quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

In memorian, Assembleia homenageia o jornalista João Oliva

Legenda da foto:  João Oliva exerceu também o jornalismo político, tendo sido secretário 
de Imprensa do ex-governador Seixas Dória - (Crédito da foto: arquivo da família)

Legenda da foto: O deputado Iran Barbosa (centro) foi autor do projeto para homenagear João Oliva Alves

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 21 de dezembro de 2022

In memorian, Assembleia homenageia o jornalista João Oliva

O jornalista, radialista, escritor e acadêmico João Oliva Alves completaria, no próximo dia 29 de dezembro, se vivo estivesse, 100 anos. Nesse cenário de celebração à memória do comunicador sergipano, a Assembleia Legislativa realizou, nesta terça-feira (20), uma Sessão Especial para conceder a ‘Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar’ a João Oliva (in memorian). Em seu discurso, o autor da propositura, deputado Iran Barbosa (Psol), revelou que a iniciativa da concessão da honraria partiu de uma conversa com o filho do jornalista, o advogado e professor Luiz Eduardo Oliva, que não compareceu ao evento por questões de saúde.

Segundo destacou ainda o parlamentar, o Estado inteiro conhece o valor, a história e a contribuição de João Oliva para o jornalismo e rádio em Sergipe. “João Oliva é pai e avô de uma geração de filhos também dedicados a intelectualidade do nosso estado. Nós achamos, por bem, neste ano, que é ano do centenário, fazer essa homenagem, que é justa. É um reconhecimento a todo o seu trabalho. Essa homenagem se estende a toda uma geração de jornalistas que marcou aqui o nosso estado. Portanto, é com muita satisfação que, após a conversa que teve com o Eduardo Oliva, filho do homenageado, apresentei a sugestão a Assembleia Legislativa, que provou por unanimidade. Se vivo estivesse, estaremos fazendo essa homenagem justa, merecido e necessária”, declarou Iran Barbosa.

Amigo do homenageado, o professor doutor em história e filosofia, advogado e assessor especial da Assembleia Legislativa de Sergipe, Jorge Carvalho do Nascimento é contemporâneo de João Oliva. Presente na solenidade festiva, destacou a importância da menção honrosa ao legado do jornalista. Segundo relatou, João Oliva é um dos homens mais importantes da história da mídia em Sergipe. Enfatiza que reconhecer e aplaudir o centenário de nascimento do homenageado é uma obrigação de todos os sergipanos.

Diretor de A Cruzada

“Eu particularmente fico sensibilizado. João Oliva é um jornalista conhecido, um editorialista de muita qualidade. De Riachão do Dantas, veio para a capital e logo foi trabalhar na Gazeta de Sergipe ao lado de nomes como Orlando Dantas, José Rosa de Oliveira Neto e outros tantos, escrevendo artigos de fundo, fazendo editoriais. Depois se transferiu para o Jornal A Cruzada, onde foi diretor, nomeado pelo arcebispo de Aracaju, Dom José Vicente Távora. João Oliva exerceu também o jornalismo político, momento que foi marcado por alguns episódios muito relevantes quando foi secretário de Imprensa do governador João Seixas Dória. Quando houve o golpe militar em 1964, João foi uma figura central, ele escreveu uma carta a qual Seixas Doria afirmou que não iria apoiar a ditadura, e com isso, terminou sendo deposto do governo”, mencionou Jorge, enfatizando ainda que além de jornalista, João foi também um escritor muito qualificado e um poeta refinado.

“Ele te muitos poemas publicados. João construiu também uma família de intelectuais, de pessoas muito influentes na vida sergipana, como a professora Terezinha Oliva, do departamento de História da Universidade Federal de Sergipe; Luis Eduardo Oliva, jornalista como o pai, advogado, gestor público, figura muito importante na liderança da vida cultural e também, o médico Almir Oliva, que é um nome importante da Medicina do estado”, disse.

Honraria

A maior honraria da Assembleia Legislativa de Sergipe, a ‘Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar’, foi entregue a professora Teresinha Alves Oliva, filha do homenageado. Na ocasião, Teresinha fez uma explanação sobre o legado de seu pai, José Oliva, morto há 03 anos (1922-2019). Ela se diz muito orgulhosa por tantos discursos de louvor sobre a vida de seu pai. “Isso é o nosso patrimônio. É o que eu costumo dizer, diante dessas manifestações que temos recebido por ocasião do centenário dele. São como bálsamo para a nossa alma e preenche esse vácuo que a saudade dele deixou”, externou Teresinha Oliva, que na ocasião da Sessão Especial agradeceu ao deputado Iran Barbosa pela homenagem.

Fonte e foto: Alese

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sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

'Professor Paulino, nosso eterno mestre', por Luiz Hermínio de A. Oliveira

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 8 de dezembro de 2022

Professor Paulino, nosso eterno mestre
Prof. Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira*

No dia de 30/11/2022, faleceu aos 80 anos, por Covid, o professor José Paulino da Silva, do Departamento de Filosofia e História, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), onde exerceu a função de professor do magistério superior até 1995, quando se aposentou. O professor Paulino nasceu na Fazenda da Cachoeira do Taepe, em Surubim-PE (1942), e foi seminarista na Congregação Salesiana Dom Bosco, em Jaboatão. Era Doutor em Filosofia e História da Educação, havendo ingressado na UFS em 1970. Ao longo de sua jornada acadêmica profissional, além de orientar vários alunos, publicar livros e artigo científicos, assumiu importantes funções na administração superior da Universidade, desde a sua fundação, quando foi assessor do primeiro reitor da UFS, Dr. João Cardoso do Nascimento Júnior (1968-1972). Posteriormente, assumiu outros cargos importantes tais como Pró-reitor de Assuntos Estudantis (1978), Pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa (1980), e Vice-reitor na nossa gestão (1992-1996).

