terça-feira, 19 de novembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. José Queiroz da Costa


Artigo compartilhado de Post no Perfil do Facebook de Antonio Samarone, de 1 de novembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. José Queiroz da Costa. 
Por Antonio Samarone*

O desenvolvimento de Itabaiana teve a participação de Zé Queiroz.

Na década de 1960, uma nuvem de pessimismo cobriu Itabaiana: a luta política pelo controle do comércio atacadista, terminou em um banho de sangue. As paixões foram estremecidas. 

A passagem de uma economia centrada na agricultura, para um polo comercial, foi traumática, seguiu o “vale tudo” da acumulação primitiva.

A cidade ganhou a fama de violenta e estava dividida pelo ódio e pelo ressentimento. Muitas famílias migraram para Aracaju. Nada unia os itabaianenses. 

Um grupo, liderado por Zé Queiroz, Dr. Pedro, Mozart, Resende, Zé de Gentil, Pedro Goes, Alemãozinho, Fefi, Faustino, Tonho de Dóci, entre outros, investiram no futebol. Encontrou-se um caminho de reunificação: Somos Itabaiana, "Cidade Celeiro”, diz o hino.

Zé Queiroz liderou uma revolução cultural, através do futebol, ajudando na reunificação da sociedade civil itabaianense. 

Infelizmente, a luta política continuou nos moldes coronelísticos. A modernização política, esperou pelo século XXI, com a chegada do grupo político liderado por Valmir de Francisquinho.

Em 10 de janeiro de 1960, Zé Queiroz casou-se com Maria do Carmo Monteiro, filha de Juca Monteiro, descendentes de Nicolau, um judeu russo, plantador de fumo. Carminha e Zé Queiroz tiveram seis filhos: Carmen, Zezinho, Norma, Ivan, Nana e Rui. 

A partir de 1968, Queiroz passou a contribuir com a Associação Olímpica de Itabaiana, levando a conquista de vários títulos estaduais. Inclusive, o penta campeonato de 1978-1982, e um título de campeão do Nordeste, em 1971. 

Queiroz realizou um sonho: a construção da Vila Olímpica, que levou o seu nome. Por tudo isso passou a ser conhecido como o “Patrono” da Associação Olímpica de Itabaiana.

José Queiroz da Costa, nasceu em 14 de julho de 1936, em Itabaiana. Filho único de Antônio Sacristão e Dona Rosinha. 

Zé participou de todas as traquinagens permitidas, naquele tempo, aos meninos do interior. No futebol, foi ponta esquerda do Cantagalo. Não chegou a ser um craque. Foi um ponta arisco, como se dizia.

O avô de Zé Queiroz, José dos Santos Queiroz (Cazuza), foi Prefeito de Itabaiana entre 1926/29. Seu Cazuza, um homem de posses, foi assassinado às pauladas, em frente a sua loja de tecidos, num sábado, as 10 horas da noite, no centro de Itabaiana. 

Nessa trágica noite, a Orquestra “Almas Latinas Marimbas Mexicanas”, animava um baile na Associação Atlética. Esse crime brutal nunca foi esclarecido. As fundadas suspeitas circulam a boca miúda. Todos sabem, mas ninguém comenta publicamente.

Queiroz passou pelo Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Fez o curso ginasial na primeira turma do Murilo Braga, sendo o orador na festa de formatura. Serviu ao Exército Brasileiro no Tiro de Guerra, em Itabaiana. Ao lado de familiares, trabalhou no comércio, na loja do avô, herdada por sua mãe, na venda de tecidos e produtos para vestuário.

Queiroz é a encarnação da alma itabaianense. Competitivo, inteligente, irônico, prático, só entra numa disputa para vencer. Se quiser responder rapidamente, qual a natureza do itabaianense, pode dizer: do jeito de Zé Queiroz.

Zé Queiroz envolveu-se muito cedo com a vida social em Itabaiana. Participou, como tesoureiro, do Centro de Ação Social Católica de Itabaiana, na paróquia de Santo Antônio e Almas, onde participou ativamente da Construção da Maternidade São José e do Colégio Dom Bosco. 

Foi funcionário do Banco do Brasil (1955), em Itabaiana, depois transferido para a capital sergipana, onde completou tempo de serviço para aposentadoria.

Outra grande contribuição de Zé Queiroz: em 13 de junho de 1978, criou a Rádio Princesa da Serra, a segunda do Interior sergipano. A emissora deu voz a Itabaiana. Levou a nossa versão, a nossa narrativa e os nossos valores. Antes, a Capital falava sozinha. 

A importância da Rádio Princesa da Serra para o desenvolvimento de Itabaiana, precisa ser estudada.

Queiroz foi o distribuidor exclusivo, em Sergipe, da Editora Abril, empresa que tinha como produto de livros e revistas. Tendo sido premiado como destaque na área de vendas. Foi representante do Baú da Felicidade, empresa do Grupo Sílvio Santos.

Queiroz se meteu com cinemas, chegando a controlar 15 cinemas simultaneamente, incluindo Cine Rio Branco e Cine Palace em Aracaju, Trianon em São Cristóvão, São José em Itaporanga D’Ajuda, etc. 

Iniciou as atividades com o Cinema Santo Antônio, em prédio de propriedade da Paróquia de Santo e Almas de Itabaiana, localizado na Praça João Pessoa, onde hoje funciona o Supermercado Nunes Peixoto. 

Posteriormente adquiriu o Cinema Popular, de Zeca Mesquita, que após fechar as portas, passou a funcionar os estúdios da Rádio Princesa da Serra FM e AM. Em Aracaju, adquiriu o Cine Aracaju, e construiu o Cinema Plaza, com 1.250 lugares. 

Na política, o neto de Cazuza Queiroz, foi eleito em 1986, Deputado Federal Constituinte, com maioria dos votos dos filhos de Itabaiana. Representou o Estado de Sergipe na elaboração da nossa Constituição, promulgada em 05 de outubro de 1988. 

Queiroz participou ativamente da política municipal, chegando a ser eleito em 1996, vice-prefeito.

Pela atuação na Constituinte, como destaque, além de diversos projetos sociais, recebeu o Diploma “Palavra de Honra” concedido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP, em defesa dos interesses dos trabalhadores, e a “Medalha do Mérito Desportivo” concedido pelo Ministério da Educação, pela atuação em defesa do esporte.

Teve vida curta na política. A sua personalidade era incompatível com as virtudes políticas: conciliações, conchavos, composições, transigências, jeitinhos e fidelidade ao grupo. Sempre foi ele, depois ele, e, finalmente ele. Queiroz era a verdade. 

