Publicado originalmente no blog Outra Versão!
Quem foi o vaqueiro Simão Dias?
Por Marcelo Domingos de Souza*
O nome do município é uma homenagem a Simão Dias, figura
histórica que desde a emancipação política teve seu nome envolvido em calorosos
debates sobre a sua real participação na origem da povoação. O município se
originou como como conseqüência da invasão holandesa em Sergipe, pois com a
eminência de uma ocupação o governo geral ordenou que o gado fosse evacuado. No
entanto Braz Rabelo, latifundiário das terras de Itabaiana decidiu que o gado,
ao invés de ser evacuado para além da margem sul do Rio Real, fosse escondido
nas matas do Caiçá.A região, onde hoje está a cidade, era povoação de índios
que habitavam as margens do Rio Caiçá. Este hoje banha a cidade totalmente
poluído. A emancipação veio com a República por decreto de Felisberto Freire
quando exercia o mandato de presidente do Estado de Sergipe, o que equivaleria
a Governador de Estado atualmente. Este, um dos primeiros historiadores
sergipanos, defendeu a origem histórica do vaqueiro afirmando em seu livro
“História de Sergipe” que:
“Os terrenos onde está edificada hoje (1891) a Vila de Simão
Dias foram doadas a Simão Dias Fontes, Cristóvão Dias e Agostinho da
Costa”.(FREIRE: 1997, p. 322).
O mesmo baseava a sua informação em estudos que demonstravam
a existência de um homem chamado de Simão Dias Fontes, que juntamente com
Cristóvão Dias e Agostinho Costa solicitaram sesmarias ao governo real nos anos
de 1599, 1602 e 1607. O primeiro povoador também era conhecido como Simão Dias
Francês.
No entanto com passar dos anos personalidades locais
começaram a questionar a existência do referido povoador, levantado suspeitas
sobre existência do mesmo. O grande defensor dessa tese foi o Padre João de
Matos Carvalho que na intenção de Homenagear o Comendador Cel. Sebastião da
Fonseca Andrade, mais conhecido com Barão de Santa Rosa, bem com à sua esposa
resolveu desqualificar a tese defendida por Felisberto Freire. O padre tinha
parentesco com a esposa do comendador e valeu-se de uma poderosa retórica, como
também de várias controvérsias sobre a figura do vaqueiro Simão Dias. Esse
debate está relatado no livro com título “Simão Dias ou Anápolis? Resenha
histórica de sua fundação” publicado em 1912. Nesse livro ele levanta a tese de
que na verdade o município se originou do esforço de Ana Francisca de Menezes,
pois a mesma dou as terras onde hoje está edificada a Matriz de Santana. Nesse
mesmo local, no passado, foi edificada uma capela onde daria origem à
freguesia, posteriormente a Vila e por fim o Município. Sob esses argumentos o
município teve então seu nome alterado em 25 de outubro de 1912, passando a se
chamar “Anápolis” , como homenagem à Ana Francisca de Menezes e Ana Freire de
Carvalho, esposa do Barão.
No entanto, os debates continuaram acalorados. Felisberto
Freire, bem como vários intelectuais sergipanos e simãodienses defenderam com
veemência o nome do Vaqueiro Simão Dias, como o primeiro povoador. O questão
seria revista durante o Estado Novo, quando após a criação do IBGE por Getúlio
Vargas, ficou vedada a existência de cidades com o mesmo nome no território
Nacional. Como existia um município goiano com esse nome, e mais antigo, a
Anápolis sergipana teve que voltar a se chamar Simão Dias, pelo decreto Lei nº
533, de 7 de dezembro de 1944.
* Licenciado em História pela Universidade Federal de
Sergipe - UFS.
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