Na nossa gestão à frente da UFS, fui agraciado por Deus com a sua companhia. Com muito mais experiência na administração universitária do que eu, e muito mais conhecido no seio da comunidade universitária, aceitou humildemente o convite para ser o nosso vice-reitor, priorizando em sua decisão os interesses institucionais e da sociedade sergipana. Escrevemos a duas mãos o projeto “O saber e o fazer em prol da revitalização da UFS”. Sua participação foi muito importante, não só na construção do projeto, mas, sobretudo, na sua execução ao longo da nossa gestão. A sua presença permanente ao meu lado foi decisiva para a qualidade e segurança das minhas decisões à frente da administração da UFS. Mas nossa sintonia não se restringiu a área da administração universitária, foi muito além disso, se expressando em todos os campos da nossa convivência íntima, a ponto de tê-lo como um irmão espiritual. Tornou-se meu compadre, depois meu paciente, submetendo-se semanalmente às sessões de terapia psicobioenergética, a que passei a me dedicar após o exercício da Reitoria. Tudo isto foi consolidando uma amizade espiritual de 40 anos de convivência e que, portanto, não se extinguirá com o seu falecimento, pelo contrário, ele agora vive em mim através do conjunto de suas virtudes que foram impregnadas na minha alma e continuarão a se expressar através das minhas atitudes.

Essa sua característica, de marcar indelevelmente a vida daqueles que prezaram da sua amizade, foi uma expressão marcante em toda sua trajetória de vida, onde sempre procurou dar o melhor de si pelo desenvolvimento do seu semelhante, especialmente dos seus alunos, aos quais sempre se dedicou muito amorosamente. Todos que conviveram com ele haverão de reconhecer a sua importância na transformação de suas vidas.

Professor Paulino, portanto, foi um ser especial, uma personalidade singular no modo de ensinar, expressando no seu fazer cultura, compromisso social, sensibilidade, espiritualidade e, sobretudo, amorosidade. Pessoa que sempre cultivou a simplicidade. Nunca se preocupou com aparência, nem com a projeção externa do seu trabalho e, sim, com o bem fazer, sempre visando o benefício do seu semelhante. Seu valor intelectual foi sobejamente expresso nos livros e artigos que publicou, destacando-se os estudos sobre a participação de Sergipe na “Guerra de Canudos”. Mas o diferencial na vida do professor Paulino com certeza não foi o seu cabedal cientifico e sim o seu exemplo de vida como cidadão honrado, respeitador dos valores morais e espirituais, expressando sua solidariedade e amorosidade com todos que dele se aproximavam. Um homem de ideias progressistas, se posicionando sempre de forma corajosa a favor das minorias desfavorecidas dos benefícios do desenvolvimento sócio econômico. Defensor intransigente da preservação e divulgação da cultura popular e dos artistas regionais. Sua função de professor transcendeu em muito sua atuação em sala de aula. Suas melhores lições foram dadas na sua forma elegante de enfrentar a vida.

A missão do professor é indubitavelmente divina e essencial para a transformação do mundo. Saber sustentar a vida com dignidade é o legado maior que professor Paulino, que se entregou de corpo e alma a essa nobre missão, nos deixa. Os bons professores têm um impacto permanente na vida dos seus alunos e, portanto, continuam os acompanhando quando vão para a eternidade. Segundo o educador Paulo Freire, “O educador se eterniza em cada ser que ele educa”. Portanto, sintonizado com esse pensamento, professor Paulino será sempre o nosso “Eterno Mestre”

*Ex-reitor da UFS (1992-1996)

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

'Jácome Góis e sua mensagem motivacional', por Eduardo Marcelo Silva Rocha

Artigo publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em  4 de dezembro de 2022

Jácome Góis e sua mensagem motivacional
Por Eduardo Marcelo Silva Rocha *

Conheci Jácome Góis em 1998, logo após meu ingresso na Polícia Militar, era nosso professor no curso de formação.

Confesso que não lembro qual o nome específico da disciplina, mas basicamente  era – ao menos em minha memória – uma extensão daquilo que ele fazia em seu programa de TV, à época: trazer uma mensagem consoladora, edificante ou motivacional.

Acho que poucos levavam a sério o que ele se dispunha a nos oferecer naqueles encontros. Não me excluo do todo, pois também era um dos que passava o dia correndo, pagando 10 flexões, ouvindo desaforos a todo momento, fazendo faxina, sendo chamado de monstro e, principalmente, com medo de ficar preso devido ao cadarço desamarrado ou pela fivela que apesar de limpíssima, não estava perfeitamente brilhando. Acho que Maslow e Herzberg são capazes de nos explicar porque nossa percepção, naquela situação não tinha condições de entender a grandeza do que nos era ofertado.

Sendo um bom sincericida, não pretendo tecer loas gratuitas ou oportunistas. Como pouco o conheci, tenho certeza que não era perfeito, pois todos nós vivemos cada dia lutando contra nossas más inclinações tentando seguir apenas as boas. É uma luta!

Mas o fato era que ao menos uma boa inclinação dele eu testemunhei e me beneficiei, como claramente posso entender hoje.

Dentro daquela rotina que vivíamos, semanalmente ele estava lá, sem nenhum interesse financeiro – ao menos as informações que tínhamos era que ele se dispunha a nos ensinar de graça – levando sua palavra de conforto, um verdadeiro bálsamo imperceptível, que amenizava a dureza daqueles dias de formação.

Éramos beneficiados, mas não percebíamos, pior, era – obviamente sem saber – mais uma vítima das piadas que nós alunos fazíamos com tudo e todos, como meio de descomprimir o dia a dia.