Entretanto, a maior contribuição de Zé Queiroz para Itabaiana foi imaterial. O seu sucesso e a sua autoestima servem de exemplo. A alma itabaianense foi reforçada: gente empreendedora, esperta no comércio, independente e cheia de ironias e narrativas. E mais, o nosso bairrismo passou a fazer sentido, se aproximou da realidade. 

O Itabaianense tem orgulho até das fragilidades. Como diz Fernando Pessoa: "o rio da minha Aldeia, (jacarecica) é maior que o Tejo." 

Zé Queiroz foi um intransigente. Nunca tergiversou. Nunca cedeu, com ou sem razão. "Nunca deu o braço a torcer"! Mesmo assim, foi um vitorioso. O verso de Gonzaguinha: “vence na vida quem diz sim”, não orientou Queiroz. 

Ele venceu, dizendo “NÃO”. 

* O articulista Antonio Samarone, é Secretário de Cultura do município de Itabaiana-SE.

Texto e imagem reproduzidos do Perfil no Facebook/Antonio Samarone

Itabaiana se despede de Zé Queiroz em cerimônia emocionante


Publicação compartilhada do site ITNET, de 18 de novembro de 2024

Itabaiana se despede de Zé Queiroz em cerimônia emocionante

A despedida contou com a presença de várias autoridades, que se uniram à população para honrar a memória de um dos maiores nomes da história de Itabaiana.

Por Redação Itnet

Foi sepultado na tarde desta segunda-feira, 18, no Cemitério de Santo Antônio e Almas, em Itabaiana, o eterno patrono do Tricolor da Serra, José Queiroz da Costa. Em um cortejo marcado por emoção e homenagens, o corpo de Zé Queiroz chegou em um carro do Corpo de Bombeiros, sendo recebido com aplausos calorosos por familiares, amigos, autoridades e admiradores que lotaram o local para dar o último adeus.

A despedida contou com a presença de várias autoridades, que se uniram à população para honrar a memória de um dos maiores nomes da história de Itabaiana. Durante o percurso, gestos de respeito e gratidão demonstraram o quanto Zé Queiroz era amado e admirado, não apenas por suas contribuições no esporte, na política e na comunicação, mas também pelo legado humano que deixou em sua cidade natal.

Uma missa foi realizada em sua homenagem antes do sepultamento, reunindo orações e palavras de conforto para a família. As ruas de Itabaiana, por onde o cortejo passou, refletiram o carinho de um povo que reconhece a grandeza de sua trajetória e a importância de suas conquistas.

Zé Queiroz deixa uma marca indelével em Itabaiana e em Sergipe, sendo lembrado por sua dedicação, visão e amor pela terra que tanto elevou. Sua ausência será sentida, mas seu legado permanecerá vivo nos corações de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e admirar sua história.

Texto e imagem reproduzidos do site: itnet com br/noticia/itabaiana-se

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

José Queiroz da Costa (1936 - 2024)


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Morre aos 88 anos o ex-deputado federal José Queiroz da Costa 
Balanço Geral Tarde/Fábio Henrique/TV Atalaia/Canal YouTube
Aracaju(SE), 18 de novembro de 2024

Morre o desportista e ex-deputado José Queiroz

Legenda da foto: José Queiroz estava internado em um hospital de Aracaju

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 18 de novembro de 2024

Morre o desportista e ex-deputado José Queiroz

Faleceu, nesta segunda-feira (18), o empresário José Queiroz da Costa, 88 anos. Ele estava internado em um hospital de Aracaju. O velório será realizado no OSAF Aracaju, de onde sairá às 14 horas para o Cemitério Santo Antônio das Almas, em Itabaiana. José Queiroz era aposentado do Banco do Brasil e residia à rua Campos, 810, em Aracaju. Queiroz era casado com Maria do Carmo Monteiro Costa, com quem teve seis filhos: Carmem, Zezinho, Norma, Ivan, Lana e Rui. Tinha 16 netos e quatro bisnetos.

José Queiroz da Costa nasceu em Itabaiana, no dia 14 de julho de 1936. Filho único de Antônio José da Costa, funcionário da Exatoria Estadual, e de Dona Maria Queiroz da Costa. Foi aluno da primeira turma do Ginásio Estadual de Itabaiana, depois denominado Colégio Estadual Murilo Braga. Em 1956, aos vinte anos, foi aprovado no concurso do Banco do Brasil e nomeado para trabalhar na agência de Itabaiana, sendo, tempos depois, transferido (a pedido) para a agência da Praça General Valadão, em Aracaju.

Irrequieto e contestador, ainda jovem, passou a gostar de política enveredando no agrupamento que fazia oposição a Euclides Paes Mendonça em razão de que, Euclides, líder udenista, perseguia todos os adversários, inclusive o seu pai, Antônio Queiroz, que era correligionário de Djenal Queiroz, do PSD.

Rádio Princesa da Serra

No dia 13 de junho de 1978, inaugurou a Rádio Princesa da Serra, a segunda emissora do interior sergipano, cuja concessão foi adquirida através do então Governador José Rollemberg Leite. A Rádio foi fundamental para divulgar as demandas da comunidade, revelar radialistas da região além de tornar-se um instrumento de apoio ao seu grupo político. Em 1982, Djalma Lobo, radialista irreverente e detentor de uma enorme audiência no agreste e sertão sergipanos, se elegeu deputado estadual, com a maior votação daquele pleito. Um campeão de votos, graças a força do rádio.

Em 1986, incentivado por Djalma Lobo, que queria Itabaiana com um deputado federal, José Queiroz foi candidato e elegeu-se para a Câmara Federal, sendo considerado pelos órgãos de pesquisa como o melhor constituinte sergipano, condição que lhe rendeu várias homenagens. Todavia, o seu ingresso na política partidária se deu no final dos anos 70, quando coordenou a criação da Arena Dois, uma sublegenda da Aliança Renovadora Nacional, partido criado no período pós-revolução.

No ano de 1988, o seu grupo político conquistou a prefeitura de Itabaiana, derrotando uma oligarquia que estava há cerca de 30 anos no Poder. Surgiu, então, um novo fenômeno político: Luciano Bispo, que seria depois deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Nesse ano (1988) o grupo de José Queiroz tinha o prefeito da cidade, um deputado estadual (Djalma Lobo), um deputado federal (Queiroz), o governador (Valadares) e um ministro de estado (João Alves Filho, do Interior).

Dono de cinemas

Como empresário, José Queiroz foi dono do primeiro cinema de Itabaiana, o Cine Santo Antônio. Expandiu a atividade para a capital sergipana, tendo sido proprietário dos Cinemas Rio Branco, Aracaju, Pálace e Plaza. Ele chegou a possuir 15 cinemas em todo o Estado de Sergipe.

