sábado, 23 de novembro de 2024

Opinião - José Félix: um grande cidadão anônimo

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 22 de novembro de 2024

Opinião - José Félix: um grande cidadão anônimo
Por J. Cruz*

No último 15 deste mês de novembro Estância perdeu um cidadão bastante querido pelos estancianos. Um ser humano íntegro, que em vida dedicou-se ao trabalho e à construção de um legado de honradez e dignidade: José Félix dos Santos.

Mesmo sendo um lagartense, José Félix veio para Estância acompanhado de seus pais com apenas dois anos de idade. Em Estância, de criança chegou à vida adulta, onde estudou e começou a sua vida profissional trabalhando na antiga Fábrica Santa Cruz.

No início dos anos 1950 do século passado, ainda bastante jovem, resolveu tentar a sorte em São Paulo, onde trabalhou na Companhia Municipal de Transporte Coletivo - CMTC. Na década de 1970 retornou a Estância e voltou a trabalhar nas empresas da família Leite, onde exerceu diversas funções, chegando a ser diretor Administrativo das emissoras de rádio Esperança de Estância e a antiga Jornal de Aracaju e a chefe de Gabinete do ex-deputado Ivan Leite. 

José Félix era um cidadão de memória privilegiada e por isso um verdadeiro memorialista. Lembrava de fatos ocorridos desde o seu tempo de criança e até a idade adulta. Em suas lembranças, sempre relatava que começou a estudar “em 1938 com uma professora particular no sobrado do fundo da Catedral (Estância), cujo nome era Maria Constância”.

“Em 1939, passei para o grupo Escolar Gumercindo Bessa, professora Márcia conhecida por Sassá e professora Cremildes Freire e no Colégio do grande professor Azarias Santos, a faculdade dos pobres de Estância e aí, os pobres encerravam os estudos.

Após nove anos sem estudar, fiz o curso de Administração nível médio em São Paulo e outros cursos. Daí em diante, já casado, apelei para autodidata, Deus tem me ajudado muito. Tive uma ajuda grande, quem me despertou para leitura foi a Papelaria Modelo, localizada a Rua Capitão Salomão, vizinha a Padaria Lima, pertencia ao Senhor João Nascimento”.

Convém ressaltar que em 1938 quem andava por Estância era o famoso escritor Jorge Amado, que havia se tornado amicíssimo de João Nascimento. Entre as atividades políticas - chegou à Presidência de Diretório Municipal - e sociais de José Félix, podemos destacar que além de se envolver na administração do Esporte Santa Cruz e incentivar a criação de Associações de Moradores, fez parte da Diretoria do Rotary Clube de Estância chegando a ser presidente.

Colaborou com a Escola de Samba Mangueira e com a Liga de Futebol Amador da Zona Sul e em inúmeras participações em ações sociais. Outra paixão era a música, principalmente a Lira Carlos Gomes, sendo um músico exigente e também um grande clarinetista.

Começou sua vida musical na Filarmônica Recreio - atualmente extinta - e depois de muitos anos foi para Associação Musical Lira Carlos Gomes, onde passou 27 anos como presidente, vindo a se afastar do cargo em 2021, mas em assembleia a nova Diretoria lhe concedeu o título de Presidente de Honra. 

Outra paixão de José Félix era o Flamengo, e ele relatava que começou a ser flamenguista da seguinte forma: “Sempre que chegava à Padaria Lima, onde meu pai trabalhava, pela proximidade com a Papelaria, saindo de uma porta entrava na Padaria e vice-versa, que também vendia livros escolares. O senhor João Nascimento conhecia meu pai como funcionário da Padaria, dava-me bom dia que me foi ensinado por ele, este ensinamento foi muito importante na minha vida, tinha oito anos, me disse que bom dia, boa tarde e boa noite são a primeira saudação, daí para a leitura foi fácil. Ele permitia que eu lesse os jornais locais e os do Rio de Janeiro, Diário da Noite e à Tarde da Bahia. Por esse gosto pela leitura, me tornei um flamenguista desde 1942, início do primeiro tricampeonato carioca, 42-43 e 44, através do Jornal Diário da Noite, e também por outros jornais que chegavam à Papelaria”. 

