sexta-feira, 24 de agosto de 2018

Homenagem a José Augusto Garcez

Foto reproduzida do blog: thiagofragata.blogspot.com

Artigo de Zózimo Lima, publicado no jornal 
'Correio de Aracaju', em 15 de setembro de 1951
Reprodução do blog: museuhsergipe.blogspot.com

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Dr. Antônio Leite Cruz


Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 16/08/2018

MESTRES DA MEDICINA SERGIPANA

Por Antonio Samarone

Antônio Leite Cruz – nasceu em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1940. Os pais, Teotônio Narciso da Cruz e Lourdes Leite Cruz, são sergipanos de Carmópolis. O avô, Honorino Ferreira Leite, foi Prefeito. Antônio Cruz possui três irmãs: Carmen, Sílvia e Maria Lícia.

O Pai, oficial da aeronáutica, obrigou Antônio Cruz a levar uma juventude nômade, de cidade em cidade, acompanhando as transferências do pai. Somente em 1958, com a passagem do pai para reserva, é que Antônio Cruz se estabeleceu em Sergipe. Concluiu o científico (2º e 3º ano) no Colégio Ateneu. Foi colega de turma de João Alves Filho. Chegou e se adaptou de imediato, as suas raízes estavam aqui.

Com uma boa formação escolar, Antônio Cruz foi um dos noves alunos aprovados no primeiro vestibular de medicina em Sergipe. Isso mesmo, somente nove aprovados. Os examinadores exageram nas exigências. Durante o curso, Antônio Cruz acompanhou o Dr. Fernando Sampaio, um dos pilares da cirurgia em Sergipe. Como possuía talento para cirurgia, começou a operar logo cedo.

Em um estágio em Propriá, ainda no sexto ano, o Dr. Ciro Tavares, percebendo as habilidades de Antônio Cruz, resolveu tirar férias, deixando o plantão com o estagiário. No período, Antônio Cruz realizou 9 cesáreas, fazendo também a anestesia. Todas sem complicações. No período da Faculdade, Antônio Cruz foi professor de química do Colégio Atheneu de Sergipe.

O Dr. Antônio Leite Cruz decidiu especializar-se em cirurgia pediátrica, frequentando uma residência médica de dois anos. Primeiro no Rio, com o professor José Antônio Lopes, e depois no Hospital das Clínicas em São Paulo, no serviço do professor Virgílio Carvalho Pinto. Bem formado, talentoso, retornou à Sergipe já contratado pela Faculdade de Medicina.

Foi como professor de cirurgia que teve o seu maior destaque. Didática refinada (personalizava as coisas), conteúdo atualizado e, sobretudo, uma postura ética impecável. Foi um professor que deixou lembranças. Quando se fala no professor Antonio Cruz, seus ex alunos reagem com carinho e consideração. Suas aulas sobre equilíbrio ácido/básico e reidratação eram memoráveis. Com certeza, um dos melhores professores que passaram pela medicina da UFS.

Entre 1970/711, durante o Governo de João de Andrade Garcez, o Dr. Antônio Cruz ocupou o cargo de Secretário de Estado da Saúde. Em seu primeiro Governo (1982/86), o governador João Alves Filho criou uma Fundação Hospitalar de Sergipe, visando construir um hospital público de qualidade. Para demonstrar a opinião pública ser uma iniciativa republicana, convidou o Dr. Antônio Leite Cruz para presidi-la.

A Fundação presidida pelo Dr. Antônio Cruz realizou, na mais completa lisura, o primeiro concurso público na Saúde do Estado de Sergipe. Os servidores foram contratados dentro de um Plano de Carreira, com isonomia entre médicos e enfermeiros. E um hospital equipado num padrão de excelência foi inaugurado. Nesse período, o Secretário de Estado da Saúde era o Dr. José Alves do Nascimento.

Em 07 de novembro de 1986, foi inaugurado o hospital João Alves Filho (HUSE), com 112 médicos, 30 enfermeiras, 96 auxiliares de enfermagem, e 200 funcionários de apoio. Contudo, o hospital, com 375 leitos, em 13 alas de internamentos, só começou a funcionar em 02 de fevereiro de 1987, já no Governo de Antônio Carlos Valadares.

No início do Governo Valadares o secretário da Saúde foi o Dr. Lauro Maia (o bom Lauro); e o presidente da Fundação Hospitalar Edney Freire Caetano. O primeiro diretor do Hospital João Alves, foi o médico Salvador Antônio de Souza Matos. No segundo Governo, João Alves extinguiu essa primeira Fundação da Saúde.