Bom, o fato é que nunca me esqueci do desprendimento dele nesse sentido e sua marca permanece viva comigo, pois sou useiro e vezeiro em, gratuitamente, dar palestras e aulas em órgãos de segurança pública que me convidam. Isso afirmo, pois olhando em perspectiva, apesar de outros exemplos nesse sentido, foi o Professor Jácome o primeiro que me apresentou essa possibilidade já em minha vida profissional.

De lá para cá, somente estive com ele mais uma ou duas vezes que pude cumprimentá-lo, apesar de certamente não o ter agradecido por tudo que hoje consigo enxergar resultante daquela troca em sala de aula, nas quais dele só tínhamos compreensão, bom humor e carinho!

Finda sua passagem reencarnado, sei que na luta que travou aqui no planeta, de minha parte testemunhei sua vontade de dividir com o próximo – apenas por amor – algo de bom, ou seja, o exercício de uma de suas boas inclinações!

Obrigado, meu amigo! Que o acolhimento em sua nova morada seja o mais amoroso possível e que logo esteja pronto para os novos desafios no caminho de Deus!

Como diz o companheiro “que a terra lhe seja leve!”

* É tenente-coronel da Polícia Militar de Sergipe.

Texto reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Morre Marcos Franco, irmão de Albano

Legenda da foto: O empresário Marcos Leite Franco (à esquerda da foto) e os irmãos

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 5 de dezembro de 2022

Morre Marcos Franco, irmão de Albano

Vítima de um infarto fulminante, morreu na noite desse domingo (4), o empresário Marcos Leite Franco, de 68 anos. Ele era filho do ex-governador Augusto Franco e irmão, entre outros, do ex-governador Albano Franco (PSDB) e dos empresários Walter e Osvaldo Franco. Marcos residia em São Paulo há muitos anos, onde atuava como investidor.

A morte prematura de Marcos foi comunicada em nota pela TV Atalaia, emissora pertencente a Walter Franco. As primeiras informações dão conta que o empresário ainda foi socorrido e levado ao Hospital Albert Einstein, mas chegou sem vida. O corpo deve ser transladado para Aracaju, onde ocorrerá o sepultamento em horário e cemitério ainda a serem confirmados pela família.

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

José Paulino da Silva: já faz falta

Texto compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 1 de dezembro de 2022

Com a partida de Zé Paulino, Sergipe perde um homem culto, bom e cordial

José Paulino da Silva: já faz falta

Jozailto Lima (Coluna Aparte)

“Elogio da Amizade”, o título do livro dele, lançado em 2012, bem que poderia ser - e certamente o é - a síntese da figura de José Paulino da Silva, falecido nesta terça-feira, 30 de novembro. Sob todos os aspectos, ele era um homem culto, bom e cordial.

O professor Zé Paulino, como gerações inteiras de estudantes o tratavam, era esse homem cordial no sentido bom e sempre aferrado às amizades, à pesquisa, à cultura popular. À educação, em síntese. Sabia tudo sobre o fole de oito baixo e era um cultor agradável e dedicado das tradições juninas.

O professor José Paulino da Silva, de 80 anos, estava obviamente aposentado e faleceu como consequência da Covid - ele era diabético.

Desde 1971, o pernambucano Zé Paulino passou a ser professor da Universidade Federal de Sergipe, lecionando no Departamento de Filosofia e História.

Apesar da idade, ele permanecia lúcido e escrevia constantemente artigos aqui nesta CoIuna Aparte e tirava do sério figuras nervosas e vestais da cultura de Aracaju.

“Quando eu era criança, ele me empurrou na bicicleta pra eu caminhar sozinho na vida. Hoje me esforço na saudade para que ele siga em paz para a eternidade”, escreveu numa nota nas mídias socias o filho Thiago Paulino, jornalista e identicamente pesquisador de questões culturais populares como o pai.

O corpo de Zé Paulino foi sepultado na Colina da Saudade as 17h de ontem, sem atos de velatório, exatamente por causa da Covid. Foi feita uma oração, “porque sei que ele já está no campo de girassóis da espiritualidade”, conforme disse o filho Thiago.

“Ao longo de sua jornada acadêmica, José Paulino se dedicou a diversas atividades desenvolvidas na UFS, onde ocupou cargos de gestão. Foi coordenador da Pós-Graduação em 1978, pró-reitor de Assuntos Estudantis em 1978 e de Pós-Graduação e Pesquisa em 1980, e vice-reitor em 1992 na gestão do reitor Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira”, lembrou a instituição na nota.

“Estou muito triste com a notícia da morte do professor doutor José Paulino da Silva. Paulino foi membro da banca examinadora no concurso que prestei para ingressar na Universidade Federal de Sergipe. Trabalhei com ele no Departamento de História da UFS. Fez um excelente trabalho como vice-reitor”, informou em tom de lamentação o professor Jorge Carvalho do Nascimento, identicamente aposentado da UFS.

* É jornalista há 39 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração / Tatianne Melo.

Texto reproduzido do site jlpolitica.com.br

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Morre aos 86 anos o escritor e jornalista Jácome Góes em Aracaju

Legenda da foto: Morre aos 86 anos o escritor e jornalista Jácome Góes em Aracaju - (Crédito da foto: Funcap)

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 1 de dezembro de 2022

Morre aos 86 anos o escritor e jornalista Jácome Góes em Aracaju

Por João Paulo Schneider 

Morreu aos 86 anos o escritor e jornalista Jácome Góes em Aracaju. A informação foi confirmada por familiares nesta quinta-feira 1º. Segundo a família, ele estava acamado desde o mês de maio deste ano.