Outras atividades empresariais que marcaram a vida empreendedora dele foram as representações da Editora Abril Cultural e do Baú da Felicidade, de Silvio Santos. Quando assumiu a Editora Abril, Aracaju tinha apenas 12 Bancas de Revistas. Ao deixar essa atividade, esse número pulou para cerca de 130 pontos de venda.

No futebol, foi o responsável pela ascensão da Associação Olímpica de Itabaiana. A partir de 1969, quando o tricolor conquistou o primeiro título estadual e enquanto esteve à frente da agremiação, foram quase duas décadas de vitórias. Sete títulos estaduais (um penta, inclusive), um campeonato do Nordeste e um vice do Norte/Nordeste. Para isso, gastou o que tinha e o que não tinha. Literalmente, deu tudo de si à Associação Olímpica de Itabaiana, ao lado de Antônio Rezende, Mozart Fonseca, e alguns outros abnegados.

Fonte e foto: Portal de notícias Radar Sergipe

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias com br

quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Morre Dr. Antônio Leite Cruz, médico, aos 84 anos.

Foto: Antônio Samarone

Turma de Medicina - Formandos de 1966 

Antonio Leite Cruz 

João Fernando Salviano 

Lydia Mesquita Salviano 

Maria Rosa Silva 

Simone Matos Moura 

William de Oliveira Menezes 

Zulmira Freire Rezende 

Paraninfo: Dr. João Batista Perez Garcia.

Fonte: Dicionário Biográfico de Médicos de Sergipe.

Foto e texto reproduzidos do site linux alfamaweb com br

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A partir da esquerda: Lídia, Rosa, William, Prof.Garcia Moreno, Antonio Cruz, Zulmira, Salviano e Simone.

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Primeira aula de anatomia da Faculdade de Medicina da UFS, março de 1961, ministrada pelo Dr. Silvano Isquerdo Laguna, professor da Universidade de Salamanca... Quem está nesta foto? (pag. 261, História da Medicina em Sergipe, Henrique Batista). 

Foto/Legenda reproduzidas do Facebook/Antônio Samarone.

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Em um evento do governo...
Foto reproduzida do Facebook/Manoel Milstein

Integrantes da Primeira Turma da Faculdade de Medicina de Sergipe (1966):
 Antônio Leite Cruz, William, Salviano, Rosa, Simone, Zulmira e Lidia 
(a ordem a partir da esquerda). Ao centro, Dr. Antônio Garcia Filho.
Fonte: infonet com br

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Foto compartilhada do Facebook/Antônio Samarone.

Antônio Leite Cruz, quando jovem.
Foto compartilhada do Facebook/Antônio Samarone.

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Publicado originalmente no site da UFS CONTEÚDO, de 24 de outubro de 2024

Faleceu o professor Antônio Leite Cruz

Docente aposentado do Departamento de Medicina, Antônio Leite Cruz marcou a formação de gerações de médicos

Faleceu na última quarta-feira, 23, aos 84 anos, o professor Antônio Leite Cruz, uma das figuras mais emblemáticas da medicina sergipana. Nascido em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, em 15 de agosto de 1940, mas com raízes firmes em Sergipe, Antônio marcou a história do curso de Medicina da UFS (DME), formando gerações de médicos e moldando tanto suas competências técnicas quanto sua ética profissional.

A atuação do professor Antônio não se limitou às salas de aula e ao Hospital Universitário (HU). Como Secretário de Estado da Saúde e presidente da Fundação Hospitalar de Sergipe, contribuiu para o fortalecimento do sistema de saúde pública, sempre com uma postura marcada pela lisura e abnegação.

Em nota, o Departamento de Medicina (DME) da UFS expressou profundo pesar. "Pai de quatro filhos, avô dedicado e um mestre inesquecível para os médicos que formou, o legado do Professor Antônio Leite Cruz seguirá vivo nas histórias e nas vidas que ele tocou. Hoje, a UFS presta homenagem a um dos seus maiores mestres, cuja influência transcende gerações e continuará a inspirar por muito tempo".

O enterro do professor Antônio Leite Cruz aconteceu na tarde da última quarta, 23, no Cemitério Parque Colina da Saudade, em Aracaju.

Ascom UFS

Com informações do DME

Texto reproduzido do site: www ufs br/conteudo

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Silvia Garcez Sobral (1936 - 2024)


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Arte compartilhada do Facebook/Tasso Garcez

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Itabaiana – 350 anos

Airton Mendonça Teles

Artigo compartilhado do site 93 NOTÍCIAS, de 22 de setembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. Passos Porto, Maria Thetis, Fernando Nunes, Alberto Carvalho, Elias Andrade e Airton Teles.

Por Antonio Samarone*

Antes do Murilo Braga, os poucos itabaianenses que se formaram: Fernando Nunes, formado em Direito, pela Universidade do Brasil, no Rio de janeiro; Maria Thetis Nunes; Alberto Carvalho; Passos Porto, o primeiro da turma de agronomia em Cruz das Almas, na Bahia; Elias Andrade, o melhor aluno de engenharia em Salvador e Airton Mendonça Teles, médico formado na Bahia, em 1947.

Airton Mendonça Teles (foto) nasceu em Itabaiana, em 07 de outubro de 1924, filho do líder político Manoel Teles e Dona Pequena. Deputado estadual e federal. Faleceu em 25 de junho de 1960, aos 35 anos. Acidente aéreo, na Baia de Guanabara.

Passos Porto nasceu em Itabaiana em 28 de dezembro de 1923, filho de Eliezer Porto e Ana Passos Porto. Fez o primário em Itabaiana, com a professora Maria da Glória Ferreira, numa escola isolada, onde todo o primário era ensinado numa única sala.

Durante a seca de 1932, Passos Porto vivia em Itabaiana, e fez um relato realista:

“Eu era criança, tinha apenas 9 anos, quando assisti a maior tragédia de um povo solidário e isolado, sem água, sem comida, sem recursos, importando até farinha de mandioca que, naquela época, vinha de Minas Gerais e se chamava farinha de barca. Para resolver o problema de comida dos retirantes, Maynard Gomes, que era o Interventor Federal, dava para cada sujeito, dois litros de milho em troca do trabalho suado da construção das rodovias Itabaiana/Frei Paulo e Itabaiana/Aracaju.” Passos Porto – Jornal da Cidade, 16/02/1992.

Em 1936, Passos Porto deixou Itabaiana, para fazer o curso ginasial, interno no Colégio Salesiano, em Aracaju. Fez o científico no Atheneu. Formou-se em 1946, sendo o primeiro da turma e o orador oficial.

