sábado, 30 de março de 2019

Genealogia Sergipana


Publicado originalmente na fanpage Facebook/Lilian Rocha, em 23 de março de 2019

Genealogia Sergipana 

Sempre fui muito ligada à família e, sobretudo, a histórias de família. Adoro saber os costumes da época, como os casais se conheceram, onde moravam, por que os filhos receberam aqueles nomes, enfim, esse sempre foi um assunto que me fascinou. Infelizmente, poucas são as pessoas que sequer sabem o nome completo dos seus avós e, muito menos, dos seus bisavós...

Mas eu conheci uma pessoa infinitamente mais curiosa que eu. Que lia, pesquisava, perguntava e anotava tudo o que ia descobrindo. Esse homem se chamava CARLOS CABRAL DE ANDRADE e era o irmão mais velho de minha mãe. Foi com ele que aprendi o significado da palavra “genealogia”.

Tio Carlos era completamente fascinado por Genealogia. Ele pesquisou tanto sobre a nossa família “Cabral de Andrade” que acabou descobrindo muito mais do que imaginava sobre os nossos antepassados. Como ele era de Capela, assim como seus pais, ele foi “andando para trás”, literalmente, até conseguir chegar aos fundadores de Capela: o capitão Luiz de Andrade Pacheco e sua esposa, Perpétua de Matos França. Esse simpático casal fez uma doação de terras, no valor de 100 mil réis, para o patrimônio da “Capela da Purificação de Nossa Senhora”. Depois que eles morreram, seu filho mais velho, Diogo Pereira Soares, doou mais 500 braças de terras à mesma capela. Isso explica, portanto, a origem do nome do município de “Capela”, já que a cidade começou a surgir em torno da velha capelinha.

E pesquisando esses velhos arquivos do século XVII, tio Carlos descobriu também que esse casal teve, pelo menos, 5 filhos. O primeiro foi Diogo que também doou terras, o segundo foi um padre e a terceira se chamava Lourença. É justamente esta Lourença que deu origem à nossa família...
Lourença se casou com o capitão Jorge Palatem, um descendente de alemão, e com ele teve dois filhos: Maria Perpétua e Manuel.
Maria Perpétua quis imitar sua mãe e também se casou com um capitão, chamado Francisco. Só que, ao contrário de sua mãe, Perpétua foi mais longe e teve 11 filhos! Seu filho mais velho chamava-se Antônio de Melo Vieira Cabral, mas era conhecido como “Capitão Melão” (cá com meus botões, eu imagino que ele devia ser gordo e como seu sobrenome era “Melo”, virou “Melão”...). Ele também foi longe, teve 10 filhos!

Mas é o segundo filho do capitão Melão o que mais nos interessa! Ele recebeu o mesmo nome do seu bisavô: Jorge Palatem de Melo Cabral. Esse Jorge teve 8 filhos, mas é o primeiro deles o que mais nos interessa...
Chamava-se Francisco Vieira de Melo Cabral. Francisco se casou com uma prima distante, chamada Honorina Telles, mas o casamento só durou 8 anos, pois ele morreu com apenas 35 anos, coitado, deixando duas filhas ainda crianças: Maria Noêmia, com 6 anos, e Graziela, com 5.
Maria Noêmia Telles Cabral foi justamente a mãe de tio Carlos, de minha mãe e de mais 7 tios. E minha avó.

Tio Carlos acabou descobrindo, portanto, os dois primeiros sobrenomes que deram origem à nossa família, pelo lado materno: TELLES + CABRAL. Restava, agora, descobrir os nossos antecedentes pelo lado paterno, ou seja, de onde teria vindo o nosso sobrenome “Andrade”...
Para isso, vamos voltar lá pra história daquele simpático casal que fundou Capela e teve 5 filhos...

Como já vimos, a terceira foi Lourença que deu origem à família de minha mãe. Depois de Lourença, nasceu Tomaz de Aquino, o quarto filho.
O primeiro filho de Tomaz chamava-se Luís de Andrade Pacheco. Luís se casou com Maria Rosa e teve 8 filhos. Mas é o primeiro deles o que mais nos interessa...

Chamava-se João de Andrade Vieira. João nasceu em Divina Pastora, casou-se com Joana e teve 8 filhos (o povo de antigamente era danado pra fazer filho...). Mas é o sexto filho o que mais nos interessa....