Em nota, a Fundação Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) lamentou a perda. “Grande comunicador, Jácome tem mais de 30 livros publicados. A obra também se estende por palestras, programas de rádio e TV, como o “Conceitos da Vida”, transmitido pela Aperipê TV, mensagens de esperança, otimismo e generosidade”, diz.

O Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor) também se manifestou. Em comunicado, o Sindijor destacou que Jácome era tutor de um texto primoroso e de uma dedicação indiscutível à disseminação da harmonia, fraternidade, da comunicação e da cultura sergipana, ao longo dos seus 86 anos de vida.

” O jornalista Jácome Góes da Silva soube marcar seu nome na história de Sergipe. Também protagonista no cenário jurídico, ele transitava com sabedoria e ética nos campos da cultura, cidadania e dos Direitos Humanos. Em nome de toda uma classe trabalhadora que por sucessivas décadas soube reconhecer sua relevância, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Sergipe (Sindijor/SE) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), lamentam a sua passagem espiritual. Por toda a sua dedicação em defesa da democracia, comunicação, família, fé, arte e progresso unificado, o nosso respeito e muito obrigado”, destacou.

Jácome deixa filho, nora e netos.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

Jácome Góes morre por complicações da Covid -19

Publicado originalmente no site A8SE., em 1 de dezembro de 2022

Membro da Academia Sergipana de Letras, Jácome Góes morre por complicações da Covid-19

O escritor foi autor de 31 livros publicados.

Por Carolina de Morais, Portal A8SE

O escritor Jácome Góes, de 86 anos, morreu vítima de complicações da Covid-19 em um hospital particular de Aracaju na noite desta quarta-feira (30). A informação foi confirmada pela família.

Natural do município de Laranjeiras, ele era servidor público aposentado do Ministério do Trabalho, além de advogado, jornalista, radialista, conferencista e membro da Academia Sergipana de Letras, sendo autor de 31 livros publicados.

O enterro acontece no Cemitério Colina da Saudade, a partir das 10h.

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com

Nota de Pesar pela morte do professor doutor José Paulino da Silva

Foto1 reproduzida do Facebook e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook/Iran Barbosa, em 30 de novembro de 2022

NOTA DE PESAR

Esses têm sido dias difíceis, com perdas muito doloridas!!!

Como educador e professor de História, recebi com grande tristeza a notícia do falecimento do professor doutor José Paulino da Silva, aos 80 anos, nesta quarta-feira, 30/12.

Nascido em Pernambuco, o professor Paulino ampliou sua cidadania, pelo mérito e pelas contribuições, agregando o título de cidadão sergipano desde 1993.

Formado em Pedagogia e Filosofia, era Mestre em Educação e Doutor em Filosofia e História da Educação, contribuiu de maneira marcante na formação de gerações de estudantes, como professor do Departamento de História da Universidade Federal de Sergipe, e também, na produção de trabalhos de pesquisa de grande vulto e importância, como coordenador do projeto "Resgate da Memória Histórica: Canudos Ontem e Hoje".

Com trabalhos publicados nas áreas da Educação, Cultura Popular e História da Guerra de Canudos, o professor Paulino sempre foi um fervoroso defensor da educação pública de qualidade, como caminho para desenvolver cidadania, senso crítico e solidariedade. Ele também exerceu atividades administrativas na UFS, como Pró-Reitor de Assuntos Estudantis, Pró-Reitor de Pesquisa e Vice-Reitor.

Diante de tamanha perda, expresso o meu mais profundo pesar e minhas sinceras condolências aos familiares e amigos, aos seus colegas da jornada acadêmica e a todas as gerações de estudantes que tiveram oportunidade de conviver com o professor José Paulino.

A educação de Sergipe perdeu um dos seus grandes mestres! 

Texto e foto2 reproduzidos do Facebook/Iran Barbosa

'O Céu das Carnaíbas', por Antonio Samarone

Publicação compartilhada do Facebook/Antonio Samarone, de 1 de dezembro de 2022

O Céu das Carnaíbas. 
Por Antonio Samarone*

Conheci o professor José Paulino, em 1979, quando a União Nacional dos Estudantes (UNE) saía da ilegalidade. Baseado no Decreto-Lei 477, o AI-5 dos estudantes, a ditadura proibiu eleições para UNE.

Na Universidade Federal de Sergipe, o pró-reitor estudantil, José Paulino, solicitou as urnas da justiça eleitoral, e bancou a legalidade da eleição da UNE. Incentivou a ida dos estudantes ao Congresso da UNE em Salvador.

José Paulino foi o iniciador dos estudos sobre o participação de Sergipe na guerra de Canudos, inspirado na leitura da “Guerra do Fim do Mundo”, de Vargas Llosa.

Foi em Sergipe que Antonio Conselheiro iniciou a sua fase messiânica. Na edição de 22 de novembro de 1874, o jornal estanciano “O Rabudo”, noticiou a presença do Conselheiro em Sergipe. Conselheiro peregrinou por vários municípios. Em Itabaiana existe um monumento na rua da Pedreira (foto), marcando a passagem de Conselheiro.

Registra o jornal “O Rabudo, sobre Conselheiro”:

“Anda no caráter de missionário, pregando e ensinando a doutrina de Jesus Cristo. Suas prédicas consistem na proibição dos xales de merinó, botinas, pentes, e não se comer carne e coisas doces nas sextas e nos sábados.”

Conselheiro apareceu na cidade de Itabaiana em 1874. “Esmolava, seguiam-no os primeiros fiéis, um dos quais carregava o templo único, um oratório tosco, de cedro, encerrando a imagem de Cristo.” – citado por José Paulino.

Muitos sergipanos mal-aventurados seguiram o séquito de Conselheiro, defenderam o arraial, não se entregaram. A peregrinação messiânica começou em Itabaiana. O padroeiro de Canudos era Santo Antonio dos pobres, imagem levada de Itabaiana.

