domingo, 26 de julho de 2020

José Augusto Garcez (1918 – 1992)


José Augusto Garcez (1918 – 1992)

Arqueólogo sergipano Natural do município de São Cristóvão, Garcez exerceu a profissão de Jornalista, Escritor e Arqueólogo, mesmo sem ter obtido formação de nível superior. 

Esteve vinculado a quinze instituições culturais em todo País. 

Os achados de Garcez trouxe importante contribuição à pesquisa arqueológica e paleontológica do Estado...

Fonte: Memorial de Sergipe/UNIT
Foto reproduzida do blog: academiascletras.blogspot.com

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Walter do Prado Franco Sobrinho: A emissão de um legado para Sergipe.


Publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil do Facebook de Igor Salmeron, em 14 de julho de 2020

Walter do Prado Franco Sobrinho: A emissão de um legado para Sergipe. [1]
Por Igor Salmeron

Dizem os sábios que as palavras convencem, mas são os exemplos que arrastam.

No último dia 05 de julho, uma figura ilustre do nosso estado comemorou seu brioso aniversário; estou falando de Dr. Walter do Prado Franco Sobrinho – o pai afetuoso, ser humano religioso tocado por uma fé inabalável herdada de Dona Gina, sua imaculada genitora; sendo um marido devotado, sobretudo, empresário destemido e admirado. Quem leu o meu artigo anterior sobre ‘Os Rockefellers de Sergipe: Medicina e Política sob o prisma do universo sergipano no Século XX’, publicado no Jornal da Cidade, percebeu que ele é um dos personagens proeminentes para compreendermos, não somente a História política do nosso estado, como também o próprio desenvolvimento de Sergipe, cuja sua excepcional dinastia familiar tem muito a nos elucidar sobre esses fascinantes aspectos. Nesse breve artigo, trago dados levantados sobre a sua singular trajetória e algumas das suas ações realizadas em prol da sociedade sergipana.

Não posso falar do seu intrépido percurso, sem recapitular um episódio específico na audaciosa trajetória do seu pai, o médico, empresário e político Dr. Augusto do Prado Franco (1912-2003), que ao diversificar os seus investimentos empresariais, esse despontou em especial: a exemplar fundação da TV Atalaia - “A TV dos sergipanos”, à qual não esqueço a data do início do funcionamento das suas atividades, pois foi justamente num 17 de maio do ano de 1975, cujo dia e mês são os correspondentes ao meu próprio aniversário.

Ela entra no ar afiliada à TV Tupi a partir desse dia, cujo diretor- presidente era o seu pai – a figura que lhe forneceu o alicerce necessário, na época exercendo mandato de senador no período entre 1971 e 1978. Em novembro de 1970, seu mentor paterno vence as eleições para o senado, por seu estado na legenda da Aliança Renovadora Nacional (Arena), junto com Lourival Batista. Deixou a Câmara dos Deputados ao término da legislatura, em janeiro de 1971, e no mês seguinte assumiu o mandato no Senado, onde foi membro das comissões de Economia e de Serviço Público, suplente da Comissão de Relações Exteriores, e ainda segundo-secretário da mesa em 1973 e 1974.

Durante a minha pesquisa, pude verificar que a História do Sistema Atalaia de Comunicação teve um marco bastante relevante, o qual devemos destacar: a TV Atalaia foi pioneira quando veio a se tornar a primeira emissora das regiões Norte-Nordeste do Brasil, com um precioso detalhe – sua transmissão já sendo realizada totalmente à cores. Esse fato fica atestado pelos levantamentos que foram feitos na época dos importantíssimos Jornais da Cidade e Gazeta de Sergipe, nos quais registraram um aumento estrondoso com relação às vendas de televisores coloridos por causa desse feito impressionante da desbravadora emissora.

Outro aspecto histórico-político fundamental a ser enfatizado foi quando em 1984, a TV Atalaia foi a primeira emissora de Sergipe a defender as ‘Diretas Já’. Nesse momento, devemos ressaltar a importância do Dr. Walter Franco Sobrinho, pois ao investigar esse marcante episódio na História do Brasil e em terras sergipanas, fica atestado de maneira irrefutável a sua essencial inciativa e contribuição – ele que sempre foi e ainda continua sendo um defensor incansável da liberdade política e de expressão, quando do seu mandato como deputado estadual em 1982, pude conferir que sempre realçou os valores democráticos, e acima de tudo, lutou como pouquíssimos em Sergipe pelo comício Pró-Diretas, que se não fosse pelo seu indispensável engajamento e apoio basilar, não teria acontecido – tanto quanto deputado estadual e como sendo empresário, cujo percurso foi continuamente caracterizado por essas questões norteadoras da sua valente personalidade como cidadão sergipano e ratificadas ainda mais quando já sendo uma figura pública.

No dia 22 de fevereiro de 2009, a emissora tornou-se também a primeira a iniciar suas transmissões em formato digital na época tendo como governador vigente Marcelo Déda, numa memorável cerimônia que estabeleceu outro ponto modelar: ela se torna a primeira afiliada da TV Record a dar o pontapé nas transmissões de televisão digital. Já no mês de janeiro de 2010, a renovação que se dá é digna de elogios, pois foi aí que aconteceu a renovadora transformação dos cenários dos seus telejornais para que finalmente, em 12 de fevereiro ocorresse a primeira transmissão já em alta definição (HDTV) cujo paradigma foi os Jogos Olímpicos de Inverno de Vancouver; nos meses subsequentes se deu a transmissão dos telejornais já nesse formato em HDTV, o que tornou a TV Atalaia uma das primeiras emissoras do Brasil a fazer o uso diário da então nascente tecnologia para a área do jornalismo – seja na gravação, edição e/ou exibição.

Atualmente, a TV Atalaia emprega diversos profissionais e cobre com seu sinal em alta definição todo o Estado de Sergipe. Os equipamentos são os mais modernos disponíveis atualmente; pude notar com a investigação histórica realizada que o maior capital dessa emissora não reside tão somente em suas tecnologias de última geração. Sua maior riqueza se localiza nas pessoas que fazem esse brilhante órgão de comunicação funcionar, exprimindo com criativa dedicação e esmero toda a ética que lhes é reivindicada. Essa demanda por valores de caráter fica marcada por todos esses anos em que Walter Franco esteve e ainda está à frente da já clássica emissora; dizem sabiamente que a palavra convence, mas o que arrasta mesmo é o exemplo – e esse exemplo de moral, Walter faz questão de realçar, onde na Colina do Santo Antônio fica evidenciado na maneira como a TV Atalaia foi conduzida por todo esse bem-sucedido período.