O nome dele também era João de Andrade Vieira, ou seja, o mesmo nome do seu pai. João se casou com Maria Rosa e teve duas filhas apenas: Fausta e Francisca.
Vocês podem até se espantar: duas filhas só? Pois é, eu também achei estranho e, por isso, fui logo olhar a data de falecimento dele e descobri que ele morreu com 29 anos apenas. Ou seja, só teve mesmo tempo de fazer duas filhas...
Bom, quando João morreu, suas filhas eram bem novinhas ainda. Fausta tinha 4 anos e Francisca, 2. Aos 21 anos, Fausta se casou com José Vieira de Andrade e teve 10 filhos. Já Francisca se casou com Pedro, que já tinha sido casado duas vezes, e teve 13 filhos! Mas é Fausta quem mais nos interessa...

Como já disse, Fausta teve 10 filhos: Emília, Maria Rosa, Francisco, Jovino, Júlio (pai de Aminthas Garcez, do cartório, e de todos esses “Garcezes” tão conhecidos: Sylvio, Décio, Carmelita, Armando, João, Paulo, Fernando, Isaura, Luís...) Amélia, Adelina (mãe do jornalista Orlando Dantas), Afonso, Eduardo e Cristina.
Mas é Francisco Vieira de Andrade, o terceiro filho dela, que vai dar no pai de minha mãe...

Francisco, que era Vieira de Andrade, se casou duas vezes. A primeira vez, com uma prima sua, chamada Maria Hercília Barreto Dantas, e teve 9 filhos: Antão, Esther (mãe de Maria Esther, de Pedro Barreto - pai de Pedrito Barreto – e de Cenyra), Bráulio, Raul, Heribaldo, Cleodice, Aloysio, Jandyra e Cordélia, todos "Dantas Vieira".
Quando sua mulher morreu, aos 60 anos, Francisco se casou de novo, quatro meses depois, com outra prima sua, chamada Elvira Cabral Leite. E com ela, teve mais dois filhos: Fernando e Ary Cabral Vieira.

Foi justamente Antão Correa de Andrade, o primeiro filho de Francisco, que se casou com minha avó Maria Noêmia. Ela “veio” lá da parte de Lourença e ele “veio” de Tomaz de Aquino, a terceira e o quarto filho dos fundadores de Capela, respectivamente.

Tio Carlos, então, descobriu os novos sobrenomes que deram origem à nossa família pelo lado paterno: DANTAS + VIEIRA. E de quebra, os Barreto e os Andrade.
E ele gostou tanto do que descobriu, que não parou mais de descobrir. Foi um incansável estudioso do assunto, por mais de 30 anos e deixou seus registros escritos à mão em mais de 20 cadernos. Sonhava em publicar, pelo menos, um deles, justamente o que continha a história de nossa família. Mas morreu em 1998, antes de realizar esse sonho.
Com o seu falecimento, parte de sua biblioteca gigantesca e todo o seu acervo de genealogia passou às mãos e aos cuidados de Petrônio, meu irmão, um outro apaixonado por livros. Mas criou-se um impasse: ninguém entendia de genealogia. E agora? Foi aí que Ricardo, meu irmão mais velho, decidiu dar continuidade àquele trabalho de três décadas.
A essa altura, já existia computador e um programa próprio pra isso que consegue cruzar as informações e vai aumentando o número de dados. Mas, para isso, era preciso digitalizar todos aqueles velhos cadernos de tio Carlos escritos à mão. E Ricardo mergulhou fundo nessa árdua tarefa. Passou para o programa de computador todos esses dados, escaneou todas as fotos e aumentou, significativamente, o número de informações E como tio Carlos, também sonhou em publicar esse trabalho. Mas morreu em 2006, antes de ver realizado esse sonho.

Com o seu falecimento, Petrônio se rendeu. Sabia que agora caberia a ele a responsabilidade de publicar e, mais do que depressa, arregaçou as mangas e tratou de aprender a mexer naquele estranho programa. Com a ajuda valiosa de um primo nosso, chamado Ricardo Teles, outro apaixonado por genealogia e que já tinha publicado o primeiro volume de Genealogia Sergipana, os dois conseguiram aprontar o segundo volume e me deram para fazer a revisão...
Bom, pra vocês terem uma ideia, isso aconteceu há mais de 3 anos atrás. O que era pra ser só uma revisão, acabou virando um trabalho enorme. Como revisar um trabalho cheio de referências, de notas de rodapé e com tantos nomes e datas que obedeciam a uma numeração estranha, feita em algarismos romanos? Confesso que foi duro! Acho que “desmanchei” esse livro umas vinte vezes, pois é um trabalho tão minucioso, que cada vez que eu retornava, depois de uma pausa de algumas semanas, por exemplo, eu já tinha esquecido qual a linha de raciocínio que eu tinha usado...
Mas devo confessar que foi um trabalho apaixonante, sem dúvida nenhuma. À primeira vista, parece um livro muito sem graça, que “não tem o que ler”. Mas é ali mesmo, no meio daquelas centenas de nomes e datas, que a gente vai conhecendo a história de muitas pessoas, de muitas famílias.
Tive pena, por exemplo, de uma certa senhora que teve vários filhos e todos morreram ainda crianças. Fiquei imaginando de que doença elas teriam morrido...
Descobri também que era muito comum um viúvo se casar com a cunhada...
Descobri que era costume batizar o próximo filho com o mesmo nome do filho que havia morrido antes. Na genealogia, isso é indicado com a observação “o segundo no nome”...
Descobri, também, que muitos dos sobrenomes “de Jesus”, “dos Anjos”, “de São José”, “da Natividade”, “da Anunciação”, por exemplo, na verdade não eram sobrenomes e sim, apenas denominações católicas que os pais davam, normalmente, às filhas, por algum motivo.

Mas descobri, principalmente, que tio Carlos tinha razão quando nos dizia que quase todos nós éramos “primos”. E a prova disso foram os vários sobrenomes que foram se juntando aos da minha família: Sobral, Mota, Guimarães, Ribeiro, Vasconcelos, Almeida, Figueiredo, Leite, Accioly, Monte, Garcez, Carvalho, Oliveira, Machado, Duarte, Góes, Muniz, Campos, Maynard, Sousa e tantos outros...

Muito mais que um livro, portanto, este é um trabalho de 60 anos que não podia ficar guardado na gaveta. Um sonho acalentado por tio Carlos Cabral e meu irmão, Ricardo. E que, graças à determinação de Petrônio e à colaboração de Ricardo Telles vai, enfim, ser realizado.

Porque, como dizia Raul Seixas, “um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só; mas um sonho que se sonha junto é realidade...”

(Lilian Rocha – 23.03.19)

É com muito prazer que convidamos vocês para a realização deste sonho!

Dia: 10 de abril de 2019 (aniversário de Carlos Cabral)
Local: ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS
Horário: 18:30

Texto e imagem reproduzidos da fanpage Facebook/Lilian Rocha

Luiz Americano, um sergipano na história da MPB


Publicado originalmente no Facebook/Marcos Cardoso, em 29 de março de 2019

Luiz Americano, um sergipano na história da MPB

Por Marcos Cardoso

Há 59 anos, no dia 29 de março de 1960, morria no Rio de Janeiro o músico Luiz Americano Rego. Nascido em Itabaiana, ele tinha 60 anos e foi, além de compositor, um dos mais virtuosos clarinetistas e saxofonistas brasileiros.

Ele fez sucesso como compositor, intérprete e foi um solista de destaque e muito solicitado, gravando com os mais prestigiados cantores e orquestras da época. Atuou no teatro musicado e participou como músico de estúdio das orquestras da Rádio Mayrink Veiga, entre os anos 1930-1950, e da Rádio Nacional, até a sua morte. Ainda na década de 20 foi músico da Rádio Sociedade, a primeira do Brasil.

Segundo o “Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira”, o pai de Luiz Americano era mestre de banda em Aracaju e foi com ele que começou a estudar música aos 13 anos. Em 1918 foi servir ao Exército e entrou para a banda do seu quartel na capital sergipana. Serviu também em Maceió e, em 1921, foi transferido para o 3º Regimento de Infantaria, no Rio de Janeiro.

Depois que saiu do Exército, permaneceu no Rio e passou a atuar como instrumentista em diferentes orquestras e acompanhando algumas gravações realizadas na Odeon, onde gravou seu primeiro disco em 1927, interpretando ao saxofone a valsa “Leda” e o choro “Sentimento”, ambos de sua autoria.

Em 1928, foi para a Argentina, atuando na orquestra do baterista norte-americano Gordon Stretton. Trabalhou também com a orquestra do argentino Adolfo Carabelli. E atuou com Pixinguinha, Donga e João da Bahiana no Cabaré Assírio. Em 1929, gravou, ao clarinete, o choro "Dindinha" e, ao saxofone, o choro "Lysses", de sua autoria.

Regressou ao Rio de Janeiro em 1930, quando formou um conjunto de danças denominado American Jazz Orquestra, que durou dois anos. Em 1931, gravou na RCA Victor, de sua autoria, o choro "Numa serenata" e a valsa "Lágrimas de virgem", que foi uma das músicas de destaque do ano.

Em 1932, passou a integrar o Grupo da Velha Guarda atuando ao lado de Pixinguinha, Donga, entre outros. Logo integrou o grupo Diabos do Céu, formado por oito músicos também regidos por Pixinguinha. No mesmo ano, gravou no saxofone o choro "Eu te quero bem" e no clarinete, a valsa "Melodia de um olhar", ambos de sua autoria.

Nessa época, realizou gravações para a Odeon mostrando um repertório próprio no qual se destacam o choro "É do que há" e a outra vez a valsa "Lágrimas de virgem". Esta lhe rendeu em direitos autorais o suficiente para comprar a casa em que residiu no bairro de Brás de Pina.

Em 1933, Sérgio Brito colocou letra na valsa "Ao luar", que foi gravada na Odeon pelo cantor Castro Barbosa. Em 1934, gravou de sua autoria o choro "De passagem pela Arábia" e a valsa "Léa". No mesmo ano, gravou do maestro Radamés Gnattali o choro "Serenata no Joá" e a valsa "Vilma".

Em 1936, foi contratado como músico da Rádio Transmissora do Rio de Janeiro. No mesmo ano acompanhou a cantora Carmen Miranda no filme “Alô, Alô, Brasil”. Em 1938, a “Pequena Notável” o convidaria para ir com ela aos Estados Unidos, mas ele que já era conhecido como o homem da “clarineta de ouro” preferiu continuar no Rio.

Em 1937, integrou o Trio Carioca, com Radamés Gnattali ao piano e Luciano Perrone na bateria, numa inusitada experiência musical para a época. A idéia do grupo surgiu de Mister Evans, diretor da gravadora RCA Victor, inspirado no sucesso mundial do trio do clarinetista Benny Goodman. O Trio Carioca gravou apenas um disco com os choros "Cabuloso" e "Recordando", de Radamés Gnattali.

No mesmo ano gravou de Luperce Miranda o choro "Alma do norte" e participou como instrumentista da gravação da marcha "Mamãe eu quero", de Jararaca e Vicente Paiva. Gravou também com o Trio de Saxofones, criado por ele, a valsa "Irmã branca", de Lauro Paiva, e o choro "Eu te quero bem", de sua autoria.

Em 1938, gravou, também de sua autoria, a rumba "Meu Brasil" e o choro "O pandeiro do João da Bahiana", uma homenagem ao pandeirista pioneiro do samba carioca e, de Vicente Paiva, a valsa "Como é bom viver" e o choro "Um chorinho na Urca".

Em 1940, fez parte do grupo de músicos escolhidos por Pixinguinha, a pedido do maestro Heitor Villa-Lobos, para realizar apresentações e gravações com o maestro britânico Leopold Stokowski, que visitava o Brasil. No mesmo ano gravou ao saxofone a valsa "Vertigem", de Donga.

Participou de programas na Rádio Record, em São Paulo, e gravou com a Bandinha do Guedes na gravadora Colúmbia. Também foi da Rádio Globo.

Luiz Americano foi o solista na introdução do fox "Renúncia", sucesso que projetou o cantor Nélson Gonçalves, em 1942. Também acompanhou Silvio Caldas, Francisco Alves e Cartola. E, além de Pixinguinha, sempre esteve muito próximo de Jacob do Bandolim.

Em 1944, ele acompanhou com seu conjunto a cantora Aracy de Almeida na gravação dos sambas "O galo onde canta janta", de Roberto Cunha e Isidoro de Freitas, e "Na parede da igrejinha", de Ary Barroso. No ano seguinte, também com seu conjunto, acompanhou Aracy de Almeida na gravação dos sambas "Ele disse adeus", de Marino Pinto e Claudionor Cruz, e "João Cegonha", de Rubens Soares e David Nasser.

Em 1948, gravou na Continental, de sua autoria, o choro fandango "A clarineta do Garapa" e o choro polca "Um baile na Covanca". No ano seguinte gravou com Raul de Barros e Sua Orquestra, de sua autoria, os choros "Estes são outros quinhentos" e "Não está com tudo".

Ele não parava de ser solicitado e, no mesmo ano, fez parte do elenco e como músico do filme “E o mundo se diverte”, ao lado de Grande Otelo e Oscarito.

Em 1953, foi contratado pela gravadora Todamérica, onde estreou com os choros "Saxofone, por que choras?", de Ratinho, e "É do que há", de sua autoria, e as valsas "Aurora", de Zequinha de Abreu, e "Lágrimas de virgem", de sua autoria. Lançou pela RCA Victor os LPs "Chora, saxofone" e "Luiz Americano e seu conjunto".

Luiz Americano morreu provavelmente de cirrose, segundo noticiou o jornal “O Globo” na época, no Hospital do Radialista, onde ficara internado por mais de dois meses. Deixou viúva Erika Rego e três filhos, Leda, Lysses e Iolanda, frutos do primeiro casamento com Dulcineia. Foi sepultado no Cemitério de São Francisco Xavier (Cemitério do Caju), zona norte do Rio.

Ainda no começo dos anos 1960, a RCA lhe prestou homenagem editando elepê com seus maiores sucessos. Em 2001, foi homenageado pelo selo Intercdrecords com o CD "Luiz Americano - Saxofone, por que choras?”, com 14 das suas principais interpretações.

Ary Barroso, em entrevista para a "Revista da Música Popular", em 1954, citou Luiz Americano como um dos mais importantes músicos da música popular brasileira.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Marcos Cardoso

terça-feira, 19 de março de 2019

Sergipe perde uma grande figura humana com morte de Pascoal Nabuco

Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila:  um homem forte em seu tempo

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA. em 18 de Mar de 2019

Sergipe perde uma grande figura humana com morte de Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila

Sergipe perdeu nesta segunda-feira, dia 18 de março, um homem ativo, respeitado e de imensa valia nos campos da política, da justiça do Estado e de outras esferas do relacionamento humano. Trata-se do desembargador aposentado Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila, que partiu aos 81 anos – iria fazer 82 no dia 17 de agosto. Ele é de 1937.

Pascoal Nabuco foi de um tudo em Sergipe: prefeito de Estância, preso político, promotor de Justiça, secretário de Estado e desembargador, chegando à Presidência do Poder Judiciário sergipano. Era um homem conciliador, estudioso do Direito e das conformidades políticas e humanas. Tinha apenas uma cara.

Aposentado há 11 anos, em 2017 Pascoal Nabuco lançou mais um dos seus livros - e neste não deixou pedra sobre pedra na classe política de 1946 a 2016. Deu o nome de “Visão da Política de Sergipe” e o subtítulo “Tudo como dantes”. Não fez gracinha com ninguém.

Pascoal Nabuco faleceu em Salvador, na Bahia, onde esteve internado por quase um mês com problemas de enfisema pulmonar com evolução para renal. “Foram 29 dias de muito sofrimento e muito cuidado numa UTI. A dor é imensa”, disse, entre choros, a viúva, a conselheira aposentada do Tribunal de Contas de Sergipe, Maria Isabel Nabuco D’Ávila.

O velório está programado para acontecer no Cemitério Colina da Saudade, aqui em Aracaju, a partir da meia noite deste dia 18 e o sepultamento, nesta terça, 19, às 17 horas.

“O desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila foi um estudioso do Direito, um magistrado exemplar que, com dignidade, exerceu a jurisdição plena no Estado de Sergipe. Como presidente do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe no biênio 2003-2005, realizou uma administração inovadora, voltada para o engrandecimento da instituição, merecendo, por isso, toda a admiração dos seus colegas”, disse à Coluna Aparte o desembargador Osório de Araújo Ramos Filho, atual presidente do Poder Judiciário.

O desembargador Diógenes Barreto reconheceu o valor de Pascoal Nabuco no mundo da magistratura e lamentou a morte dele. “Para mim, Pascoal Nabuco foi um homem de uma inteligência ímpar e de bom relacionamento”, disse o desembargador.

“Dentro da magistratura, ele sempre tentou conciliar, mesmo em momentos difíceis e de divergências. A marca que o doutor Pascoal Nabuco me deixa é a de uma pessoa apaziguadora. Capaz de resolver as coisas difíceis no diálogo. Eu tenho por ele um respeito muito grande. De modo, que trata-se de uma perda irreparável”, completou Diógenes.

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Sergipe, Eduardo d’Ávila, vai nessa mesma linha. “Para Ministério Público e para o Judiciário, Pascoal Nabuco foi um ícone. Foi um grande administrador, grande colaborador do sistema de Justiça. É um homem que com certeza nos fará muita falta”, diz Eduardo.

Pascoal Nabuco era filho de João Nabuco D’Ávila e Maria de Lourdes Nabuco D’Ávila e nasceu em Riachuelo. Passou a morar em Aracaju em 1948, onde foi aluno do Colégio Tobias Barreto, em regime de internato e depois formou-se na Faculdade de Direito de Sergipe em 1961. Ele deixa dois filhos: Pascoalzinho e Jacqueline.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

Nota de falecimento: Desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila

Imagem reproduzida do site g1.globo.com e postada pelo blog SERGIPE...

Trecho de nota publicada no site: TJSE JUS, em 18 de março  de 2019

Nota de falecimento: Desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila

É com pesar que informamos o falecimento do Desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila, ex-Presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). O velório será realizado no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju, a partir das 23 horas, desta segunda-feira, 18/03, onde ocorrerá também o sepultamento, amanhã, às 17 horas.

Filho de João Nabuco D’Ávila e Maria de Lourdes Nabuco D’Ávila, nasceu em Riachuelo/SE, em 17 de agosto de 1937. Passou a morar em Aracaju em 1948, onde foi aluno do Colégio Tobias Barreto, em regime de internato. Formou-se na Faculdade de Direito de Sergipe em 1961. Casou-se em 1966 com Maria Isabel Carvalho, neta do Desembargador João Baptista Carvalho, primeiro Presidente do TJSE.

Antes de ingressar no Ministério Público, como Promotor de Justiça, em 1980, Pascoal Nabuco foi Prefeito de Estância, onde não concluiu o mandato por conta do regime militar. Ascendeu ao cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe em 5 de agosto de 1996. Foi Corregedor-Geral de Justiça no biênio 1999-2001, quando criou a Vara de Penas Alternativas e a Central de Mandados; e Presidente do TRE/SE no biênio 2001-2003.

Assumiu a Presidência do TJSE no biênio 2003-2005, quando reformou o antigo prédio do Tribunal de Justiça, o Palácio Silvio Romero, na Praça Olímpio Campos, criando no local o Memorial do Judiciário; construiu o Arquivo Judiciário, instalou os Fóruns Integrados e realizou um grande concurso para o TJSE. Aposentou-se em agosto de 2007...

Fonte: tjse.jus.br

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Morre o desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila

O desembargador faleceu nesta segunda, 18 (Foto: TJSE)

Publicado originalmente no site do Portal Infonet. em 18 de março de 2019

Morre o desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila

Faleceu nesta segunda-feira, 18, o Desembargador Manuel Pascoal Nabuco D’Ávila, ex-Presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE). Ainda serão noticiadas informações sobre o velório e sepultamento.

Filho de João Nabuco D’Ávila e Maria de Lourdes Nabuco D’Ávila, nasceu em Riachuelo/SE, em 17 de agosto de 1937. Passou a morar em Aracaju em 1948, onde foi aluno do Colégio Tobias Barreto, em regime de internato. Formou-se na Faculdade de Direito de Sergipe em 1961. Casou-se em 1966 com Maria Isabel Carvalho, neta do Desembargador João Baptista Carvalho, primeiro Presidente do TJSE.

Antes de ingressar no Ministério Público, como Promotor de Justiça, em 1980, Pascoal Nabuco foi Prefeito de Estância, onde não concluiu o mandato por conta do regime militar. Ascendeu ao cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe em 5 de agosto de 1996. Foi Corregedor-Geral de Justiça no biênio 1999-2001, quando criou a Vara de Penas Alternativas e a Central de Mandados.

Assumiu a Presidência do TJSE no biênio 2001-2003, quando reformou o antigo prédio do Tribunal de Justiça, o Palácio Silvio Romero, na Praça Olímpio Campos, criando no local o Memorial do Judiciário; construiu o Arquivo Judiciário, instalou os Fóruns Integrados e realizou um grande concurso para o TJSE. Aposentou-se em agosto de 2007.

No dia 6 de junho de 2018, abriu as portas da sua residência e concedeu entrevista, por mais de duas horas, ao Vivas Memórias, Projeto do TJSE que tem como objetivo preservar a história de pessoas que contribuíram para o Judiciário e para a sociedade sergipana. Um pequeno trecho da entrevista, que será disponibilizada na íntegra no Memorial do Judiciário, foi exibido na edição 294 do Programa Sergipe Justiça, e pode ser visto... (à partir da marca do tempo > 5:59)

Fonte: TJSE



Texto, imagem e vídeo reproduzidos dos sites Infonet e YouTube

domingo, 10 de março de 2019

O Circo de Zé Bezerra


Publicado originalmente no site 93 Notícias, em 8 de março de 2019

O Circo de Zé Bezerra
Por Antonio Samarone

Hoje tem espetáculo, perguntava o palhaço... Tem sim senhor, respondia a molecada que ia atrás, no meio da rua... Cansei de correr atrás do palhaço, para ser marcado com uma tinta, e poder entrar de graça no grande circo. Era o Circo de Zé Bezerra.

Após o terceiro sinal, entrava uma voz grave: o Circo e Teatro José Bezerra, o palácio de lona verde, anuncia e apresenta... (e entreva um fundo musical). Esse era um sonho para a minha geração. O único espetáculo que conhecíamos era o circo. E o Circo de Zé Bezerra era espacial.

Zé Bezerra, filho de Tibério Bezerra e Antonieta Bezerra (Antonieta da Pensão), casado com Dona Lourdes, filha de João Giba. Gente de Itabaiana. Não tenho como provar, mas se sabe que Zé Bezerra foi aluno de Procópio Ferreira. Zé Bezerra era um grande artista: ator, cantor, mágico e palhaço (Biriba). Como palhaço, ele contracenava com Brocoió e Tita.

O dia de maior suspense, a cidade parava, o circo revestia-se de negro, era quando o mágico José Bezerra colocava a sua mulher no espaço. Isso mesmo, solta, podia-as passar um aro em torno da mulher, como prova que não existia nenhum fio invisível. Se dizia que Zé Bezerra hipnotizava a plateia. Eu cheguei a ir com o bolso cheio de limão, pois acreditava que chupando limão quebrava o encanto, e só assim eu poderia saber a artimanha do artista. Por causa do risco, a mulher que ele colocava no espaço era Dona Lourdes, a própria esposa.

Além de circo, com palco e picadeiro, era também teatro. Cada dia com uma peça diferente. A louca do Jardim era casa cheia. A peça era uma adaptação para o teatro de um cordel, que começava em versos: “vinde musa mensageira, do reino de Eloim/Traz a pena de Apolo e escreva aqui por mim/o assassino da honra ou a louca do jardim.”

Instalado num alçapão no centro do palco do circo ficava o “Ponto”, profissional do teatro responsável por “assoprar”, em voz baixa, as falas que deviam ser repetidas, em voz alta, pelos atores. Eu conheci o teatro no Circo de Zé Bezerra, e fiquei com boa impressão.

A grandeza do Circo era Zé Bezerra e a família. A morena Iracema (filha), melhor rumbeira do Brasil. Era o segundo ato do espetáculo. Iracema com um pequeno saiote, rebolando as cadeiras, quando levantava um babado e podia-se ver a caçoula da dançarina, quase um short para os padrões de hoje, aquilo levava a patuleia ao delírio. Tudo beirava a inocência, comparando-se com as atuais dança da Rede Globo.

Iracema era casada com Vivaldo, músico do circo. Em Itabaiana, todos desconfiavam de Vivaldo. Só podia... Eita tempos atrasados. Circulando o poleiro do circo, passava um menino vendendo um “binoculo de foto”, gritando: o retrato de mãe, o retrato de mãe; era o retrato de Iracema, e não dava para quem queria.

O outro filho de Zé Bezerra, Iranildo, era o malabarista. Lourdes, a esposa, atriz nas peças encenadas. Tinha mais um filho, o mais novo, que eu não lembro o nome. O Circo de Zé Bezerra quando chegava numa cidade, pelo povo, não sairia mais. Não esqueci de Antonieta, uma portuguesa que cantava com sotaque lusitano. Uma velhinha saliente. Sempre a casa cheia. Em Aracaju, o Circo de Zé Bezerra armava perto da Rodoviária Velha, e a temporada durava mais de três meses.

Dona Breguedela, dona do rendez-vous de Itabaiana, deixava o espetáculo começar, apagarem-se as luzes, para ela entrar com as suas meninas. Só iam para as cadeiras. A discrição de Dona Breguedela no circo chamava a atenção. Pois, até mulher-dama se dava ao respeito. Elas também acompanhavam a procissão de Santo Antônio. Era tradição.

O circo acabou, faz tempo. Zé Bezerra foi assassinado em Queimadas, na Bahia. O seu corpo foi sepultado numa cova rasa. Sergipe, e Itabaiana em especial, não pode apagar da memória histórica esse grande artista. Tá na hora das autoridades procurarem a família, para transladar o corpo de Zé Bezerra para um cemitério em Itabaiana, e no local, erigir um monumento em sua homenagem. Enquanto ele não caia no completo esquecimento.

Publicado também no blogdesamarone.blogspot.com

Texto e imagem reproduzidos do site: 93noticias.com.br

‘Josa - O Vaqueiro do Sertão’

Imagem: Divulgação
Reproduzida do site: jornaldodiase.com.br

‘Josa - O Vaqueiro do Sertão’

José Grigório Ribeiro, Josa, nascido na cidade de Simão Dias, se tornou um vaqueiro muito famoso na região devido à habilidade na arte de amansar animais. Ele também foi vendedor de frutas na feira da cidade, amansador de burro brabo, militar e costureiro. Mas foi a arte de compor, cantar e tocar sanfona que projetou Josa para o universo artístico e o transformou em um dos principais nomes da cultura sergipana.

Fonte: Assessoria de Imprensa

sábado, 9 de março de 2019

Mulheres na Polícia Militar do Estado de Sergipe: 30 anos de história

Turma de sargento formadas no Pará – 1990
Foto: Arquivo Pessoal

Publicado originalmente no site do CINFORM, em 9 de março de 2019

Mulheres na Polícia Militar do Estado de Sergipe: 30 anos de história

 Da Redação 

As pioneiras romperam barreiras e ingressaram na Corporação em 20 de fevereiro de 1989

Há 30 anos a Polícia Militar do Estado de Sergipe conta com a força feminina na luta diária pela preservação da ordem pública. As pioneiras romperam barreiras e ingressaram na Corporação em 20 de fevereiro de 1989.

As primeiras mulheres foram admitidas por meio do concurso para o Curso de Formação de Oficiais (CFO) e do Curso de Formação de Sargentos (CFS). Rita de Cássia Silvestre e Fátima Cristina Fontes seguiram carreira e foram para a reserva remunerada como coronéis, último posto da Polícia Militar. As sargentos Carmelita Dantas e Joanete Dias concluíram o curso no Estado do Pará, retornando a Sergipe como as primeiras praças da Instituição.

Em 1991, a PMSE formou as primeiras policiais no Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap), localizado no Bairro América, em Aracaju. Ao todo, seis sargentos concluíram o curso, sendo que três delas ainda permanecem em atividade, a capitã Evangelina de Deus Santos e as tenentes Marlene e Denise.

Capitã Evangelina  (Foto: Arquivo Pessoal)

A capitã Evangelina foi aprovada no CFO realizado em 2003 e hoje ocupa a função de Auxiliar na Assessoria de Comunicação da PM. De acordo com a oficial, o seu ingresso na Polícia por meio das primeiras turmas femininas, representou algo inovador, uma verdadeira quebra de paradigmas. “Nós mulheres, conquistamos espaço inserindo as qualidades femininas na Corporação, contribuindo para uma polícia mais humanizada. No início foi preciso desbravar um ambiente majoritariamente masculino, com respeito e simpatia. Hoje, após 28 anos de trabalho, cultivo grandes amizades possibilitadas pela PM, dentro e fora da Corporação”, destacou a capitã.

Já no ano de 1993, 49 mulheres foram admitidas por meio do primeiro concurso para soldados, que previa vagas para o sexo feminino. A sargento Cândida Rosa fez parte daquela turma e carrega consigo o orgulho de ter sido uma das soldados pioneiras em Sergipe. “Dentro de um pelotão composto apenas por mulheres, enfrentamos muitas cobranças e desafios, todos superados pelo amor à profissão, mesmo arriscando a própria vida, fato juramentado na conclusão do curso”. Ainda de acordo com a sargento, “apesar das lutas diárias nós somos guerreiras e sempre encontramos força em Deus para enfrentar as batalhas com sabedoria, acreditando em dias melhores na carreira profissional” afirmou a policial que exerce suas funções no Quartel do Comando Geral (QCG).

Pelotão feminino – 1993 (Foto: Arquivo Pessoal)

A sargento Adriana Ferreira também foi aprovada no concurso de 1993 e faz questão de frisar os avanços que ocorreram ao longo de 26 anos de polícia. “Em todo esse tempo muitas coisas mudaram. Somos uma geração de pioneiras que segue na luta por mais reconhecimento, tanto na sociedade como dentro da Instituição. Somos também mulheres que batalham por nossas famílias e por um mundo onde se preserve a educação, o respeito e os valores do ser humano”, concluiu a militar.

Atualmente, 452 mulheres integram a Polícia Militar do Estado de Sergipe, desde a graduação de soldado, que é a porta de entrada da instituição para as praças, passando por cabo, sargento e subtenente, até o posto superior do oficialato. Em três décadas, elas conquistaram os espaços merecidos com muita honra e trabalho, arriscando as suas vidas por um Sergipe de paz e harmonia.

Fonte: Agência Sergipe de Notícias

Texto e imagens reproduzidos do site: cinform.com.br