Melo; Sinval Andrade dos Santos, na cadeira 29 – Patrono: Oscar Nascimento; Gilmário Macedo de Oliveira, na cadeira 36 – Patrono: Lourival Bomfim.

   Foi ainda na gestão do Acadêmico José Hamilton Maciel Silva que foi criado o brasão da Academia, mais precisamente em 1997, pelo publicitário Hélvio Dória Maciel Silva, seu filho e prematuramente falecido no primeiro semestre deste ano. A sua sólida formação humanista, sociológica e filosófica foram de fundamental importante para alicerçar, em imagem, todo o simbolismo da nossa Academia.

   A logomarca da Academia Sergipana de Medicina evoca a medicina através do seu símbolo maior, visto no alto. No quadrante superior esquerdo, está representado o objeto maior da ciência médica: o homem. Abaixo, no quadrante inferior direito, a pena, com a qual são registrados os progressos científicos. Nos quadrantes  superior direito e inferior esquerdo os símbolos representam a visão holística a serviço do bem-estar da humanidade e do povo do Estado de Sergipe. Os louros homenageiam a todos aqueles que, alicerçados nos pilares da ética, do humanismo e da busca científica, alcançam sucesso glorificando a profissão médica, na busca incessante do diagnóstico e tratamento. Daí a expressão contida na faixa verde com letras brancas: “Ubi est Morbus” - Onde está a doença? Somente uma pessoa com sólida bagagem intelectual, formação humanista e sensibilidade, predicados existentes em Hélvio Dória Maciel Silva, poderia expressar em imagem todo o contexto da visão e missão da entidade. 

  Durante o mandato de José Hamilton Maciel Silva foi comemorado o Centenário de Nascimento do Dr. Lauro Hora, patrono da cadeira 25, cabendo à acadêmica Zulmira Freire Rezende, ocupante da cadeira, proferir o discurso de saudação ao eminente médico sergipano. Era a Academia Sergipana de Medicina começando a escrever História, nos seus primeiros cinco anos de existência. Muita coisa ainda estaria por vir, mas contarei na próxima 

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ASM nos 10 anos: Hamilton, Roberto Santos, Paes, Eduardo e Gileno Lima

11/01/2015  

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História

Parte 4

  Cinco anos se passaram desde a memorável noite de 9 de dezembro de 1994, na sede da Somese, quando foi instalada oficialmente a Academia Sergipana de  Medicina. Estamos agora em 1999. Por uma deferência dos queridos confrades, à frente Gileno Lima, fui eleito como terceiro presidente da entidade, em março desse ano. Meses depois, mais precisamente em outubro, assumi em paralelo a recém-criada Diretoria de Economia Médica da Associação Médica Brasileira, atendendo convite do Dr. Eleuses Paiva. Essa nova atribuição, no entanto, não foi suficiente para diminuir o meu entusiasmo com a nossa Academia.

   Alguns fatos merecem destaque nesse período: a filiação à Federação Brasileira de Academias de Medicina – FBAM -, graças ao decisivo apoio do Dr. Waldenir de Bragança, que veio a Sergipe especialmente para fazer a entrega oficial do diploma legal. Destaco também a realização, em Aracaju, de 4 a 9 de maio de 2001, do Encontro Nacional das Academias de Medicina, com a ilustre presença do presidente da Academia Nacional de Medicina, professor Aloysio de Salles Fonseca e de diversos presidentes de academias de medicina de todo o país, inclusive o da FBAM, o Dr. Ary de Christan, do Paraná.

   Nesse mandato, a academia obteve o título de Utilidade Pública Municipal, graças a projeto da vereadora Jane Melo, sancionado em lei pelo prefeito de então, o saudoso governador Marcelo Déda, que compareceu pessoalmente à sede da Academia, acompanhado do seu vice- prefeito Edvaldo Nogueira, para fazer a entrega do documento.

  Ainda em nossa administração foram eleitos e empossados os acadêmicos Henrique Batista e Silva, na Cadeira 31 – Patrono: Paulo de Figueiredo Parreiras Horta; Antônio Samarone, na Cadeira 32 – Patrono: Renato Mazze Lucas; e Manoel Hermínio de Aguiar Oliveira, na Cadeira 33 – Patrono: Roosevelt Dantas Cardoso Menezes, todas as posses ocorrendo em 2001.

  Uma sessão solene marcou a homenagem aos acadêmicos falecidos Antônio Garcia Filho e Antônio Fernando Dantas Maynard, que foram saudados pelos acadêmicos Francisco Prado Reis e Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira, respectivamente. Trouxemos a Sergipe os professores Antonio Carlos Lima Pompeo e Carlos da Silva Lacaz, que proferiram conferências magistrais. Ambos foram homenageados com títulos honoríficos da Academia.