Assim como em sua trajetória sendo político ovacionado, Walter pelo seu laborioso passado marcado pelo audaz jeito com quê desenvolveu as indústrias têxteis paternas – adotou de maneira perspicaz um modo legislativo ateniense extraordinário: todas as pessoas são ouvidas e todas podem expor suas ideias; por esse e outros motivos, que o nosso ex-deputado estadual é perpetuamente louvado por qualquer agrupamento político sergipano. Como observamos, Walter tem essa verve de inovação correndo em seu sangue, sendo que a saudável ousadia sempre permeou a sua perspectiva de ação na política. Isso fica exemplificado pelo seu pioneirismo, ou seja, foi o primeiro a ter esplêndida iniciativa de reivindicar as eleições diretas para presidente.

Nas rádios CBN Aracaju, NovaBrasil FM Aracaju, Jornal da Cidade e no Portal A8 seu estilo ético de conduta está bem esculpido numa imprensa que não pode ser denominada como uma imprensa marrom - pois na sua História de fundação e ao longo dos anos, sempre existiu compromisso com a autenticidade dos fatos noticiados. Para finalizar, não posso deixar de mencionar que Walter como um bom apreciador da nossa sergipanidade, não deixa de entoar em todos os seus veículos de comunicação, o belíssimo refrão que ressoa nos quatro cantos do estado: “Minha terra é Sergipe”, sendo vinheta tradicional para quem é apaixonado por Sergipe.

A ética em que se debruça a notícia é e continua sendo elemento primordial no legado que a TV Atalaia já herda a todos os sergipanos, e sobremaneira, todos àqueles que fazem jornalismo com a seriedade que lhes é imcubida; o Mestre Walter Franco Sobrinho nos ensina, ele faz escola – todos podemos aprender com os seus ensinamentos que atravessam gerações, seja na esfera social, política e/ou empresarial. Ele que honra o voto em massa recebido dos sergipanos, quando elevou a bandeira da redemocratização do Brasil com a constituição promulgada em 1988; com seu jeito firme e posições incontestáveis, lutou bravamente contra a ditadura militar. Em suas astutas entrevistas faz questão de ressaltar que precisamos de pessoal que agregue, de catalisadores na política do nosso estado; sem dúvida alguma, o senhor é referência no quesito somar, acrescer. Sergipe o gratula com fervor, e eu mais ainda por poder adquirir um pouco mais de inestimável conhecimento pesquisando a sua inspiradora história que já exerce influência e, indubitavelmente, influenciará as novas gerações que estão porvir a contribuir. 

Parabéns a Walter Franco, parabéns à TV Atalaia pelos seus 45 anos - para essa que é uma das mais sergipanas emissoras de TV aberta do nosso maravilhoso estado.

[1] Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Igor Salmeron

José Fernandes – Um Singular Artista Plástico Lagartense


Publicado originalmente no site LAGARTO NOTÍCIAS, em 12 de julho de 2020

José Fernandes – Um Singular Artista Plástico Lagartense
Por Claudefranklin Monteiro

Até os anos 80 do século passado, a cidade de Lagarto se notabilizava no campo cultural, sobretudo, por seus poetas e escritores, alguns deles conhecidamente de renome nacional. Naquela época, surgiu um grupo de talentosos artistas plásticos, dignos de nota: Evilázio Vieira, Adigenal Bezerra, Lourival Santos, José Carlos Carvalho, José Fernandes e Leustênisson.

A propósito do surgimento de novos nomes no cenário cultural lagartense, o jornalista Luduvice José, em setembro de 1984, assim se expressou: “(…) vai desencadear uma reviravolta nos conceitos da cidade, pela perspectiva do despertar de novas mentalidades direcionando o povo para a arte, sinônimo de cultura, imprimindo um hábito salutar entre as pessoas”. A assertiva acertou em cheio. De 1 a 9 de setembro de 1984, com o apoio do Banco do Nordeste, ocorreu a 1ª Semana de Arte Contemporânea de Lagarto, reunindo os trabalhos de José Fernandes, Evilázio Vieira, Adigenal e Lourival Santos.

O evento, além do sucesso de público e de crítica, projetou aquela geração que hoje pranteia a perda de mais um deles: José Fernandes, falecido neste domingo, 12 de julho de 2020, vítima de parada cardíaca, em Aracaju, onde residia há vários anos. Daquela turma, já faleceram também Lourival Santos e José Carlos Carvalho. Evilázio Vieira mora em Guaratinguetá-SP, na Fazenda da Esperança; Adigenal Bezerra vive entre Aracaju e Itaporanga; e Leustênisson, professor aposentado, mora em Lagarto.

José Fernandes Alves dos Santos nasceu na zona rural de Lagarto no dia 19 de outubro de 1959. Migrou para Aracaju logo cedo e por lá se radicou. Fascinado pela arte desde a infância, estreou em 1975, retratando personagens da vida urbana. No ano seguinte, participou de sua primeira exposição coletiva, na galeria Álvaro Santos. Em 1977, esteve presente na programação do VI Festival de Arte de São Cristóvão (FASC).

Em 1978, se firmou em definitivo na condição de artista plástico. No FASC, foi reconhecido com medalha de prata no II Salão Atalaia de Arte. No mesmo ano, recebeu o prêmio Norcon como melhor artista sergipano e passou a integrar a Equipe de Restauração do Museu de Arte Sacra de São Cristóvão.

Nos anos que se seguiram, sua arte passou a ganhar cada vez mais espaço na sociedade sergipana e pelo país afora, com passagens, exposições e premiações em Brasília, Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre, São Paulo. No exterior, esteve expondo nos Estados Unidos, em Rhode Island. Artistas e autoridades nacionais têm em seu acervo particular obras de José Fernandes, a exemplo da ex-presidente Dilma Rousseff e Caetano Veloso.

O jornalista Luduvice José assim define a arte de José Fernandes: “(…) essencialmente expressionista, voltado para o social, sempre fiel à sua característica e as cores fortes”.

Em 1991, fundou a Associação dos Artistas de Sergipe. Nos últimos anos vinha lutando contra problemas de saúde, mas seguia fazendo arte, desenvolvendo projetos e vez ou outra na mídia, sendo centro das atenções do mundo cultural sergipano.

Em 2018, o escritor Marcelo Ribeiro lhe prestou uma grande homenagem, com a publicação do livro José Fernandes, pela EDISE. Um marco biográfico e um registro imortalizado de quem fez tanto pela em Sergipe.


Em 2019, a Academia Lagartense de Letras solicitou ao artista que pudesse ilustrar com sua arte a capa da edição comemorativa de cem anos do lançamento do livro O Triunfo (1918), de Ranulfo Prata. Segundo nossos interlocutores, o poeta Assuero Cardoso e o Marcelo Araújo (Lello), que também é artista plástico e representa a nova geração de grandes talentos da cidade, José Fernandes manifestou alegria e disse se sentir muito honrado com a homenagem.