Othoniel Dorea, chefe politico em Itabaiana, era casado com uma tia de Passos Porto. A sua entrada na política ficou fácil. O caminho foi a UDN, sendo apadrinhado por Leandro Maciel. Foi Deputado Federal por 4 mandatos e Senador da República. Como diretor-geral do Senado, Passos Porto levou Cosme Fateira, irmão de Chico do Cantagalo, para Brasília.

Mesmo tendo feito politica fora de Itabaiana, as suas raízes eram profundas. Casou-se com uma conterrânea, Maria Terezinha Santos Porto, irmã de Juca Cego. Passos Porto faleceu em Aracaju, em 2010, aos 86 anos.

Alberto Carvalho, nasceu em Itabaiana, em 03 de novembro de 1932, filho Ivo Carvalho (Seu Vivi alfaiate) e Maria Elisa (Dona Iaiazinha).

Quando menino, Alberto vendeu as tradicionais balas de café da mãe, no cinema de Zeca Mesquita. Formado em ciências jurídicas em 1956. Alberto Carvalho foi o primeiro itabaianense a ensinar na UFS. Alberto é o autor da letra do hino do Tremendão e dar nome ao Campus da UFS. Faleceu em 24 de abril de 2002, aos 70 anos.

“Minha infância em Itabaiana foi igual a qualquer menino: peladas, brinquedos rústicos, brigas em que sempre levava a pior e uma biografia rica: caxumba, sarampo, tifo.” – Alberto Carvalho.

Elias Pereira de Andrade nasceu em Itabaiana, em 20 de julho de 1920, filho de Pedro Pereira Andrade (Pedro de Cesário) e Dona Josefa Andrade. Irmão de Seu Filomeno e irmão por parte de pai, da famosa professora Maria Pereira.

Elias Andrade fez o primário no Colégio Tobias Barreto e o ginásio no Atheneu. Formou-se em engenharia na Universidade da Bahia. Ficou conhecido como Elias 9,8… pois nunca tirou uma nota menor, em nenhuma prova. Faleceu precocemente, em 10 de novembro de 1950, com apenas 30 anos. Acidente de avião, sobrevoando o aeroporto de Fortaleza.

Fernando Barreto Nunes, irmão de Maria Thetis, nasceu em Itabaiana, em 26 de junho de 1924, filho de José Joaquim Nunes e Maria Anita Barreto Nunes. Fez o primário com a mesma professora de Passos Porto e Elias Andrade, Maria da Glória Ferreira.

No mesmo caminho, Fernando Nunes veio para Aracaju em 1935, fazer o ginásio no Colégio Tobias Barreto, do conceituado professor Zezinho. Também fez o científico no Atheneu. Formou-se em Direito, no Rio de Janeiro. Em novembro de 1998, Fernando Nunes falece em Aracaju.

Já a historiadora Maria Thetis Nunes, também de Itabaiana, irmã de Fernando, fez o curso primário, com a professora Izabel Esteves de Freitas, carinhosamente chamada de Dona Bebé, responsável pela cadeira feminina.

A vontade de estudar, a seca de 1932 e o medo de Lampião, expulsaram Maria Thetis de Itabaiana. Ela Fez o ginásio no Atheneu. Foi aprovada em primeiro lugar no vestibular da faculdade de Filosofia da Bahia, aos 19 anos. Com certeza, Thetis foi o grande nome de Itabaiana, no século XX. Faleceu em Aracaju, em 25 de outubro de 2009, aos 85 anos.

“Em 1930, havia em Itabaiana quatro escolas primárias na sede, sendo duas para o sexo masculino e duas femininas e nove nos povoados. O ensino restringia-se ao primário. Até esse período não havia grupo escolar, esse só foi construído em 1937, na administração de Silvio Teixeira, incorporando as crianças dispersas em escolas isolada.” – Adriana A. Santos.

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* Antonio Samarone – médico sanitarista.

Texto e imagem reproduzidos do site: 93noticias.com.br

domingo, 22 de setembro de 2024

Uma breve história do pioneirismo feminino na magistratura sergipana

 Josefa Paixão de Santana

Clara Leite de Rezende

Marilza Maynard de Carvalho 

Artigo publicado originalmente no site TJSE, em 6 de março de 2023 

8 de Março: Justiça e Igualdade – uma breve história do pioneirismo feminino na magistratura sergipana

Por Luiz Paulo Teixeira

“Naquela época havia o preconceito terrível de que ‘mulher não é para isso’. Pois, eu fui lá, me inscrevi, e graças a Deus, passei no concurso” relembra Josefa Paixão de Santana, primeira juíza estadual da história de Sergipe, ainda em 1970. Nesta reportagem especial da Diretoria da Comunicação do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) em celebração ao Dia Internacional da Mulher, confira um breve histórico do pioneirismo feminino no Judiciário Sergipano.

No projeto Vivas Memórias, organizado pela Presidência e Comunicação do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), a magistrada aposentada conta que precisou lidar com a desconfiança da própria sociedade da época desde a sua nomeação. “O conhecimento jurídico eu tinha, tanto que fiquei em 3º lugar no certame. E o tempo mostrou o quanto valeu a pena”, ressalta a magistrada natural de Lagarto, que foi ainda professora de Direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Corregedora-Geral da Justiça (2003/2005), evoluindo o sistema de Correição Eletrônica.

1ª Presidenta

Pioneirismo e modernização também foram as marcas da carreira da desembargadora Clara Leite de Rezende, primeira mulher presidenta do TJSE (1995-1997) e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SE – 1990/93). “O concurso de 1970 foi o primeiro que as mulheres se interessaram em fazer e muitas ingressaram na magistratura. Pela minha classificação, era para eu assumir as minhas funções em Nossa Senhora dos Dores, mas acabei indo para Nossa Senhora da Glória, porque um desembargador da época, que depois se tornaria um amigo, não queria mulher por lá”, revela a desembargadora nascida em Riachuelo, no Vivas Memórias.

A magistrada relembra ainda toda a expectativa que antecedeu à sua eleição como presidenta do TJSE e a necessidade de modernização da corte. “Achando que não poderia ser eleita, fiquei muito reservada. Mas quando saiu o resultado, consegui montar uma equipe muito boa, que trabalhou em cima de um projeto que buscou modernizar a máquina judiciária, ampliar o número de varas, desenvolvendo a estrutura física dos prédios e capacitar os servidores. Tudo para ter um tribunal atuante, melhorando prestação judicial para a população”, ressalta a magistrada, cuja gestão no TJSE foi responsável pela obra do Fórum Gumersindo Bessa, maior do Estado, e instalação dos juizados especiais cíveis e criminais, desobstruindo a questão processual.

Múltiplas Funções

Também ex-presidenta do TJSE, ex-corregedora-geral e desembargadora aposentada, Marilza Maynard de Carvalho relembra que já no seu tempo de faculdade de Direito na UFS, as mulheres começavam a ocupar as vagas em sala de aula, mas a transição para as carreiras jurídicas ainda era difícil. “Elas ainda ficavam muito retraídas, mas a minha turma foi privilegiada, com muitas colegas assumindo postos importantes no sistema judiciário”, conta a magistrada laranjeirense no Vivas Memórias, que tomou posse como juíza no final de 1971.

Além da perda do pai pouco tempo antes da posse e do matrimônio recém-contraído, a desembargadora Marilza Maynard precisou assumir logo de início a prestação jurisdicional de 10 municípios ribeirinhos do São Francisco, por questões de saúde do juiz responsável pela outra comarca. “Um começo complicado, mas prazeroso. Uma verdadeira formação como magistrada, na prática”, destaca a desembargadora, que na presidência do TJSE (2005-2007) conseguiu desenvolver projetos reconhecidos nacionalmente que modernizaram e racionalizaram todo o sistema Judiciário Sergipano, como o Juizado Virtual, a Central da Conciliação e o Diário da Justiça Eletrônico, além de vários Mutirões de Conciliação.

Composição Atual

Em toda a sua história, o TJSE já teve 13 desembargadoras, sendo que sete destas assumiram a Corregedoria-Geral e três foram alçadas ao cargo de presidenta – desembargadoras Clara Leite de Rezende, Marilza Maynard Salgado de Carvalho e Célia Pinheiro. Na atual composição, das 13 vagas de desembargador, quatro são ocupadas por mulheres – desembargadoras Ana Lúcia Freire dos Anjos, Elvira Maria de Almeida Silva, Iolanda Santos Guimarães e Ana Bernadete Leite de Carvalho Andrade (atual Corregedora-Geral).

“Com a ampliação do acesso e igualdade de condições, é natural que as mulheres ocupem ainda mais espaços, não só dentro da magistratura, mas também no Ministério Público, nos cargos políticos e em outras carreiras”, explica a Desa. Iolanda Guimarães, atual Diretora da Escola do Judiciário de Sergipe (Ejuse) e que dentre as mulheres é a que está há mais tempo no TJSE.

A magistrada, que ingressou como juíza estadual ainda em 1989, diz que a maior participação feminina traz um novo olhar ao judiciário. “Mais inovação para as políticas públicas e uma outra atitude frente aos desafios do cotidiano. Temos lutado para reduzir todo tipo de violência contra as mulheres, como no assédio. Uma recomendação do CNJ que estamos colocando em prática, seja pela Coordenadoria da Mulher ou em outras ações”, destaca.

Desembargadoras no TRE-SE

Com a posse da desembargadora Elvira Maria na corte eleitoral, o TRE-SE chega em 2023 à sua sétima presidenta. “Um grande desafio que vamos enfrentar com muita felicidade e a realização de um sonho, porque antes de me tornar juíza estadual e desembargadora do TJSE, eu já havia ingressado como servidora concursada do tribunal eleitoral”, explica a magistrada itabaianense, que também já foi corregedora-geral da Justiça (2019-2021).

A desembargadora se tornou juíza estadual através do concurso de 1983 e diz que a missão é manter o TRE como um tribunal com padrão de excelência na justiça eleitoral. “Nós mulheres estamos ocupando o nosso espaço de direito e cumprindo muito bem as obrigações. Além de capacidade, temos muita intuição, coração e pé no chão para resolver as coisas”, ressalta a nova presidenta.

Compõe também a nova mesa diretora da corte eleitoral sergipana a desembargadora Ana Lúcia dos Anjos. “Quando era estagiária de Direito no TJSE e apenas sonhava em ser magistrada, tive contato com essas mulheres tão importantes. Juízas e desembargadoras, com capacidade e competência que nos inspiravam, abrindo o caminho para todas nós”, relembra a magistrada, que ingressou como juíza ainda em 1989.

A nova vice-presidenta e corregedora destaca a importância de Sergipe ter uma direção do TRE 100% feminina. “Ter duas mulheres a frente da corte eleitoral é um exemplo para a sociedade de que podemos ocupar qualquer cargo, seja dentro ou fora do judiciário. Um estímulo para que outras possam sonhar e colocar os seus planos de vida e carreira em prática. Nós podemos tudo!”, conclui.

Texto e imagens reproduzidos do site: www tjse jus br/portal

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Morrem os amigos e vizinhos da rua Socorro, BETO & DINHA

Beto, Robertinho, um dos filhos, a neta e Dinha.

Isabela, Beto, Dinha e a neta.

Postagem no instagram de Isabela Baptista, nora do casal.

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Comentário de Guilherme Maynard

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Faleceram no mês de agosto de 2024, os amigos e vizinhos, Beto & Dinha. Os mesmos moravam na rua Socorro esquina com Lagarto, no bairro São José (próximo ao Largo do Carro Quebrado), em Aracaju. O Beto era funcionário aposentado do Ministério do Trabalho, em Sergipe e Dinha, era filha do Seu Abílio e Dona Josefa, muito conhecidos na região, por terem sidos proprietários de um armazem, onde podia se comprar, as cocadas mais gostosas da cidade... (MD).

Sergipanos se despedem da ex-senadora Maria do Carmo Alves



Crédito fotos: f5news e Marcos Oliveira/Senado.

Publicado originalmente no site F5NEWS, de 1 de setembro de 2024 

Sergipanos se despedem da ex-senadora Maria do Carmo Alves

Familiares e autoridades valorizam sua atuação pelo desenvolvimento do Estado 
  
Por F5News

A ex-senadora Maria do Carmo Alves, 83 anos, foi enterrada na tarde deste domingo (01) sob muitas homenagens de familiares, amigos, admiradores e autoridades políticas. O sepultamento ocorreu no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju.

Centenas de pessoas estiveram no velório de Dona Maria para prestar condolências à sua família. Tanto o governo do Estado, quanto a Prefeitura de Aracaju e até mesmo o Senado Federal decretaram luto oficial pela morte da advogada, que foi a primeira mulher sergipana a ocupar uma cadeira na Casa Alta do Congresso Nacional.