Em seus relatos, ele comentava um fato bastante interessante. Vejamos: “Vou falar da prisão do Volta Seca. O massacre de Lampião foi em julho de 1938 na gruta do Angico, Poço Redondo. Nem todos do bando morreram, muitos escaparam, o exemplo foi Volta Seca, que foi levado preso para Salvador, conseguiu fugir utilizando as estradas próximas ao litoral, mais difícil de ser encontrado, com todos seus conhecimentos de ter vivido sempre fugindo chegou à cidade de Santa Luzia, em 1943, quando passava pela Usina Priapu, uns 14 quilômetros distante da cidade, um vaqueiro desconfiou e partiu a cavalo, para avisar aos policiais”.

“O cerco em Santa Luzia do Itanhy era fácil, foi mais ou menos às 14 horas, uma das estradas passava em frente à Igreja Matriz, não precisa dizer, os frequentadores sempre presentes, ao perceberem o movimento dos policiais, partiram para acompanhar, fomos contidos pelo cabo dizendo educadamente que era uma missão perigosa, nós meninos fomos para os quintais de algumas casas que dava para ver tudo nitidamente, os policiais estavam a mais ou menos 50 metros. Volta Seca jogou um saco que trazia no chão e levantou os braços caminhando em direção aos policiais, entregando-se, a essa altura na porta da Delegacia já havia uma multidão. Comentava-se que Volta Seca fazia dois anos que havia fugido, sofreu muito fome e frio nas matas, não cometeu um crime neste percurso, o que pedia era comida e roupa e queria mesmo era se entregar”.

Depois de algum tempo, em um evento bastante concorrido, em 13 de dezembro de 2017, foi realizada sessão solene para a outorga do título de Cidadania Estanciana ao Sr. José Félix dos Santos. A solenidade ocorreu nas instalações do Centro Educativo Gonçalo Prado, por propositura do então vereador João Antônio Neri, resolução n° 5, de 25 de novembro de 1999 e o título foi aprovado em 16 de novembro de 1999.

Durante a solenidade, o homenageado em seu discurso de agradecimento finalizou falando o seguinte: “Por essas atividades citadas, me credenciam a dizer que tenho muitos amigos, 165 afilhados, já apadrinhei dois casamentos de afilhados, inimigos nenhum, sou feliz em minha Estância. Estância, muito obrigado a todos irmãos estancianos, obrigado a todos os presentes, muito obrigado, obrigado mesmo aos ilustres vereadores João Neri pelo o Título de Cidadania Estanciana, e ao vereador Dionísio Almeida Neto pela Medalha de Honra ao Mérito, a primazia de ser o primeiro a receber, posso olhar todos os estancianos como irmãos de fato e de direito. Obrigado, que Deus nos abençoe!”   

Assim sempre foi José Felix dos Santos, um cidadão “boa praça” que sempre procurou servir a todos, independentemente de picuinhas, que recentemente nos deixou aos 92 anos. Que em vida sempre esteve preocupado com o Brasil, com Estância e seus amigos. Descanse em paz!

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* O articulista é estanciano, historiador, pesquisador e escritor.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica com br

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

O que dizer do livro “Memórias de um político” de João Augusto Gama?

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 21 de novembro de 2024

O que dizer do livro “Memórias de um político” de João Augusto Gama?
Por José Vieira da Cruz *

A leitura do livro “Memórias de um político”, de autoria de João Augusto Gama –, fizeram-me revistar os impactos da ditadura, os significados da resistência democrática e, de modo particular, os desafios políticos de um mundo no qual a democracia está sob constantes tensões, ameaças e disputa.