Texto e imagem reproduzidos do site: lagartonoticias.com.br

Oi, Zé Fernandes: memórias de sextas de confraria

Imagem reproduzida da TV Sergipe e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente do site JLPOLÍTICA, em 15 de julho de 2020

Opinião - Oi, Zé Fernandes: memórias de sextas de confraria

Por Maria Nely Santos Ribeiro * (Coluna APARTE)

Por que sentimos o coração esmagado quando perdemos uma pessoa querida? Assim que soube da partida de José Fernandes, sinto-me dessa maneira, viu “grandalhão”. Meu artista plástico dono de um “vozeirão” inconfundível. É, amigo Zé, se o coração sangra, a razão restabelece os bons momentos que a vida nos proporcionou. A tristeza de agora substituo pela incomensurável alegria vivenciada na “Confraria do Cajueiro”, agregada ao restaurante do Cajueiro, no Conjunto Inácio Barbosa.

Toda sexta-feira, tão logo o relógio marcava 11h, você ligava indagando: e aí Nely, você está vindo? Desde 2001, chegava antes dos demais confrades para, sem muito barulho, desfrutar de sua companhia para boas conversas. Bebericando a cerveja geladíssima servida por Paulinho, colocávamos as novidades da semana na ordem do dia. Devagarinho os confrades iam chegando de modo que, lá pelas 13 h, as mesas dispostas horizontalmente, já estavam ocupadas.

A algazarra controlando o burburinho só era amenizada quando sanfoneiros e violonistas estavam lá. O habitual era ouvir o seu vozeirão sobressaindo. De acordo com você, àquela época Presidente da Confraria,  “tudo começou de modo informal, com ele e o falecido jornalista e advogado Carlos Mota, quando se reuniam no bar do Cajueiro para discutir política, mas todo assunto terminava direcionado para artes e cultura”.

O tempo atravessou o tempo. Estimulados por você (presidente) e Antônio Torres (vice), todas as sextas-feiras, nós, os confrades, preservamos o gesto prazeroso do encontro, da convivência em grupo, o compartilhamento e discussão de ideias. Para integrar a Confraria, o proponente passava por um ritual qual seja, tomar de uma golada só um copinho de gengibirra (cachaça). Meu paraninfo foi o professor do Departamento de Letras/UFS, José Costa. Sob a sombra do frondoso cajueiro espreitando silencioso as águas do rio Poxim, vivenciei reuniões agradáveis e bem frequentadas pelos o advogado Elito Vasconcelos, o publicitário Antônio Leite, os professores José Costa, Mauricio Neves, José Roberto, Ludwig Oliveira, Luiz Alberto, os jornalistas Carlos Marcelo, Garcez Junior, Osmário Santos, Luduvice José, o fotógrafo Márcio Garcez, Romildo Rodrigues, Lúcia Falcón, Rosaly Nunes, Riso França o poeta Marcelo Ribeiro, Alberto Jorge Figueiredo (jornalista) Erivaldo de Carira, Zé Américo e inúmeras outras pessoas.

O bom e impagável sempre era a sua presença marcante e instigante, sua luta para valorizar a cultura sergipana em todos os segmentos e matizes. Em setembro de 2007, lecionando na Universidade Tiradentes a disciplina História do Pensamento e da Cultura Sergipana, criei o Projeto Cajumã. Uma das atividades “Dois dedos de Prosa”, realizada pelos alunos, consistia de entrevista e bate-papo com escritores, poetas, cordelistas, músicos, atores e atrizes, artistas plásticos. Você foi nosso convidado.

Entusiasmados eu e os alunos, encontramo-nos com você numa tarde de terça-feira, ao ar livre, na área livre do bar da Mangueira (Bairro Inácio Barbosa). De maneira simples, sem rapapés, falou para os alunos sobre sua arte enquanto concomitantemente pintava seu quadro. Que tarde enriquecedora, maravilhosa! A prova material da aula, do seu desprendimento e carinho por mim foi o quadro que me presenteou. Zé: ele está aqui na parede da sala. Obrigada, pelo carinho com que nutriu nossa amizade. Adoto as palavras de sua amada esposa Cintia, “você resolveu pintar o céu para deixa-lo mais colorido”.

* É historiadora.

Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br

terça-feira, 14 de julho de 2020

Morre Dr. Marco Antônio Campos Santana

Marco Antônio Campos Santana faleceu vítima de Covid-19 (Foto: arquivo pessoal)

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 13 de julho de 2020

Médico de 35 anos morre vítima de Covid-19 em Aracaju

O médico radio-oncologista e radioterapeuta Marco Antônio Campos Santana, de 35 anos, faleceu nesta segunda-feira, 13, em Aracaju, vítima de Covid-19.

Marco Antônio Campos Santana, que estava internado no Hospital São Lucas, em Aracaju, é o terceiro médico em Sergipe vítima do novo coronavírus.

O médico era filho do cirurgião-dentista e ex-presidente do CRO/SE, Marcos Luis Macedo Santana, esposo da jornalista Marina Fontenele e pai de uma menina.

O Portal Infonet já havia noticiado a preocupação do Sindicato dos Médicos de Sergipe (Sindimed) com o número de médicos diagnosticados com Covid-19. O Sindicato não tem números exatos, mas apurou que pelo menos 10 profissionais testaram positivo para a doença.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de Sergipe (Cremese) emitiu nota de pesar e se solidarizou com a família pela grande perda. O Conselho Regional de Odontologia de Sergipe (CRO/SE) também se manifestou, externando desejo de serenidade e conforto aos familiares.

Em Sergipe, a Covid-19 também vitimou o médico Reginaldo Oliveira Silva, de 74 anos, primeiro diretor do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e fundador do Hospital Renascença; e a médica ginecologista Sônia Del Vecchio Silva, de 74 anos, que atuou durante muitos anos no Hospital Santa Isabel.

Por Verlane Estácio

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Morre João Bosco Franco Sobral

 Foto: Arquivo pessoal


Publicado originalmente no site da UFS, em 13 de julho de 2020

Faleceu o servidor aposentado Joao Bosco Franco Sobral

Ingressou na UFS em 1980 e atuou na Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progep).

A Universidade Federal de Sergipe informa, com pesar, que faleceu nesta segunda-feira, 13, o servidor aposentado Joao Bosco Franco Sobral. Tendo ingressado na UFS em 1980, João Bosco atuou, dentre outros setores, na Pró-reitoria de Gestão de Pessoas (Progep) e foi assessor do Reitor de 1980 e 1990, vindo a se aposentar em 2015.