“Chamava-se Antonio e o povo o denominava Conselheiro. Passou por Sergipe, onde fez adeptos. Pedia esmola e só aceitava o que supunha necessário para a sua subsistência.” – Sílvio Romero.

Conselheiro arrebatou em sua caminhada rumo ao Belo Monte, centenas de sergipanos, sobretudo negros. O sangue dos sergipanos foi derramado em Canudos.

Quando criança, ouvia mamãe recitar uma trova, citado por Sílvio Romero:

“Do céu veio uma luz/ que Jesus Cristo mandou/ Santo Antonio Aparecido/ dos castigos nos livrou/ quem ouvir e não aprender/ quem souber e não ensinar/ no dia do Juízo/ a sua alma penará.”

Se as autoridades do turismo conhecessem a história de Sergipe, a Orla Por Sol não seria apenas uma bela paisagem. Foi na foz do Vaza Barris, onde os corpos mal enterrados durante a guerra de Canudos, em Belo Monte, foram parar em Aracaju, após a primeira enchente do rio.

Sem contar que a 2ª coluna, na IV Expedição da guerra. sob o comando do General Cláudio do Amaral Savaget, saiu do Aracaju. O escritor e intelectual sergipano Pedro Moraes, descreveu detalhadamente esta coluna, sob a ótica do exército.

O sergipano José Calazans desvendou a história de Canudos para o mundo, e o professor José Paulino, incluiu Sergipe. 

Foi José Paulino que mobilizou estudantes e estudiosos sergipanos sobre Canudos. Cito de memória, entre os entusiasmados: Chico Buchinho e o jornalista Enock, irmão de João Brasileiro.

Perdemos um conselheirista, José Paulino da Silva (80 anos), pernambucano de Cachoeira de Taépe. Seminarista na Congregação Salesiana Dom Bosco, em Jaboatão. Em 1970, José Paulino ingressou na Universidade Federal de Sergipe. 

Entre as várias contribuições de José Paulino, sem dúvidas, a maior, foi tirar do esquecimento, a participação de Sergipe na jornada de Antonio Conselheiro. 

Descanse em paz, Zé Paulino, missão cumprida!

* Antonio Samarone (médico sanitarista)

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone

Faleceu o professor aposentado José Paulino da Silva

Texto publicado originalmente no site da UFS, em 30 de novembro de 2022

Faleceu o professor aposentado José Paulino da Silva

Professor Paulino foi vice-reitor da UFS na gestão de Luiz Hermínio Aguiar Oliveira

A Universidade Federal de Sergipe informa, com pesar, o falecimento do professor aposentado José Paulino da Silva aos 80 anos. Professor Paulino ingressou como professor do Departamento de Filosofia e História da universidade em 1971.

Durante os anos de serviços prestados, ocupou cargos de gestão. Foi coordenador da Pós-Graduação em 1978, pró-reitor de Assuntos Estudantis em 1978 e de Pós-Graduação e Pesquisa em 1980, e vice-reitor em 1992 na gestão do reitor Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira.

José Paulino da Silva exerceu a função de professor do magistério superior até 1995, quando se aposentou.

Ascom UFS

comunica@academico.ufs.br

Texto reproduzidos do site: ufs.br

domingo, 13 de novembro de 2022

'Que a terra lhe seja leve!', por Antonio Samarone

Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, 12 de novembro de 2022

Que a terra lhe seja leve! 
Por Antonio Samarone*

A velhice chegou para o professor Antunes. Não adiantou esconder a idade, pintar os cabelos, fazer plásticas, comida natural, Yoga, meditação, não sair das academias,  se achar com o “espírito  Jovem”. 

O choque foi grande, Antunes não se preparou para a morte e ela bateu a sua porta sem anunciar. O espelho começou mostra-lhe as rugas, pelancas e olhos fundos. Uma dor chata nas costas, tosse e expectoração sanguinolenta. 

Procurou um amigo médico, colega da noite, e a suspeita foi terrível: “Antunes, tudo indica que o seu caso é grave, procure um oncologista.” E não deu outra, a biopsia constatou: câncer de pulmão. 

Antunes desabou emocionalmente. Sempre soube que se morria, mas nunca suspeitou que fosse com ele. Não gostava nem de tocar nesse assunto.

Antunes sonhava em morrer de repente, para não sofrer e nem dar trabalho aos outros. Ocorre que somente 10% dos humanos recebem essa dádiva. Os 90% restante, morrem sofrendo e dando trabalho, muito trabalho. 

O professor Antunes ensinava matemática na rede pública. Nunca casou, envelheceu borboletão. Não foi o que você pensou, Antunes gostava de gente,  sua relação de amigos, ex alunos, colegas de profissão era numerosa.

Antunes só não era chegado aos parentes, gente pobre, que ele antevia apenas interesses e falsidades. Queriam se aproveitar da sua boa vida, apartamento pago, nome limpo na praça. Acho até que tinha um carrinho de passeio. 

Antunes morava no Augusto Franco, um bairro perto de tudo e cheio de atrativos sociais. Eu conheci o professor Antunes no bar de Zé Buraqueiro, na feira do Augusto Franco. Torcedor do Confiança e do Vasco.

Antunes pertencia a legião dos festeiros superficiais, um homem de baladas. A farra não precisa de motivação, basta o tempo livre. Sempre seguiu atrás de qualquer trio elétrico.

Antunes não sabia que morrer no Brasil era um castigo duplo. A assistência aos pacientes terminais é uma das piores do mundo, agrava os sofrimentos. Mesmo o que sujeito tenha como comprar os serviços, eles não são bons. 

A fralda aproxima os destinos entre ricos e pobres.