Em meio a este presente histórico, já na fila para receber o autógrafo do autor do mencionado livro de 167 páginas – observei o público formado por algumas personalidades do meio político, poucos pesquisadores e conhecidos do autor –, lá mesmo comecei a apreciar a escrita direta, objetiva e pontuada de memórias pessoais, estudantis, profissionais, empresariais e políticas do autor. A obra, além de falar do golpe de 1964 e da ditadura, também é perpassada pelas memórias políticas de João Augusto Gama narrando suas origens, cotidiano cultural e bastidores da política em Sergipe na segunda metade do século XX e primeiras décadas do século XXI.

Adianto que o texto escrito esculpe uma narrativa fluída, articulando lembranças afetivas, acontecimentos políticos e preocupações do autor tanto de sua trajetória biográfica e de geração de contemporâneos quanto dos desafios recentes enfrentados pela democracia.

A obra evidencia não ter pretensões acadêmicas formais mas enquanto texto de recordações, reminiscências e lembranças, como observado pela literatura especializada, evoca memórias afetivas, seletivas e constantemente (re)elaboradas a partir de momentos, acontecimentos, pessoas e significados vivenciados a partir do presente do fazer-se da escrita. E é nesta perspectiva que o leitor pode compreender o dito, o não dito e, sobretudo, aquilo que o autor deseja enfatizar de suas memórias, redes de sociabilidade e de interesses. Aos acadêmicos, por sua vez, resta reconhecer a quebra do monopólio da reserva escrita sobre o passado e analisar a obra enquanto mais fonte para estudo das apropriações acerca do passado.

Penso a respeito, que o texto, organizado em 21 capítulos e três outros textos (apresentação, iconografia e agradecimentos), cumpre a missão de trazer a lume o ponto de vista, do autor/político/cidadão João Augusto Gama, acerca de suas memórias sob o ponto de vista de um Aracajuano que desde o secundário atuou no teatro amador, em centros/movimentos/campanhas de cultura e de educação popular e em entidades estudantis como a União Sergipana dos Estudantes Secundaristas de Sergipe (USES) e do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe (DCE/UFS) – do qual foi seu primeiro presidente. Gama fala das prisões e das arbitrariedades políticas sofridas, da proximidade com os militantes do Partido Comuista Brasileiro (PCB), de seu ativismo político junto ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), das eleições que apoio e das quais participou da disputa, de sua gestão e legados à frente da prefeitura de Aracaju e, para descontentamento dos leitores mais críticos, faz algumas poucas revelações dos bastidores da política partidária.

A obra, é apresentada pelo tarimbado pesquisador Jorge Carvalho do Nascimento e conta também com um texto de orelha de Francisco Varela, ambos e a maneira de cada um, anunciam que o livro trata de um ponto de vista de um “homem comum” ou, como preferem alguns, “de uma pessoa no mundo”. Penso, ao meu juízo, que o livro trata de mais que isso, tem contribuições, limitações e provoca os contemporâneos de sua geração a também escreverem sobre suas memórias.

Uma limitação é o uso da iconografia como ilustração sem a devida contextualização, análise e discussão. A exploração contextualizada de fontes escritas acerca da atuação estudantil, cultural, empresarial e política do autor também ficou a desejar. Mas, por outro lado, deixa em aberto uma seara de possibilidades para outros estudos, cotejamentos e publicações.

O fato é que Gama esteve no centro de inúmeros eventos/movimentos/ações culturais, sociais e políticas desde a década de 1950/1960. Mas, nem por isso, sua narrativa se resume à tentação de promoção exclusiva de sua autoimagem – penso que esta perspectiva da publicação é muito importante e deve ser destacada.A respeito, em vários capítulos e oportunidades do texto ele se propõe a registrar, resgatar e reconhecer pessoas que marcaram sua trajetória biográfica e participaram de acontecimentos históricos com os quais ele compartilhou experiências, vivências, aprendizados e memórias. Entre estas destacam-se: Tertuliano Azevedo, Jaime Araújo, Paschoal Carlos Magno, João Costa, Luiz Antônio Barreto, Jackson Barreto entre outros.