  O acadêmico Hyder Bezerra Gurgel, membro fundador da cadeira de número três, que tem como patrono Augusto Leite, sucedeu-me no comando da Academia Sergipana de Medicina, de 2001 a 2003. Na sua administração, em 2001, ocorreram as posses  das acadêmicas Déborah Pimentel, na Cadeira 34 – Patrono: Theotonílio Mesquita; e Geodete Batista, na Cadeira 37 – Patrono: José Machado de Souza.

De 2003 a 2005, ano comemorativo do seu primeiro decenário, a Academia foi conduzida pelo médico Eduardo Antônio Conde Garcia, cientista e ex-reitor da UFS. A sessão solene para celebrar o 10º aniversário foi marcante e contou com a presença do renomado professor Antônio Paes de Carvalho (RJ), da Academia Nacional de Medicina, a quem lhe foi conferido, na oportunidade, o título de Sócio Emérito. Da Bahia, desembarcou uma delegação de dez médicos, liderada  por Thomaz Cruz, então presidente da congênere baiana e orador oficial da sessão. Entre os baianos, as presenças de Geraldo Milton da Silveira, Antônio Jesuíno Neto, Roberto Santos ( ex-governador da Bahia), do casal Zilton e Sonia Andrade, de Rodolfo Teixeira, Nelson Barros, Aleixo Sepúlveda e José de Souza Costa.

  Na administração de Garcia foram empossados os acadêmicos Marcos Ramos Carvalho, na Cadeira 30 – Patrono: Octávio Martins Penalva e Antonio Carlos Sobral Sousa, na Cadeira 38 – Patrono: Walter Cardoso. Fato marcante para a preservação da memória da medicina sergipana foi a confecção de uma placa de bronze contendo os nomes de todos os professores pioneiros da Faculdade de Medicina de Sergipe, com suas respectivas disciplinas. Essa histórica placa encontra-se afixada na sede da Sociedade Médica de Sergipe, em posição de destaque. A Academia de Medicina da Bahia também foi homenageada, sendo agraciada com uma placa de bronze em agradecimento pela sua participação na fundação da coirmã sergipana. Nesse período foi comemorado o centenário de nascimento do patrono da Cadeira 4, Benjamim Alves de Carvalho e a Academia obteve o Título de Utilidade Pública Estadual, por propositura da deputada Angélica Guimarães e lei sancionada pelo governador João Alves Filho.

  Com participação em diversos eventos nacionais promovidos pelas coirmãs e pela FBAM, em Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Niterói, São Luiz, Maceió, João Pessoa e Recife, a Academia Sergipana de Medicina foi se consolidando a cada ano e novas ações viriam com a posse da primeira mulher, a médica e psicanalista Déborah Pimentel, no comando da entidade, nas eleições ocorridas em 2008.

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Acadêmicos em sessão de posse

23/01/2015 

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História

Parte 5

  A médica e psicanalista Déborah Pimentel foi a primeira mulher a presidir a Academia Sergipana de Medicina e a primeira a ser reeleita para a função. Nos seus dois mandatos  à frente do sodalício, de 2005 a 2010, ele deu posse ao endocrinologista Raimundo Sotero de Menezes na Cadeira 40 – Patrono: Israel  Bonomo e ao coloproctologista Marcos Aurélio Prado Dias, na Cadeira 39 – Patrono: João Gilvan Rocha, em 2006; ao otorrinolaringologista Jeferson D’Avila Sampaio, na Cadeira 7 – Patrono: Carlos Firpo; ao oncologista José Geraldo Dantas Bezerra, na Cadeira 10 – Patrono: Edelzio Vieira de Melo, ao cardiologista Marcos Almeida Santos, na Cadeira 21 – Patrono: Abreu Fialho e ao dermatologista Fedro Menezes Portugal, na Cadeira 22 – Patrono: Aloysio Andrade, todos no ano de 2007;

  Em 2008, foram empossados o otorrinolaringologista Marcelo da Silva Ribeiro, na Cadeira 5 – Patrono: Canuto Garcia Moreno; o mastologista Virgílio Fernandes Araújo, na Cadeira 8 – Patrono: Clóvis Conceição; ao neurologista Roberto César Pereira do Prado, na Cadeira 12 – Patrono: Eronides Carvalho, ao médico do trabalho Paulo Amado Oliveira, na Cadeira 20 – Patrono: José Thomaz D’Ávila Nabuco; à reumatologista Elizabete Tavares, na Cadeira 24 – Patrono: Júlio Flávio Leite Prado  e  em 2009 foi a vez da médica anestesista Maria Helena Domingues Garcia, na Cadeira 23 – Patrono: Juliano Simões.

