quinta-feira, 17 de julho de 2025

O museu de José Augusto Garcez

Foto compartilhada do Facebook/MTéSERGIPE/Eduardo Cabral

Foto reproduzida do blog: thiagofragata.blogspot.com

Artigo de Zózimo Lima, publicado no jornal 
'Correio de Aracaju', em 15 de setembro de 1951
Reprodução do blog: museuhsergipe.blogspot.com

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Lizaldo Vieira: A poesia e a ecologia servidas na bandeja


Artigo compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 13 de julho de 2025

Lizaldo Vieira: A poesia e a ecologia servidas na bandeja
Por Luiz Eduardo Oliva *

"A cidade dorme, os sábios brincam de ver o perigo que ronda o entorno. Muitos vacilam, oscilam para o mal, a plebe inerte, nem sente, só a vida não cochila no reinventar dos arranjos do novo amanhã que não se cansa do porvir com águas puras e correndo nas nascentes tranquilas e torneiras que enchem o pote da população...” texto poético de Lizaldo Vieira

Um dos principais nomes dos movimentos ecológicos de Sergipe começou sua vida como garçom atendendo no gabinete do reitor da Universidade Federal de Sergipe no final dos anos 1970. Da causa de servir não mais abandonou, tendo incursionado em outras áreas até vir a falecer em 7 de julho deste 2025, aos 69 anos. Era Lizaldo Vieira, poeta, ambientalista e político. 

Para dizer desse garçom que abraçou a causa da ecologia é necessário remeter um pouco à década de 1980, onde havia um pujante movimento político e cultural dentro da Universidade Federal de Sergipe marcado pela resistência à ditadura militar, pela emergência de novas expressões artísticas e movimentos sociais e pelo início de um novo pensamento voltado para a redemocratização, para os direitos humanos e pelas primeiras lutas por um meio ambiente sustentável e socialmente justo.

Aquele ambiente universitário fez surgir lideranças inovadoras que ocupariam importantes papéis da vida sergipana e brasileira nos anos 90 até os dias atuais. Marcelo Deda, Edvaldo Nogueira, Luiz Alberto, Tânia Soares (primeira deputada federal por Sergipe), Abrahão Crispim, Clímaco, Samarone, Chico Buchinho, Bosco Mendonça, Edval Góis e Lizaldo Vieira são alguns. Os dois últimos começaram como garçons servindo no gabinete do Reitor Aloísio de Campos.  Servindo cafezinho e água logo ficariam atentos ao que acontecia ao derredor e não tardaram a se integrarem aos movimentos que ali acontecia. Edval hoje é o presidente do Partido Comunista do Brasil (PC do B) e Lizaldo migraria para o movimento ecológico onde descobriu o talento para a poesia. 

Acompanhei Lizaldo desde aqueles tempos.  Nascido em Siriri foi criado na Capela e depois migrou para Aracaju. Na sua Capela fica a conhecida reserva ecológica Refúgio de Vida Silvestre Mata do Junco ou simplesmente Mata do Junco cuja biodiversidade vive constantemente ameaçada. Lizaldo abraçou a causa foi um dos fundadores do Movimento Popular Ecológico de Sergipe (MOPEC). Integrou e coordenou o Fórum em Defesa da Grande Aracaju, iniciativa voltada para o planejamento urbano.   Era presença constante em debates, eventos e movimentos ligados à preservação da natureza chegando a integrar, a nível nacional a Coordenação Nacional da Rede de ONGs da Mata Atlântica.

Na política partidária, foi um dos fundadores do Partido Verde (PV) em Sergipe e depois filiou-se ao Partido dos Trabalhadores. Em ambos disputou o cargo de vereador, embora sem sucesso em razão de um eleitorado ainda clientelista e sem percepção para a importância em eleger lideranças dedicadas ao meio ambiente.   