Gama, sem constrangimentos, registra suas lembranças pessoais, denuncia os arbítrios da ditadura e compartilha suas memórias político-partidárias de próprio punho. Penso que este fato, independente de eventuais ajustes, complementos e críticas, deve ser estimulado e valorizado, sobretudo, como um alerta para aqueles(as) políticos(as) que pensam que sua estada no poder é eterna. Para estes fica a pergunta de como gostariam de ser lembrados(as)? E por quais atos, ações e posturas serão lembrados? Nem todos tem um biógrafo habilitado ou a disposição, iniciativa e ousadia de escrever sobre si.

Enfim, o livro “Memória de um político”, de João Augusto Gama, evoca memórias de discussões que nos fazem refletir, como dito pelo próprio autor quando autografou meu exemplar, diante do avanço reacionário da extrema-direita é necessário defender ainda mais a democracia. Recomendo aos interessados que façam sua própria leitura e alimentem suas conclusões.

* É historiador, professor do DHI/UFS e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

Texto reproduzido do site destaquenoticias com br

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. José Queiroz da Costa


Artigo compartilhado de Post no Perfil do Facebook de Antonio Samarone, de 1 de novembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. José Queiroz da Costa. 
Por Antonio Samarone*

O desenvolvimento de Itabaiana teve a participação de Zé Queiroz.

Na década de 1960, uma nuvem de pessimismo cobriu Itabaiana: a luta política pelo controle do comércio atacadista, terminou em um banho de sangue. As paixões foram estremecidas. 

A passagem de uma economia centrada na agricultura, para um polo comercial, foi traumática, seguiu o “vale tudo” da acumulação primitiva.

A cidade ganhou a fama de violenta e estava dividida pelo ódio e pelo ressentimento. Muitas famílias migraram para Aracaju. Nada unia os itabaianenses. 

Um grupo, liderado por Zé Queiroz, Dr. Pedro, Mozart, Resende, Zé de Gentil, Pedro Goes, Alemãozinho, Fefi, Faustino, Tonho de Dóci, entre outros, investiram no futebol. Encontrou-se um caminho de reunificação: Somos Itabaiana, "Cidade Celeiro”, diz o hino.

Zé Queiroz liderou uma revolução cultural, através do futebol, ajudando na reunificação da sociedade civil itabaianense. 

Infelizmente, a luta política continuou nos moldes coronelísticos. A modernização política, esperou pelo século XXI, com a chegada do grupo político liderado por Valmir de Francisquinho.

Em 10 de janeiro de 1960, Zé Queiroz casou-se com Maria do Carmo Monteiro, filha de Juca Monteiro, descendentes de Nicolau, um judeu russo, plantador de fumo. Carminha e Zé Queiroz tiveram seis filhos: Carmen, Zezinho, Norma, Ivan, Nana e Rui. 

A partir de 1968, Queiroz passou a contribuir com a Associação Olímpica de Itabaiana, levando a conquista de vários títulos estaduais. Inclusive, o penta campeonato de 1978-1982, e um título de campeão do Nordeste, em 1971. 

Queiroz realizou um sonho: a construção da Vila Olímpica, que levou o seu nome. Por tudo isso passou a ser conhecido como o “Patrono” da Associação Olímpica de Itabaiana.

José Queiroz da Costa, nasceu em 14 de julho de 1936, em Itabaiana. Filho único de Antônio Sacristão e Dona Rosinha. 

Zé participou de todas as traquinagens permitidas, naquele tempo, aos meninos do interior. No futebol, foi ponta esquerda do Cantagalo. Não chegou a ser um craque. Foi um ponta arisco, como se dizia.

