domingo, 28 de dezembro de 2025

Morre no Rio o trombonista Zé da Velha, ás do choro e discípulo de Pixinguinha

O trombonista sergipano Zé da Velha (1941 – 2025) morre no Rio de Janeiro,
 aos 84 anos, em decorrência de infecção bacteriana 
Foto compartilhada do Google e postada pelo blog, 
para ilustrar a presente notícia

Texto compartilhado do site G1 GLOBO POP-ARTE, de 27 de dezembro de 2025 

Morre no Rio o trombonista Zé da Velha, ás do choro e discípulo de Pixinguinha
Por Mauro Ferreira*

O trombonista Zé da Velha podia se gabar de ter tocado com ases do choro como o seminal Pixinguinha (1897 – 1973), o referencial Jacob do Bandolim (1918 – 1969) e o notável Waldir Azevedo (1923 – 1980), para citar somente três exemplos de mestres do gênero.

Já músicos mais jovens, como o trompetista fluminense Silvério Pontes, com quem Zé formou afinada dupla em 1986, podem se orgulhar de ter tocado com José Alberto Rodrigues Matos (1º de junho de 1941 – 26 de dezembro de 2025), nome artístico de Zé da Velha, trombonista sergipano nascido em Aracaju (SE) e falecido na última sexta-feira do ano, aos 84 anos, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), em decorrência de infecção bacteriana.

Zé da Velha se tornou, ele próprio, um ás do choro, um mestre. “Hoje me despeço do meu pai musical. [...} Foi com o mestre Zé da Velha que comecei a entender o que era tocar com a alma e o coração, servindo à música. Zé da Velha me ensinou a tocar Choro, mas, principalmente, me ensinou a ser. A respeitar a música, a tradição, o silêncio entre as notas. A tocar com o coração arrepiado”, lembrou Silvério Pontes em texto emocionado publicado em rede social.

José Alberto virou Zé da Velha Guarda nos anos 1950 quando tocava no conjunto Velha Guarda ao lado de Donga (1889 – 1974) e do supracitado Pixinguinha. Depois, o nome artístico foi abreviado para Zé da Velha. E assim fica imortalizado este trombonista tido como um elo entre a velha guarda do choro e os músicos jovens que cultuam o gênero.

A carreira do músico abarcou cerca de 60 anos. A partir dos anos 1970, a trajetória do trombonista inclui passagens pelo Conjunto Sambalândia, pela Orquestra Gentil Guedes e pelos grupos Chapéu de Palha e Suvaco de Cobra.

Na década de 1990, Zé iniciou a discografia da dupla que formara com Silvério Pontes. O primeiro dos seis álbuns do duo, Só gafieira (1995), foi lançado há 30 anos. A este disco, aclamado no nicho da música instrumental,. seguiram-se os álbuns Tudo dança (1998), Ele & eu (2000), Samba instrumental (2003), Só Pixinguinha (2006) e Ouro e prata (2012).

Ágil e hábil nos improvisos, a dupla era conhecida como “a menor big band do mundo”, título, aliás, da biografia publicada em 2016 com o percurso de Zé da Velha e Silvério Pontes no circuito da música instrumental do Brasil.

Trombonista de técnica assombrosa, Zé da Velha estava fora dos palcos e estúdios há sete anos, por problemas de saúde, agravados neste ano de 2025 com duas pneumonias.

A morte de Zé da Velha engrossa a lista de artistas singulares, insubstituíveis, que saíram de cena ao longo deste ano, provocando perdas irreversíveis na música brasileira.

* Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos

Texto reproduzido do site: g1 globo com/pop-arte/musica

sábado, 27 de dezembro de 2025

Morre, aos 83 anos, Zé da Velha, trombonista sergipano

Foto: Reprodução/Facebook Zé da Velha & Silvério Pontes

Publicação compartilhada do site FAN F1, de 27 de dezembro de 2025

Morre, aos 83 anos, Zé da Velha, trombonista sergipano

O trombonista sergipano José Alberto Rodrigues Matos, conhecido nacionalmente como Zé da Velha, faleceu nessa última sexta-feira, 26, aos 83 anos, no Rio de Janeiro.

A Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap) divulgou nota lamentando a perda do músico.

Com uma carreira que se estendeu por aproximadamente seis décadas e natural de Aracaju, Zé da Velha começou a se dedicar à música ainda muito jovem. Aos 15 anos, já atuava profissionalmente e dividia palcos com grandes nomes do choro brasileiro.

O apelido Zé da Velha Guarda surgiu na década de 1950, quando integrou o grupo Velha Guarda ao lado de figuras históricas como Donga (1889–1974) e Pixinguinha.

O trombonista integrou diversos grupos a partir dos anos 1970, entre eles o Conjunto Sambalândia, a Orquestra Gentil Guedes e os conjuntos Chapéu de Palha e Suvaco de Cobra.

Ao longo de sua vida artística, Zé da Velha se tornou como uma das maiores referências do gênero, participando de inúmeras rodas de choro, gravações e colaborações com destacados artistas da música brasileira.

O Conselho Estadual de Cultura de Sergipe destacou a importância do músico para a cultura popular e para a identidade musical do país.

“Zé da Velha dedicou sua vida à arte, tornando-se referência nacional no trombone e levando o nome de Sergipe para palcos de todo o país. Sua trajetória é marcada pela paixão pela música, pela preservação de tradições e pelo talento que inspirou gerações de artistas”, diz nota do conselho.

Texto e imagem reproduzidos do site: fanf1 com br

sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

O lagartense José Artêmio Barreto

Desembargador Artêmio Barreto, novo Cidadão Lagartense, entre os 
vereadores Marta Maria e Washington da Mariquita

Desembargador Artêmio Barreto na 
Câmara Municipal de Lagarto

Artigo compartilhado do site SÓ SERGIPE, de 28 de novembro de 2025
 
O lagartense José Artêmio Barreto 
Por Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos* (Coluna Outras palavras)

Por ocasião das comemorações do Sesquicentenário de Nascimento de Sílvio Romero, em 2001, por intermédio do Prof. Dr. Jorge Carvalho do Nascimento, passei a estabelecer com o saudoso Luiz Antônio Barreto uma convivência fraterna. Generoso, Luiz abria para mim as portas do seu Instituto Tobias Barreto (Pesquise) para que eu pudesse aprimorar meu conhecimento sobre a história de nossa terra natal, a cidade de Lagarto. Naquela oportunidade, fui apresentado ao seu irmão, o desembargador Dr. José Artêmio Barreto, então vice-presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe.

Para minha surpresa, Dr. Artêmio não era, como eu e Luiz, lagartense de origem, mas da cidade de Boquim. Ali, seus pais, João Muniz Barreto e Josefa Alves Barreto, o tiveram no dia 15 de julho de 1938. Sua família foi vítima de perseguição política e, por isso mesmo, precisou migrar por várias cidades sergipanas. Afora Luiz, são três os filhos do casal, somando-se à prole Luiz Augusto Barreto.

Em Boquim, além de ter nascido, também viveu a primeira parte de sua infância, realizando o antigo curso primário com a professora Antônia. Migrou para Tobias Barreto, onde deu prosseguimento à sua formação básica, concluída, a contragosto, na cidade de Aracaju (onde reside até a presente data), no Colégio Estadual Atheneu Sergipense e depois na Escola Técnica de Comércio de Sergipe, fazendo parte da última turma de Técnicos em Contabilidade dessa instituição, formando-se em 1965.

No ano seguinte, prestou vestibular para o curso de Direito pela Faculdade de Direito de Sergipe, graduando-se em 1970. Antes de atuar nesse campo específico, atuou como escriturário no Tesouro do Estado de Sergipe, como chefe na Exatoria de Riachuelo e como agente de estatística e técnico do IBGE, além de atuar como professor de Direito Usual e Legislação Aplicada na Escola Técnica de Comércio e articulista do jornal Tribuna de Aracaju. Ainda na seara jornalística, foi diretor e editor do Boletim Informativo da Delegacia do IBGE em Sergipe-Circulação Nacional, entre 1970 e 1979, sócio efetivo da Associação Sergipana de Imprensa e conselheiro da Associação Sergipana de Imprensa.

Começou a significativa e marcante carreira jurídica como advogado em um escritório localizado na rua João Pessoa, em Aracaju. No final dos anos 70, foi aprovado em concurso público para juiz de Direito, com passagens pelas seguintes comarcas: Boquim, Estância e Tobias Barreto. Foi também juiz eleitoral nas Zonas Eleitorais de Boquim, Estância e Aracaju, tendo sido presidente da Turma Julgadora dos Juizados Especiais, entre 1993 e 1995.