Na Universidade Federal de Sergipe, além do garçom, também atuou administrativamente no Departamento de Direito, no Centro de Ciências Humanas, na Prefeitura do Campus, no Departamento de Administração Acadêmica, na Divisão de Patrimônio, no Centro de Educação a Distância (CESAD) e foi chefe do Horto Florestal. Além de suas funções administrativas, representou os técnico-administrativos nos Conselhos Superiores (CONSU e CONEPE) e integrou a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos da UFS (SINTUFS).

Paralelamente, mantinha uma produção poética que refletia sua sensibilidade e seu engajamento social, frequentemente compartilhada nas redes e em apresentações culturais. Em 2023 publicou o livro de poesias “Travessia de um deserto” para denunciar o descaso da humanidade para as coisas do meio ambiente. 

De garçom para ambientalista não há muitas distâncias. O garçom serve a pessoas em pequenos ambientes. O ambientalista serve a todos os seres viventes no maior dos ambientes, o planeta terra.  Lizaldo Vieira, em momentos distintos, incorporou essas duas atividades com o mesmo zelo. Na bandeja da consciência entendeu que podia servir muito mais, numa luta que nunca cessa. Na última segunda-feira partiu calmo como viveu, embora fosse irrequieto na luta pelo que acreditava. Deixou um punhado de poemas e a lição de que servir à ecologia é servir ao imenso bar que é o planeta terra. 

* Luiz Eduardo Oliva - Advogado, poeta, professor e membro da Academia Sergipana de Letras Jurídicas

Texto e imagem reproduzidos do site: radarse com br

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Sergipe festeja 205 anos de independência da Bahia

Legenda da imagem: A cópia do decreto de Emancipação Política de Sergipe, datado de 1820, encontra-se no Palácio Museu Olímpio Campos, em Aracaju (Crédito da foto do decreto: Marcelle Cristinne)

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 8 de julho de 2025

Sergipe festeja 205 anos de independência da Bahia

Há 205 anos, no dia 8 de julho de 1820, os sergipanos receberam do Rei Dom João VI, a Carta Régia decretando a emancipação política de Sergipe do Estado da Bahia. A independência do território sergipano foi marcada por intensas lutas políticas. A historiadora e professora da Universidade Federal de Sergipe, Terezinha Alves de Oliva, relata que o tema da emancipação de Sergipe ainda é um desafio para os estudiosos. Ela conta que, em seus estudos, Felisbelo Freire descreve que alçar Sergipe a uma capitania independente foi a maneira que o Rei D. João VI encontrou para compensar a participação dos sergipanos na vitória da Corte Portuguesa sobre a Revolução Pernambucana de 1817.

O território sergipano foi conquistado em 1590 por Cristóvão de Barros. Desde então, Sergipe ficou sob a tutela da Bahia. “Durante mais de dois séculos, Sergipe foi capitania subalterna, dedicada a abastecer a capital baiana através da sua produção agropecuária, recebendo dela as autoridades, as famílias dominantes, os encargos e os produtos do seu comércio”, expõe a historiadora.

Ainda de acordo com Terezinha Oliva, somente no século XVIII a economia de Sergipe conquistou uma nova estatura com o crescimento da atividade açucareira, tornando-se visível a movimentação das exportações sergipanas pelos portos baianos.

Nas primeiras décadas do século XIX, a capitania contava com mais de duas centenas de engenhos a estabelecer relações com o comércio da Bahia, com os capitalistas que financiavam a produção e controlavam o comércio de açúcar que abasteciam o comércio de escravos e de todos os bens demandados pela sociedade açucareira.

Contestação

Com o retorno do rei a Portugal, as medidas tomadas por Dom João para emancipar Sergipe foram contestadas. Apesar da nomeação do Brigadeiro Carlos César Burlamaqui como governador de Sergipe ter ocorrido em 25 de julho de 1820, ele somente tomou posse em 20 de fevereiro de 1821. Ocorrida em São Cristóvão, a posse se deu em clima conturbado pela chegada de cartas da Bahia que determinavam que ela não se realizasse.

