A Academia Sergipana de Medicina realizou na noite de 16 de
setembro de 2020 uma cerimônia gloriosa e que vai ficar marcada indelével nos
anais do sodalício. Numa sessão pela
plataforma Zoom, com mais de cinquentas pessoas presentes na sala virtual, a
Academia, sob o comando do seu presidente, Acad. Roberto César do Prado, celebrou
o Centenário de Nascimento do médico Gileno da Silveira Lima, idealizador,
organizador e fundador do sodalício em 1994.
Após a abertura oficial, os votos de boas-vindas (inclusive
à família do homenageado, presente em grande número) e a execução do Hino
Nacional, o Mestre de Cerimônias, Acad. Lucio Prado Dias, nominou as
autoridades presentes, entre elas, o Presidente da Federação Brasileira de
Academias de Medicina – FBAM – Acad.
José Roberto de Souza Baratella, da Academia de Medicina de São Paulo, do
Decano e Emérito da Academia de Medicina da Bahia Geraldo Leite, que também é o
presidente nacional da ABROL – Academia Brasileira Rotária de Letras -, do
Presidente da Academia Pernambucana de Medicina, Acad. Hildo Azevedo, dos
Presidentes das Academias Sergipanas de Letras e de Educação, José Anderson
Nascimento e Jorge Carvalho respectivamente, do ex-senador da República e
vice-presidente da ASL Acad. Francisco Guimarães Rollemberg, do Presidente da
Sociedade Médica de Sergipe Acad. José Aderval Aragão, do presidente da
ABROL-SE Acad. João Macedo Santana, do Acad. Hesmoney Ramos Santa Rosa
(presidente eleito da SOMESE) e dos acadêmicos, além do já citados, José
Hamilton Maciel Silva, Goedete Batista, Fedro Portugal, Zulmira Freire Rezende,
Ildete Caldas, Antonio Carlos Sobral Sousa, Antonio Samarone, Paulo Amado
Oliveira, William Soares, José Teles de Mendonça, Sonia de Oliveira Lima,
Geraldo Bezerra e Anselmo Mariano.
Em seguida, aconteceu o “Elogio” ao homenageado, feito pelo
Acad. Marcelo Ribeiro, lido na sessão pelo Secretário-geral Lúcio Prado Dias,
em razão de problemas de conexão do orador oficial, que impediu a sua
participação on-line.

No seu discurso, Marcelo Ribeiro ressaltou que a ideia era comemorar o centenário de doutor Gileno da Silveira Lima na época adequada, em abril passado. Porém a pandemia obrigou o adiamento da homenagem e, ainda assim, utilizando este ainda estranho, ao menos para ele, meio de comunicação. “Nós sergipanos somos, em geral, bairristas. Confesso uma sincera satisfação e indisfarçável orgulho com as vitórias e conquistas dos nossos conterrâneos, principalmente quando vencem lá fora. Mas seria injusto não incluir pessoas de grande quilate que, embora advindos de outros estados ou até de outros países, aqui se fizeram sergipanos, aqui contribuíram para sedimentar nossa sergipanidade. O baiano Gileno Lima, Presidente de Honra “AD PERPETUUM” da Academia Sergipana de Medicina é um desses admiráveis personagens. Quando assumi a Cadeira 5 nesta Casa, senti o peso da responsabilidade. O próprio Gileno cuidou de me tranquilizar, ao deixar registrado num dos seus discursos o que recolhera do Livro da Sabedoria: “O Senhor não escolhe os capacitados. Capacita os escolhidos”.
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Gileno Lima, com a esposa Mariantônia, recebe a Medalha do Mérito Médico Nacional da FBAM |
Após ressaltar a trajetória de vida de Gileno Lima,
ressaltou as suas três principais realizações reconhecidas pelo próprio
homenageado: a transformação monumental que fez no Hospital Santa Isabel, no
final dos anos cinquenta e inicio dos
sessenta, após assumir o comando da entidade num momento trágico da vida
sergipana: a morte violenta do médico
Carlos Firpo, então diretor do centenário hospital, o mesmo em que Augusto
Leite, em 1914, realizou a primeira laparotomia de Sergipe (abertura cirúrgica
da cavidade abdominal).
Anos depois dessa pioneira cirurgia, Augusto saiu do
hospital contrariado com decisões da mesa administrativa do hospital e
vaticinou: “Nunca mais porei os pés nessa instituição!” E cumpria a promessa há
mais de 30 anos, somente interrompida pela ação
gigantesca e decisiva de Gileno Lima que, ao inaugurar um novo centro
cirúrgico, em 1962, moderníssimo, denominou o espaço com o nome do consagrado
esculápio e “costurou” uma série de providências para que o Dr. Augusto pudesse
voltar à velha Casa. Relembra inclusive as palavras de Gileno naquele momento
mágico: “Na data aprazada, lá estava o Dr. Augusto, com seu passo lépido e
seguro, percorrendo o chão do Santa Isabel, do qual se afastara há mais de 30
anos! A sua alegria era transparente e contagiante! Parecia uma criança que,
após longos anos de ausência, voltava ao palco das peraltices de sua meninice!
A cada instante, identificava as mudanças do Hospital e, dedo em riste,
lembrava: aqui, era a Sala de Cirurgia; ali, a Sala de Curativos; acolá, a
Clausura; mais adiante, as Enfermarias tais e tais, citando, até, os nomes de
algumas Irmãs!”.
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Sempre uma boa conversa |
A outra grande
realização do médico Gileno Lima foi exatamente a fundação da Academia
Sergipana de Medicina em 1994. Graças a sua determinação, estoicismo, dedicação
e esforço pessoal, ajudado por meia dúzia de abnegados e pela Somese, que na
época eu presidia, a Academia se tornou uma realidade, hoje consolidada como
fiel depositária da memória médica de Sergipe. Não foi sem motivos pois que
propus duas ações aprovadas por unanimidade pelos meus pares: denominar
informal e carinhosamente o sodalício como “Casa de Gileno” e promovê-lo, após
a sua morte, em maio de 2016, à condição de Presidente de Honra da ASM. Duas
condições extremamente gratificantes para mim. Gileno Lima foi um grande amigo,
confidente, cliente ( sempre estava na Livraria Canal Livro, comprando um
livrinho, segundo ele, para me ajudar!), mais acima de tudo, um exemplo para
mim, pela elegância, simpatia, generosidade e humildade.
E concluiu Marcelo Ribeiro, na sua saudação: “Ninguém mais venerável do que o médico Augusto César Leite, para sobre ele vaticinar: “Sergipe saberá guardá-lo no seu coração”. Outro fato importante na sessão foi a comunicação da criação da Comenda Gileno Lima, pela ASM, para homenagear personalidades que se destacarem anualmente por ações em prol da Academia e da Sociedade.
No encerramento da sessão, a filha primogênita do Dr. Gileno, a Sra. Lícia Violeta, em nome da família, agradeceu sensibilizada à Academia Sergipana de Medicina pela homenagem prestada ao seu pai. De fato, foi uma sessão para ficar na história do sodalício. A Academia Sergipana de Medicina jamais esquecerá o seu fundador! Gileno vive! Viva Gileno!
Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br
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