  Ainda na administração da acadêmica Déborah Pimentel foi aprovado, em Assembleia Geral Extraordinária realizada em 28 de novembro de 2007, o novo Estatuto Social e o Regimento Interno e em 2009 foi comemorado o centenário do patrono Edelzio Vieira de Melo. Um ponto a destacar foi a conferência sobre a Vida e a Obra de Delmiro Gouveia, proferida pelo acadêmico alagoano Geraldo Vergetti.

  Outro registro marcante em 2009 foi a comemoração do 15º aniversário de fundação da Academia, oportunidade em que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos lançou o Selo comemorativo à efeméride, em momento único e esplendoroso. O mandato de Déborah foi concluído de forma exitosa com o lançamento, em 2010, do Dicionário Biográfico de Médicos de Sergipe, uma obra inédita em todo o país e que obteve extraordinária repercussão. Tive a felicidade, ao lado dos colegas Antônio Samarone e Petrônio Gomes, de ser um dos coautores da obra. Em 2015, a sua segunda edição, revista e ampliada, deverá será lançada, contando, novamente, com o patrocínio da Universidade Tiradentes, que entendeu de imediato, desde o primeiro momento, a importância da obra, viabilizando sua publicação. Tal gesto de magnitude e respeito à Medicina de Sergipe coincidiu com o lançamento do seu curso médico e agora, com o patrocínio da segunda edição, da formatura da primeira turma, que vai acontecer no final deste ano.

  Gentil e elegante também foi a decisão da Reitoria em denominar as suas salas de aula com  os nomes de todos os membros titulares da Academia Sergipana de Medicina. Uma distinção e reverência dignificantes. Nas comemorações do 20º aniversário da Academia, ocorridas no final do ano passado, a participação da notável instituição de ensino genuinamente sergipana, foi ressaltada e reconhecida. Ainda nessa profícua administração, a Academia comemorou o centenário de nascimento do patrono Lourival Bomfim, em noite memorável.

  Déborah Pimentel foi sucedida na presidência por Fedro Menezes Portugal, que comandou a entidade de 2010 a 2014, sendo o segundo presidente a ser reconduzido por seus pares. Entre as suas realizações destacamos as comemorações do Jubileu de Ouro da Faculdade de Medicina de Sergipe, ocorrido em 2011, quando foram homenageados os professores pioneiros, especialmente o professor Antônio Garcia Filho, com a inauguração de sua herma nos jardins do Hospital Universitário. Colóquios, seminários, sessão solene conjunta da Academia de Medicina com a Academia de Letras e o Concerto do Jubileu, com a Orquestra Sinfônica de Itabaiana, fizeram parte da vasta programação comemorativa, que teve o apoio integral da UFS, Unimed e Somese.

  Na sua administração, Fedro empossou  o cirurgião cardíaco Vollmer Bomfim, na Cadeira 16 – Patrono: Hercílio Cruz e o dermatologista Emerson Ferreira da Costa, na Cadeira 24, vaga com a morte da acadêmica Elizabete Tavares, ocorrida em 2011.

  Foram ainda comemorados os centenários de nascimento dos patronos Carlos Melo, Roosewelt Dantas Menezes, Lucilo da Costa Pinto, Lauro de Brito Porto e Benedicto Guedes e realizado uma sessão solene em homenagem póstuma aos médicos Marcos Aurélio Prado Dias e Gilton Machado Rezende. Em outubro de 2013, graças ao empenho do presidente Fedro Portugal, foi reativada a Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Sobrames Sergipe. Foi na sua gestão que aconteceram as noites gloriosas da Cirurgia, da Ginecobstetrícia e da Pediatria, homenageando vultos das três especialidades. Duas ilustres personalidades abrilhantaram sessões solenes da Academia em 2012 e 2013: o médico e padre Anibal Gil, da UERJ  e Genival Veloso de França, da Paraíba, respectivamente.  As administrações de Déborah Pimentel e Fedro Portugal foram das mais operantes na história dos vinte anos da Academia, com muitas celebrações e posses, que ajudaram a consolidar cada vez mais a entidade no contexto da vida médica, cultural e histórica do Estado.
  Finalmente, em 2014, foi empossado no comando da entidade o médico Paulo Amado Oliveira, em cuja gestão se encontra comungados o entusiasmo e a dedicação, razão pelas quais suas realizações já podem ser contadas. E é exatamente o que farei na próxima semana, dando por encerrada essa série que rememora a trajetória de 20 anos da Academia Sergipana de Medicina.

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Paulo Amado, à esquerda,  com ex-presidentes da ASM

31/01/2015  

Academia Sergipana de Medicina – 20 anos na História


Parte 6 - Final

Em apenas oito meses de gestão, Paulo Amado Oliveira, empossado em 23 de abril de 2014 na presidência da Academia, deu seguimento às ações empreendidas pelos seus antecessores e foi mais além, ao deslumbrar a possibilidade de realização de parcerias estratégicas. Prova disso foi estimular e colaborar decisivamente para o início das atividades da Sobrames – Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional Sergipe, reativada na administração anterior. Para demonstrar que o apoio à Sobrames não era uma simples formalidade, fez questão de participar, ao nosso lado, do XXV Congresso Nacional da entidade, ocorrido na cidade de Recife, em outubro, onde manteve importantes contatos com lideranças médicas brasileiras.