Uma missa de corpo presente marcou o encerramento das homenagens póstumas antes do sepultamento. Maria faleceu após a descoberta repentina de um câncer de pâncreas, já em estágio de metástase, que a levou à internação hospitalar no final de agosto com um quadro de infecção.
Para a família, apesar da rapidez com que o quadro de saúde da ex-senadora se agravou, o legado construído ao longo de sua vida e a concretização dos seus últimos desejos servem de conforto neste momento de despedida.

“O seu principal ensinamento foi de que a gente tem que ser mais gente, sabe? A gente está nessa vida é pra ajudar aos outros, que quanto mais a gente divide, mais a gente tem”, disse José Luciano Filho, sobrinho neto de Maria do Carmo, que trabalhou com a ex-senadora em seu último mandato, acrescentando que “ela soube aproveitar bem todas as fases da vida dela”.

A morte da ex-senadora Maria do Carmo trouxe consternação aos mais diversos setores da sociedade sergipana e ganhou repercussão nacional por ter sido ela a primeira mulher a cumprir três mandatos consecutivos no Senado Federal. Foram 3 eleições, em 1998, 2006 e 2014, somando 24 anos ininterruptos como senadora.

“Tenho a honra de ter assumido a cadeira dessa mulher, que é um símbolo do protagonismo feminino na política. Seu legado ficará para sempre no coração de todos os sergipanos”, afirmou o senador Laércio Oliveira, ao manifestar pesar pela morte da antecessora no Senado.

“Ao longo da sua trajetória política, Maria sempre lutou pelos aracajuanos e sergipanos, em especial, os mais necessitados. Em seus três mandatos consecutivos como senadora, ela contribuiu de maneira significativa com as cidades, destinando emendas para diversas áreas, inclusive, para a nossa capital, durante as minhas gestões, sendo uma grande parceira”, publicou o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira.

Para o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, o estado perdeu a baluarte das políticas públicas voltadas à assistência social. “Seu olhar técnico e trabalho sensível inspirou e abriu caminhos para as sergipanas na política.Como uma mãe, cuidou, ensinou e viverá para sempre nos corações de todos os sergipanos”, disse. 

Sua carreira política foi ligada à de seu marido, João Alves Filho, que foi duas vezes prefeito de Aracaju e três vezes governador de Sergipe. Ela deixa três filhos, netos e irmãos.

Texto e imagens reproduzidos do site: www f5news com brom br/cotidiano

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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Morre "Manoelzinho do Dinâmico"


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Legenda da foto: Professor e ex-presidente da Fenen Sergipe Manoel Francisco de Santana - (Foto: Reprodução)

Publicação compartilhada do site G1 SE., 9 de agosto de 2024 

Morre professor e ex-presidente da Fenen Sergipe Manoel Francisco de Santana

Velório e sepultamento serão realizados em Aracaju.

Por g1 SE

Morreu nesta sexta-feira (9), aos 82 anos, em Aracaju, o professor Manoel Francisco de Santana, conhecido como ‘Manoelzinho do Dinâmico’.

 Ele foi um dos fundadores do Colégio Dinâmico e ex-presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado de Sergipe (Fenen).

A unidade de ensino informou que o professor faleceu na casa dele, de causas naturais. Manoelzinho deixa esposa, dois filhos e três netos.

O velório será realizado a partir das 12h, e o sepultamento acontece às 17h, na Colina da Saudade, na capital.

Texto e imagem reproduzidos do site: g1 globo com/se

segunda-feira, 15 de julho de 2024

'Da Revolta de 1924 à Revolução de 1930', por Ibarê Dantas

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 13 de julho de 2024

Da Revolta de 1924 à Revolução de 1930
Por Ibarê Dantas *

Este artigo pretende lembrar a Revolta de 1924 em Sergipe, de forma sumária, no ensejo do seu centenário. Tomo por base principal o texto do meu livro, O Tenentismo em Sergipe (Da Revolta de 1924 à Revolução de 1930. Petrópolis/RJ: Vozes, 1974), lançado há 50 anos e que contou com duas reedições. A fim de facilitar a compreensão do significado do movimento, tratamos precedentes e da continuidade do tenentismo até 1930.

A Revolta

Entre a noite de 12 de julho de 1924 e a madrugada seguinte, um capitão e três tenentes controlaram a direção do 28º BC e dividiram a tropa em três companhias. Uma ficou no Quartel do Exército, outra tomou a direção do Palácio do Governo e a terceira seguiu até a Av. Rio Branco para atacar o Quartel da Polícia, sem dúvida o maior obstáculo. Ainda era madrugada quando as resistências do Quartel e do Palácio capitularam, resultando em duas mortes. A população de Aracaju, estimada em pouco mais de 40 mil habitantes, despertou assustada. Era o início da primeira revolta tenentista em Sergipe.

Os militares formaram uma Junta Governativa com quatro oficiais: capitão Eurípedes Esteves de Lima; primeiro-tenente Augusto Maynard Gomes; primeiro-tenente João Soarino de Melo; e segundo-tenente Manuel Messias de Mendonça.

Formada a Junta, lançaram uma “Proclamação ao Povo Sergipano” explicando as motivações e os objetivos da Revolta. O governador, que já havia prometido enviar tropas para ajudar a debelar a rebelião de São Paulo, foi preso com dois secretários.

O Telégrafo, a Telefônica, as Estações da Companhia Ferroviária e da Energia Elétrica tiveram suas atividades controladas. A Junta efetuou saques de numerário em duas repartições públicas.

Os rebeldes comunicaram a mudança de governo às autoridades municipais e colheram algumas manifestações formais. Mas houve gestos de solidariedade aos tenentes em Campo do Brito, Itabaianinha, Carira e, sobretudo, em Rosário, onde foi organizada uma companhia com cerca de 80 voluntários.

A grande preocupação dos revoltosos era a defesa. Mandaram apagar o farol, retirar a boia e criaram trincheiras na areia da Praia Formosa.

Contudo, o domínio dos tenentes durou pouco. Forças legalistas, com batalhões do 20º BC (AL), 21º BC (PE) e 22º BC (PB), provenientes da Bahia, desembarcaram próximo à cidade de Estância, sob o comando do general Marçal Nonato de Faria. Ao se aproximarem de Itaporanga fizeram as primeiras prisões e os revoltosos se dispersaram sem confronto.

Avaliando de forma idealista o governo tenentista em Sergipe, ouvi o dr. Jorge de Oliveira Neto, autor do livro Deus é Verde, dizer: “Fomos livres 21 dias separados do mundo.”

Uma pergunta se impõe: O que teria causado a Revolta?

Alguns precedentes

Na segunda década da Primeira República, o pacto do presidente Campos Sales (1898-1902) com os governadores gerou um sistema oligárquico que dificultava a democratização.