Apesar dos protestos baianos, a posse ocorreu em fidelidade ao Rei Dom João VI. No entanto, no dia 18 de março do mesmo ano, o governador foi deposto do cargo por uma força armada a mando da Bahia, reforçada pelo apoio da Legião de Santa Luzia, comandada pelo senhor de engenho Guilherme José Nabuco de Araújo. Carlos Burlamaqui foi conduzido preso para Salvador.

Com este episódio, frustrou-se, temporariamente, a emancipação política de Sergipe. Se por um lado os senhores de engenho não queriam a independência, por outro, líderes do agreste e do sertão, criadores de gado como Joaquim Martins Fontes e José Leite Sampaio, tomaram posição em defesa da Emancipação Política de Sergipe e, a partir de 1822, pela Independência do Brasil. “Os dois processos se confundem e confluem”, conta Terezinha Oliva.

A adesão à Independência do Brasil significou a aceitação da Emancipação de Sergipe, uma vez que o Imperador Pedro I confirmou a Carta Régia de D. João VI. “Sergipe fica politicamente separado da Bahia e torna-se uma província do Império”, diz a historiadora.

Independência econômica

A Emancipação Política de Sergipe também influenciou a economia local. A partir da independência, de acordo com o economista Ricardo Lacerda, a elite econômica e política local, ainda que relativamente frágil e incipiente, começou a diminuir sua dependência em relação à praça comercial de Salvador. Segundo ele, a base da economia de Sergipe no momento de sua emancipação destacava-se pela atividade açucareira com um grande número de engenhos em funcionamento.

“As principais lideranças políticas e econômicas eram vinculadas à atividade açucareira. Mas a pecuária ocupava uma ampla extensão do território sergipano nas áreas mais interioranas. Em torno da atividade principal, formou-se um complexo econômico distintivo, com o surgimento de casas de exportação e importação, fundamentais para o financiamento da atividade açucareira e os núcleos urbanos se adensaram e se multiplicaram na zona canavieira”, destacou.

De acordo com Lacerda, a atividade algodoeira vai se consolidar somente na segunda metade do século XIX, impulsionada pela revolução industrial inglesa e pela oportunidade surgida com o vazio de suprimento de algodão causado pela guerra civil norte-americana.

A industrialização de Sergipe se dará com a expansão da indústria têxtil nas últimas décadas do século XIX. Essas duas atividades vão dominar a economia sergipana por um longo período. Somente na segunda metade do século XX, Sergipe vai conhecer uma transformação industrial de maior vulto com a implantação da fábrica de cimento, a exploração de petróleo pela Petrobrás e mais adiante a produção de fertilizantes.

Duas datas

Pelo fato da Emancipação Política de Sergipe, em 8 de julho de 1820, ter sido bastante conturbada e contestada pelos líderes baianos e pelos senhores de engenho, a memória popular não registrou a data para festejar. Segundo Terezinha Oliva, a primeira comemoração que se tem notícia se deu no dia 24 de outubro de 1836.

“Nesta data, a festa cívico-religiosa foi marcada pelo canto do Hino de Sergipe, com letra de Manoel Joaquim de Oliveira Campos e música de Frei José de Santa Cecília. Em 1839 o dia 24 de outubro foi decretado como feriado da Emancipação”, conta.

As duas datas permaneceram como feriado: 8 de julho, data da elevação de Sergipe a Capitania Independente; 24 de outubro, data da recuperação da Independência de Sergipe consagrada pelo povo. No fim da década de 1990, a Assembleia Legislativa de Sergipe cancelou o feriado de 24 de outubro, pois a festa popular havia deixado de acontecer, e instituiu o Dia da Sergipanidade, preservando uma antiga memória ligada à Independência de Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias com br

sexta-feira, 4 de julho de 2025

O legado de pai para filho


Carlos Hermínio de Aguiar Oliveira

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 27 de junho de 2025

O legado de pai para filho
Por Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira*