Texto reproduzido do site: ufs.br

Morre o artista plástico José Fernandes


Publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 13 de julho de 2020

Zé Fernando será sepultado no Santa Izabel

Família informou que José Fernandes não morreu de Covid-19, mas de uma parada cardíaca

O corpo do artista plástico José Fernandes está sendo velado no Velatório OSAF, à rua Itaporanda, devendo ser sepultado às 10h30 desta segunda-feira (13), no Cemitério Santa Izabel, em Aracaju. Ele morreu, neste domingo (12), aos 60 anos, no Hospital de Cirurgia, em Aracaju. Segundo a família, embora estivesse testado positivo para a Covid-19 no início do mês passado, quando foi internado, o pintor não foi vítima do coronavírus, mas de uma parada cardíaca.

Dias antes de ser hospitalizado, o artista reclamava de algumas dores e fraqueza no corpo, mas não sentia necessidade de ir ao médico. Porém, o caso se agravou ao ponto de ele não conseguir se alimentar mais corretamente. Ao chegar na Urgência do Ipesaúde, Zé Fernandes foi diagnosticado com pneumonia e em seguida testou positivo para o coronavírus. Desde então, ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Cirurgia.

Segundo a família, o artista teve uma parada cardíaca no sábado (11), mas os médicos conseguiram reanimá-lo a ponto de a esposa, professora Cyntia Maria Alves, ter informado a um amigo que ele tinha apresentado uma certa melhora. O quadro do artista se agravou no meio da tarde deste domingo (12) ele veio a óbito após uma nova parada do coração.

Uma vida dedicada à pintura

Natural de Lagarto, José Fernandes tinha orgulho de dizer que pintou seu primeiro quadro aos nove anos de idade: Um mendigo cansado com o semblante triste. Contava que, satisfeito com o expressivo resultado, decidiu que seria artista. Em 1976, depois de trabalhar por um curto período na Agência Nacional de Notícias, como operador de telex, passou a viver das telas e dos pincéis. Nesse mesmo ano, participou de sua primeira exposição coletiva na Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju.

Natural de Lagarto, José Fernandes tinha orgulho de dizer 
que pintou seu primeiro quadro aos nove anos

A iconografia de José Fernandes, formada por quadros, murais e painéis, conjuga o real com onírico. Possuidor de estilo próprio, não segue escolas ou regras estéticas. Sua arte dispensa assinatura, pois o seu traço marcante e a sua inconfundível pincelada o denunciam ao primeiro olhar do observador. Sua obra figurativa é fulcrada em temas regionais e norteada por corpos e rostos femininos; feiras e mercados; pescadores e outros personagens do cotidiano; cavalos, peixes, galos e, sobretudo, pombas, uma de suas marcas e que o deixou conhecido como o artista das pombas. Para ele, a ave é “o símbolo universal da paz, do amor, da harmonia e da fraternidade”.

Em 1977, participou da Escolar/97, promovida por Pincéis Tigre, em São Paulo/SP. Em 1978, teve brilhante participação no VII Festival de Arte de São Cristóvão. Depois, foi auxiliar de restauração do Museu de Arte Sacra, através da Universidade Federal de Sergipe. No início da década de 80 morou em Brasília. Em 1982, voltou para Aracaju, mas a sua inquietude aliada ao temperamento forte e à personalidade firme, não o permitiu fixar residência na capital sergipana. Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Recife e Salvador, entre outros rincões, são endereços alternativos de suas moradas.

 Grandes mestres

Florival Santos, J. Inácio, Jordão de Oliveira e, principalmente, Jenner Augusto são os artistas que mais influenciaram Zé Fernandes, mas ele sempre destacava como de sua preferência pessoal Picasso e o pintor goiano Siron Franco: “O possuidor de imaginário e linguagem fantásticos”.

As obras de José Fernandes estão presentes em várias coleções particulares, entre elas a da Presidente Dilma Rousseff, Caetano Veloso, Arlete Sales, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Tom Cavalcanti, Giliard, Wando e Joana, bem como em museus, a exemplo do MAM, em São Paulo/SP e do MAB, em Brasília/DF. No exterior estão, entre outros países, na Alemanha, no Japão e nos Estados Unidos.

Em 1979, depois de haver realizado a sua primeira exposição individual, na Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju/SE, José Fernandes vem participando de inúmeras exposições em várias cidades brasileiras, como em Aracaju/SE, em Salvador/BA, em Brasília/DF; no Rio de Janeiro/RJ; em São Paulo/SP e, em Porto Alegre/RS, esta, em 1991, na Galeria Tina Zapolli, com outros 22 artistas do Brasil, da Argentina e do Uruguai, ocasião em que o jornal Zero Hora de Porto Alegre ressaltou que “A brasilidade, o lado onírico na pintura, aparece no trabalho do sergipano José Fernandes.”

Laureado artista, em 1978 recebeu a Medalha de Prata, no Salão Atalaia, em Aracaju/SE e o Prêmio Medalha de Bronze, no Salão Norcon de Artes Plásticas, com a pintura “Mocidade Perdida”, uma de suas prediletas. Em 1980, foi premiado com a Medalha de Bronze, pela participação no Salão Atalaia, em Aracaju/SE. Em 1981, fundou o Arte Belle, em Brasília/DF, participou do 70º. Salão da Fundação Cultural do Distrito Federal e do XX Salão de Artes Plásticas da Aeronáutica, no Centro de Convenções de Brasília/DF, no qual foi agraciado com o Prêmio de Aquisição, na categoria pintura a óleo.

Zé Fernandes (E) inaugurando a escultura de um caju pintado
por ele no mercado de Aracaju

Movimento das artes

Idealizou, em 1982, com Anselmo Rodrigues e Marinho Neto, o Movimento das Artes, que alavancou o mercado de arte de Sergipe, em Aracaju/SE. Em 1983, foi selecionado para representar Sergipe no Circuito Nordeste de Artes Plásticas. Em 1987, lançou álbum de xilogravuras. Em 1988, é homenageado pela Rede de Televisão Aperipê, de Aracaju/SE, com o documentário “Memória José Fernandes”’.

No exterior, em 1990, participou de exposição coletiva na Dodge House Gallery, em Rhode Island, Estados Unidos da América. Em 1991, venceu o concurso de cartazes das Universidades Brasileiras e fundou a Associação dos Artistas de Sergipe, de onde foi eleito Tesoureiro e depois Presidente. Em 1993, foi premiado no Salão Bradesco, em Aracaju/SE. Em 1995, foi nomeado diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos.

