Foto: Arquivo UNIT.
Assuíres, Feliciana e Ozanito.
Foto: Arquivo Pessoal.
Jornal Gaúcho em matéria da jogadora Maria Feliciana.
Foto: Mairon Hothon.
Foto: Mairon Hothon
Publicado originalmente pelo blog Em Pauta UFS, em
03/12/2009.
Um destaque para Sergipe.
Famosa por sua altura, Maria Feliciana representou o Estado
em diversos lugares. Foi das glórias, como mulher mais alta do mundo, para as
necessidades pelas quais passa hoje.
Por: Mairon Hothon
Uma mulher humilde e muito receptiva, essa foi à impressão
que tive após a conversa com Maria Feliciana. A famosa mulher, conhecida no
Brasil inteiro por sua altura, relembrou marcantes momentos de sua vida, abriu
seu arquivo pessoal de jornais e fotos e com saudade, relembra por onde passou
e contou dos prêmios que conquistara. Representou o menor estado do Brasil em
diversos níveis da fama. Hoje aos 63 anos, Feliciana se vê esquecida pelas
autoridades locais, mas não perde as esperanças de conseguir um patrocínio para
reformar sua casa. Com certeza, essa é a história de uma pessoa que foi da
apoteose da fama para as reais necessidades por qual passa atualmente.
Maria Feliciana nasceu no dia 27 de maio de 1946, no
município de Amparo de São Francisco. Filha única, seu pai medindo cerca de
2,40cm e sua mãe com estatura normal, eram muito pobres e por isso ela se viu
na necessidade de começar a trabalhar, na roça, logo cedo para ajudar sua
família. Sua infância e adolescência foram muito sofridas. Com 16 anos vem à
Aracaju e encontra Josa, o “vaqueiro do sertão” – figura também marcante no
cenário sergipano, que a introduz na vida circense. Chega a ir, na companhia de
Dominguinhos e Luis Gonzaga, para São Paulo para participar do Programa de
Calouros de Silvio Santos, e “Hora da Buzina” do apresentador Chacrinha onde
ganha a faixa Rainha das Alturas como mulher mais alta do Brasil.
Ganhou muitos prêmios, dentre eles não só o da mulher mais
alta do Brasil bem como o da mulher mais alta do mundo por seus 2,25cm. Chamada
para jogar num time de basquete, da cidade de Porto Alegre, passou dois meses
trazendo vitórias ao time. “Eu tirava e colocava a bola da cesta, fácil,
fácil”, contou Feliciana. E esse fato chamou tanto à atenção, que ela foi
convidada para jogar até nos Estados Unidos. Apresentou-se em muitos shows,
como em circos, cinema, TV e touradas. Recebeu homenagem do Governador do Rio
de Janeiro, Negrão de Lima. Aos 27 anos, casa-se com o locutor Assuíres José
dos Santos, de sua cidade natal. Com ele tem três filhos.
Após o casamento, se separa do companheiro Josa, e começa a
andar primeiramente com a dupla sertaneja Ozana e Ozanito, que depois de um
tempo decidiram se tornar crentes e deixaram a carreira musical, e depois com
Adauto e Adailto. Insta relatar também que nessa mesma época sua fama já estava
bem conhecida por todo o país. “Sempre levei o nome de Sergipe, pelos lugares
por onde passei”. Todavia uma gravidade começava a nascer, seu problema nos
pés, que a fez aos poucos desacelerar seu ritmo de shows. Em 1998, seu esposo
morre em um acidente de carro, na estrada que ia para Umbaúba. E é a partir
desse acontecido que as limitações de Maria Feliciana começam a ofuscar seu
brilho.
Hoje em dia Maria Feliciana ainda recebe homenagens e
continua a representar o Estado. Em 2008, a equipe jornalística do Globo
Repórter, em matéria sobre hormônios do crescimento a destacou. Em visita ao
Estado, reportaram sobre a situação que ela vive, sobre o acervo que o Memorial
de Sergipe guarda dela, como a faixa do Programa do Chacrinha e a estátua
alusiva. Bem como o edifício Estado de Sergipe, construído em 1970 pelo então
governador Lourival Baptista, mas que só é conhecido como Edifício Maria
Feliciana por ser o maior do Estado.
E Maria também é lembrada na literatura através do livro: A
Rainha Feliciana (livro baseado na história de Maria Feliciana) da escritora
Jeane Caldas Hora. Para G. de Aguiar, seu pseudônimo, o mais interessante na
história foi “relatar a vida de uma nordestina iletrada que atingiu o ápice do
sucesso em nível nacional e também por ela ter trabalhado com Dominguinhos e
Luiz Gonzaga”. Para G. de Aguiar o trabalho foi fácil, pois a “Rainha das
Alturas” permitiu livre acesso aos documentos pessoais, e desta experiência ela
tira uma lição: sempre lutar pelos sonhos. A escritora destaca a dificuldade em
publicar o livro: falta de patrocínio.
Feliciana muito se emocionou ao relembrar sua trajetória e
relata: “Não sei
do que seria de mim, se não fosse minha altura”. Se sente
desprezada e esquecida pelas autoridades locais que não a ajudam nessa fase de
sua vida. “Não quero viver no luxo, só quero um banheiro decente, que eu possa
entrar.” “Também não quero que me homenageie só quando eu morrer” relata o
destaque sergipano que passa por necessidades.
Texto e imagem reproduzidos do site:
empautaufs.wordpress.com
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