Publicado originalmente pelo blog ACADEMIA LITERÁRIA DE
VIDA, em 8 de junho de 2019
A Propósito de Memórias de Aracaju – Bodegas
Por Sandra Natividade *
Obra: Memórias de Aracaju – Bodegas
Autor: Expedito Souza, Aju/SE. (2019)
206 páginas
Impressão: Sercore Artes Gráficas Ltda.
Agradável, envolvente é assim que classifico o talentoso
escritor Expedito Souza, autor de Memórias de Aracaju – Bodegas, por certo o
mercado editorial sergipano se tornou mais rico com produção tão significativa
lançada dia 31 de maio de 2019, às 19h30, no Hotel Sesc - Orla de Atalaia -
local que abriga uma das mais belas praias do nordeste brasileiro. Nesse
memorial, tão especial, o autor faz uma anamnese descrevendo, identificando
seus proprietários e até mesmo alguns clientes em sua grande maioria conhecidos
nas áreas política, econômica e outros nem tanto, são cidadãos do povo, gente
simples, mas consumidores regulares, de caderneta e tudo o mais.
A propósito, as bodegas eram um negócio em potencial que
oxigenava o mercado atacadista aqui em Aracaju e alhures, os pequenos
bodegueiros iam buscar suas compras in loco outros mais avantajados, os
atacadistas, o serviam entregando suas encomendas pontualmente, não deixando
que esses estabelecimentos faltassem à freguesia. Embevecida na leitura me
detive na página 88 sob o título “De mascate a auditor e radialista” conta o
autor, a história de uma mocinha, Priscila, de dezesseis anos, que se descobriu
grávida lá para as bandas de Pernambuco, seu estado natal e com receio da
reação dos pais fugiu, refugiando-se na residência de uma tia no Recife. E lá
passou pouco tempo, a experiência não foi das melhores; saiu apenas com uma
muda de roupa e a barriguinha já aparente. Pernoitou na rodoviária e dia
seguinte - conta o autor- que a jovem adentrou num ônibus, sem destino, sentou
ao lado de uma senhora que residia em Maceió, conversaram no percurso e a
senhora a convidou para trabalhar em sua casa e de pronto ela aceitou.
Foi muito bem tratada
e lá Mizael, seu filhinho nasceu. Após três anos os dias ali estavam contados,
um incidente provocado pelo filho da patroa que se mudou com a família para a
casa da bondosa senhora, criou mal-estar acontecimento que a fez sair do lugar
que lhe propiciou ter e criar o filho. Por providência Priscila mudou-se para
Aracaju (de onde nunca mais saiu) e aqui encontrou logo na rodoviária uma
senhora, d. Eunice, que a acolheu com orientações. Morou numa vila de quartos
na Rua Divina Pastora e por indicação da d. Eunice foi trabalhar na residência
do doutor Pedro Braz e professora Josefina Braz. Mizael sempre aplicado nos
estudos concluiu o curso primário no Grupo General Valadão instituição onde
recebeu a Medalha de melhor aluno da turma, contudo não descuidava de ajudar a
mãe, vendendo frutas na feira como também fazendo alguns mandados dos feirantes
do mercado de Aracaju.
Entra nesta história a bondosa professora Josefina Cardoso
Braz, minha confreira na Academia Literária de Vida, sodalício criado pela
abnegação de educadoras de escol, lideradas pela ilustre e saudosa Maria Lígia
Madureira Pina. A professora Josefina foi fada madrinha de Mizael e de sua
genitora, ela levou o menino na Escola Industrial de Aracaju onde o matriculou,
mais tarde, submetido ao exame de admissão, passou e fez o curso de Tipografia,
estudando em tempo integral, sempre bastante desenvolto trabalhou na Rádio da
escola como controlador de som. Ao concluir o curso de Tipografia,
matriculou-se em Contabilidade. A situação da pequena família melhorou: o rapaz
comprou uma casa com uma bodega na frente para que a genitora descansasse um
pouco do labor diário como doméstica. O rapaz conseguiu emprego numa fábrica
localizada no interior do Estado, ajudante de limpeza era o cargo. Mizael era
obstinado e perspicaz chegou a diretor financeiro, como também auditor de todas
as empresas do grupo, instaladas no país. Após sua aposentadoria, Mizael foi
indicado membro do Conselho Consultivo do grupo empresarial. A história termina
com Mizael diretor de uma emissora católica. Esta em especial é uma das setenta
e oito histórias que ilustra Memórias de Aracaju – Bodegas, do habilidoso
Expedito Souza, filho de Riachão do Dantas/SE, escritor, experiente
profissional da área econômica, festejado professor universitário.
* Sandra Natividade - cadeira n.12 Da Academia Literária de
Vida e Membro da Academia de Letras de Aracaju, cadeira 19.
Texto e imagem reproduzidos do blog: academialiterariadevida.blogspot.com
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