O maior sofrimento de Antunes foram os 97 dias agonizando, sofrendo, sem esperança, só esperando a hora. Antunes foi internado para morrer num hospital mais ou menos. Com prestigio e apadrinhamento, conseguiu um leito pago pelo IPES. 

Entretanto, sem minimizar o sofrimento físico, o emocional foi maior: Antunes não recebeu nenhuma visita nos 97 dias de martírio, ninguém teve tempo de visitá-lo. Nem mesmos aqueles chatos, que vão visitar só para sair alarmando que o acamado está mau, sair dizendo o fulano morre a qualquer hora.

Antunes, por coincidência, morreu no sábado do Pré-Caju.

Antunes não recebeu um padre, um pastor, uma freira, parentes (esses ele não queria), amigos, nada! Antunes morreu só, dando muito trabalho e não recebendo os cuidados merecidos por qualquer cristão.

Visitar os doentes é uma obrigação cristã esquecida, quase em desuso! Só os moribundos importantes conseguem essa graça. Parece que a Pandemia afastou as visitas. 

No velório até que apareceu gente, mas de nada adiantava. Os comentários eram unânimes: morreu tão jovem! Na verdade, Antunes parecia jovem, mas já se aproximava dos 70 anos. Não se soube de nenhuma lágrima, não foi pranteado. 

Antunes foi sepultado no São João Batista, numa tarde calorenta. Quando o coveiro fechou a sepultura, com a massa do cimento ainda mole, perguntou o nome completo do defunto para registrar, ninguém sabia ao certo, uns diziam que era Antunes Santos outros que era Antunes Souza.

Na dúvida, ficou registrado: “aqui jaz professor Antunes.” 

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* Antonio Samarone, é médico sanitarista

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Depoimento de Aída Brandão sobre Marcus Figueiredo

Post publicado originalmente no Facebook/Aída Brandão, em 27 de outubro de 2022

Amigos Faceanos, é com muita Tristeza que comunico o falecimento do conceituado dentista  Dr. Marcus Figueiredo, vítima de um infarto fulminante. 

Uma Triste Perda!

Dr. Marcus Figueiredo, tinha casa de veraneio há mais de 30 anos na Praia do Refúgio (vizinho maravilhoso) cheio de peripécias…

Ele adorava tirar onda comigo e me gritava  bem alto quando chegava : “Aida Brandãoooo kkkk era só alegria 

E diza : Wel, Wel, Wel kkkkk 

Cadê o Gabirú, além de tantas outras peripécias…

Saudade Eterna, desse amigo querido que parte para o outro lado

Marcus Figueiredo.

Corpo Sendo Velado no OSAF.

Enterro nessa Sexta as 8h da manhã.

Dr. Marcus, que Jesus Te Receba na Glória 

Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Aída Brandão

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

Morre Marcus Figueiredo

Publicado originalmente no Facebook/Waguinho Aragão, em 27 de outubro de 2022
ATHENEU - NOTA DE FALECIMENTO
'É com imensa tristeza que comunico o falecimento do ex aluno e colega Marcus Figueiredo ocorrido agora pela manhã, vítima de infarte fulminante. O seu velório no Osaf a partir das 13:00 horas, e o sepultamento amanhã às 09:00 horas no Cemitério Santa Izabel.
Descanse em paz colega, que sempre participou das nossas confraternizações, nossos sentimentos à família, parentes e amigos'.
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Waguinho Aragão

sábado, 22 de outubro de 2022

'A outra face', por Antônio Samarone

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 21 de outubro de 2022

A outra face
Por Antonio Samarone *

O perdão é um princípio cristão esquecido:

“Ao que te ferir numa face, oferece-lhe a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.” Lucas 6:29

Por outro lado, a natureza humana clama por vingança. Só se perdoa o inimigo, depois do enforcamento. A vingança é um prato servido frio.

Me deparei recentemente com essa dualidade.

Fui a uma reunião política com os trabalhadores da Saúde. Muita gente que não via há tempos. Fui abordado por um enfermeiro, com um pedido de desculpas:

“Samarone, sei que você se lembra. Certa feita, na Unidade de Saúde do Agamenon Magalhães, lhe destratei violentamente com xingamentos abomináveis. Quero lhe pedir desculpas, 30 anos depois.”

Eu fiquei decepcionado com a minha memória: não lembrava nem dele, nem das circunstâncias, nem das ofensas. Fiquei agradecido pelo gesto, mas não lembrava.

O antigo agressor, que estava acompanhado da esposa, foi muito gentil, até exagerou, dizendo que as desculpas foram forjadas depois de um longo tempo acompanhado a minha vida, para ver se alguns dos impropérios me cabia, se tinham sidos justos, e nada, eu não era o que ele pensava e merecia um pedido de desculpas.

Fiquei envaidecido com o gesto dele.

Esse fato me levou a tomar uma decisão: vou rasgar a minha lista de desafetos. Eu alimentava o desejo de um dia acertar as contas com essa canalhada. Esperava só o momento adequado para a vingança. Em alguns casos, a vingança deveria ser horrorosa.

Pensei, do mesmo jeito que a Covid apagou da minha memória esse inimigo generoso, que veio se desculpar, nada garante que não tenha apagado outros, que não colocou em minha lista gente inocente, ou que a minha memória, por conta própria, não esteja exagerando nos delitos desses inimigos fichados.

Sabe de uma coisa. Tomei uma decisão contrária à minha alma itabainense: estão todos perdoados! Anistia geral! Talvez não queira mais a amizade dos mais nojentos, mas desisto de odiá-los. São todos samambaias.

Não minimizem o meu gesto, não estou perdoando inocentes. Em minha lista tinha gente da pior espécie: muitos ingratos, falsos, mentirosos, bajuladores, invejosos, caluniadores, gananciosos, tinha de tudo.