Vale destacar, também, que em 1985, ao ser transferido em definitivo para Aracaju, a convite do desembargador Luiz Carlos Fontes de Alencar, foi responsável pela instalação 1ª Vara Privativa de Assistência Judiciária, com a missão de dar assistência à população carente. Foi a primeira iniciativa do tipo em todo o país.

No ano 2000, viveu dois momentos contrastantes em sua vida, ao tempo em que era promovido a desembargador, perdeu sua primeira esposa, a senhora Maria de Jesus Santos Barreto, com quem teve João Muniz Barreto Neto, Maria da Conceição Barreto Amaral, Maria Artêmia Barreto Calazans e Pedro Muniz Barreto. Alguns anos depois, casou-se com a senhora Maria Gidinelde Barreto, com quem convive até a presente data.

Até a sua aposentadoria em 2008, na condição de desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe, como eu já havia salientado antes, foi vice-presidente da instituição, de 2001 a 2003, presidente do Conselho Diretor da Escola Superior da Magistratura de Sergipe, no mesmo período, presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, entre 2003 e 2005, e presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, entre 2007 e 2008.

Dr. Artêmio, a exemplo de Luiz Antônio Barreto, também se aventurou no campo literário e cultural, autor de alguns trabalhos, a exemplo de: Opúsculo sobre Municipalismo- “Da Reforma Municipalista”- publicação da ADESG-Delegacia de Sergipe-1972; Estudo “Evolução Política e Econômica de Boquim/SE” -1978; Tese para diplomação no Curso de Autos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra, com o título “Assistência Judiciária-Justiça para a População Carente”, Rio de Janeiro/1992, aprovada e publicada pela ESG; além de dividir a autoria do Hino Oficial de Boquim, com o maestro Antônio Guimarães.

Ao longo de sua promissora carreira, não faltaram reconhecimentos, tantos, que destaco a seguir apenas alguns deles, tais como: Cidadão Aracajuano, em 1991; a estes e com o que Lagarto lhe confere, são oito, ao todo, os títulos de cidadania conferidos por cidades sergipanas; Medalhada da Ordem do Mérito Parlamentar pela Assembleia Legislativa de Sergipe; denominações de alguns logradouros, como escolas e fóruns; além de ter ocupado o cargo de governador de Sergipe, entre os dias 4 e 11 de janeiro de 2008, uma gentileza e homenagem do saudoso governador Marcelo Déda e de seu vice, Belivaldo Chagas.

Na última quinta-feira, 27, ele foi agraciado com mais uma honraria, que além da sua importância cívica, tem um valor pessoal e emocional singular, por razões que apresento mais à frente. Em sessão da Câmara de Vereadores, foi-lhe conferido o título de Cidadão Lagartense, em consonância com a Resolução nº 006, de 19 de maio de 2015, de autoria da então vereadora Marta Maria de Carvalho Nascimento, a pedido da deputada estadual Goretti Reis, ambas presentes à solenidade, presidida pelo vereador Washington da Mariquita.

Frente ao exposto e depois de tudo que narrei até agora, os mais críticos poderiam perguntar: mas o que fez Dr. Artêmio por Lagarto para merecer a sua cidadania? Em resposta, diria inicialmente que bastava ter sido gerado em Lagarto e ser filho de mãe lagartense, pois dona Josefa Alves Barreto era irmã de Rafael Vieira (o Rafael da sapataria); que embora tenha nascido em Boquim, fora batizado na Matriz de Nossa Senhora da Piedade pelo monsenhor Marinho; ou ainda, pelo fato de ser, tão somente, irmão e amigo fiel de Luiz Antônio Barreto, que tanto representou e representa para a cultura lagartense.

Mas, não sendo isso suficiente, valho-me ainda da Lei Municipal nº 321/2010, aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores de Lagarto e sancionada pelo prefeito José Valmir Monteiro, que criou o Dia da Lagartinidade, de minha autoria, que também reforça a ideia de pertença lagartense, não sendo necessário para ser reconhecido como lagartense apenas o fato de haver nascido no lugar, mas de cultivá-lo em sua prática social e no apreço e valorização das suas potencialidades culturais, no que Dr. José Artêmio Barreto sempre lhe emprestou atenção, seja no apoio incondicional às ações do irmão, seja na presença ativa em eventos, projetos e solenidades onde a Lagartinidade foi o mote.
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* Articulista Claudefranklin Monteiro Santos, é professor doutor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe.
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Texto e imagens reproduzidos do site: sosergipe com br

quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

José Augusto Sergipano: A Canção que Nasceu em Sergipe e Ecoou no País

Imagem reproduzida do Google e postada pelo blog,
 para ilustrar o presente artigo.

Artigo compartilhado do site RITA OLIVEIRA ACONTECE, de 14 de dezembro de 2025

José Augusto Sergipano: A Canção que Nasceu em Sergipe e Ecoou no País

Por Emanuel Rocha*

O Ídolo Romântico de Sergipe que Imortalizou a Saudade em Canções

No dia 3 de outubro de 1936, as primeiras luzes suaves tocavam com delicadeza as casas humildes da Avenida Santa Terezinha, no bairro da Baixinha, em Aquidabã, Sergipe. Nesse cenário de simplicidade, nasceu José Augusto Costa, um menino que desde cedo revelou uma força interior capaz de transformar sonhos em melodias. Crescendo entre ladeiras transmitidas de histórias antigas e o pulsar diário de Aracaju, uma cidade que abraçou sua infância, José Augusto bebeu das fontes da cultura nordestina e do cotidiano sergipano, alimentando-se de suas ricas tradições e filhos variados.

Desde menino, a música não era apenas som, era companhia íntima que se insinuava nas festas populares, brilhava nos programas de rádio e encantava os bailes que faziam a cidade respirar alegria. Sua voz, terna e forte ao mesmo tempo, parecia abrir um caminho direto para o coração sergipano, coletando emoções como quem pesca estrelas na maré da madrugada. Assim, com esse dom que nasceu dele como nasceu o sol naquela manhã de outubro, as portas do destino se abriram, convidando-o a seguir os trilhos pelos luminosos da própria história.

Em Aracaju, onde ainda pulsava a lembrança do menino que soltava sua voz entre os ônibus da linha Marinete do Chico, o sonho de romper fronteiras começava a germinar como semente teimosa buscando o sol. Trazendo no peito a coragem dos que respiram esperança, ele partiu em 1963, aos 27 anos, para São Paulo, cidade imensa que parecia inalcançável, porém pronto para reconhecer a força de um talento que nasce do coração do Nordeste.

Naquele universo de luzes apressadas, entre noites em palcos modestos e dias de trabalho rigoroso, sua determinação ressoava como quem insistia em fazer a vida florescer mesmo em terrenos duros. Foi nesse compasso que a gravadora Chantecler estendeu a mão decisiva, e sua canção “Minha Mãezinha” rompeu o silêncio da cena musical brasileira, espalhando uma melodia doce e emocional que conquistou o país e revelou o intérprete romântico que nasceu para encantar multidões.

O que veio depois foi um rastro luminoso de conquistas, com mais de 200 canções e 22 LPs navegando por mares de emoção e ternura. Álbum após álbum, de Florisbela Saint-Tropez / Saudade Bateu Na Porta (1961) a Valor de um Coração (1976), José Augusto entregou ao mundo uma voz capaz de tocar o que há de mais simples e profundo na alma brasileira. Entre seus grandes sucessos, “Beijo Gelado” emocionava com versos que traduziam a dor do amor não correspondido: “Tenho um beijo gelado que ninguém quis beijar…”, uma imagem poderosa que capturou a essência de sua interpretação sensível e verdadeira.

Suas canções não falavam apenas de amor, mas também das dores que nos visitam, das alegrias que nos elevam e dos sentimentos que fazem a existência vibrar. Por isso, sua arte se tornou ponte entre o íntimo e o universal, entre o que cada pessoa guarda para si e o que todos reconhecem como verdade do coração. Assim, suas melodias percorreram calçadas de Aracaju, avenidas das grandes cidades e até fronteiras distantes, chegando aos cantos da América Latina onde sua voz encontrou novos abraços e afetos.