O presidente Hermes da Fonseca (1910-1914) tentou mudar o quadro, estimulando grupos de oposição com a presença de militares em alguns estados, mas encontrou dificuldades nas unidades mais fortes.

O Exército era uma instituição atrasada, razão por que antes da I Guerra Mundial (1914-1918) alguns militares foram à Alemanha para se atualizar. Em 1920 vieram ao Brasil instrutores da Missão Francesa, contribuindo para reformar a instituição. Uma orientação comum dos alemães e franceses era no sentido da manutenção dos oficiais do Exército como profissionais sem ativismo político.

Em 1915 uma revolta dos sargentos alcançou grande repercussão no Exército e no parlamento. Em 1917 aconteceu a greve operária que paralisou São Paulo por uma semana. Era forte indicação da premência da regulamentação do trabalho que a Constituição de 1891 não previa. As críticas ao sistema político se acentuaram. Os livros de Alberto Torres sobre Organização Nacional e o Problema Nacional Brasileiro (1914) viraram matrizes das tendências autoritárias.

Foi neste contexto de críticas ao sistema liberal-oligárquico que transcorreu a campanha eleitoral para presidente da República de 1919-20. A partir da divulgação de duas cartas falsas atribuídas ao candidato governista, criticando militares a quem chamavam de canalhas, os debates se exacerbaram. O postulante à Presidência negou e os falsários confessaram a autoria. Mas o ambiente estava tão conturbado que muitos não acreditaram. Queriam vingança. Certo general chegou mesmo a afirmar: “Se Bernardes for Presidente da República será preciso dissolver o Exército.”

Quando forças federais entraram em conflito com policiais locais de Pernambuco, o ex-presidente Hermes da Fonseca reclamou, o presidente Epitácio Pessoa mandou prendê-lo e fechou o Clube Militar. Foi o estopim.

Um grupo de jovens tenentes da Escola Militar de Realengo reagiu em 05.07.1922 com uma rebelião improvisada. Ancorados no Forte de Copacabana, desferiram tiros de canhão nos prédios do Ministério da Guerra e do Palácio do Catete. Resultado: 16 soldados mortos e dois tenentes feridos. O episódio ficou conhecido como os 18 do Forte, embora os participantes fossem apenas 10 ou 11. Restaram sentimentos de revanche entre os jovens oficiais.

Artur Bernardes, odiado por militares, tomou posse em 15.11.1922 e governou em estado de sítio. As prisões e os processos contra os rebeldes alimentaram os ânimos para nova Revolta que, em 05.07.1924, ocorreu em São Paulo, resultando em mais de 500 mortes, a maioria de civis.

Aderiram ao levante paulista as corporações de Bela Vista (MT), Óbidos e Belém (PA), Manaus (AM) e Santo Ângelo (RS). Algumas tiveram duração efêmera, outras resistiram por vários dias. A de São Paulo deixou a capital 22 dias depois com destino ao Sul, até se encontrar com os gaúchos e formar a Coluna Prestes.

Em Sergipe, após 21 dias de expectativas, vieram as prisões.

No dia quatro de agosto, Graccho Cardoso, que teve sua administração operosa interrompida, foi reempossado e baixou decreto considerando nulos todos os atos praticados pela Junta Governativa. Em dificuldades financeiras para pagar o funcionalismo, em face dos saques efetuados pelos rebeldes, contraiu empréstimo ao empresário Francino Mello.

Estabeleceu-se o estado de sítio no país. Três dos quatro membros da Junta Governativa foram presos, assim como os militares de baixa patente. Mas Maynard escondeu-se numa fazenda e desapareceu. Enquanto isso, falecia na prisão o bacharel Zaqueu Brandão, que se destacou na campanha por voluntários em Rosário, provocando comoção.

Atuaram no processo dois procuradores. O primeiro, Oscar Viana, denunciou 606 pessoas. Diante dos descontentamentos, foi substituído por Plínio de Freitas Travassos, que citou apenas 252, dos quais cinco cabeças: o general José Calazans e os quatro oficiais que compuseram a Junta. Os demais foram considerados coautores. O despacho de pronúncia do magistrado dr. Paulo Martins Fontes reduziu ainda mais o número dos acusados. Seguiu-se o alvará de soltura, pondo em liberdade os militares de baixa patente. Dos pronunciados, a maioria se encontrava desaparecida. Em fevereiro de 1925, uma notícia provocou muitas especulações: Maynard fora preso em São Paulo. Sua chegada a Aracaju foi vista com preocupação por uns e esperança por outros.

Dois recursos ao Supremo Tribunal Federal retardariam o momento de promulgar as sentenças.

Continuidade do Movimento Tenentista

Antes de o STF promulgar as sentenças dos revoltosos de 1924, em Sergipe aconteceu nova tentativa de rebelião. Diante da notícia de que a Coluna Prestes passava próximo de Sergipe, Maynard articulou uma nova aventura. O sargento Temístocles Leal entrou em sua cela e no abraço entregou-lhe uma arma. Ao tentar render a guarda, houve troca de tiros que repercutiu no Quartel da Polícia.

 Quando, por volta de 5h30 da manhã de 19.01.1926, Maynard, a cavalo, animava o ataque, recebeu um tiro que feriu seu pé e matou o seu animal. Fora do combate, o principal líder da nova revolta foi preso e operado. As forças legalistas, percebendo as dificuldades dos adversários, ampliaram a ofensiva e venceram. O tiroteio prosseguiu até 9h30. Atrás ficavam 11 mortos, envolvendo civis, policiais estaduais e do Exército, além de 23 feridos.

Recolhidos às prisões, os quatro participantes da primeira Junta Governativa e mais cerca de 100 militares (sargentos, cabos e soldados), na madrugada de 21.02.1926, foram conduzidos em porão de navio à Ilha de Trindade. Era uma área “situada a oitocentas milhas da costa brasileira”, próxima ao paralelo 20, que passa pelo Espírito Santo. O local foi descrito como desprovido de vegetação, com solo coberto de pedras. O grande problema dos desterrados foi a saúde. Vários oficiais e soldados adoeceram. Era a beribéri que se alastrava. Entre os sergipanos, dois faleceram.

Enquanto isso, houve sucessão no Executivo. Em Sergipe, Maurício Graccho Cardoso passou o governo a Ciro Franklin de Azevedo, cuja gestão teve curta duração (24.10.1926 a 16.01.1927). Com seu falecimento, assumiu o deputado usineiro Manoel Correa Dantas (05.03.1927 a 16.10.1930).