Na última sexta fieira (20/06/25) ocorreu na Academia de Artes e Letras de Neópolis (ALANE) uma solenidade muito especial, em que pai e filho foram homenageados por suas brilhantes trajetórias de vida. Naquela oportunidade, Carlos Hermínio de Aguiar Oliveira ex-superintendente regional da 4ª SR da CODEVASF (1990-2000), e atual Conselheiro Representante dos Empregados no Conselho de Administração da referida empresa, tomou posse na cadeira de número 24 daquele sodalício, cujo patrono é seu saudoso pai Luiz Alves de Oliveira, Ex-Inspetor Geral do Banco do Brasil que se notabilizou pela esplêndida obra de soerguimento da Cooperativa Mista de Agricultores do Treze (Lagarto-SE) na década de 60. Naquela oportunidade, o irmão do homenageado, o Ex-reitor da UFS professor Luiz Hermínio, foi escolhido para fazer saudação ao patrono da cadeira (transcrita abaixo), por ter escrito livros sobre a biografia do seu pai, cujos exemplares foram doados para compor o acervo bibliográfico daquela instituição cultural. A “Família dos Hermínios” lotou a auditório da “ALANE” e estava em júbilo pela homenagem que lhe fora prestada através de doação de exemplares da produção literária da academia, atualmente presidida pele Exmo. Sr. Excelentíssimo Senhor Manoel Humberto Gonzaga Lima. O ineditismo desta solenidade deveu-se não somente ao fato de terem sido homenageados numa sessão pai e filho, naturalmente unidos por laços de sangue, mas sobretudo pelo compromisso que ambos assumiram em defesa das parcelas da sociedade marginalizadas do benefício do desenvolvimento socioeconômico, valorizando sempre a competência técnica e respeitando os princípios morais que devem balizar o desenvolvimento de toda sociedade. Assim, nesta solenidade não foi celebrada apenas uma continuidade geracional, mas sobretudo a força de um legado que se perpetua no tempo através do exemplo de dedicação, honradez e amor ao próximo, seguido fielmente pela Família dos Hermínio.

Discurso do Prof. Luiz Hermínio

Hoje é uma data muito especial para a nossa família. Em primeiro lugar porque testemunhamos aqui o reconhecimento do valor acadêmico, cientifico e literário do nosso irmão Carlos Hermínio de Aguiar Oliveira, empossado na cadeira de número 24, que tem como como patrono nosso saudoso pai Luiz Alves de Oliveira, referencial maior de nossa família. Os atributos curriculares do recipiendário já foram destacados no discurso de saudação proferido pelo presidente da academia o Exmo. Sr. Manoel Humberto Gonzaga Lima, no entanto gostaria de acrescentar mais algumas qualidades do mais novo membro desta academia, registradas no brilhante prefácio do livro Luzes do Farol de Cordouan para o Rio São Francisco, escrito pela nossa irmã, a Dra. Anita Hermínia de Aguiar Oliveira, professora aposentada da UFS, onde ressalta o cuidadoso zelo, com que os pais do autor o prepararam para vida e o trabalho, alimentando em seu coração sentimentos de nobreza e gratidão, para não agir com estranheza e superficialidade diante da natureza, da terra, do mar e do ser humano e acrescenta, que a mencionada obra representa uma grande contribuição para o aprimoramento da gestão das águas da bacia hidrográficas do Brasil e expressa seu amor pelo rio São Francisco. Ressalta ainda, que na construção da referida obra fica patente a genialidade do autor e sua vocacionada atuação profissional expressa pela sua fibra, moral e ética, refletidas no compromisso com as leis, Instituições, parcerias e colegas.

Este registro da prefaciante, constitui-se num farol que lança luzes sobre a qualidade da formação de nossa família, a família dos hermínios, que nos foi proporcionada por nossos pais Luiz Alves de Oliveira e Maria Hermínia de Aguiar Oliveira.

Luiz Alves nasceu no dia 14.12.1926 em Aracaju, no Bairro Siqueira Campos, filho da família humilde, em um período precoce da sua juventude foi entregador de carvão e com o dinheiro que arrecadava comprava o livro do professor para ensinar aos filhos dos ricos e com esse salutar hábito se tornou professor de português, inglês, francês, matemática e ciências contábeis. Ele foi sempre um eterno estudante, auferindo conhecimento nas mais distintas áreas do saber, o que lhe conferiu capacidade intelectual para corrigir as teses de pós-graduação de seus filhos nas diversas áreas do conhecimento cientifico tais como medicina, odontologia, geografia, educação e administração. Foi um estudioso da religião católica, estudou várias encíclicas papais e escreveu um dossiê pela canonização do Papa Pio XII de quem era fiel devoto. Todo este cabedal cultural mostra a propriedade da sua escolha como patrono da cadeira 24 deste egrégio sodalício.