A relação de José Augusto com Aracaju não foi mera circunstância, mas capítulo decisivo de sua formação artística, lugar onde sua voz ganhou corpo e horizonte. Embora não fosse filho legítimo da cidade, encontrou ali um chão afetivo que o acolheu e o impulsionou, fazendo naquela paisagem litorânea uma espécie de lar escolhido para tecer seus sonhos. Como alguém que leva consigo cada rua que o viu crescer, seu legado entrelaça-se à memória sergipana, continuando a iluminar a cultura do estado. Esse vínculo ganhou reconhecimento público em 2024, quando a Assembleia Legislativa de Sergipe declarou sua obra Bem de Interesse Cultural, gesto que reafirma o valor de sua música e a marca profunda que deixou na história regional.

Nos estudos contemporâneos, sua trajetória é pensada como um pacto luminoso entre cultura popular e memória coletiva, onde a magia das antigas rádios e televisões dos anos dourados dialoga hoje com o pulsar das redes sociais, preservando sua presença e mantendo viva a chama de sua arte. Sua trajetória como artista negro, moldado entre as ladeiras de Sergipe e os palcos do país, acrescenta novas camadas a essa história, revelando um intérprete que não apenas cantou sentimentos, mas traduziu pertencimentos, lutas e afetos coletivos. Assim, José Augusto se torna figura de múltiplas faces, símbolo de expressão cultural que caminha em comunhão com o canto da alma sergipana, ecoando como herança viva no imaginário do país.

A vida, porém, lhe pregou uma peça cruel. Aos 45 anos, em 5 de dezembro de 1981, um trágico acidente abafou sua voz física, mas nunca apagou o brilho infinito de sua obra, que segue viva, pulsante, ecoando nas histórias, nas vozes e nos corações de quem o ouve. José Augusto Sergipano não foi apenas um cantor; foi um poeta do amor, um intérprete da saudade e um filho eterno de Aracaju, cuja música ressoa como uma canção sem fim no tempo.

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* Emanuel Rocha é Historiador, poeta popular, escritor  e Repórter fotográfico.

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Texto reproduzido do site: roacontece com br

sábado, 20 de dezembro de 2025

"José Silvério Leite Fontes, a paixão pela história", por Gilfrancisco





Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 11 de dezembro de 2025

José Silvério Leite Fontes, a paixão pela história
Por Gilfrancisco*

Intelectual sergipano, conhecido por sua atuação como jurista, professor, historiador, escritor, além de professor da Universidade Federal de Sergipe – UFS, José Silvério Leite Fontes (1925-2005), nome de referência para estudiosos e pesquisadores. Participou de diversos congressos científicos de História, Filosofia e Direito, escreveu muito, com competência e profundidade, sua produção intelectual é apresentada em diversas áreas do saber.

Silvério Fontes completa 100 anos e uma série de eventos em sua homenagem foram programados:

A Ordem, dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE), realizou em 8 de maio um Colóquio e Exposição em Homenagem ao Centenário de Silvério Fontes. O Colóquio aconteceu no Plenário da OAB/SE, promovendo um debate sobre a trajetória de José Silvério Leite Fontes e sua rica contribuição política, social e cultural para o Estado de Sergipe. Em seguida foi aberta a Exposição Itinerante, que permanecerá até dezembro do centenário, apresentando por meio de fotos, registros e objetos pessoais da família, em fim a história do professor, jurista e historiador.

O volume 2, nº 55/2025 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, apresentou quatro artigos escritos por professores: Magno Francisco de Jesus (Como obra de arte, cheia de beleza: o pensamento católico nos fazeres histórico gráficos de José Silvério Leite Fontes); Ibaré Costa Dantas (Minha convivência com o professor José Silvério Fontes); João Mouzart de Oliveira Júnior e Ana Carolina Fontes Mendes (Professor intelectual Silvério Fontes: 100 anos de memória, legado e saberes que moldaram gerações) e finalizando com Pedro Abelardo de Santana e José Vieira da Cruz, ambos organizadores da edição (Silvério Fontes: intelectual, humanista e cristão, 1925-2015).

Longa Caminhada

Filho de Silvério da Silveira Fontes, proprietário de uma salina na área de Socorro e Iracema Leite Fontes.  José Silvério Leite Fontes, nasceu em Aracaju, a 6 de abril de 1925. Batizado na mesma data do nascimento um ano depois, tendo como padrinhos João Junqueira Leite, tendo passado a procuração ao dr. Garcia Rosa e Celuta Fontes. Silvério tinha dois irmãos mais velhos, Cândida Maria Leite Fontes e Jorge Henrique Leite Fontes, fruto do casal.

Em 1932 fez a primeira comunhão com o padre Gervásio, na igreja Stº Antônio. Aos sete anos ingressa no Colégio Tobias Barreto, que mantinha segmento militar. Em 1940 fez o primeiro ano complementar no Colégio Atheneu Sergipense e no ano seguinte cursava o segundo ano complementar no Colégio da Bahia. Presta vestibular e aos 17 anos torna-se acadêmico da Faculdade de Direito da Bahia e conclui o curso em 1946.

Influência

Após estudar no Tobias Barreto, o secundário e concluir a primeira série complementar no Atheneu Sergipense, segue para Salvador e matricula-se no curso complementar do Ginásio da Bahia. Foi nesse período que José Silvério Leite Fontes despertou para a cultura, apesar de anteriormente ter sido tomado pela história, estimulado pelas aulas do professor e poeta Artur Fortes (1881-1944). Mas sem dúvida, foi o professor Herbert Paranhos Fortes (1897-1953) integralista e médico, formado em 1923, que nasce esse novo desejo:

O professor Herbert Paranhos Fortes contribuiu de duas maneiras: primeiro ele foi meu professor de História da Filosofia e Sociologia e a Filosofia.

Segundo, porque ele fazia uma apologia frequente do cristianismo nas aulas. Ele misturava o ensino da disciplina com a apologética cristã, no bom sentido da palavra. De modo que Herbert Paranhos Fortes teve para mim uma grande importância.

Depois na Faculdade de Direito, admirei sobretudo o professor Orlando Gomes, pois seu método de ensino e a sua capacidade de analisar os institutos jurídicos não apenas no aspecto de formação legal, mas também aprofundando a noção de cada instituto, a razão de ser de cada um deles.

Foram esses pontos iniciais da minha formação. Ao retornar a Aracaju, ingressei na Ação Católica, pois já fizera parte dela na Bahia, na juventude Universitária Católica. [1]

A Volta

Retornando à Aracaju na qualidade de bacharel em ciências jurídica, afirma ele em uma de suas entrevistas:

Não advoguei logo, inscrevi-me na Ordem dos Advogados em 1952 ou 1953. Não tinha entusiasmo pela advocacia. Gostava de ensinar.

Foi dessa forma que Silvério Fontes inicia as suas atividades no magistério. Por intermédio de José Rollemberg Leite, aceita convite para ser professor interino na Escola Normal, sendo efetivado anos depois através de concurso. Foi professor da Escola de Comércio, lecionando a disciplina Economia Política, na Escola Normal e no Atheneu, lecionando História do Brasil. Em 1962 ingressa na Escola Técnica Federal de Sergipe e logo em seguida, participa da fundação da Faculdade de Filosofia de Sergipe.

Foi secretário particular do Governador José Rollemberg Leite (1947-1951). Diretor do Colégio Estadual Atheneu Sergipense, na gestão do Governo João Seixas Dória (1917-2012       ), tendo-se exonerado do cargo antes do Golpe de 1964. Silvério exerceu os cargos de Procurador-Geral da Universidade Federal de Sergipe e Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, secção Sergipe, Sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e membro da Academia Sergipana de Letras.

Casamento

José Silvério Leite Fontes casa-se em 1954 com Elza da Silveira Fontes e juntos tiveram sete filhos: Luiz Carlos da Silveira Fontes (1955); Maria Ângela da Silveira Fontes (1956); Paulo Henrique da Silveira Fontes (1957); Ana Letícia da Silveira Fontes (1958); Rosa Myriam da Silveira Fontes (1960); Hélio José da Silveira Fontes (1963) e Mônica Maria da Silveira Fontes (1967).

Primeiras Teses

Segundo Silvério Fontes:

A primeira foi Jackson de Figueiredo, com a finalidade de concorrer à cátedra de História do Brasil na Escola Normal. Escolhi Jackson de Figueiredo porque era um líder católico sergipano, embora já naquela época eu não me afinasse tanto com seu pensamento propriamente dito, mas a sua personalidade que era incomum, merecia ser analisada.

