quarta-feira, 8 de julho de 2020

A morte nos deixa órfãos de Amaral Cavalcanti

Imagem reproduzida do site da SEGRASE, e postada pelo blog
para ilustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 8 de julho de 2020

A morte nos deixa órfãos de Amaral Cavalcanti
Por Ivan Valença (Blog Infonet)

É com imensa tristeza que registramos o passamento do jornalista e poeta Antônio de Amaral Cavalcanti, que nos deixou ontem de madrugada aos 73 anos de idade, vítima de um câncer miserável. Cavalcanti, natural de Simão Dias, veio para Aracaju ainda na pré-adolescência e aqui fixou residência. Trabalhou em diversos setores da vida pública, mas ficou conhecido como integrante do staff da SCAS (Sociedade de Cultura Artística de Sergipe). No comecinho dos anos 80 legou ao nosso público sua obra-prima, o jornal “Folha da Praia” que, com apenas duas edições, tornou-se o xodó do público leitor aracajuano.  Era impressionante a papelada que ele carregava na hora de editar o jornal. Dono de um bom humor fora de série, Amaral Cavalcanti carregava o “Folha da Praia” nas costas praticamente sozinho. O jornal, porém, foi um sucesso de público extraordinário. Poucos veículos impressos em Aracaju conseguiram o prestígio do “Folha da Praia”, embora sob a coordenação de um homem só. O próprio Amaral Cavalcanti. O jornal era um reflexo de sua personalidade, inclusive o retrato fiel do seu bom humor. Naquela época, estava nascendo o pedaço de praia que ficou conhecida como “Praia dos Artistas”. Amaral e mais uns dois ou três amigos chegavam na praia com os inúmeros pacotes contendo a edição daquele domingo.  Mal iniciava a distribuição e uma multidão o cercava em busca de exemplares.  Do “Folha” Poucas vezes se viu coisa parecida em Aracaju. Só não fazia compor os textos. Pelos próximos 15 anos, Amaral Cavalcanti era o faz tudo do jornal: de editor e revisor, a paginador, repórter e redator de matérias especiais. A ele juntou-se anos depois, um companheiro, chamado Samuel que o ajudava nas tarefas mais difíceis. Nos dias que antecediam a circulação do veículo, Amaral chegava na redação carregando uma pasta cheia de papéis riscados, amarrotados: eram as colaborações e todos que queriam ver seus textos publicados nas prestigiosas página do jornal “Folha da Praia”. No âmbito da Praia dos Artistas, Amaral era cercado por amigos e admiradores, todos atrás de um exemplar, que ele entregava com a maior satisfação. Foi uma rotina de quase 30 anos, desde que o jornal surgiu e foi apresentado ao pública. Amante das letras, Amaral era também um poeta de primeira linha. Chegar a publicar pelo menos dois livros, mas praticamente fugia das chamadas “tardes de autógrafos”. Geralmente, preferia aguardar os amigos e admiradores no interior da Livraria Regina, na Rua João Pessoa e ali punha se autografo. Quem, quisesse encontrar Amaral para troca de ideias agradáveis, era só procurá-lo no segundo andar do edifício da Cultura Artística. Nas noites de sarau, via-se Cavalcanti melhor trajado e recebendo com elegância e bom humor os associados da SCAS. Amaral praticamente conhecia todo mundo em Aracaju. Uma pena que se foi tão cedo, sem se despedir. Soube-se agora que ele era portador de um câncer que não largava do seu pé. Dono de um humor ferino, Amaral Cavalcanti, sem dúvida, vai deixar saudades.  Acrescente-se que nos últimos tempos, ele era o editor da revista “Cumbuca”, de caráter cultural, editado pelo Município.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br

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