Em 2000, idealizou e participou da coordenação do I Encontro Cultural e Esportivo do Conjunto Inácio Barbosa, no bairro Inácio Barbosa, em Aracaju/SE. Participou do catálogo “Rumos, Artes Plásticas Sergipe 2000”, patrocinado pelo Banco do Estado de Sergipe. Em 2011, participou do projeto Caju na Rua e, em 2003, idealizou o projeto Aracaju de Tototó.

Em 2013, foi tema do kit: “Traços de personalidade e cores de sergipanidade”, da Gráfica e Editora J. Andrade. Quatro de suas obras, em 2013, foram reproduzidas em 12.000 latinhas colecionáveis, como brinde da promoção do Dia das Mães do Shopping Jardins, em Aracaju.

Por destaquenoticias, com Informações da PGE/SE

Texto e imagens reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

José Fernandes foi fazer arte no Cosmo




Publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil do Facebook de Luduvice Jose, em 12 de julho de 2020

José Fernandes foi fazer arte no Cosmo
Por Luduvice José

O artista plástico sergipano, José Fernandes, faleceu neste domingo à tarde, no Hospital Cirurgia, onde encontrava-se internado. Jose Fernandes é natural de Lagarto, interior de Sergipe e, na sua simplicidade e amabilidade com todos, fez muitos e muitos amigos nas mais variadas faixas sociais. Conheço o José Fernandes há muito tempo, quando residia ainda com a mãe no Conjunto Médici e ainda anão tinha uma ligação tão forte com as artes plásticas que o transformaram num dos artistas mais importantes de Sergipe, reconhecido em diversos estados brasileiros, inclusive alguns onde residiu e outros tantos onde expôs e teve reconhecido o seu trabalho de características fortes e vibrante, sempre marcadamente destacando uma sergipanidade que ele fazia questão de reforçar. José Fernandes foi um artista sem pose. De uma simplicidade enorme e de trato comum a todos que o cercavam, sem referendos ou distinção. Simplicidade extraordinária que colocava em suas telas que, mesmo impetuosamente fortes, sempre deixava entrever aquela intuitiva feição em algum lugar dos quadriláteros, como uma marca singular de candura, muito apreciada nas pombas que ele concebia numa rapidez e segurança de traço, uma faceta dele, sem previsão, colocada em alguns casos após dar o trabalho por concluído.

José Fernandes sempre foi um entusiasta da arte como um todo. Era a seiva que o alimentava e fazia mudar o ímpeto que carregava seus pincéis, para destacar um detalhe que ele via e, em seguida dar o toque final e apor sua assinatura.

AQUI PARA NÓS, POUCAS PESSOAS CONHECERAM O ZÉ - como eu o chamava, COMO EU. 

A ponto dele afirmar quando o procuravam para falar do seu trabalho, que me procurasse completando ao afirmar que eu era o maior conhecedor do seu trabalho e das suas fases. É que eu o via muito no ato criativo e acompanhava início, meio e fim. Este quando assinava.

Hoje a arte sergipana enlutece. Negativo, ele nunca via um fato deste como o fim. Pois sua arte eternizou-se nas evidências de quem percorreu cada passo com segurança, a mesma que vi inúmeras e constantes vezes, mesmo quando eu dizia: ZÉ, você é um figurativo com cores expressionistas, impetuosas, quentes, vibrantes, que provocavam uma como que iluminação extra em cada tela. E olha que assisti foi o nascimento de muitas cuja conta nunca fecharia, pois sempre tinha mais uma. Zé, você só mudou de dimensão, pois sua arte é única e indelével. Preste atenção para não mudar os tons da abobada celeste com suas invencionices geniais, que muitas vezes me surpreenderam:  a última pincelada que registrava sua marca, dispensando o toque da sua assinatura.

(Luduvice josé, um apreciador da arte do Zé, que teve o privilégio de assistir início, meio e fim de centenas de telas alvinitentes, criarem vida e se mostrarem primeiro para este amante das artes e, especial admirador do amigo artista, José Fernandes).

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Luduvice Jose

Homenagem de Mário Britto a José Fernandes (1959 - 2020)










Publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Mário Britto, em 12 de julho de 2020.

O céu ganha as cores vibrantes de José Fernandes. Ficamos nós - seus fãs - com os seus peixes, gatos, pássaros, mulheres, figuras populares, ex-votos, flores, cajus e toda a nossa cidade de Aracaju que tanto o inspirou.  Sua arte permanece no nosso coração (MB).

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Mário Britto.

domingo, 12 de julho de 2020

Ave Amaral, Morituri Te Salutant

Na foto: Jorge, AMARAL, Cauê e Luciano - 2014

Publicado originalmente no blog EUCAÇÃO, HISTÓRIA e POLÍTICA, em 07/07/2020

Ave Amaral, Morituri Te Salutant                                               
Por Jorge Carvalho do Nascimento * 
                                        
Salve Cesar, os que vão morrer te saúdam. Assim os gladiadores reverenciavam o poder do Imperador de Roma antes que o combate fosse iniciado. O AVE vem do Latim e foi bastante utilizado no Império Romano para demonstrar alegria, regozijo e felicidade. Servia para cumprimentar uma pessoa de modo efusivo.

É assim que quero me dirigir ao amigo Antônio do Amaral Cavalcante, no triste momento em que ele se despede da vida nos deixando órfãos de inteligência, de fraternidade, de erudição, de agitação cultural. Amaral foi na vida, ao mesmo tempo, gladiador e imperador.

Sabia cobrar e ser ranzinza quando desejava executar os projetos nos quais se envolvia. Editor da revista cultural Cumbuca, no final do ano passado me telefonou falando com muita dureza porque eu deixei de cumprir o prazo de entrega de um texto. Doce, no dia seguinte mandou um motorista na minha casa entregar um bolo diet de laranja, para aplacar a minha mágoa pela bronca que me dera. O fato é que o corretivo funcionou e cuidei de fazer e enviar o texto no mesmo dia.

Exatamente por ele ser criativo, inovador e competente para realizar os projetos, o convidei, em 2013, para exercer a função de editor da revista Cumbuca, criada quando eu era presidente da Imprensa Oficial do Estado de Sergipe e resolvi, juntamente com o governador Jackson Barreto, publicar o periódico. Acertei em cheio. Amaral transformou a Cumbuca num sucesso editorial dirigido por ele até agora. A revista é um dos seus órfãos.