Depois outra tese foi com um nome complicado: Formação do conceito de fato histórico na cultura ocidental, para concorrer à cátedra de História do Colégio Estadual de Sergipe. Nessa época publiquei quatro conferências: sobre Leão Blay personalidade religiosa, sobre Jacques Maritain, e a última intitulada Lutas Militares no Prata.

A terceira tese, “Quatro diretrizes de historiografia brasileira contemporânea, (Livre Docência) de 1975, revela o autor:

O interessante é que as Quatro diretrizes historiográficas não são todas de historiadores, porque as pessoas estudadas foram Darcy Ribeiro, antropólogo; Florestan Fernandes, sociólogo; Caio Prado Junior, historiador e economista; e Nelson Werneck Sodré, historiador, todos ligados ao marxismo. [2]

A Cruzada ouve líderes

Em 1951 A Cruzado (SE), procurou ouvir a palavra de dois dos maiores líderes católicos, sobre o último ano da vida social e religiosa de Sergipe: José Silvério Leite Fontes e Manoel Cabral Machado. Vejamos o que diz Silvério Fontes:

Que acha do ano que passou, para Sergipe do ponto de vista social ?

Silvério Fontes – Assistimos ao contínuo desenvolvimento das obras de assistência social. O SAME conseguiu prosseguir em sua atividade benfazeja. O governo Estadual, por seu lado assistencial, sobretudo no plano sanitário a qual já deu início. Nota-se, entretanto, que em Sergipe há grande dispersão de obras, que assim se em pequecem, pela exiguidade dos recursos. Demais, falta-lhes coordenação. Também se observa que essas instituições se ressentem da insuficiência, no Estado, de elementos para organizarem o Serviço Social.

E, em nosso Estado, dificuldades de ordem social se agravam dia a dia. Continuam a subir os preços. O espírito burguês mostra-se impotente para solucionar a crise, antes a agrava pela inversão de valores que lhe é própria. Necessário, pois, que se encaminhem as reformas de base. Infelizmente, a configuração social e política do país, o estado de espírito das classes dominantes, não as permitem no momento.

E o ponto de vista religioso ?

Silvério Fontes – Quando comparamos a atual situação religiosa de Sergipe, com a de quinze anos atrás, damos graças a Deus. Éramos um povo indiferente laicista e anticlerical. A igreja recebia, apenas, as horarias de praxe, despojadas do seu conteúdo.

De então até hoje, passou um sopro de renovação. Há ainda inimigos ativos, mas a indiferença se está esvaindo.

No ano em curso, notamos, sobretudo, a transformação dos nossos meios intelectuais. Vários elementos de real valor exprimiram, publicamente, sua adesão à Igreja. Também à Faculdade Católica de Filosofia é uma realidade promissora. Cabe ressaltar ainda a posição de A Cruzada, esclarecendo a consciência católica sobre os problemas do dia. Houve um aspecto do movimento religioso em 1951, especialmente grato a Deus e a Igreja: o impulso crescente da renovação litúrgica. Multiplicaram-se as nossas dialogadas, os mistérios divinos foram abertos ao povo, cuidando-se, realisticamente, de adequar essa divulgação às condições psicológicas. Daí missas para homens, para crianças, etc.

Pouco a pouco se vai firmando uma mentalidade cristã inspirada na Liturgia, que, por conseguinte, é mais autêntica.

Noto apenas que há muita dificuldade de penetração na massa popular. O povo, embora radicalmente cristão, precisa de consciência mais esclarecida. Creio que os maiores obstáculos advêm dos defeitos da formação dos que poderiam dar início a um movimento popular. (…) [3]

Prisão

Informa a Tribuna da Imprensa, edição de 11 de dezembro de 1952, do Rio de Janeiro:

Aracaju – Por motivo de sua recente prisão o Centro Acadêmico e Democrático de Sergipe, transmite sua solidariedade ao ilustre e combativo jornalista, cuja pena está a serviço da grande luta contra a corrupção e a deturpação do regime democrático. Atenciosas saudações. Dr. Lucilio Costa Pinto, presidente; dr. José Silvério Leite Fonte, secretário, e dr. José Bonifácio Fortes Neto, tesoureiro.

Conforme O Jornal – órgão dos Diários Associados (RJ), informa está praticamente desarticulado o movimento comunista na zona rural do Nordeste (Alagoas e Sergipe), pois se encontrava em Alagoas o inspetor Jair de Souza Martins que apresentou um volumoso relatório ao delegado Brandão Filho, chefe da Divisão de Ordem Política e Social – DOPS, sobre os movimentos e articulações dos comunistas em quase todos os Estado do Norte e Nordeste. Na época da publicação desta Nota, não pode ser divulgada maiores informações secretas, em virtude do poder repressivo surpreende-los com a Operação, pois intencionava desbaratar de maneira definitiva toda articulação das células comunistas.

Prisões em Sergipe

Agora acabam de regressar de Sergipe o tenente Ávila e o escrivão do Departamento Federal de Segurança Pública que ali foram para orientar o processo movido contra os comunistas.

O inquérito foi presidido pelo comandante da guarnição de Aracaju, tendo sido efetuado nada menos de 60 prisões, além de terem sido tomadas outras providências, visando evitar novas articulações. O tenente Ávila fez também substancioso relatório, apresentando uma cópia a Divisão de Ordem Política e Social e outra ao Serviço Secreto do Exército. 

Também este relatório é mantido em sigilo, sabendo-se, no entanto, que contém informações de grande valor sobre as atividades vermelhas no Estado. [4]

A ficha de José Silvério Leite Fontes, (Projeto Memórias Reveladas, Dossiês/DOPS), emitida pela Secretaria de Ordem Pública e Social, é de 1965, pois o identifica com 40 anos, advogado e professor, casado, residindo na rua Santa Luzia. Sem foto nem impressões digitais.

Durante a repressão militar (1964) o regime autoritário enviou a Universidade Federal de Sergipe (Luiz Bispo, Reitor durante o período de 1972-1976), ofícios (AI) solicitando informações sobre professores ou alunos, que não se enquadravam nas propostas do regime de exceção. Encaminhado sempre ao Magnifico Reitor, solicitou por várias vezes informações sobre as atividades do Professor José Silvério Leite Fontes.

Atendendo ao Pedido de busca nº 11/75-SI/01- DSI/MEC/71, datado de 17.9.1975, ASI/UFSE – Informação nº 47/75:

De acordo com o documento anexo o epigrafado foi enquadrado nos artigos 13 e 17 da Lei de Segurança Nacional e artigo 201 e 202 do Código Penal.

Entretanto o Professor José Silvério Leite Fontes é homem estudioso e conhece a matéria que leciona, cumpre os horários a que está obrigado na Universidade, é excessivamente rigoroso na avaliação da aprendizagem e é respeitado por seus colegas e alunos.

Homem de personalidade forte, defende suas opiniões com intransigência.

Pelos jornais locais tomamos conhecimento que foi eleito recentemente para 2º Vice-Presidente do Diretório Estadual do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

É candidato a reeleição como membro da Federação Internacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino (FITEE), no Rio de Janeiro. [5]

Congresso de Nova Friburgo

O IX Congresso Nacional dos Jornalistas da cidade de Nova Friburgo (RS), foi proveitoso para a unidade da classe jornalística do Brasil. Mostrou que os homens de imprensa do país se entendem perfeitamente na defesa dos ideais por uma imprensa livre, responsável, democrática e plenamente a serviço dos interesses do país.

O jornalista José Silvério Leite Fontes compareceu ao Congresso, que reuniu cerca de 400 jornalistas, chefiando a Delegação de Sergipe, nos dias de 21 a 27 de setembro de 1961. Segundo Silvério Fontes o conclave teve na pessoa do seu presidente, o jornalista carioca Jeferson Ávila, seu grande êxito:

Entre as proposições aprovadas destacou a indicação da Delegação de Sergipe, pleiteando do Governo o restabelecimento do câmbio privilegiado para importação do papel de imprensa, o que “virá trazer benefícios imediatos à imprensa, principalmente aos jornais que lutam com maiores sacrifícios”. [6]

O jornalista João Oliva Alves Redator-Chefe de A Cruzada, reparou que no Congresso os maiores oradores do plenário eram os do Norte, que levavam sempre à discussão através de moções e indicação, assuntos de interesses nacional ou regional:

Os do Sul era mais estritamente específico em relação às finalidades do Congresso procurando focalizar quase que exclusivamente os problemas da classe jornalística. Referiu-se também à organização do conclave, louvando no seu Presidente jornalista Jeferson Ávila.

