Jenner Augusto (Foto reproduzida do site: nordestebrasileiro.tumblr.com).
Obra Flagelados.
Fotos para ilustração de artigo, postadas por MTéSERGIPE.
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Livro “Jenner Augusto - Vida e Obra”.
Produção do livro e textos são de Mário Britto e do neto do
artista o marchand Zeca Fernandes que também organizou...
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Publicado originalmente no site da Tribuna da Bahia, em
04/06/2012.
Jenner Augusto - vida e obra.
Por Fernando Freitas Pinto*
(...) Jenner nasceu em Sergipe, mas vivenciou a Bahia com
entusiasmo, deixando um acervo grandioso com uma bela memória artística de
grande valor, ficando assim imortalizado em suas obras. Jenner faleceu aos 78
anos de idade em março de 2003. Suas pinturas se destacam pelas pinceladas
coloridas e luminosas nos trabalhos figurativos, abstratos e nos desenhos com
caneta de feltro e nanquim, revelando sensibilidade, criatividade e técnica
apurada.
Fez sua primeira exposição em Sergipe no ano de 1945.
Fixando residência em Salvador, passou a trabalhar no atelier de Mario Cravo
Jr, em 1950 fez sua primeira exposição na Bahia, quando integrou a mostra
“Novos Artistas Baianos”, no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.
Participou do 1º Salão Baiano de Belas Artes e em 1952,
realizou ampla mostra na Galeria Oxumaré com pinturas e desenhos, além de um
grande mural no Centro educacional Carneiro Ribeiro, denominado “A Evolução do
Homem”.
Ainda em Salvador, realizou grandes exposições individuais
no Museu de Arte Moderna, no Escritório de Arte da Bahia, na Atrivum Galeria de
Arte e no Espaço de Arte Jenner, criado em sua homenagem no ano de 1994, além
de um currículo invejável. Expos nos Estados Unidos, Itália, Holanda,
Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, Portugal e em importantes cidades
brasileiras.
Tem dezenas de catálogos e importantes livros que registram
a sua vida e obra, a exemplo de “Jenner – A Arte Moderna na Bahia” de Roberto
Pontual em 1974, “Jenner” de Bruno Furrer, “Jenner Augusto Desenhos”, em 2003,
organizado por Claudius Portugal, e “Jenner da Natureza em Busca da Cor”
editado pelo Palacete das Artes Rodin Bahia.
Nesse belo livro, com mais de 300 folhas, que acaba de ser
lançado sobre a vida e obra de Jenner, tem duas centenas de fotografias de
desenhos, pinturas e do artista com amigos e familiares. Têm depoimentos de
Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Guel Silveira, Christine Gleiny, Ana
Maria Medina, Ana Leonor Brandão, Mario Britto, Carlos Britto, Heloisa Galdino,
Cesar Britto, Aglaé D’Ávila, Leonardo Alencar e Carlos Cauê.
Cito um trecho do escrito do saudoso Jorge Amado sobre a
obra de Jenner: “... Jenner Augusto, nascido na pobreza, resultante do latifúndio
no pequeno Estado de Sergipe, fez-se artista na Bahia, pioneiro na arte
moderna, pintor de suas paisagens e de sua realidade de beleza em longo, duro e
incansável trabalho, sente-se uma qualidade brasileira, marca original que lhe
dá uma presença no tempo e no espaço, que a torna inconfundível: pintura de
Jenner Augusto e de nenhum outro pintor, não é a cópia da pintura europeia, nem
a imitação de algum mestre; é um pintor brasileiro, amadurecido em sua
experiência humana e artística, pintando com as cores de sua terra, com o jeito
de sua vida nacional, com a preocupação de seus problemas, com os sentimentos
de seu povo. Jenner Augusto, jovem mestre de nossa jovem pintura.
Desse pintor há que dizer ter ele construído a matéria de
sua vela e poderosa arte com o céu, o mar e a terra brasileira e com a dor, e
sofrimento e a esperança de seu povo. A paisagem quase mágica da Bahia, a vida
se afirmando sobre a lama dos Alagados – a cidade de palafita e de miséria onde
os homens comprovam sua capacidade de sobreviver e de marchar adiante mesmo em
meio às mais terríveis condições -, eis a força desse moço vindo dos poços da
humildade para o esplendor de uma luz que é de nosso sol e é também do coração
dilacerado do artista.
Poucos artistas no Brasil com tão clara consciência de sua
responsabilidade, de seu comprometimento e de sua dignidade criadora. Poucos
com tão rica e pesada carga de vida e com tamanha força para transpô-la para o
plano de arte e transformá-la em mensagem do mais puro humanismo.”
*Fernando Freitas Pinto é artista plástico e professor da
UFBA.
Trecho reproduzido do site: tribunadabahia.com.br
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