Receber um bolo diet de presente de Amaral me sensibilizava. Também eu gostava de presenteá-lo com este tipo de mimo. Afinal, ambos diabéticos. Todavia, receber o presente vindo de Amaral significava muito. O poeta era conhecido pela parcimônia nos gastos. De acordo com o nosso comum amigo professor Luciano Correia, quem quisesse saber sugestões sobre restaurantes baratos, bastava ligar para o jornalista fundador do periódico alternativo Folha da Praia. Mesmo assim, nenhum de nós dispensava os saraus que algumas vezes Amaral organizava em sua casa. A comida e o vinho, uma delícia. Responsabilizo os maledicentes amigos comuns jornalistas Luciano Correia e Carlos Cauê por esta má fama imputada a Amaral.

É difícil saber que estou perdendo um amigo plúrimo como ele, o poeta que encantou a minha geração. Quando eu o conheci na década de 1970, Amaral havia chegado aos 30 anos de idade, mas era de há muito um irrequieto agitador cultural. Tinha reconhecida a sua competência como intelectual, poeta, jornalista e cronista. Foi bom faze-lo amigo e ser por ele aceito em tal condição. Admiração e amizade que me levaram a saudá-lo quando do seu ingresso na Academia Sergipana de Letras.

O menino de Simão Dias, rebento de Corina Hora do Amaral e José Cavalcante Lima carregou para sempre as marcas educativas do matriarcado familiar e o convívio com os dois irmãos e as duas irmãs, dos quais foi apartado aos quatro anos de idade para viver em Itaporanga D’Ajuda com as tias-avós paternas, nas margens do rio Vaza Barris.

Ali foi forjado o grande poeta e cronista que conhecemos, o bom leitor. Sem ler bem ninguém escreve. Ali recitou com voz impostada os primeiros poemas e discursos festivos, angariando alguns trocados e abrilhantando os eventos sociais da cidade.

Voltou para Simão Dias, estudou. Saiu novamente, adolescente, para ser aluno interno do Colégio Agrícola, em São Cristóvão. Retornou a Simão Dias, onde concluiu o Ginásio. Fez política estudantil e foi liderado pelo padre estanciano Joaquim Antunes Almeida, o Padre Almeida. Fundou o Grêmio Escolar da instituição de ensino onde era aluno, ao lado de Clínio Carvalho Guimarães, sob a influência do seu professor de História, Lauro Pacheco. Concluiu o curso ginasial e foi o orador da sua turma. No tumultuado e tenebroso 1964 Amaral havia, já, vivido 18 anos. A dureza da vida se fez real. Mudou para Aracaju e o comércio foi a alternativa de trabalho que se apresentou, para garantir o próprio sustento e colaborar com a renda da família. À noite, frequentava as aulas do Atheneu.

Ao catapultar-se para Aracaju, na bagagem trouxe os primeiros poemas. Aqui se fez jornalista, escritor e gestor público. O poeta, jornalista, empreendedor e agitador cultural nos deixa. Um senhor de 73 anos de idade. Vida agitada marcada por um temperamento também iconoclasta. Aos amigos, todos órfãos, resta saudá-lo: “Ave Amaral, Morituri Te Salutant”.

* Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

Texto e imagem reproduzidos do blog educacaohistoriaepolitica

Amaral Cavalcante: Engenho, Arte e Originalidade

 Crédito da Imagem - Edise Instagram Posts

Publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Gustavo Aragão, em 8 de julho de 2020

No dia 07.07, o ilustre poeta, jornalista e agente cultural sergipano, Amaral Cavalcante, nos deixou. Rendo-lhe uma homenagem singela e sincera, que leu ainda em vida e que faria parte da obra mais recente dele. A Amaral minhas sinceras homenagens por toda a trajetória trilhada e pelas histórias que nos arrebatam e o imortalizam.

AMARAL CAVALCANTE: ENGENHO, ARTE E ORIGINALIDADE
Por Gustavo Aragão Cardoso*

 Ouvia falar, sempre, nas rodas de conversa com escritores e poetas conhecidos, aqui e acolá sobre os feitos e o talento indiscutível do poeta, escritor, jornalista e editor, Amaral Cavalcante, um dos mais emblemáticos nomes do movimento da contracultura sergipana e que marcou, definitivamente, o cenário cultural de seu tempo.

Sempre nos encontrávamos em alguns eventos culturais, em gráficas ou outros espaços da cidade, mas faltava-nos o contato mais aproximado. Foi quando, num certo dia, fui surpreendido com a ligação do Amaral me pedindo alguns poemas de minha lavra para serem publicados na Revista Cumbuca; um periódico extraordinário, editado por ele com extremada competência e esmero,  que cristaliza no tempo e no espaço nossas riquezas culturais; a Cumbuca é uma verdadeiro patrimônio cultural de nossa gente, uma vitrina para escritores já consagrados e para a nova geração de talentos sergipanos, que Amaral – com seu feeling apurado – revela-nos e permite-nos acessar. O convite foi recebido por mim como uma grande honraria.

Tempos depois, fui convidado pelo dileto amigo Mário Britto para participar deste projeto magistral, colaborando como revisor desta obra tão esperada, e que marca, de modo significativo, a trajetória iluminada desse artista plúrimo, que revela na diversidade de seus fazeres a sua genialidade. Foi um verdadeiro deleite para mim, escarafunchar, no reino surdo das palavras poéticas de Amaral, toda a sua magnífica destreza para construir e reconstruir universos, que ganham as linhas de sua crônica e brincriam o explícito e o implícito de modo único.

A crônica de Amaral Cavalcante – tecida com engenho, arte e originalidade – cumpre sua verdadeira função de trazer breves relatos, eivados de memórias, experiências, urdidos em linguagem singular, poética, suscitando reflexões, despertando emoções e sentimentos únicos; tudo isto nos permite dizer, com segurança, que Amaral Cavalcante configura-se como um grande cronista, quiçá, o melhor cronista de seu tempo, não deixando a dever nada a nenhum outro dos grandes figurões da crônica brasileira. Quem lê as crônicas de Amaral Cavalcante não sai ileso; lê-las é como fazer uma espécie de travessia.

* Gustavo Aragão Cardoso - Poeta, Escritor e Revisor. Membro-fundador da Academia de Letras de Aracaju e Membro do Movimento Cultural Antônio Garcia Filho/ASL

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Gustavo Aragão

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Amanhã É aniversário de Amaral Cavalcante.


Publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Nestor Amazonas, em 9 de julho de 2020

Amanhã É aniversário de Amaral Cavalcante.
Por Nestor Amazonas

Nos anos anteriores, seguindo um ritual já antigo, ele fugia dos abraços e chamegos que a data pede. Mas este ano ele exagerou: primeiro deu susto, depois sumiu e então virou encantado. Coisa de poeta.

Mas não tem nada não, vamos dar o troco. Vamos pegar uma foto dele, botar numa prateleira antiga, daquelas que ainda existe em Simão Dias, lembrança do casarão de Seu Liminha e Dona Corina e começar um assustado, como antigamente, viu Tonho!

Vamos fazer comidinhas de dengo, acepipes que a alma traga por prazer.

Não vai faltar nada, desde as cocadas velhas de Joana Doceira, que você tanto gostava, até as batidas do Manequito. Os vinhos de qualidade, esta nova paixão senhorial, ficam sob a responsabilidade de Cauê e Mário Britto.

De sustança um Pirão de Capão, com batatas-do-reino e farofa de água com ovos desmanchados – lembranças dos almoços comemorativos da festa de Senhora Sant’Ana - comida farta e travessuras infantis que terminavam em castigo e cascudos. De sobremesa, a preferida dele – doce de perruche. Se você não sabe do que se trata, vá atrás, compre o livro A Vida Me Quer Bem, crônicas do próprio, que tem até receita.

Desconfio que deve existir uma festa num universo paralelo, desconfio é pouco...tenho certeza.

Como não imaginar a alegria da chegada de Amaral, arrastando sandálias e saudades, trazendo novidades no sovaco, onde repousa seu livro de crônicas? Na porta, Lu Spinelli grita...Chegou...Barrinhos comenta...tá elegante. Cleomar abre o sorriso e chama o garçom pelo nome...traz um copo para o Poeta. Deda, confabulando com Luiz Antonio Barreto e José Carlos Teixeira, acena a dizer...quero falar com você...Fernando Sávio, de braço com a cabrocha Dina, desfila orgulhoso todo, feliz com a conquista. Jorge Farone avisa para Cabo Tripa...o Old Eight é meu...Num canto, Nubia Marques engata um papo de léguas com João Oliva, isto vai longe...João Costa explica para Gilson Cajueiro de Holanda que babado não é bico e Hilton Lopes abraçado a Carlos Trindade, sentencia...cocoré bico de pato, quem refresca cú de pato é lagoa. Siomara Madureira não larga o braço de Amaral, quer saber de tudo e contar de tudo e mais ainda...uma grande festa, com certeza.

Esta festa, confesso, faz inveja `a nossa, também pudera, o aniversariante nos deixou sem aviso e partiu para o mistério da vida, onde não há culpa ou pecado.

Agora, livre das amarras do corpo, pode brilhar em sua plenitude, nos deixando prenhe de ideias, saudades e desejos.

Feliz aniversário, amigo, onde você estiver, aqui, nunca estarás ausente. A festa continua...

(Este post é uma construção coletiva de frases de autores do livro A Vida Me Quer Bem e lembranças dos que amavam e amam o Poeta Amaral Cavalcante)

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Nestor Amazonas

Amaral Cavalcante Poesia e Arte da Geração Oxente


Texto publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Ribeiro Filho, em 7 de julho de 2020

Amaral Cavalcante Poesia e Arte da Geração Oxente
Por Ribeiro Filho

Faleceu na madrugada de hoje Amaral Cavalcante, o Poeta, ator de cinema, cronista, Jornalista e membro da Academia Sergipana de Letras. Amaral Cavalcante integrava nos anos de 1970, um grupo de jovens intelectuais que movimentavam cena cultural e artística de Aracaju, que se auto intitulava "Geração Oxente" Joubert Moraes, Mara Lopes, Mário Jorge Meneses, Fernando Sávio, Lu Spinelli, Ilma Fontes, João de Barros, Clara Angelica Porto,  Amaral Cavalcante na década de 1980 fundou o Jornal Alternativo Folha da Praia, o mais importante jornal voltado para as artes, e entretenimento. O Folha da Praia foi o impresso alternativo mais lido, por quase duas décadas. Amaral Cavalcante ocupou o cargo de Presidente da Fundação Estadual de Cultura - Fundesc no governo de Valadares.

O Folha da Praia era um jornal com linguagem moderna e vanguardista, se tornou o mais importante semanário, que circulava nas praias de Aracaju e nos meios intelectuais. O jornal que tinha distribuição gratuita, entrava em circulação nas praias no domingo e também era distribuído nos demais dias da semana no Calçadão da João Pessoa.

Amaral publicou livros de poesia, contos e várias crônicas que revelam traços marcantes do cotidiano da nossa Aracaju, nossos costumes, particularidades e os personagens mais inusitados da cidade. Em novembro de 2019 Amaral Cavalcante lançou o livro "A Vida me quer Bem".

Como ator Amaral participou do premiado filme "Sargento Getúlio", realizado no ano de 1983, dirigido por Hermanno Penna. O filme foi premiado como melhor filme, no Festival de Gramado. Atuou também ao lado de Erê Braz no filme "Arcanos" com a Direção da cineasta Yumah Ilma Fontes. Amaral participou tambem do elenco da minissérie da Globo "Tereza Batista" minissérie de Vicente Sesso, baseada no romance Tereza Batista Cansada de Guerra de Jorge Amado. A direção de Wálter Campos e Fernando de Souza, direção geral de Paulo Afonso Grisolli.

Atualmente Amaral estava levando adiante seu projeto editorial mais importante, ele era Editor da Revista Cumbuca, que através de temas culturais em debate, ele estimulava os intelectuais a escreverem sobre assuntos da cultura sergipana. A convite de Amaral escrevi um artigo sobre o artista plástico de Glória, Veio, que foi publicado na Revista Cumbuca.

Vai em paz grande poeta e cronista, a cena cultural sergipana se despede desse grande empreendedor cultural. Obrigado Amaral por sua contribuição para nossa arte.

Texto reproduzido do Facebook/Ribeiro Filho

"Si el poeta eres tú*", por Luciano Correia

Luciano Correia, Jorge Carvalho, Antonio Passos e Amaral no 
Programa Contraponto, que foi da TV Caju à TV Aperipê

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 8 de julho de 2020

Opinião - Si el poeta eres tú*
Por Luciano Correia * (Coluna Aparte)

Essa desgraçada pandemia, mais os afazeres que nunca me deixam e a rotina do poeta Amaral Cavalcante nas sessões de hemodiálise num hospital acabaram por me afastar do convívio dele.

Não sei como ele vinha encarando esses últimos meses em que, além da sombra da morte que ronda a todos, e em particular nós, brasileiros, o prenúncio de sua própria morte já se desenhava.

Há cerca de um mês despachei para sua casa um pesado pacote com dezenas de filmes e livros raros que, antes de propiciar seu próprio deleite, interessava especialmente a mim o resultado de seu olhar luxuoso sobre tais obras.

Filmes que não se vê por aqui nem nos Netflix dessa cultura pasteurizada, e livros que nos tocam nessa quadra da vida, na qual a perspectiva da morte é cada vez mais presente em pensamentos e palavras.