Academia Sergipana de Letras

Em 7 de julho de 1969, José Silvério Leite Fontes, assume a cadeira nº 5 (patrono, Prado Montes Pires da Franca) da Academia Sergipana de Letras, em substituição ao fundador Dom Antônio dos Santos Cabral e saudado pelo poeta amigo Freire Ribeiro:

(…) Em corporação semelhante, no âmbito da província sergipana, sou hoje recebido por aqueles que me escolheram para ser de seus pares. E recebido numa cerimônia que reflete uma das praxes seculares da instituição, praxe começada em 1640, por Patru. Os primeiros sentimentos que experimento são de contentamento e alegria por permitirem, de tão ilustre ompanhi8a, manter com seus membros conversações espirituais, partilhar com ele reflexões sobre os problemas do ser, da sociedade e da arte, e juntos trabalharmos pelo aprimoramento das letras e do saber. Sou, por isso, especialmente reconhecido aqueles acadêmicos que me encorajam na apresentação da candidatura.  Também a todos os que sufragaram o meu nome, considerando-me digno e bom companheiro. Aos demais, se não tenho por que agradecer, manifesto respeito pelo ponto de vista que desposaram e espero com todos convivência boa e produtiva.

Confesso ser motivo de particular satisfação merecer a honrosa saudação de entrada dos lábios de Freire Ribeiro. Agora confrade, mas de muito tempo amigo e vizinho. Na rua Sta. Luzia, é a residência de Freire Ribeiro uma pequena academia de letras e artes. Pelo menos, preenche tais funções. Lá se reúnem poetas, músicos e pintores para os colóquios do espírito e ara publicar suas obras num círculo seleto.

Quando minhas tarefas o permitem, tenho a felicidade de estar presente, embora numa presença muda e contemplativa, pois não sou poeta, nem outra arte cultivo. Sirvo-me das letras, da melhor maneira que posso, como veículos de pensamento e convites à ação e ao aperfeiçoamento da personalidade. Mas admiro os desprendidos das exigências concretas e cujos sonhos e cantos tocam nas fibras do existente. Em Freire, vejo diariamente uma pessoa que vive para verter em vasos de beleza as suas instituições. Admiro-lhe a fluência e om colorido, assim como a vivacidade, alternada de melancolia, de comunhão de corações. [7]

Palavras do poeta Freire Ribeiro

Sobre Silvério Fontes, em certo trecho da Oração disse o poeta Freire Ribeiro quando o recebeu na Academia Sergipana de Letras:

O professor José Silvério Leite Fontes – aqui nascido, ali em “Santo Antônio”, junto à residência do inesquecível poeta Garcia Rosa: (Garcia, amigo – irmão do Dr. Silvério – via d’olhos risonhos, Silverinho no berço do nascimento, em 6 de abril de 1924) candidatou-se, em 1958, à cadeira de História Geral do Colégio Estadual de Sergipe “Formação de fato histórico na cultura Ocidental”, foi a tese apresentada para o concurso à douta congregação desse estabelecimento cultural que muito honra Sergipe. Noventa e oito páginas em que o professor Silvério põe a lume os seus conhecimentos no vasto campo da História, – espelho que reflete o homem nos caminhos do tempo nas jornadas da glória, e da morte. – Trabalho profundo. Passam aos nossos olhos nessa tese brilhante, à vida humana pelo espírito, as contribuições da antiguidade oriental, da hebraica-cristã, da Greco romana, de espírito Germânico, da idade média, média posterior, renascimento, século XVII, o iluminismo inglês, francês e alemão; do século XIX, tendência romântica e realista. Mostrou-nos ainda o douto conterrâneo, a fonte inesgotável dos seus conhecimentos nas citações em que alicerça tão empolgante trabalho através de noventa e quatro obras de autores de renome mundial, consultados e relidos. Trabalho de fôlego que não desmente as tradições do pensamento. Sergipano, fulgindo no seio da cultura do continente. [8]

Centro de Ação Democrática

Esse manifesto ao povo Sergipano, foi assinado por vários intelectuais, em 22 de outubro de 1952. Vejamos alguns:  Lucílio Costa Pinto, José Bonifácio Fortes Neto, Rosalvo José Calasans, José Silvério Leite Fontes, José Amado Nascimento, João Seixas Dória, José de Campos, Manoel Cabral Machado, Antônio Garcia Filho e outros:

Os abaixo-firmados vêm expor ao público sergipano algumas considerações sobre problemas da nossa comunidade, que julgam merecedoras da mais acurada atenção, ao tempo em que desejam exprimir seus propósitos de bem servir a Sergipe, esboçando neste Manifesto as linhas gerais, da conduta que pretendem assumir:

Todo cidadão sente os male da nossa vida pública: política, econômica e social. Percebe, primeiramente, a corrupção dos costumes, que a tudo invade, embora nosso Estado seja ainda dos menos atingidos pela terrível praga. No fundo dessa decomposição moral está um particularismo sem freios, que põe como única realidade o indivíduo. As posições políticas, econômicas e sociais são procuradas para servir ao egoísmo avassalador e demoníaco. A sede desmesurada de conforto, poder e glória não repugna o uso dos meios mais infames, como sejam: o suborno, a venalidade, a violência, o desrespeito à vida a deslealdade, a mentira, a exploração dos vícios, etc. (…) [9]

Morte (1925-2005)

Silvério Fontes foi sepultado no final da tarde do dia 6 de dezembro de 2005, no cemitério Santa Izabel. O corpo do professor, 80 anos, que morreu às 6 horas, no Hospital São Lucas, por conta das complicações causadas pelo diabetes, doença com a qual convivia desde os 18 anos de idade. Antes de ser sepultado, o corpo de José Silvério Leite Fontes, foi levado na casa da família, localizada na Avenida Augusto Maynard. Em seguida, foi levado para a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Sergipe e depois para a Academia Sergipana de Letras – ASL, instituições que estiveram intimamente ligadas.

Diversas pessoas foram se despedir do intelectual, , entre elas a professora Maria Thétis Nunes (1923-2009) que disse sobre o colega amigo:

Estudamos juntos no Atheneu Sergipense durante o antigo curso complementar. Depois fomos colegas de pensionato na Bahia, durante a fase da universidade. Mais tarde nos reencontramos no Atheneu Sergipense desta vez como professores. Fomos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia, em 1951, e também colegas na Universidade Federal de Sergipe, pois ensinamos no Departamento de História. Antes tive a honra de ter sido recebida na Academia Sergipana de Letras por ele. Foi Silvério Fonte quem leu as honrarias de boas-vindas para mim naquela casa. [10]

Luiz Carlos seu filho, registra também algumas palavras saudosas:

Meu pai era uma pessoa que não se afastava do caminho da ética, tanto na vida pessoal quanto na pública, por isso sempre será uma pessoa importante para o Estado.    [11]

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*Gilfrancisco é jornalista, escritor, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe, Membro do Grupo Plena/CNPq/UFS, do GPCIR/CNPq/UFS e do Clic – grupo de pesquisa – Crítica Literária e Identidade Cultural. gilfrancisco.santos@gmail.com

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[1] A paixão pela história, José Silvério (Entrevista). Aracaju, Arte & Palavra, pg. 4-5

[2] A paixão pela história, José Silvério (Entrevista). Aracaju, Arte & Palavra, pg. 4-5

[3] A Cruzada. Aracaju, nº 732, 25 de dezembro de 1951

[4] O Jornal. Rio de Janeiro, nº 10.018, de 1º de janeiro de 1953.

[5] Documento em papel timbrado da UFS, assinado e carimbado pela Ass. Esp. de Segurança e Informação.

[6] A Cruzada. Aracaju, nº 1.222, 7 de outubro de 1961.

[7] Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju, maio, nº 24, 1974

[8] Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju, maio, nº 24, 1974.

[9] A Ordem. Rio de Janeiro, 1953 pg. (53-55)

[10] Jornal da Cidade. Aracaju,7 de dezembro de 2005.

[11] Jornal da Cidade. Aracaju,7 de dezembro de 2005.