  Visionário, liderou movimento pioneiro em todo o país, o de congregar as entidades culturais do Estado em torno de parcerias de cooperação mútua, conforme pôde se observar pela sessão ocorrida em novembro do ano passado e que colocou, numa mesma mesa, a Academia Sergipana de Letras, a Associação Sergipana de Imprensa e o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, fazendo renascer, em parceria com este último, o  Concurso de História da Medicina de Sergipe, em sua quarta edição, cuja ação ocorrerá ainda esse ano. Outra ação conjunta já definida pelas duas entidades será a realização do Colóquio de História da Medicina, em outubro vindouro, como parte da programação comemorativo do Dia do Médico.

   Outra ação marcante foi a Noite dos Anestesistas, dando sequencia à série iniciada na gestão anterior, com as homenagens aos cirurgiões, ginecologistas e obstetras e pediatras. Dessa vez, em parceria com a Cooperativa dos Anestesiologistas do Estado de Sergipe e da Sociedade de Anestesiologia, a Academia homenageou anestesistas sergipanos de todas as gerações. Foi uma noite esplendorosa para a Medicina sergipana. Em 2015, já posso adiantar, a Academia Sergipana de Medicina vai realizar a Noite dos Psiquiatras.

  Em setembro de 2014, ocorreu a posse do médico endocrinologista João Antonio Macedo Santana na Cadeira 39 – Patrono: João Gilvan Rocha. Ele sucedeu ao fundador da cadeira, o médico Marcos Aurélio Prado Dias. Com a posse de Macedo, o ano terminou com todas as quarenta cadeiras ocupadas.

  Novas ações começam agora a ser planejadas e trabalhadas visando a ampliação e preservação da memória médica. Gestões vêm sendo implementadas objetivando a fundação do Memorial da Medicina de Sergipe, em local apropriado para tal fim. Em 2016, quando a Academia Sergipana de Medicina terá a honra de receber, em Aracaju, as Academias de Medicina de todo o país para a realização de mais um Conclave nacional, quem sabe já não teremos o Memorial em funcionamento? Vale ressaltar o  trabalho habilidoso e diplomático do atual presidente Paulo Amado, no último encontro ocorrido em João Pessoa, para viabilizar a captação de tão importante evento, que foi alcançado com a aprovação unânime de todas as academias estaduais.

  Eis, pois, a trajetória vitoriosa da nossa Academia, no instante em que ela comemora o seu Jubileu de Porcelana, em 20 anos de muitas realizações. O presente é a construção da história, da tradição e da cultura. A história é o relato dos fatos que sejam dignos de menção e consideração. A Academia Sergipana de Medicina, a Casa de Gileno Lima, tem por missão preservar a história, a tradição e a cultura da medicina sergipana para, na sua perenidade, deixar esse legado cultural de hoje para o porvir do amanhã.

  A morte, companheira inseparável da vida, tirou do nosso convívio os médicos fundadores Álvaro Santana, Eduardo Vital Santos Melo, José Maria Rodrigues Santos, Antônio Fernando Dantas Maynard, Antônio Garcia Filho, Osvaldo Leite, Nestor Piva, José Leite Primo, Gileno Lima e Lauro Porto, a confreira Elizabete Tavares e por último, o acadêmico Marcos Aurélio Prado Dias, querido amigo, companheiro e irmão. Fizeram todos a grande viagem sem retorno, mas permanecem vivos, na memória afetiva de nossa saudade imorredoura.

  Tenho um carinho todo especial pela Academia Sergipana de Medicina, não somente porque nela adentrei ainda jovem, pelo beneplácito unânime da comissão organizadora comandada por Gileno Lima e outros insignes descendentes de Hipócrates, mas principalmente por ver nela um campo fértil para a preservação da memória médica  de Sergipe.

  Tomando por empréstimo as palavras de Thomaz Cruz, proferidas na sessão comemorativa ao decenário da nossa Academia, ocorrida em dezembro de 2004, lembro que “sonhos e feitos  se relacionam porque realizações costumam resultar de aspirações. Às vezes, os feitos se confundem ou se dissolvem em sonhos, mas quando anseios se cristalizam e se tornam história há que comemorar, sobretudo se o caminho é percorrido com afinco, dedicação, pujança”.

  Tal tem sido a trajetória da Academia Sergipana de Medicina. Vida longa, pois, para ela!

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/lucioapradodias