O avô de Zé Queiroz, José dos Santos Queiroz (Cazuza), foi Prefeito de Itabaiana entre 1926/29. Seu Cazuza, um homem de posses, foi assassinado às pauladas, em frente a sua loja de tecidos, num sábado, as 10 horas da noite, no centro de Itabaiana. 

Nessa trágica noite, a Orquestra “Almas Latinas Marimbas Mexicanas”, animava um baile na Associação Atlética. Esse crime brutal nunca foi esclarecido. As fundadas suspeitas circulam a boca miúda. Todos sabem, mas ninguém comenta publicamente.

Queiroz passou pelo Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Fez o curso ginasial na primeira turma do Murilo Braga, sendo o orador na festa de formatura. Serviu ao Exército Brasileiro no Tiro de Guerra, em Itabaiana. Ao lado de familiares, trabalhou no comércio, na loja do avô, herdada por sua mãe, na venda de tecidos e produtos para vestuário.

Queiroz é a encarnação da alma itabaianense. Competitivo, inteligente, irônico, prático, só entra numa disputa para vencer. Se quiser responder rapidamente, qual a natureza do itabaianense, pode dizer: do jeito de Zé Queiroz.

Zé Queiroz envolveu-se muito cedo com a vida social em Itabaiana. Participou, como tesoureiro, do Centro de Ação Social Católica de Itabaiana, na paróquia de Santo Antônio e Almas, onde participou ativamente da Construção da Maternidade São José e do Colégio Dom Bosco. 

Foi funcionário do Banco do Brasil (1955), em Itabaiana, depois transferido para a capital sergipana, onde completou tempo de serviço para aposentadoria.

Outra grande contribuição de Zé Queiroz: em 13 de junho de 1978, criou a Rádio Princesa da Serra, a segunda do Interior sergipano. A emissora deu voz a Itabaiana. Levou a nossa versão, a nossa narrativa e os nossos valores. Antes, a Capital falava sozinha. 

A importância da Rádio Princesa da Serra para o desenvolvimento de Itabaiana, precisa ser estudada.

Queiroz foi o distribuidor exclusivo, em Sergipe, da Editora Abril, empresa que tinha como produto de livros e revistas. Tendo sido premiado como destaque na área de vendas. Foi representante do Baú da Felicidade, empresa do Grupo Sílvio Santos.

Queiroz se meteu com cinemas, chegando a controlar 15 cinemas simultaneamente, incluindo Cine Rio Branco e Cine Palace em Aracaju, Trianon em São Cristóvão, São José em Itaporanga D’Ajuda, etc. 

Iniciou as atividades com o Cinema Santo Antônio, em prédio de propriedade da Paróquia de Santo e Almas de Itabaiana, localizado na Praça João Pessoa, onde hoje funciona o Supermercado Nunes Peixoto. 

Posteriormente adquiriu o Cinema Popular, de Zeca Mesquita, que após fechar as portas, passou a funcionar os estúdios da Rádio Princesa da Serra FM e AM. Em Aracaju, adquiriu o Cine Aracaju, e construiu o Cinema Plaza, com 1.250 lugares. 

Na política, o neto de Cazuza Queiroz, foi eleito em 1986, Deputado Federal Constituinte, com maioria dos votos dos filhos de Itabaiana. Representou o Estado de Sergipe na elaboração da nossa Constituição, promulgada em 05 de outubro de 1988. 

Queiroz participou ativamente da política municipal, chegando a ser eleito em 1996, vice-prefeito.

Pela atuação na Constituinte, como destaque, além de diversos projetos sociais, recebeu o Diploma “Palavra de Honra” concedido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP, em defesa dos interesses dos trabalhadores, e a “Medalha do Mérito Desportivo” concedido pelo Ministério da Educação, pela atuação em defesa do esporte.

Teve vida curta na política. A sua personalidade era incompatível com as virtudes políticas: conciliações, conchavos, composições, transigências, jeitinhos e fidelidade ao grupo. Sempre foi ele, depois ele, e, finalmente ele. Queiroz era a verdade. 