Dias antes, por telefone, constatei pela primeira vez no poeta um cansaço com a vida, o desânimo dos que estão saturados com o próprio calvário. Fiquei muito triste em ver aquele vulcão incontrolável, em vez de disparar sentenças e impropérios contra desafetos, ou engatar sua sonora gargalhada, reclamar, triste e soturno, da falta de ânimo para os papos e vinhos, nosso principal programa em décadas.

Talvez tivesse razão ele, sabedor de tantas alegrias e da história comum que escrevemos, nós e ele. Nós, vale dizer, foram os privilegiados que, como ele dizia, privaram da intimidade de sua cozinha. Foram milhares, quiçá milhares e milhares, as vezes em que invadi sua casa inacabada na rua jornalista Paulo Costa, carregando vinhos, cervejas e uma renca de amigos, como Sales Neto, Cauê, Rian Santos, Antônio Passos, Gilvan Manoel, Tonholeite e outros menos habituais.

Muitas vezes ele fingia que não queria aquela horda bárbara nos horários mais impróprios (leia-se: qualquer hora do dia ou da noite). Olhava pra gente com cara de zanga, mas deixando uma porta aberta para a farra: “E é?”. É poeta, já estamos na cozinha, pegue os copos. E pronto, seu sossego virava festa.

Às vezes acordávamos o poeta com gritos, chamados desaforados para um tipo tão carrasquento e de curtíssimo pavio. Amaral era, como eu brincava, o melhor mau humor da cidade. Isso porque, insultado, ou se achando assim, devolvia inicialmente com urros verbais, mas logo sua fina ironia, o humor cortante, obedeciam ao comando de sua rara inteligência e generosidade, que destruíam os argumentos contrários.

E, no final, ainda sobrava uma doçura que só ele sabia escavar, do fundo de sua aparente brutalidade. Assisti inúmeras dessas refregas ao longo da vida, desde as coisas simples do dia a dia, em brigas que acabavam em beijos no adversário, ou no campo intelectual, como da vez que brigamos, eu e ele, com Joel Silveira.

Guardo até hoje o bilhete do Víbora, com timbre no canto superior da lauda, dizendo, sobre uma furiosa nota que eu publicara na Folha da Praia: “você ainda vai engolir esta merda”. Engolimos, eu e Amaral, muitos desaforos dos que se sentiram atingidos por nossa verve destrambelhada.

Mas, seguros de que estávamos do lado certo, exercíamos tão somente nossa loucura santa. Misturo-me um pouco num texto sobre Amaral porque minha vida sempre foi misturada a ele, meu pai profissional, ao lado de outro também saudoso, o beat sergipano Fernando Sávio.

Foi no longínquo 1982, quando a Folha da Praia contava um aninho, depois de ler uma crônica minha, que ele me convidou para escrever no jornal. Ainda estudante de Jornalismo na UFBA, passei a ser colaborador daquele alternativo vibrante, que revolucionou o jornalismo impresso sergipano, sacudindo a poeira da caretice, retratando nas suas páginas a juventude dourada que desfilava na Praia dos Artistas naqueles verões da abertura, mas sem se descuidar de um papel político, abrindo espaço para centenas de colaboradores de oposição, dos diferentes matizes da esquerda. Era o nosso Pasquim, sem nada a dever ao semanário carioca.

A Folha, nossa bruta FDP, relevou talentos, influenciou a vida sergipana e ganhou respeito, dos extratos do poder local ao melhor (e pior) bas-fond aracajuano. No começo dos anos 2000, concebi e apresentei um programa na extinta TV Caju, o Contraponto, uma deliciosa conversa semanal que tinha como enunciado “o contraponto de tudo por quem não é especialista em nada”.

Eu, editor e âncora, suava frio e passava vergonhas semanais para segurar aquele touro descontrolado, ao vivo, sem cortes, botando em risco a própria continuidade de um programa irreverente e fora dos padrões locais. Nas suas falas, Amaral jorrava vulcões em frases, adjetivos e muito frequentemente nos interrompia, incluindo o apresentador, oferecendo diante do público seus carões e queixas. Das vezes em que trabalho e diversão eram a mesma coisa. Era um espetáculo, que comemorávamos depois em longas rodadas na sua cozinha, sem comidinhas ou tira-gostos, só vinhos e cervejas rolando até o dia amanhecer.

Em 1988, quando fui embora de Aracaju para Maringá, no Paraná, ele fez um bota fora pra mim na lendária casa da rua Luiz Chagas, na Atalaia, que reuniu a fina flor da cultura, da política e dos alternativos aracajuanos, incluindo Joel Silveira, já “de bem” com ele e comigo.

Foi nesta mesma casa que ele recebia artistas que vinham se apresentar em Aracaju, como Jorge Mautner, Moreira da Silva e as meninas do ballet Stagium. Essas últimas, depois de uma apresentação no FASC, ao chegarem na casinha da Atalaia deixaram encantado o compositor Nelson Cavaquinho, maravilhado com a energia e a sensualidade daquelas meninas lindas, um cruzar e descruzar de pernas que botaram o velho Nelson nervoso e “saliente” para os lados delas.

Depois que fui embora de Aracaju mais uma vez, por mais de cinco anos, entre o Rio Grande do Sul e a Espanha, nossos encontros ficaram esparsos, mas na volta, comandando a Fundação Aperipê, ressuscitei o Contraponto na grade de programação da TV, dessa vez sem minha participação, numa formação que incluía os “originais” Carlos Cauê e Antônio Passos, mais Jorge Carvalho, eventual apresentador nas minhas ausências.

Nessa época, Amaral já comandava na Segrase o interessante projeto de revista chamado Cumbuca, publicação que foi seu último mimo, refletindo nas suas páginas a diversidade vigorosa e alegre do editor. Na mesma Segrase, nos encontrávamos com frequência nas reuniões do seu Conselho Editorial, que integrei junto com o próprio Jorge Carvalho, João Augusto Gama, o juiz Anselmo Oliveira, Jussara Jacintho e Ricardo Lacerda.

Reuniões de ricos debates sobre literatura e história, temperadas com os trovejos curiosos do conselheiro Amaral, ora se derramando em amores, ora em ácidas considerações. Mais um momento em que trabalho e festa eram a mesma coisa, graças ao espírito luminoso de uma figura que paralisava os ambientes com um jeito peculiar de ser e de estar no mundo. É este o meu poeta Amaral Cavalcante que agora me faltará para sempre. * “Si el poeta eres tú” é uma canção de Pablo Milanés e que sempre que ouvia, lembrava de Amaral.

* É jornalista e começou sua carreira profissional escrevendo na Folha da Praia.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br