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Texto e imagens reproduzidos do site: destaquenoticias com br

sábado, 13 de dezembro de 2025

Deputados da Alese manifestam pesar pela morte de Dr. Deoclécio Vieira Filho


Fotos: Jadilson Simões – Agência de Notícias Alese

Publicação compartilhada da Agência de Notícias Alese, de 12 de dezembro de 2025

Deputados da Alese manifestam pesar pela morte do Secretário Especial de Legislação, Dr. Deoclécio Vieira Filho

Por Stephanie Macedo

 A Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese) lamenta, com profundo pesar, o falecimento do Secretário Especial de Legislação da Casa, Dr. Deoclécio Vieira Filho, ocorrido na noite desta quinta-feira (11), em sua residência, em Aracaju. Servidor histórico e referência técnica do Parlamento sergipano, ele deixa um legado marcado pela competência, pela dedicação exemplar ao serviço público e pela construção de bases sólidas para o processo legislativo estadual. Está decretado luto oficial por três dias no âmbito do Poder Legislativo.

O presidente da Alese, deputado Jeferson Andrade, externou solidariedade à família, aos amigos e aos servidores da Casa, ressaltando a dimensão institucional do legado deixado por Dr. Deoclécio. 

Em nota, o parlamentar destacou:

“Recebo com profundo pesar a notícia do falecimento do Dr. Deoclécio, servidor histórico e parte viva da trajetória da Assembleia Legislativa de Sergipe. Foram mais de décadas de contribuição, como Secretário-Geral da Mesa Diretora, sempre com uma dedicação que impressionava e inspirava todos nós.

Dr. Deoclécio não apenas conhecia a rotina da Casa, ele ajudou a construí-la. Tinha o hábito de orientar, esclarecer e acolher, com a serenidade de quem viveu a história da Alese por dentro e a generosidade de quem sempre quis ver o Parlamento funcionando da melhor forma possível. Seu jeito simples, firme e correto de servir era uma lição diária.

Para mim, a quem ele acolhia e ensinava com imensa generosidade, sua partida tem o peso e a dor da perda de um pai. Conviver com ele era aprender um pouco mais sobre o sentido do serviço público. Por isso, sua ausência toca profundamente todos que admiravam seu trabalho e seu exemplo.

Neste momento de dor, expresso minha solidariedade à família, aos amigos e aos colegas da Assembleia. Que a memória e o exemplo de Dr. Deoclécio continuem iluminando o nosso trabalho e honrando tudo aquilo que ele ajudou a construir.”

Homenagens do Parlamento

Deputados estaduais e servidores do Poder Legislativo também utilizaram suas redes sociais para manifestar pesar pelo falecimento de Dr. Deoclécio, destacando a convivência, o respeito construído ao longo dos anos e a contribuição técnica deixada à Alese.

O secretário-geral da Mesa Diretora da Alese, Dr. Igor Albuquerque, que trabalhou ao lado de Dr. Deoclécio por décadas, também prestou homenagem. “Muito triste com o passamento do grande amigo Deoclécio Vieira Filho. Meu amigo de muitos anos e a minha maior referência de Serviço Público. Desde a última administração do governador João Alves Filho (2003-2006) tive o privilégio de dividir o dia-a-dia pessoal e profissional com essa figura ilustre e do bem. Deixará saudades e uma grande lacuna no meio jurídico de Sergipe. Rogo a Deus que conforte a família nesse momento de dor.”

Familia

Dr. Deoclécio deixa a esposa D. Neuza Vieira, e três filhos: o médico Marcos Aurélio, o cirurgião-dentista Márcio Augusto, e a jornalista Bianca Natália. O velório será realizado no hall da Assembleia Legislativa de Sergipe a partir das 9h30, e o sepultamento ocorrerá no Cemitério Parque Colina da Saudade, às 17 horas.

Uma vida dedicada ao serviço público

Advogado, formado em Direito pela Universidade Federal de Sergipe (1975), Dr. Deoclécio Vieira Filho iniciou a carreira no serviço público federal, onde já acumulava mais de 21 anos de atuação antes de ingressar no Governo do Estado de Sergipe. Ao longo de mais de sete décadas de vida pública, tornou-se uma das mais sólidas referências técnicas da administração sergipana.

Foi Procurador do Estado da Classe Especial, admitido após aprovação em concurso público. Exerceu diversas funções estratégicas no Poder Executivo Estadual, entre elas:

– Chefe da Assessoria Jurídica da Secretaria de Estado da Educação;
– Coordenador de Legislação de Métodos Administrativos (1979);
– Chefe da Assessoria Técnica (1981);
– Consultor Administrativo (1983);
– Adjunto de Secretário (1984);
– Secretário de Estado de Governo (1985);

Durante esse período, respondeu também pelo expediente da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Saneamento e Energia.

Em 1989, foi nomeado Secretário Especial para Reforma Administrativa e Assuntos Extraordinários; em 1990, Secretário Especial para Assuntos Parlamentares. Em 1991, assumiu o cargo de Subsecretário de Estado de Governo, função que exerceu até 2007. Com a reestruturação administrativa de 1995, teve seu cargo transformado para Subsecretário de Estado da Casa Civil.

Dr. Deoclécio também integrou diversos órgãos colegiados relevantes, como conselhos de administração e deliberação de entidades da administração indireta, entre elas: DTH, SEGRASE/IOSE, PRODASE/EMGETIS, CEHOP, BANESE, DETRAN/SE, COHIDRO/CODERSE e FUNDESC.

Referência na Alese

Em 2007, a convite do então presidente da Assembleia Legislativa, deputado Ulices Andrade, assumiu o antigo Departamento Técnico-Legislativo (DTL), posteriormente transformado em Diretoria Legislativa (DIRLEG). Com a evolução institucional da Casa, tornou-se o primeiro titular da Secretaria-Geral da Mesa Diretora (SGM).

Desde 2023, exercia o cargo de Secretário Especial de Legislação da Alese, posição em que continuava contribuindo para aperfeiçoar rotinas, orientar equipes, construir normas e fortalecer a segurança jurídica do Parlamento.

Dr. Deoclécio tornou-se amplamente reconhecido como uma referência em produção normativa e processo legislativo em Sergipe, sendo responsável por formar gerações de profissionais e por colaborar decisivamente na modernização administrativa da Casa.

Legado

Dr. Deoclécio Vieira Filho deixa um legado de integridade, profundo conhecimento técnico, espírito público e compromisso institucional. Sua trajetória se confunde com a própria evolução da administração pública sergipana e com a memória técnica da Assembleia Legislativa.

A Alese registra seu pesar e manifesta gratidão por toda a contribuição deixada por Dr. Deoclécio ao longo de uma vida dedicada ao bem comum e ao fortalecimento das instituições do Estado de Sergipe.

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Publicação compartilhada da Agência de Notícias Alese, de 12 de dezembro de 2025

Na Alese, deputados, familiares e amigos prestaram homenagens a Deoclécio Vieira Filho

Por Alessandro Santos Monteiro

 Em clima de profunda consternação, a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) recebeu, nesta sexta-feira (12), o velório do secretário especial de Legislação, Dr. Deoclécio Vieira Filho, um dos nomes mais marcantes da história jurídica e administrativa do Estado. O hall da Casa ficou movimentado desde as primeiras horas da manhã, quando autoridades, servidores, familiares, amigos e a população passaram a chegar para prestar suas últimas homenagens ao jurista, que faleceu na noite anterior, em Aracaju, aos 90 anos.

Nascido em São Cristóvão em 15 de setembro de 1935, Dr. Deoclécio acumulava mais de 70 anos dedicados ao serviço público, tendo participado da elaboração, revisão e orientação de praticamente todo o arcabouço legislativo e normativo das últimas quatro décadas em Sergipe.

Em reconhecimento à sua trajetória, o presidente da Assembleia, deputado Jeferson Andrade, decretou luto oficial de três dias no Poder Legislativo.

Exemplo de servidor público e referência técnica do Parlamento

Ao longo de sua carreira, Dr. Deoclécio atuou em diversas frentes do Executivo e do Legislativo, tornando-se para muitos parlamentares e servidores uma verdadeira enciclopédia do Direito Público Serigipano. Sua presença constante na Alese, sua disponibilidade para orientar e sua postura firme, porém acolhedora, marcaram a memória daqueles que conviveram com ele.

Marco Aurélio, médico da Alese e filho de Dr. Deoclécio

Com emoção, Marco Aurélio descreveu a essência do pai, ressaltando sua generosidade e caráter raro:

“Meu pai sempre foi muito gentil com todo mundo. Tinha uma capacidade incrível de se relacionar, de tratar cada pessoa com respeito e acolhimento. Nunca vi meu pai cultivar inimizades. Ao contrário, ele criava amizades, mantendo sempre bons contatos com todos. Ajudava quem precisava, independente de quem fosse. Ele fazia questão de ver as pessoas crescerem; apoiava, patrocinava projetos, dava conselhos.”