O Dr. Antônio Cruz, por onde passou no serviço público, deixou o exemplo de abnegação e decência. Na clínica privada, realizou mais de 11.700 cirurgias pediátricas, foi o primeiro cirurgião pediátrico de Sergipe. Só deixou de operar em 2015, sendo a sua última cirurgia em sua cadela de estimação. Black foi atropelada na rua, os veterinários queriam amputar a perna. Antônio Cruz disse não, deixe que eu opero. Durante a entrevista, a cadela saltitava em nosso meio.

Antônio Cruz é pai de 4 filhos, Mário Luiz, André Cruz (médico), Manuela Sobral e Suzana Sobral; e avô de três netos. Aos 78 anos, cabeça boa, domina os computadores, e vive dentro dos princípios com que guiou a sua vida, sem se afastar um milímetro. Antônio Leite Cruz, um dos grandes da medicina em Sergipe.


Post original no Facebook/Antônio Samarone > encurtador.com.br/vwGJY

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone

domingo, 5 de agosto de 2018

Mestres da medicina em Sergipe - Dr. Melício Machado


Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 03/08/2018

Mestres da medicina em Sergipe. (Dr. Melício Machado)

Por Antônio Samarone

O Dr. Melício Resende Machado é filho de Melício de Souza Machado, o que nomeia a rodovia do Mosqueiro, e de Maria Resende (Dona Resendinha). O seu pai foi um grande empreendedor, chegou a possuir o maior coqueiral do Brasil. Melício Machado, o Pai, foi quem primeiro industrializou o leite de coco, com a marca “MEMACIA”.

Melício Resende Machado, nasceu em Aracaju, pelas mãos da parteira Amarilha, em 25 de novembro de 1939, à Rua Pacatuba. Estudou o primário com a professora Rosilda Rocha. Menino traquino, passou por vários colégios, para concluir o ginásio e o científico: foi interno em São João Del’ Rei, estudou no Atheneu, no Colégio Jackson de Figueiredo (de Benedito e Judite) e no Colégio Tobias Barreto, dirigido pelo professor Alcebíades Melo Vilas-Boas. No último ano do científico, foi estudar no famoso Colégio Paes Lemes, na Rua Augusta, em SP.

Da infância na bucólica Aracaju, Melício Machado relatou com saudade os banhos do Rio Sergipe, ali na Rua da Frente. Tem viva a memória do grande nadador Gildo Aguiar, fundador do serviço de Salva-vidas em Aracaju. Fiquei imaginando, por que ninguém se lembra que a despoluição do Rio Sergipe não é um bicho de sete cabeças?

Desde cedo, Melício Machado tomou a decisão que queria ser médico. Em 1961, entrou na primeira turma da Faculdade de Medicina de Sergipe. Foi muito amigo do Ex Prefeito Heráclito Rollemberg, e estudaram juntos para o vestibular de medicina. Heráclito foi reprovado na prova de física, por décimos. Na época, muitos acharam injusta a reprovação. A vida continuou, e Heráclito seguiu outro caminho.

Talvez por preconceito, a medicina estava começando em Sergipe, após o primeiro ano, Melício Machado consegue transferência para a Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro, no Hospital Pedro Ernesto (atual UERJ). Não se adaptou na cidade maravilhosa, e conseguiu a transferência para a Faculdade Católica de Salvador, onde concluiu o curso de medicina, em 1969. Especializou-se em obstetrícia com o professor Jorge Resende, na enfermaria 33, no Rio de Janeiro. Isso mesmo, Jorge Resende o autor do famoso “Tratado de Obstetrícia” de Resende, que por muitos anos foi uma referência nacional.

Pouco antes da formatura, casou-se com o amor da sua vida, namorada desde os 15 anos, Dona Maria Helena. O seu pai faleceu 11 dias após a sua formatura, obrigando-o a retornar para Aracaju. Aqui ele encontra o centro de sua vida profissional: vai ser obstetra da Maternidade Francino Melo. Ao lado de Carlos Melo, Dalmo Machado, Albino Figueiredo e Aristóteles Augusto, formaram o melhor time da história da obstetrícia sergipana.

O Dr. Melício Machado exerceu com competência a obstetrícia, sempre voltado para o bom atendimento. Um grande humanista. Sempre discreto, viveu no anonimato, voltado para o trabalho. Não amealhou fortunas com a medicina.

O Dr. Melicio Machado é pai de 4 filhos e avô de 4 netos, vive modestamente a sua aposentadoria, com a alegria de quem tem a consciência tranquila. Inteligente, bem-humorado, fino no trato, ao ser perguntado que mensagem daria aos novos médicos, ele foi sucinto: “que ame os seus pacientes”.


Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone