Foto reproduzida da TV ALESE e postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo.
Lá se foi Amaral Cavalcante.
Por Antonio Samarone
Nunca privei da sua intimidade, nem dos seus saraus, nem dos
seus vinhos. Já conheci Amaral grande ícone da cultura sergipana.
Sempre mantive uma distância respeitosa. Os gênios são
obviamente geniais e geniosos. Não gostam dos importunos. O tempo deles é muito
curto. Mantinha uma admiração cheia de prudência.
Escrever foi o seu destino. Escrevia melhor do que falava.
Era mais irônico, mais cortante, mais iconoclasta.
Disse Amaral, na posse da Academia Sergipana de Letras.
“Um dia, quando mais uma vez eu apoiava o queixo no balcão
do seu cartório, Seu Sininho me abordou”:
“Soube que você gosta de poesia; pois bem, eu tenho aqui um
livro de Ascenso Ferreira, um poeta sertanejo como nós. É seu.”
“Catimbó foi o meu primeiro livro de cabeceira.”
“Vim tangendo a mula da poesia, picando palavras por veredas
íngremes, calejando o coração em pedregulhos, arejando a alma nos vales
sertanejos onde crepita o sonoro matagal das palavras mais simples. Com
Ascenso, tostei os dedos no fogaréu dos poemas, sapequei minha alma no fogo de
si própria e emergi do caos em fantásticas pirotecnias. Vi queimar-se até a
última labareda o cepo mais recôndito da minha alma juvenil”.
Sergipe emburreceu, ficou menos sensível e mais sem graça.
Amaral foi um resistente. Deu combate sem trégua a
mediocridade provinciana.
A Peste nos causou mais esse mal! Seu corpo será cremado,
sem velório nem despedidas.
Morreu simbolicamente no Velho Hospital de Cirurgia
Dr. Augusto Leite.
Minha homenagem ao poeta Amaral Cavalcante.
Texto reproduzido do Facebook/Antonio Samarone
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