Luiz Alves aos 20 anos graduou-se em Ciências Contábeis e submeteu-se a 6 concursos para o Banco do Brasil, sendo aprovado em todos eles, nos primeiros lugares, escolhendo assumir o cargo em Penedo/ Alagoas por ser a localidade mais próxima de sua família, que residia em Aracaju. Posteriormente, se transferiu para Propriá onde conheceu o amor de sua vida a bela e virtuosa Maria Hermínia, por quem dizia nutrir um amor sobrenatural. Com ela construiu uma numerosa família de 14 filhos, aos quais lhe prestaram durante as suas existências, um atenção integral e uma formação eclética pautada nos respeito aos valores humanos inspirados na solidariedade, espiritualidade, e sobretudo amor ao próximo; plantou em todos nós a semente da meritocracia, ou seja vencer pelos próprios esforços, tanto é assim que todos os filhos são graduados e vários pós-graduados, colocados profissionalmente e respeitados na sociedade sergipana pela conduta moral e contribuição cientifica e profissional para o desenvolvimento da sociedade sergipana.

No Banco do Brasil alcançou o posto máximo da carreira profissional de inspetor geral daquela instituição. Sua maior obra, que o destacou nacionalmente e o projetou internacionalmente foi o projeto de soerguimento da Cooperativa do Treze em Lagarto /Sergipe, na década de 60, quando fora designado como supervisor administrativo financeiro daquela instituição, com a missão de reaver créditos investidos pelo Banco do Brasil naquela região. No entanto, ao chegar lá, ao constatar o estado de miserabilidade dos pobres agricultores, se compadeceu ao constatar que pelo precário estado de saúde do agricultor e da infertilidade da terra não tinham condições se quer de gerar recursos para sua subsistência quanto mais para pagar as dívidas ao Banco do Brasil e assim movido pela sua fé em Deus e inspirado no espirito de solidariedade humana decidiu por conta própria construir um projeto de desenvolvimento rural integrado com base no cooperativismo, que veio a transformar aquela cooperativa, que estava beira da falência na melhor cooperativa do nordeste brasileiro em 1970 segundo do parecer técnico da SUDENE. A partir deste espetacular resultado ele passou a ser uma referência nacional em termos de Cooperativismo, tornando-se consultor e palestrante sobre o tema em várias instituições do país incluindo universidades. Todo este maravilhoso esforço foi objeto de um livro que lancei em 2017 intitulado “O Salvador do Treze” numa referência ao cognome que recebeu dos moradores daquela região, que atribuíram aos seus esforços a salvação daquela cooperativa. Posteriormente em 2023 lancei um outro livro, desta feita versando sobre sua biografia intitulado “O Grande Homem”, numa referência ao desejo, por ele sempre propalado, para que todos se tronassem através dos seus próprios esforços grandes homens e grandes mulheres. Pelo exposto, achei oportuno presentear nesta solenidade o presidente desta academia Exmo. Sr. Manoel Humberto Gonzaga e a própria Academia com um exemplar de cada obra para que possam fazer parte dos seus arquivos.

Obrigado.

* Ex-reitor da Universidade Federal de Sergipe

Texto e imagens reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

quinta-feira, 3 de julho de 2025

'Sergipe, de fato, é o país do Forró', por Luiz Eduardo Oliva

Foto: Divulgação/internet

Artigo compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 25 de junho de 2025

Sergipe, de fato, é o país do Forró
Por Luiz Eduardo Oliva

Quando o falecido cantor estanciano Rogério (Pedro Rogério Cardoso Barbosa) - resolveu compor a música que virou o hino “Sergipe é o país do forró” teve muito mais de desejo com uma certa dose de vaticínio, do que demonstrava a realidade da época. O sentimento do forró e das festas juninas estava impregnado na alma sergipana, mas não necessariamente com o caráter de grandiosidade que tem nos dias de hoje.

