Publicado originalmente no site JORNAL DO DIA, em 01 de
Julho de 2020
Saudade matadeira
Em Sergipe, quando
morre um sanfoneiro, todos choram. Ainda mais se for um músico tão querido
quanto Edgar do Acordeom. Desde ontem, o estado inteiro está coberto de luto.
Natural de Malhada dos Bois, Edgar é conhecido em todo o
estado por ser um dos principais nomes do forró pé de serra e da cultura
popular sergipana. Em 2020, já havia completado 55 anos de uma carreira exitosa
e reconhecida, inclusive, fora de Sergipe.
Em uma vida consolidada pela dedicação à família e
sociedade, deixa um legado de mais de 60 composições próprias e uma história
que ainda continuará influenciando uma geração da cultura popular de Sergipe e
todos os colegas e amigos que, neste momento, reverenciam sua memória.
Autoridades, amigos e colegas lamentam a perda do músico. A
presidência da Fundação Aperipê divulgou nota de pesar, bem como a Funcaju e a
Secretaria de Justiça, órgão no qual o sanfoneiro atuava como servidor
concursado. Os depoimentos mais comoventes, naturalmente, partiram de quem teve
o privilégio da intimidade.
O jornalista Adiberto de Souza se manifestou publicamente.
"Sergipe perdeu um grande músico, um filho ilustre, um cidadão de bem e do
bem. Eu perdi um amigo, um grande amigo".
O sanfoneiro Lucas Campelo se referiu a Edgard do Acordeom como
um verdadeiro mestre. "Muitas saudades, muita aprendizagem ao lado desse
grande baluarte de nossa cultura sergipana, nordestina. Lembro do afeto, do
cuidado de Seu Edgard para com todos nós, a família da Orquestra Sanfonica de
Aracaju".
Campelo também lembra da atenção dedicada ao espetáculo
'Dominguinhos, através', quando dividiram o palco para interpretar 'Saudade
matadeira', de Dominguinhos e Anastácia.
"Fui recebido em sua casa com toda calma, tranquilidade
e paciência. Conversamos um bocado, uma extensão do que ocorria em nossos
ensaios da ORSA, passamos a música. De quebra, ele ainda me mostrou seus
discos, prêmios e o gibão de couro, que comprara todo orgulhoso e feliz do Rei
do Baião”. Campelo conclui, traduzindo o sentimento geral: "Hoje, a Saudade
matadeira é nossa, amigo...".
Edgar é mais uma vítima da Covid-19. Ele estava internado
desde o dia 17 de junho no Hospital Cirurgia, onde lutava insistentemente
contra a doença. Era casado e tinha cinco filhos.
Texto e imagens reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário