Busto Aurélio Vieira Sampaio
Lucio abrindo a solenidade (Fotos: Lúcio Prado)
Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 6 de março de 2020
Heróis pela Liberdade
Por Lúcio Prado (Blog Infonet)
A vida de nossos heróis do passado constitui um sacrário que devemos
manter com reverência
A Academia Sergipana de Medicina abriu oficialmente, com
grande brilhantismo, o seu Ano Acadêmico em 2020, com uma sessão solene
especial que aconteceu em 4 de março último, no auditório da Clinradi. O evento
ficará marcado na história da entidade, pelo propósito nele contido: a
homenagem ao Tenente Aviador Aurélio Vieira Sampaio, morto em combate na
Itália, na campanha da FAB na Segunda Guerra Mundial, trazida a lume pela
belíssima e consistente conferência do acadêmico William Soares.
Tive o privilégio de abrir e conduzir o evento na condição
de Secretário-Geral do sodalício. Na sua conferência, o Acad. William Soares
traçou um paralelo de coincidências das ações do Brasil a partir da Primeira
Guerra Mundial e principalmente da ação da FEB na Itália, na Segunda Guerra,
onde dois sergipanos participaram de importantes missões aéreas, os pilotos
Paulo Costa e Aurélio Vieira Sampaio, este morto na sua 16ª missão.
Destacamento da FAB em Aracaju se fez presente à sessão, sob o comando do
Capitão André Marcelo da Silva, chefe do Destacamento de Controle do Espaço
Aéreo de Aracaju (DTCEA-AR), que também se pronunciou no final da sessão.
Mas não foi somente o agrupamento aéreo que se destacou nos
céus da Itália. Os pracinhas brasileiros deram também sangue, suor e lágrima pela
causa da liberdade, com feitos notáveis, apesar de toda a inexperiência em
conflitos e a precária logística tática e de deficiência de equipamentos
bélicos. A eles deveremos sempre, mesmo passados quase 80 anos do conflito. Mas
voltemos à solenidade. Além da presença de familiares do Tenente Aurélio, entre
eles a irmã dele – a Sra. Consuelo Vasconcelos, acompanhada do esposo o Sr.
Alcides Prado Vasconcelos e filhos – foram apresentados aos presentes os
componentes do Grupo Sergipano de Estudos da FAB – GRUSEFE, recentemente
instalado em nossa cidade e já responsável por várias ações que resgatam a
história dos nossos heróis da FAB. Eis aí uma nobilitante causa!
O Tenente-aviador Aurélio – nascido em 31 de maio de 1923,
em Aracaju, ele foi piloto do 1º Grupo de Aviação de Caça, e terminou sendo
abatido aos 21 anos, na sua 16ª missão de combate sobre a Itália, compondo o
350th Fighter Group. Entre outras condecorações recebidas após sua morte, o
militar foi agraciado com as medalhas da Campanha de Itália e a Cruz de
Bravura. Seus restos mortais estão sepultados no mausoléu do Monumento Nacional
aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Sergipe ainda deve uma grande homenagem a este vate.
Gostaria de ressaltar a iniciativa da Academia Sergipana de
Medicina, em iniciar o seu Ano Acadêmico de 2020 com essa incrível homenagem.
Como disse na abertura do evento, “a
vida de nossos heróis do passado constitui um sacrário que devemos manter com
reverência, e o culto dos valores maiores e dos heróis da Pátria constituem os
verdadeiros alicerces da nacionalidade. Aqueles que se sacrificaram pela Pátria
merecem a gratidão das gerações presentes, e nós, ao relembramos as suas vidas,
prestamos-lhe com justiça singela a sincera homenagem.” O texto em epígrafe não é o nosso, está
contido no documento “Esboço Biográfico e Cronológico do Major José Sabino de
Britto (Campanha do Prata e do Paraguai)”, de autoria do Cel. EB José Britto da
Silveira (neto do biografado) e filho do Major Neto – Francisco Silveira Neto –
que foi Comandante geral da Policia Militar de Sergipe e amigo fraterno da
nossa família, particularmente do meu pai – o jornalista Antonio Conde Dias –
do qual, além de amigo, tornou-se compadre.
Um antigo projeto da Associação Médica Brasileira, de
autoria do Dr. Júlio Sanderson, já falecido, mas que nunca evoluiu, chamava-se
“Heróis de Curar”, com o objetivo de perpetuar em monumentos, os médicos que
construíram a história universal, alguns deles brasileiros. Pretendemos um dia,
resgatar essa iniciativa. Enquanto isso não vem, brasileiros e sergipanos que
lutaram pela liberdade no norte da Itália, não podem ser deixados no
esquecimento. Como bem disse o eminente jurista e político sergipano Fausto
Cardoso, na obra “Concepção Monística do Universo”, publicada em 1892, a
liberdade só se prepara na história com o cimento do tempo e o sangue dos
homens.
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br
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