Marco também destacou a incansável dedicação do pai ao serviço público:

“Foram 70 anos de trabalho. Ele era servidor público na essência da palavra. Durante a pandemia, mesmo já idoso, não deixou de vir trabalhar. Ele se sentia responsável pela missão que tinha. Era apartidário, conseguia lidar com todos os profissionais, com todos os políticos, e isso mostrava como ele era grande. Meu pai carregava o Estado nas costas. É um exemplo de servidor público que dificilmente veremos novamente.”

Dr. Igor Albuquerque, secretário-geral da Mesa Diretora da Alese

Profundamente abalado, Dr. Igor Albuquerque exaltou a relevância histórica de Dr. Deoclécio para o Estado:

“A Assembleia Legislativa foi apenas o último capítulo da trajetória dele. Deoclécio dedicou mais de seis décadas ao serviço público e deixou sua marca principalmente no Governo do Estado, onde teve papel fundamental na construção e revisão da base normativa de Sergipe nos últimos 45 anos.”
Para o Dr. Igor, a perda é pessoal e institucional:

“Era um grande jurista, mas também um ser humano excepcional. Uma pessoa a quem devo muito. Ele me aconselhou inúmeras vezes, ajudou muita gente ao longo da vida. Quem o via de longe podia achar seu jeito carrancudo, mas bastava se aproximar para descobrir a pessoa maravilhosa que ele era. Trabalhamos juntos desde 2003. Parte de quem eu sou como servidor público devo a ele. Hoje o Parlamento perde um mestre; e nós, amigos, perdemos alguém insubstituível.”

Deputado Garibalde Mendonça, vice-presidente da Alese

Garibalde lembrou com emoção os longos anos de convivência com Dr. Deoclécio, ressaltando que poucos tiveram tanto contato com ele quanto sua própria geração de parlamentares.

“Eu tive o prazer e o privilégio de conviver com doutor Deoclécio talvez até mais que muitos parlamentares que hoje estão na Casa. Foram anos de aprendizado contínuo, porque a cada conversa com ele a gente saía mais preparado, mais consciente do nosso papel. Ele tinha uma competência ímpar, dessas que não se encontram com facilidade, um caráter que falava por si e uma bondade natural que fazia com que todos buscassem sua orientação.”

O deputado destacou que Deoclécio era um porto seguro em momentos de dúvidas jurídicas:

“Era procurado por todos nós porque representava segurança. Explicava, orientava, esclarecia e nos ajudava a tomar as decisões certas. Mesmo com 90 anos, seguia lúcido, firme e com uma disposição admirável. São 90 anos muito bem vividos, com uma história que se confunde com a história do próprio Estado de Sergipe. Doutor Deoclécio deixa um legado profundo nesta Casa e no Governo. Ele foi essencial para todos nós, para todas as gestões pelas quais passou. Era amigo, conselheiro e uma referência. Que Deus o receba em paz e conforte toda sua família.”

Deputado Luciano Bispo

Luciano Bispo destacou a dimensão histórica da atuação de Dr. Deoclécio no Executivo e no Legislativo.

“Doutor Deoclécio fez história em Sergipe, e não foi uma história pequena. Ele participou de momentos decisivos da administração pública, ainda lá nos governos de João Alves, ajudando a redigir leis, a estruturar políticas públicas e a orientar o Estado nos caminhos corretos.”

O parlamentar ressaltou a confiança que todos depositavam no jurista:

“Ele era um homem honesto, sereno, seguro nas palavras e nas decisões. Conhecia as leis do nosso Estado na palma da mão, como ninguém. Às vezes a gente entrava na sala dele com dúvidas enormes e saía com tudo esclarecido, porque ele tinha essa capacidade de simplificar sem perder rigor técnico.”

Para Luciano, a perda é irreparável:

“A Assembleia deve muito a ele. Era um servidor, mas sobretudo um patrimônio humano do Parlamento. Ele cumpriu sua missão na Terra com maestria, com dignidade e com respeito ao povo sergipano.”

Deputado Georgeo Passos

Georgeo enfatizou o respeito que Dr. Deoclécio conquistou entre diferentes gerações de parlamentares:

“Doutor Deoclécio deixa um legado fortíssimo de compromisso com a coisa pública. Quando cheguei aqui, em 2015, passei a chamá-lo de ‘ministro’, porque sua postura, sua bagagem técnica e sua grandeza lhe davam esse título informal.”

O deputado recordou a importância de Deoclécio no processo legislativo:

“Era sereno, sempre disposto a ajudar, a ouvir, a dar conselhos valiosíssimos. Participou diretamente da elaboração ou revisão de mais de 80% das leis que chegaram do Poder Executivo nas últimas décadas. No plenário, na Mesa, na Secretaria-Geral, em tudo que envolvia o funcionamento da Casa, havia o toque dele.”

Georgeo concluiu com admiração:

“É uma perda enorme. Ele ajudou a moldar o Estado de Sergipe. Deixa um legado extraordinário, de ética, técnica e humanidade.”

Deputada Kitty Lima

Kitty Lima lembrou com afeto da forma acolhedora como foi recebida ao entrar na vida parlamentar:
“Cheguei aqui muito jovem, cheia de dúvidas, e doutor Deoclécio me recebeu com um carinho que nunca vou esquecer. Ele era um crânio, desses que não precisam nem consultar papel, sabia todas as leis de cabeça. Era como um pai, um professor, alguém que transmitia segurança.”

A deputada também destacou o lado humano e sensível dele:

“Por trás daquela figura séria, havia um coração enorme. Ele adorava animais. Deixou mais de dez gatinhos que cuidava como filhos. Dizia sempre: ‘Nos meus gatos, ninguém mexe’. Isso mostra o tamanho da sensibilidade dele. Ele já faz falta e continuará fazendo.”

Deputado Netinho Guimarães

Com visível pesar, o deputado Netinho Guimarães destacou a dimensão da perda para Sergipe e para o Parlamento:

“Hoje é um dia muito triste para todos nós. Sergipe perde uma verdadeira enciclopédia viva, alguém que dominava como poucos o conhecimento jurídico e a história do nosso Estado. Doutor Deoclécio era um homem da lei em toda a essência: correto, dedicado, comprometido com o serviço público e guiado por princípios sólidos.

Era também um servidor exemplar, daqueles que deixam marca não apenas pelo trabalho, mas pela forma humana, gentil e respeitosa com que tratava cada pessoa. Uma figura íntegra, um coração bondoso, sempre pronto a orientar, a ensinar e a estender a mão a quem precisasse.

Com sua partida, perde o Parlamento, perde o Estado, perdem todos que tiveram o privilégio de conviver com ele. Perdemos um grande amigo, cuja ausência será profundamente sentida, mas cujo legado permanecerá vivo.”

Deputada Carminha Paiva

Carminha descreveu sua primeira impressão ao encontrá-lo no gabinete:

“Lembro bem da primeira vez que entrei na sala dele. Era impressionante: pilhas de documentos por todos os lados, leis, projetos, análises… e ele sabia exatamente onde estava cada coisa. Era de uma inteligência extraordinária.”

A deputada valorizou ainda seu compromisso com o trabalho:

“Sempre muito responsável, muito cuidadoso com cada detalhe. Ele tinha um carinho enorme pela Assembleia e pelo processo legislativo. Que Deus o acolha na eternidade.”

Deputado Kaká Santos

O deputado Kaká Santos destacou, com profundo respeito, a importância da trajetória de Dr. Deoclécio Vieira Filho para o Parlamento e para o Estado de Sergipe.

“É com grande respeito que prestamos esta homenagem a doutor Deoclécio, uma figura que marcou profundamente o Parlamento e todos que conviveram com ele. Sua dedicação ao serviço público, sua seriedade e sua imensa capacidade jurídica fizeram dele uma referência permanente dentro desta Casa. Doutor Deoclécio esteve presente em momentos decisivos da Assembleia, sempre oferecendo orientação segura, sempre disposto a ajudar. Sua ausência deixa uma lacuna não só aqui, mas em todo o Estado, onde seu trabalho contribuiu de maneira significativa para o desenvolvimento institucional. Expresso minha solidariedade aos familiares e amigos neste momento de despedida. Que sua memória continue sendo lembrada com gratidão e respeito, e que seu legado permaneça como exemplo de compromisso e dedicação ao povo sergipano.”