Outra coisa, não quero nada em troca. Eu sei, existem defeitos que são imperdoáveis, mesmo assim, estão todos perdoados.

Renuncio à vingança! Talvez não lhes ofereça a outra face, nem a túnica, mas os tapas estão perdoados.

Fiquei mais leve!

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* É médico sanitarista.

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticia.com.br

sábado, 15 de outubro de 2022

'Só um dia... é pouco!', por Lygia Prudente

Legenda da foto: Lygia à esquerda da professora - (Crédito da foto: Fotosom Stúdio)

Publicação compartilhada do Perfil no Facebook de Lygia Prudente, de 15 de outubro de 2022

Só um dia... é pouco!
Por Lygia Prudente

Criança ainda e eu já demonstrava que o ensinar seria um caminho futuro. As brincadeiras eram, na maior parte do tempo, de escola, onde eu estava sempre no quadro de giz, que ganhei de presente. E, finalmente, na hora de decidir que caminho seguir profissionalmente, sem surpresa alguma, o do magistério não deu chance a outras opções. Muito sonhadora, percebi logo que os bancos acadêmicos não iriam satisfazer às minhas ambições, no bom sentido, porque já pensava em fazer algo diferente daquilo que me rodeou como estudante. Enfim, sonhos à parte – mas não esquecidos – busquei, disciplinarmente, o exercício do ensinar e aprender, ansiando por conseguir resultados mais concretos e agradáveis de se trabalhar. Receitas não funcionam se pensarmos em adequá-las à uma relação que deve se estabelecer entre aquele que se propõe a ensinar e ao outro que se coloca, ou não, como aprendiz. Pois é, nem sempre aquele que ocupa um banco escolar está disposto, por N motivos, a aprEEnder alguma coisa e o papel docente é exatamente despertar a vontade para tal. Sei bem que ministrar aulas para aqueles que querem, os ditos bons alunos, não é tarefa difícil, mas provocar o interesse naquilo que você apresenta como conteúdo para os que se fecham, geralmente formam as trincheiras da turma do fundão, aí sim, é um desafio. E como é gratificante, como é prazeroso o resultado, muitas vezes, alcançado, a duras penas ou simplesmente, com um olhar diferenciado para as carências quase imperceptíveis, escondidas num olhar tristonho ou mesmo numa atitude rebelde. Sim, como é importante alimentar a nossa sensibilidade emocional e a intuição, que nos levam a conhecer um pouco do outro. Trago comigo boas lembranças de alunos bem sucedidos que não sentiram saudades do que eram e da sensação que tinham em dias de aula. Não é resultado de um só, mas da relação que construímos. Eu mesmo tenho saudades da “tia” Lygia, que, “sortuda” ela, que se achou e, construiu sem alarde, o seu  caminho profissional, onde se realizava fazendo o que escolheu. E hoje, aposentada, as boas memórias continuam presentes porque Professor será sempre Professor. 

"Até onde posso, vou deixando o melhor de mim...se alguém não viu é porque não me sentiu com o coração" (Clarice Lispector).

Texto e imagem reproduzidos do Perfil Facebook/Lygia Prudente

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Morre o promotor Augusto César Lobão

Legenda da foto: O promotor Lobão Moreira estava internado no Hospiral Unimed

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 5 de outubro de 2022

Morre o promotor Augusto César Lobão

Vítima de infarto fulminante, morreu em Aracaju, nesta quarta-feira (5), o promotor de Justiça aposentado Augusto César Lobão Moreira. Ele se encontrava internado, há oito dias, no Hospital Unimed para tratar uma infecção pulmonar, mas já estava bem melhor e deveria receber alta médica hoje. Segundo a esposa Cássia Regina Moreira, às 6 horas desta quarta, os sinais vitais de Lobão estavam normais, contudo ele morreu horas depois ao sofrer um infarto fulminante. Ele tinha 74 anos e deixa as filhas  Karla e Helena.

Em recente artigo publicado no Jornal da Cidade, a jornalista Thaís Bezerra escreveu o seguinte sobre o promotor Augusto César Lobão: “Para seus pares ele é sinônimo de comprometimento e lealdade às causas que defende, a exemplo de sua atuação para a melhoria da segurança pública em Sergipe. É reconhecido e respeitado por onde passa. Ele é um lord no trato pessoal, gentil, gosta de uma boa prosa sendo capaz de liberar uma boa roda de conversa com histórias surpreendentes, alimentadas por sua privilegiada memória.

Colina da Saúdade

O Ministério Público de Sergipe divulgou nota lamentando o falecimento do promotor de Justiça. A viúva Cássia Regina  informou que corpo de Augusto César Lobão Moreira será velado, a partir das 17h30 de hoje (5), no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju, onde também ocorrerá o sepultamento às 11 horas dessa quinta-feira (6).

Texto e imagem  reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

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Publicado originalmente no site A8 SE, em 5 de outubro de 2022

Corpo do promotor de Justiça aposentado Augusto César Lobão é velado em Aracaju

O promotor de Justiça nasceu em Aracaju, em 12 de junho de 1947

Por redação Portal A8SE

Acontece no cemitério da Colina da Saudade, o velório do promotor de Justiça aposentado, Augusto César Lobão Moreira, que morreu aos 75 anos, vítima de infarto fulminante.

Familiares, colegas de trabalho e amigos estiveram presentes para a despedida de Lobão. O sepultamento será realizado no mesmo local, nesta quinta-feira (6), às 11h.

O promotor de Justiça nasceu em Aracaju, em 12 de junho de 1947. Ingressou no Ministério Público de Sergipe em 09 de junho de 1992 e exerceu o cargo de Promotor de Justiça até 09 de junho de 2020, ano em que se aposentou. O MPSE emitiu uma nota de pesar, lamentando o falecimento do funcionário.