No âmbito nacional, saiu Artur Bernardes, e Washington Luiz o substituiu em 15.11.1926. O estado de sítio foi revogado e os degredados transferidos para o Rio de Janeiro, onde vários deles foram hospitalizados. Os soldados ganharam a liberdade, enquanto cabos e sargentos somente regressaram ao seu estado em inícios do ano seguinte. Quanto aos quatro oficiais participantes da Junta, voltaram para Sergipe em setembro de 1927 e foram recebidos por parte da população como heróis. Submetidos a júri popular, foram condenados a 10 anos. Com o recurso ao STF, a sentença baixou para dois anos. Em agosto de 1929, novo júri reduziu para um ano e quatro meses. Restava aguardar o resultado do novo recurso ao STF.

Enquanto isso, a Coluna Prestes, que significava a continuidade do movimento tenentista, chegou a contar com mais de mil combatentes e percorreu vários estados ameaçada pelas forças legalistas. Parte ficou pelo caminho, numerosos se exilaram na Bolívia e o pequeno grupo restante ingressou no Paraguai em março de 1927.

No período de 1927 a 1929, os tenentes revoltosos estiveram exilados ou presos e processados ou ainda isolados. Todavia, em Sergipe, vários civis e ex-militares que haviam participado das revoltas foram incorporados à administração do governo de Manoel Dantas, da qual participava Leandro Maciel, primo de Maynard e político com elevado prestígio.

Em 1929 o quadro nacional mudou. Na indicação do candidato situacionista à presidência, o nome de Júlio Prestes, apresentado pelos oligarcas de São Paulo, não foi aceito pelos políticos gaúchos, mineiros e paraibanos. Os dissidentes criaram a Aliança Liberal para respaldar a candidatura de Getúlio Vargas como titular e João Pessoa como vice.

Por esse tempo, os contatos dos líderes tenentistas com os oposicionistas prosperaram. O voto secreto, a revisão da legislação coercitiva e a questão social serviam de propostas aos postulantes da Aliança Liberal.

Apesar desses apoios e das propostas, a chapa oposicionista a presidente e vice foi fragorosamente derrotada. Em Sergipe, o candidato a presidente do estado da Aliança Liberal, o professor Artur Fortes, também teve pequena votação. Ao despedir-se dos seus leitores em O Liberal, escreveu: “O movimento que se anuncia é ação”. Eram as conspirações que já se desenvolviam país afora, onde a Revolução era vista como única solução para o Brasil.

Luiz Carlos Prestes, líder dos revoltosos, em processo de conversão ao marxismo, em maio de 1930, declinou da liderança e foi substituído na chefia do movimento pelo tenente-coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro (1889-1956). Alagoano ambicioso, foi aluno da Escola Preparatória do Realengo (RJ), da Escola de Guerra de Porto Alegre (RS) e da Missão Francesa. Integrando as forças legais, combateu a Revolta de 1924 em São Paulo e a Coluna Prestes em 1926-27. Ao passar para o comando dos revolucionários em 1930, ampliou as articulações, agregando políticos dissidentes e oficiais descontentes.

O assassinato de João Pessoa, ex-candidato da Aliança Liberal a vice-presidente, em Recife em 26.07.1930, indignou a nação. O corpo da vítima foi conduzido de trem para o Rio de Janeiro. O crime, seguido por manifestações, inflamou a sociedade. As conspirações se aceleraram. A alternativa pacífica minguou.

Em três de outubro foi desencadeada a mobilização armada no Rio Grande do Sul e Minas Gerais. No Nordeste, o levante começou no dia seguinte em Recife sob a coordenação de Juarez Távora. A cúpula militar, pressionada pelo movimento civil-militar, sob o comando de Góis Monteiro, depôs o presidente Washington Luiz em 24.10.1930. Formou-se uma Junta Militar que cedeu o Executivo para Getúlio Vargas em 03.11.1930. Os tenentes rebeldes foram reincorporados ao Exército e ganharam influência na administração pública.

Em Sergipe, após alguns Executivos substitutos de curta duração, assumiu Augusto Maynard Gomes em 16.11.1930 como governador provisório e, em 19.12.1930, como interventor do estado.

No plano nacional coube a Getúlio Vargas, novo presidente da República, a difícil tarefa de administrar as pressões de vários grupos influentes, civis e militares, cada qual com projeto próprio e ambições de predominar.

Epílogo

O Exército brasileiro, interessado em atualizar sua estrutura com as práticas em voga na Europa, recebeu orientação do profissionalismo alemão e da Missão Militar Francesa. Uma recomendação básica dos instrutores foi a de priorizar a preparação para a defesa externa e evitar atuação na política interna.

Não obstante essa instrução, jovens oficiais, a partir da década de 1920, sensibilizaram-se com os debates públicos, infringiram os princípios da hierarquia e, com sacrifícios e riscos pessoais, se engajaram em revoltas contra os governos da República inseridos num sistema oligárquico.

O movimento perdurou, ampliou-se, juntou-se em 1930 a influentes grupos civis e terminou vitorioso. Coube ao novo governo federal a difícil tarefa de subordinar os tenentes considerados revolucionários à hierarquia legalista de comando centralizado.

Restou a controvérsia das duas faces do tenentismo. De um lado, a contribuição para as reformas de âmbito nacional. Do outro, sua tendência intervencionista no processo político democratizante, provocando efeitos imponderáveis.

Fontes

CARDOSO, Maurício Graccho. “Aos sergipanos”. Diário Oficial do Estado de Sergipe, 17.08.1924.

CARONE, Edgard. A República Velha (Evolução Política). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1971.

CARVALHO, José Murilo de. Forças Armadas e Política no Brasil. São Paulo: Todavia, 2021.

Correio de Aracaju, 11.11.1926 e 20.01.1927.

DRUMMOND, José Augusto. A Intervenção Política dos Oficiais Jovens. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

IBGE. Censo de Sergipe, 1920. Quadros Estatísticos de Sergipe, Imprensa Oficial, Aracaju, 1938.

O Liberal, 07.05.1930.

RELATÓRIO apresentado ao Exmo. Sr. Marechal Ministro da Guerra, pelo general Marçal Nonato de Faria, in Diário Oficial do Estado de Sergipe, 16.10.1924.

ROCHA, Antonio de Oliveira. Aracaju Rediviva. Rio de Janeiro: Ed. Olímpica, 1963 (?).

SILVA, J. A. Ferreira da. Razões do Recurso do Despacho de Pronúncia. Aracaju: Typ. Labor, 1925.

SODRÉ, Nelson Werneck. História Militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.

TRAVASSOS, Plínio de Freitas. “Razões do Recurso”. In: O Movimento Subversivo em Sergipe. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1926.

* É cientista político e professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br