Entretanto, a maior contribuição de Zé Queiroz para Itabaiana foi imaterial. O seu sucesso e a sua autoestima servem de exemplo. A alma itabaianense foi reforçada: gente empreendedora, esperta no comércio, independente e cheia de ironias e narrativas. E mais, o nosso bairrismo passou a fazer sentido, se aproximou da realidade. 

O Itabaianense tem orgulho até das fragilidades. Como diz Fernando Pessoa: "o rio da minha Aldeia, (jacarecica) é maior que o Tejo." 

Zé Queiroz foi um intransigente. Nunca tergiversou. Nunca cedeu, com ou sem razão. "Nunca deu o braço a torcer"! Mesmo assim, foi um vitorioso. O verso de Gonzaguinha: “vence na vida quem diz sim”, não orientou Queiroz. 

Ele venceu, dizendo “NÃO”. 

* O articulista Antonio Samarone, é Secretário de Cultura do município de Itabaiana-SE.

Texto e imagem reproduzidos do Perfil no Facebook/Antonio Samarone

Itabaiana se despede de Zé Queiroz em cerimônia emocionante


Publicação compartilhada do site ITNET, de 18 de novembro de 2024

Itabaiana se despede de Zé Queiroz em cerimônia emocionante

A despedida contou com a presença de várias autoridades, que se uniram à população para honrar a memória de um dos maiores nomes da história de Itabaiana.

Por Redação Itnet

Foi sepultado na tarde desta segunda-feira, 18, no Cemitério de Santo Antônio e Almas, em Itabaiana, o eterno patrono do Tricolor da Serra, José Queiroz da Costa. Em um cortejo marcado por emoção e homenagens, o corpo de Zé Queiroz chegou em um carro do Corpo de Bombeiros, sendo recebido com aplausos calorosos por familiares, amigos, autoridades e admiradores que lotaram o local para dar o último adeus.

A despedida contou com a presença de várias autoridades, que se uniram à população para honrar a memória de um dos maiores nomes da história de Itabaiana. Durante o percurso, gestos de respeito e gratidão demonstraram o quanto Zé Queiroz era amado e admirado, não apenas por suas contribuições no esporte, na política e na comunicação, mas também pelo legado humano que deixou em sua cidade natal.

Uma missa foi realizada em sua homenagem antes do sepultamento, reunindo orações e palavras de conforto para a família. As ruas de Itabaiana, por onde o cortejo passou, refletiram o carinho de um povo que reconhece a grandeza de sua trajetória e a importância de suas conquistas.

Zé Queiroz deixa uma marca indelével em Itabaiana e em Sergipe, sendo lembrado por sua dedicação, visão e amor pela terra que tanto elevou. Sua ausência será sentida, mas seu legado permanecerá vivo nos corações de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e admirar sua história.

Texto e imagem reproduzidos do site: itnet com br/noticia/itabaiana-se

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

José Queiroz da Costa (1936 - 2024)


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Morre aos 88 anos o ex-deputado federal José Queiroz da Costa 
Balanço Geral Tarde/Fábio Henrique/TV Atalaia/Canal YouTube
Aracaju(SE), 18 de novembro de 2024

Morre o desportista e ex-deputado José Queiroz

Legenda da foto: José Queiroz estava internado em um hospital de Aracaju

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 18 de novembro de 2024

Morre o desportista e ex-deputado José Queiroz

Faleceu, nesta segunda-feira (18), o empresário José Queiroz da Costa, 88 anos. Ele estava internado em um hospital de Aracaju. O velório será realizado no OSAF Aracaju, de onde sairá às 14 horas para o Cemitério Santo Antônio das Almas, em Itabaiana. José Queiroz era aposentado do Banco do Brasil e residia à rua Campos, 810, em Aracaju. Queiroz era casado com Maria do Carmo Monteiro Costa, com quem teve seis filhos: Carmem, Zezinho, Norma, Ivan, Lana e Rui. Tinha 16 netos e quatro bisnetos.

