Foto reproduzida da TV SERGIPE e postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo
Texto publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Elton Coelho, em 7 de julho de 2020
O que mais posso fazer? Só agradecer, Amaral Cavalcante
Por Elton Coelho *
Poeta, ator, escritor midiático, jornalista, editor,
produtor cultural, inteligente, humano. O que mais posso falar sobre o cidadão
simãodiense Amaral Cavalcante, em sua deslumbrante passagem por este plano,
durante 74 anos? Pra mim, o Amaral foi um sopro de luz profissional, um amigo
de tantas horas, um quase pai do meu jornalismo.
No meio da década de 80, entre 83 e 85, dei alusão à escrita
em textos sobre a política brasileira e ao cotidiano de Aracaju/Sergipe.
Vivenciava o fim da ditadura militar e o início da democratização do país.
Precisava reverberar minha ânsia e o conhecido semanário ‘Folha da Praia’ foi
quem me abriu às portas. Lembro-me com riqueza de detalhes da extrema alegria
ao ver meu primeiro artigo num jornal tão lido pela intelectualidade sergipana,
ser publicado e reverenciado pelo editor, que eu nem conhecia: era ele, Amaral
Cavalcante.
Perspicaz, atento e sabendo lapidar o material bruto que se
aproximava da Folha, (ou do Folha como chamávamos), Amaral já tinha em suas
fileiras tantos outros honrosos colaboradores e de textos impecáveis como Hugo
Costa, Luiz Eduardo Costa, Luciano Correia, Barbudo’s, Jorge Carvalho, Fernando
Sávio, Carlos Cauê, Marcos Cardoso, Zenóbio Melo, e políticos neófitos que
também exalavam as tintas no semanário, como Marcelo Déda, Antonio Samarone,
Marcélio Bonfim e, mais, mais.
Nesse meio termo cheguei à Folha e, num momento em que quase
fui expurgado pela então secretária, pois estava acostumado às publicações e
até exigia suas postagens, foi o poeta que me repatriou e trouxe de volta.
Fez-me aprender a elaborar o jornal, aprontar a “boneca” da Folha, junto com
Antonio Passos, Guga Oliveira, Clóvis Bonfim, Edson, e também chegar à condição
de repórter, entrevistador, colunista do “Senadinho”, assinada por mim, além de
vendedor de páginas políticas (as famosas entrevistas), e espaços comerciais.
Aprendi muito. Foi a Folha da Praia minha primeira e grande Universidade,
aliada ao estudo acadêmico na então Faculdade Tiradentes (FIT’s), na rua
Lagarto.
Dali, atirei-me ao mundo do jornalismo já tendo aprendido
com a matriz, Folha da Praia, as correções e orientações, e muitas vezes mal
humoradas do editor Amaral. Um professor, articulista e antenado. Ali mesmo fiz
“minha régua e compasso”.
Hoje, 07 de julho de 2020, perdemos o poeta, o exímio
escritor de crônicas tão bem pinçadas, costuradas e douradas do cotidiano dele
e de nossa gente. Perdemos o intelectual promissor, cuja estatura maior se deu
há poucos anos com sua ascensão à Academia Sergipana de Letras. Mas perdemos o
humano, a figura agradável, de paladar amigável florescedor, que juntava cacos
de brigas e afagava a todo nós com flores, risos, humor inteligente e
sarcástico.
O que mais posso fazer, Amaral Cavalcante, a não ser
agradecer pelos seus ensinamentos e proeza cultural? Vá em paz, poeta, amigo,
imortal, sabendo que sua honrosa passagem frutificará por anos e anos de uma
geração promissora que está aí bebendo de sua sabedoria e convivência. Foi a
hora da sua partida, tristemente, para então nos encontramos mais além. Valeu,
poeta!
* Jornalista, historiador e Colaborador do Semanário Folha da
Praia
Texto reproduzido do Facebook/Elton Coelho
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