Publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 13 de julho de 2020
Zé Fernando será sepultado no Santa Izabel
Família informou que José Fernandes não morreu de Covid-19,
mas de uma parada cardíaca
O corpo do artista plástico José Fernandes está sendo velado
no Velatório OSAF, à rua Itaporanda, devendo ser sepultado às 10h30 desta
segunda-feira (13), no Cemitério Santa Izabel, em Aracaju. Ele morreu, neste
domingo (12), aos 60 anos, no Hospital de Cirurgia, em Aracaju. Segundo a
família, embora estivesse testado positivo para a Covid-19 no início do mês
passado, quando foi internado, o pintor não foi vítima do coronavírus, mas de
uma parada cardíaca.
Dias antes de ser hospitalizado, o artista reclamava de
algumas dores e fraqueza no corpo, mas não sentia necessidade de ir ao médico.
Porém, o caso se agravou ao ponto de ele não conseguir se alimentar mais
corretamente. Ao chegar na Urgência do Ipesaúde, Zé Fernandes foi diagnosticado
com pneumonia e em seguida testou positivo para o coronavírus. Desde então,
ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Cirurgia.
Segundo a família, o artista teve uma parada cardíaca no
sábado (11), mas os médicos conseguiram reanimá-lo a ponto de a esposa,
professora Cyntia Maria Alves, ter informado a um amigo que ele tinha
apresentado uma certa melhora. O quadro do artista se agravou no meio da tarde
deste domingo (12) ele veio a óbito após uma nova parada do coração.
Uma vida dedicada à pintura
Natural de Lagarto, José Fernandes tinha orgulho de dizer
que pintou seu primeiro quadro aos nove anos de idade: Um mendigo cansado com o
semblante triste. Contava que, satisfeito com o expressivo resultado, decidiu
que seria artista. Em 1976, depois de trabalhar por um curto período na Agência
Nacional de Notícias, como operador de telex, passou a viver das telas e dos
pincéis. Nesse mesmo ano, participou de sua primeira exposição coletiva na
Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju.
Natural de Lagarto, José Fernandes tinha orgulho de dizer
que pintou seu primeiro quadro aos nove anos
A iconografia de José Fernandes, formada por quadros, murais
e painéis, conjuga o real com onírico. Possuidor de estilo próprio, não segue
escolas ou regras estéticas. Sua arte dispensa assinatura, pois o seu traço
marcante e a sua inconfundível pincelada o denunciam ao primeiro olhar do
observador. Sua obra figurativa é fulcrada em temas regionais e norteada por
corpos e rostos femininos; feiras e mercados; pescadores e outros personagens
do cotidiano; cavalos, peixes, galos e, sobretudo, pombas, uma de suas marcas e
que o deixou conhecido como o artista das pombas. Para ele, a ave é “o símbolo
universal da paz, do amor, da harmonia e da fraternidade”.
Em 1977, participou da Escolar/97, promovida por Pincéis
Tigre, em São Paulo/SP. Em 1978, teve brilhante participação no VII Festival de
Arte de São Cristóvão. Depois, foi auxiliar de restauração do Museu de Arte
Sacra, através da Universidade Federal de Sergipe. No início da década de 80
morou em Brasília. Em 1982, voltou para Aracaju, mas a sua inquietude aliada ao
temperamento forte e à personalidade firme, não o permitiu fixar residência na
capital sergipana. Rio de Janeiro, São Paulo, Goiânia, Recife e Salvador, entre
outros rincões, são endereços alternativos de suas moradas.
Grandes mestres
Florival Santos, J. Inácio, Jordão de Oliveira e,
principalmente, Jenner Augusto são os artistas que mais influenciaram Zé
Fernandes, mas ele sempre destacava como de sua preferência pessoal Picasso e o
pintor goiano Siron Franco: “O possuidor de imaginário e linguagem
fantásticos”.
As obras de José Fernandes estão presentes em várias
coleções particulares, entre elas a da Presidente Dilma Rousseff, Caetano
Veloso, Arlete Sales, Cauby Peixoto, Ângela Maria, Tom Cavalcanti, Giliard,
Wando e Joana, bem como em museus, a exemplo do MAM, em São Paulo/SP e do MAB,
em Brasília/DF. No exterior estão, entre outros países, na Alemanha, no Japão e
nos Estados Unidos.
Em 1979, depois de haver realizado a sua primeira exposição
individual, na Galeria de Arte Álvaro Santos, em Aracaju/SE, José Fernandes vem
participando de inúmeras exposições em várias cidades brasileiras, como em
Aracaju/SE, em Salvador/BA, em Brasília/DF; no Rio de Janeiro/RJ; em São
Paulo/SP e, em Porto Alegre/RS, esta, em 1991, na Galeria Tina Zapolli, com
outros 22 artistas do Brasil, da Argentina e do Uruguai, ocasião em que o
jornal Zero Hora de Porto Alegre ressaltou que “A brasilidade, o lado onírico
na pintura, aparece no trabalho do sergipano José Fernandes.”
Laureado artista, em 1978 recebeu a Medalha de Prata, no
Salão Atalaia, em Aracaju/SE e o Prêmio Medalha de Bronze, no Salão Norcon de
Artes Plásticas, com a pintura “Mocidade Perdida”, uma de suas prediletas. Em
1980, foi premiado com a Medalha de Bronze, pela participação no Salão Atalaia,
em Aracaju/SE. Em 1981, fundou o Arte Belle, em Brasília/DF, participou do 70º.
Salão da Fundação Cultural do Distrito Federal e do XX Salão de Artes Plásticas
da Aeronáutica, no Centro de Convenções de Brasília/DF, no qual foi agraciado
com o Prêmio de Aquisição, na categoria pintura a óleo.
Zé Fernandes (E) inaugurando a escultura de um caju pintado
por ele no mercado de Aracaju
Movimento das artes
Idealizou, em 1982, com Anselmo Rodrigues e Marinho Neto, o
Movimento das Artes, que alavancou o mercado de arte de Sergipe, em Aracaju/SE.
Em 1983, foi selecionado para representar Sergipe no Circuito Nordeste de Artes
Plásticas. Em 1987, lançou álbum de xilogravuras. Em 1988, é homenageado pela
Rede de Televisão Aperipê, de Aracaju/SE, com o documentário “Memória José
Fernandes”’.
No exterior, em 1990, participou de exposição coletiva na
Dodge House Gallery, em Rhode Island, Estados Unidos da América. Em 1991,
venceu o concurso de cartazes das Universidades Brasileiras e fundou a
Associação dos Artistas de Sergipe, de onde foi eleito Tesoureiro e depois
Presidente. Em 1993, foi premiado no Salão Bradesco, em Aracaju/SE. Em 1995,
foi nomeado diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos.
Em 2000, idealizou e participou da coordenação do I Encontro
Cultural e Esportivo do Conjunto Inácio Barbosa, no bairro Inácio Barbosa, em
Aracaju/SE. Participou do catálogo “Rumos, Artes Plásticas Sergipe 2000”,
patrocinado pelo Banco do Estado de Sergipe. Em 2011, participou do projeto
Caju na Rua e, em 2003, idealizou o projeto Aracaju de Tototó.
Em 2013, foi tema do kit: “Traços de personalidade e cores
de sergipanidade”, da Gráfica e Editora J. Andrade. Quatro de suas obras, em
2013, foram reproduzidas em 12.000 latinhas colecionáveis, como brinde da
promoção do Dia das Mães do Shopping Jardins, em Aracaju.
Por destaquenoticias, com Informações da PGE/SE
Texto e imagens reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br
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