José Queiroz da Costa nasceu em Itabaiana, no dia 14 de julho de 1936. Filho único de Antônio José da Costa, funcionário da Exatoria Estadual, e de Dona Maria Queiroz da Costa. Foi aluno da primeira turma do Ginásio Estadual de Itabaiana, depois denominado Colégio Estadual Murilo Braga. Em 1956, aos vinte anos, foi aprovado no concurso do Banco do Brasil e nomeado para trabalhar na agência de Itabaiana, sendo, tempos depois, transferido (a pedido) para a agência da Praça General Valadão, em Aracaju.

Irrequieto e contestador, ainda jovem, passou a gostar de política enveredando no agrupamento que fazia oposição a Euclides Paes Mendonça em razão de que, Euclides, líder udenista, perseguia todos os adversários, inclusive o seu pai, Antônio Queiroz, que era correligionário de Djenal Queiroz, do PSD.

Rádio Princesa da Serra

No dia 13 de junho de 1978, inaugurou a Rádio Princesa da Serra, a segunda emissora do interior sergipano, cuja concessão foi adquirida através do então Governador José Rollemberg Leite. A Rádio foi fundamental para divulgar as demandas da comunidade, revelar radialistas da região além de tornar-se um instrumento de apoio ao seu grupo político. Em 1982, Djalma Lobo, radialista irreverente e detentor de uma enorme audiência no agreste e sertão sergipanos, se elegeu deputado estadual, com a maior votação daquele pleito. Um campeão de votos, graças a força do rádio.

Em 1986, incentivado por Djalma Lobo, que queria Itabaiana com um deputado federal, José Queiroz foi candidato e elegeu-se para a Câmara Federal, sendo considerado pelos órgãos de pesquisa como o melhor constituinte sergipano, condição que lhe rendeu várias homenagens. Todavia, o seu ingresso na política partidária se deu no final dos anos 70, quando coordenou a criação da Arena Dois, uma sublegenda da Aliança Renovadora Nacional, partido criado no período pós-revolução.

No ano de 1988, o seu grupo político conquistou a prefeitura de Itabaiana, derrotando uma oligarquia que estava há cerca de 30 anos no Poder. Surgiu, então, um novo fenômeno político: Luciano Bispo, que seria depois deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Nesse ano (1988) o grupo de José Queiroz tinha o prefeito da cidade, um deputado estadual (Djalma Lobo), um deputado federal (Queiroz), o governador (Valadares) e um ministro de estado (João Alves Filho, do Interior).

Dono de cinemas

Como empresário, José Queiroz foi dono do primeiro cinema de Itabaiana, o Cine Santo Antônio. Expandiu a atividade para a capital sergipana, tendo sido proprietário dos Cinemas Rio Branco, Aracaju, Pálace e Plaza. Ele chegou a possuir 15 cinemas em todo o Estado de Sergipe.

Outras atividades empresariais que marcaram a vida empreendedora dele foram as representações da Editora Abril Cultural e do Baú da Felicidade, de Silvio Santos. Quando assumiu a Editora Abril, Aracaju tinha apenas 12 Bancas de Revistas. Ao deixar essa atividade, esse número pulou para cerca de 130 pontos de venda.

No futebol, foi o responsável pela ascensão da Associação Olímpica de Itabaiana. A partir de 1969, quando o tricolor conquistou o primeiro título estadual e enquanto esteve à frente da agremiação, foram quase duas décadas de vitórias. Sete títulos estaduais (um penta, inclusive), um campeonato do Nordeste e um vice do Norte/Nordeste. Para isso, gastou o que tinha e o que não tinha. Literalmente, deu tudo de si à Associação Olímpica de Itabaiana, ao lado de Antônio Rezende, Mozart Fonseca, e alguns outros abnegados.

Fonte e foto: Portal de notícias Radar Sergipe

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias com br