Deputada Linda Brasil

Linda falou sobre o papel essencial do jurista:

“É uma perda muito grande para o Parlamento e para a sociedade. Mesmo que não estivesse sempre na linha de frente, era peça-chave para que as legislações tramitassem com segurança, para que tudo fosse conduzido corretamente.”

A parlamentar reforçou o impacto duradouro da atuação de Dr. Deoclécio:

“Assessorou inúmeras mesas diretoras, orientou legislaturas inteiras e sempre garantiu a defesa da Constituição e do processo democrático. Que seja acolhido com amor.”

Ex-deputado estadual Francisco Gualberto

Gualberto reforçou a ligação afetiva e profissional com Deoclécio:

“Primeiro, quero registrar que ele é meu conterrâneo, filho querido de São Cristóvão. E, com sua partida, São Cristóvão perde um filho ilustre, alguém que sempre se destacou pelo caráter, pela dedicação e pelo compromisso com o bem comum. Mas não é apenas a nossa cidade que sente a perda: todo o estado de Sergipe perde um exemplo raro de servidor público, alguém cuja vida foi dedicada a servir à população com ética, competência e generosidade. Conheço o doutor Deoclécio há muitas décadas, acompanhando sua trajetória dedicada ao serviço público. Sempre o vi trabalhando com eficiência, com capacidade técnica ímpar e com uma dedicação que inspirava todos ao seu redor. Tive a honra, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça desta Casa, de ser assessorado por ele, assim como também contei com sua orientação quando exerci a liderança do governo. Em todas essas funções, ele se destacou não apenas pelo conhecimento jurídico, mas pela serenidade, pelo equilíbrio e pelo compromisso verdadeiro com Sergipe e com o povo sergipano. Portanto, neste momento de tristeza, queremos expressar nosso profundo pesar pela partida de um companheiro de envergadura incomum. Que possamos desejar consolo à sua família e acreditar que Deus o colocou no melhor lugar possível. Mas, sem dúvida, para todos nós que convivemos com ele, não há como negar: Sergipe está de luto. Perdemos não apenas um servidor exemplar, mas um amigo, um mentor e um exemplo de integridade que ficará para sempre em nossa memória.”

Desembargador Edson Ulisses de Melo

O desembargador comentou a longa amizade com o jurista:

“Fomos colegas no curso de Direito e, desde aqueles primeiros anos, construímos uma amizade sólida que perdurou por toda a vida. Ele sempre se destacou pelo equilíbrio, pela sensatez e pela integridade. Todos que tiveram a oportunidade de conviver com ele o admiravam profundamente. Era, sem dúvida, um exemplo para toda a turma, alguém cuja postura e caráter inspiravam respeito e confiança.”

Edson Ulisses também ressaltou a fé que nutria na trajetória do amigo e na certeza de que sua partida seria apenas o início de uma nova etapa:

“Hoje nos despedimos com a convicção de que ele encontrará as portas do reino celestial abertas. Um homem como ele, íntegro, dedicado e de coração puro, certamente será recebido nos braços do Pai. Sua vida foi marcada por generosidade, amizade verdadeira e dedicação ao bem, deixando um legado que jamais será esquecido. Sentiremos profundamente sua falta, mas nos conforta saber que sua luz continuará a brilhar em nossas memórias e em cada gesto de bondade que ele nos ensinou a praticar.”

Delegada Georlize Teles

A recém-nomeada secretária de Estado de Políticas Públicas para as Mulheres relembrou seu primeiro contato profissional com Deoclécio:

“Conheci doutor Deoclécio quando cheguei ao Estado como delegada. Depois, à frente do Sindicato dos Delegados, precisei pensar e defender leis para a carreira, e ele foi fundamental. Nunca me disse não, nunca recusou ajudar.”

Ela destacou a sabedoria e paciência do jurista:

“Era sábio, sereno e extremamente paciente. Quando eu precisava entender uma estrutura de Estado, uma norma, uma proposta, era ele quem eu procurava. Hoje eu não poderia deixar de vir prestar essa última homenagem.”

Ex-deputado estadual Venâncio Fonseca

Venâncio recordou, com profunda emoção, os tempos em que trabalhou ao lado de doutor Deoclécio na Procuradoria-Geral do Estado:

“Conheci doutor Deoclécio na Procuradoria-Geral, onde fomos colegas. Desde o primeiro momento, impressionava a todos com sua inteligência, seu senso de justiça e sua dedicação incansável ao serviço público. Era alguém capaz de unir rigor técnico a uma sensibilidade rara, sempre atento à ética e à equidade, características que marcaram toda a sua trajetória e conquistaram a admiração de todos ao seu redor.”

O ex-deputado também destacou a proximidade que manteve com ele ao longo dos anos, acompanhando suas trajetórias paralelas no Governo e no Parlamento:

Depois, tivemos a oportunidade de conviver de perto no Governo e no Parlamento. Doutor Deoclécio foi não apenas um mestre no Direito e um servidor público extraordinário, mas também um ser humano íntegro, generoso e inspirador. Sua generosidade se manifestava em cada gesto, em cada orientação, em cada ato de amizade e solidariedade. Ele deixa um legado que ultrapassa o papel e as leis: sua história está gravada na memória do Legislativo e, sobretudo, no coração de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Hoje, lembramos não apenas de sua competência, mas da sua humanidade, e sabemos que seu exemplo continuará a nos guiar por muito tempo.”

Ex-deputado Dr. Gilson Andrade

O ex-deputado e ex-prefeito do município de Estância, Dr. Gilson Andrade, ressaltou a presença constante e marcante de Deoclécio na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese):

“Recebi a notícia com enorme tristeza. Tive a oportunidade de conviver com ele durante seis anos, e sempre o vi como uma referência, alguém a quem todos recorriam diante de qualquer dúvida. Sua sabedoria, calma e experiência faziam dele um verdadeiro ponto de apoio para colegas, servidores e parlamentares. Era impossível não se inspirar em sua postura ética e profissional, que transmitia segurança e confiança a todos ao seu redor.”

O ex-parlamentar também enfatizou o comprometimento exemplar de Deoclécio com seu trabalho:
“Ele estava aqui todos os dias, sempre presente, sempre disposto e sempre preparado. Sua dedicação ia muito além do esperado; cada orientação, cada conselho, cada gesto refletia sua paixão pelo Direito e pelo serviço público. Deixa uma lacuna enorme na Assembleia e nos corações de todos que tiveram a honra de trabalhar ao seu lado, mas seu legado permanecerá para sempre. Ele ajudou a orientar gerações inteiras de deputados, deixando marcas profundas de profissionalismo, generosidade e humanidade que jamais serão esquecidas.”

Jornalista e ex-servidor da Alese, Habacuque Villacorte

Habacuque destacou o papel de Dr. Deoclécio como fonte confiável do Parlamento:

“Não só a Assembleia, mas Sergipe perde muito. Para nós, jornalistas, Deoclécio era referência. Ele era uma enciclopédia viva do Legislativo. Quando havia dúvida sobre a história da Casa, sobre uma lei antiga, sobre um processo legislativo, íamos direto a ele.”

O jornalista concluiu reconhecendo seu lugar na história:

“Não dá para escrever a história do Poder Legislativo sergipano sem falar de Deoclécio. Ele faz parte de cada capítulo. Sua partida deixa uma página de saudade, mas também um legado impossível de apagar.

Sepultamento

O sepultamento de Dr. Deoclécio Vieira Filho ocorreu às 17h, no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju. Após um velório marcado por homenagens emocionadas, o féretro, conduzido por policiais militares que compõem o Gabinete de Segurança Institucional da Assembleia Legislativa de Sergipe (GSI–Alese), seguiu acompanhado por familiares, amigos, autoridades e servidores, recebendo ainda apoio do Grupamento Especial Tático de Motos – GETAM, da Polícia Militar de Sergipe, que prestou assistência durante todo o trajeto, uma atenção especial do Governo do Estado, por meio da SSP/SE, em reconhecimento à relevância institucional e ao legado do jurista.

Em clima de respeito e profunda comoção, foram lembradas suas mais de sete décadas de dedicação ao serviço público. O descanso final de Dr. Deoclécio foi marcado por manifestações de gratidão e reconhecimento, reforçando o impacto humano, ético e profissional que ele deixa na história do Parlamento sergipano.

Texto e imagens reproduzidos do site: al se leg br