Rogerinho (como é carinhosamente lembrado) percebeu que em Sergipe o forró se fazia presente não apenas em uma localidade, em uma cidade, mas se estendia por todo o estado. À época da composição as festas juninas estavam espalhadas por todo o Sergipe, com uma ênfase maior em Capela, Areia Branca e Estância. Mas eram manifestações simplórias, à base de fogos, fogueiras e quadrilhas improvisadas. Em Aracaju sequer havia o Forró Caju que foi criado no ano de 1993. Aliás a música de Rogerinho ao se referir a Aracaju, se reportou-se apenas ao tradicional logradouro que ainda é a rua de São João: “Quando chega mês de junho/Na Rua de São de João/O Forró vai começar/ Laiá, laiá”

Vou ao Google em busca das origens da música e me deparo com uma entrevista de Rogério na Infonet: “Pensei em tantas cidades, como na Paraíba, que só tem forró mesmo em Campina Grande; Pernambuco, que só tem Caruaru; e nós, aqui em Sergipe, temos umas 12 a 15, ou 20 cidades fazendo forró ao mesmo tempo no São João. Então, eu que sempre gostei do meu Estado, lembrei de Ivan Lins dizendo assim: ‘O amor é meu país. O meu amor é o meu país’. Então eu comecei a brigar pelo forró e dizendo a todo mundo que SERGIPE É O PAÍS DO FORRÓ, que era o meu sonho de que um dia acontecesse isso” (Entrevista a Waneska Cipriano em 23/06/2002).

A música tem somente duas estrofes que se repetem várias vezes e logo cai na memória de quem canta ou ouve. Interessante observar que o título da música é “Chamego Só” e não é “Sergipe é o país do forró” como é conhecida. Aliás o título da música aparece rapidinho no segundo verso da segunda estrofe: “É a noite inteira essa brincadeira, é chamego só” numa rima distante do primeiro verso “Sergipe é o país do forró”

O fato é que o sonho de Rogerinho virou realidade, e quem haverá de duvidar que Sergipe, de fato, é o país do forró? A festa junina cresceu e em várias cidades do interior criou-se o gosto pelo São João, tipo festa de largo, muitas vezes infelizmente, descaracterizando-a com ritmos que não condizem com o forró, com o baião, com a música tipicamente nordestina. Mas arrasta multidões dando lugar também ao “piseiro” e ao “arrocha”. Acrescente-se a suntuosidade que ganharam as quadrilhas, com brilho de evolução, guardando as devidas proporções, comparáveis às escolas de samba. "Exagero” haverão de dizer. “Grandiosidade e beleza” eu insisto em afirmar.

A grandiosidade aliás que se faz tanto no “Forró Caju” (esse ano espalhado nos bairros) como no “Arraiá do Povo” (criado inicialmente como a “Vila do Forró) iniciando já em meados de maio e perpassando por todo o mês de junho, com seus mega espaços, com a imensa quantidade de shows e artistas locais e de todo o país podendo-se inclusive comparar a megaeventos como o Rock in Rio e o Lollapalooza. “Exagero,” dirão mais uma vez os desprovidos do sentimento bairrista da sergipanidade. Mas eu reafirmo: não no país do forró!

Quem vê a festa sergipana, nas suas diversas nuances, em Aracaju ou no interior e não enxerga a grandiosidade que tomou o nosso forró, consolidando o sonho do grande Rogerinho (“era o meu sonho de que um dia acontecesse isso”) não sabe discernir o “estado de espírito” em que a música criada por Luiz Gonzaga e as manifestações tradicionais do ciclo junino transformam esse que é o menor estado da federação, em um verdadeiro país: Sergipe é de fato e de direito o país do forró!   

Texto e imagem reproduzidos do site radarse com br