Imagem reproduzida do site da SEGRASE, e postada pelo blog
para ilustrar o presente artigo
A morte nos deixa órfãos de Amaral Cavalcanti
Por Ivan Valença (Blog Infonet)
É com imensa tristeza que registramos o passamento do
jornalista e poeta Antônio de Amaral Cavalcanti, que nos deixou ontem de
madrugada aos 73 anos de idade, vítima de um câncer miserável. Cavalcanti,
natural de Simão Dias, veio para Aracaju ainda na pré-adolescência e aqui fixou
residência. Trabalhou em diversos setores da vida pública, mas ficou conhecido
como integrante do staff da SCAS (Sociedade de Cultura Artística de Sergipe).
No comecinho dos anos 80 legou ao nosso público sua obra-prima, o jornal “Folha
da Praia” que, com apenas duas edições, tornou-se o xodó do público leitor
aracajuano. Era impressionante a
papelada que ele carregava na hora de editar o jornal. Dono de um bom humor
fora de série, Amaral Cavalcanti carregava o “Folha da Praia” nas costas
praticamente sozinho. O jornal, porém, foi um sucesso de público
extraordinário. Poucos veículos impressos em Aracaju conseguiram o prestígio do
“Folha da Praia”, embora sob a coordenação de um homem só. O próprio Amaral
Cavalcanti. O jornal era um reflexo de sua personalidade, inclusive o retrato
fiel do seu bom humor. Naquela época, estava nascendo o pedaço de praia que
ficou conhecida como “Praia dos Artistas”. Amaral e mais uns dois ou três
amigos chegavam na praia com os inúmeros pacotes contendo a edição daquele
domingo. Mal iniciava a distribuição e
uma multidão o cercava em busca de exemplares.
Do “Folha” Poucas vezes se viu coisa parecida em Aracaju. Só não fazia
compor os textos. Pelos próximos 15 anos, Amaral Cavalcanti era o faz tudo do
jornal: de editor e revisor, a paginador, repórter e redator de matérias
especiais. A ele juntou-se anos depois, um companheiro, chamado Samuel que o
ajudava nas tarefas mais difíceis. Nos dias que antecediam a circulação do
veículo, Amaral chegava na redação carregando uma pasta cheia de papéis
riscados, amarrotados: eram as colaborações e todos que queriam ver seus textos
publicados nas prestigiosas página do jornal “Folha da Praia”. No âmbito da
Praia dos Artistas, Amaral era cercado por amigos e admiradores, todos atrás de
um exemplar, que ele entregava com a maior satisfação. Foi uma rotina de quase
30 anos, desde que o jornal surgiu e foi apresentado ao pública. Amante das
letras, Amaral era também um poeta de primeira linha. Chegar a publicar pelo
menos dois livros, mas praticamente fugia das chamadas “tardes de autógrafos”.
Geralmente, preferia aguardar os amigos e admiradores no interior da Livraria
Regina, na Rua João Pessoa e ali punha se autografo. Quem, quisesse encontrar Amaral
para troca de ideias agradáveis, era só procurá-lo no segundo andar do edifício
da Cultura Artística. Nas noites de sarau, via-se Cavalcanti melhor trajado e
recebendo com elegância e bom humor os associados da SCAS. Amaral praticamente
conhecia todo mundo em Aracaju. Uma pena que se foi tão cedo, sem se despedir.
Soube-se agora que ele era portador de um câncer que não largava do seu pé.
Dono de um humor ferino, Amaral Cavalcanti, sem dúvida, vai deixar
saudades. Acrescente-se que nos últimos
tempos, ele era o editor da revista “Cumbuca”, de caráter cultural, editado
pelo Município.
Texto reproduzido do site: infonet.com.br
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