A Polícia Militar também prestou condolências. “O promotor Augusto César Lobão teve a carreira marcada pela defesa da segurança pública do estado de Sergipe, ocupando por muitos anos o cargo de Promotor de Justiça do Controle Externo da Atividade Policial, atuação que rendeu justas homenagens da Polícia Militar e do Exército Brasileiro”, recordou.

Texto, imagem e vídeo reproduzidos do site: a8se.com e youtube


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ARTIGO


Texto publicado originalmente no blog Luiz Eduardo Costa, em 14 de junho de 2022

César Lobão Moreira o "CADETE" aos 75 anos 
Por Luiz Eduardo Costa (Textos Antivirais 99)*

Cezar Lobão um Promotor de Justiça que não esqueceu a disciplina militar.

Nos tempos em que a rua de João Pessoa era uma síntese e metáfora da vida aracajuana, ali, tudo o que era notícia na sociedade acontecia em carne e osso.

Jovens que lograram aprovação nas Academias Militares, e se tornaram cadetes, quando em férias, costumavam passear fardados naquela artéria central, onde ainda havia o footing vespertino nas calçadas. Os pais costumavam acompanhá-los, e, certamente, poucos teriam estufado o peito com tanto orgulho como o fizeram, o servidor público e exímio violonista João Moreira, com o filho Augusto Cezar Lobão Moreira, e um outro, o destacado comerciante José Arivaldo Prudente, com o filho Joseluci Prudente.

Cezar, seguindo os passos da mãe, a professora catedrática de História Universal Maria Augusta Lobão Moreira, era, desde criança um compulsivo leitor, fascinado com grandes personagens, onde os vultos de militares que escreveram parte da História brasileira o fascinavam, e assim, a carreira das Armas tinha, para ele, a chancela intelectual de uma escolha coerente.

Há um termo com o qual os militares definem o entusiasmo dos jovens candidatos ao oficialato: “vibrador”.

Os professores e os seus colegas de turma logo o identificaram como um “vibrador”. Augusto Cezar fez 75 anos neste sábado, dia 11, e permanece o mesmo cadete “vibrador”. Alimenta os sonhos de um Brasil desenvolvido, socialmente justo, com status geopolítico, projeção no mundo, e Forças Armadas tendo capacidade dissuasória, correspondente ao que seremos, quando canalizarmos todas as energias para um projeto de país, aquele  sonhado por tantas gerações. E ainda irrealizado.

Ter capacidade militar, sempre entendeu Cezar, não significa querer guerras, mas, com certeza, é o melhor meio de evitá-las.

O cadete “vibrador” não fez carreira, não concluiu a Academia. Problemas de saúde o afastaram. Plenamente recuperado, voltou a outra Academia, dessa vez a Faculdade de Direito. Nasceu uma outra forte e definitiva vocação. Tornou-se Promotor Público. Soube manejar com inteligência, discernimento e convicção   outras “Armas”, aquelas que o Direito confere aos seus operadores: a força do argumento fundamentado na razão, o que significa o exercício das Leis.

O cadete nunca esqueceu do Exército, por sua vez o Exército acompanhou e avaliou as suas ações, daí o recebimento de tantas comendas, entre elas a maior que a Força concede.

Nesses 75 anos, no aluno da AMAN, no Promotor de Justiça, nunca faltaram largos espaços a serem preenchidos com a vibração cívica do cadete.
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* Luiz Eduardo Costa, é jornalista, escritor, ambientalista, membro da Academia Sergipana de Letras e da Academia Maçônica de Letras e Ciências. Além desse blog, é colunista do Portal F5 News.

Texto reproduzido do blogluizeduardocosta.com.br

quarta-feira, 28 de setembro de 2022

'O Hugo Gurgel que admiro', por Lúcio Prado

Legenda da foto: Dr. Hugo Gurgel

Publicação compartilhada do site do Portal INFONET, de 12 de setembro de 2022

O Hugo Gurgel que admiro
Por Lúcio Prado (blog Infonet) 

“Cada um de nós tem o seu Canto de Cisne, – como que anunciando névoas do passado, claridades do presente e dúvidas do futuro – e sabemos, por igual, que o destino de cada qual não vem escrito nas fórmulas dos adivinhos. Terá isso sim, de ser construído em meio aos arrecifes de uma luta multifacetada, na qual o homem deve fazer de si um instrumento de fé”. ( Benjamim Alves de Carvalho)

Hugo Bezerra Gurgel foi meu professor de obstetrícia na Faculdade de Ciências Médicas da UFS, nos idos de 1976/77. Foi fácil se acostumar com a sua pontualidade britânica. Poucos minutos antes das sete da manhã, ele chegava elegantemente, parecendo sim um lorde inglês. Arrumava os clássicos slides no carretel e iniciava a aula com um sonoro “Bom-dia!”. Ainda sonolento, ressacado pelas noites insones, víamos à nossa frente o professor metódico, formal, sóbrio, que transmitia pra gente uma enorme sensação de domínio da matéria, senhor pleno da situação. Cumpria rigorosamente a grade curricular da disciplina, sempre no primeiro horário da manhã. Literalmente, um professor “de primeira hora” na nossa incipiente Faculdade de Medicina. Pioneiro e engajado, ele foi também um esteio para o sucesso da nossa primeira escola médica.

No entanto, gostaria de destacar com mais ênfase no eminente esculápio era a sua produtiva saga associativa, como fundador do Clube dos Médicos e da Sociedade Sergipana de Ginecologia e Obstetrícia, diretor do Centro de Estudos e da Maternidade Francino Melo, do Hospital Cirurgia, presidente do Conselho Regional de Medicina, chegando a assumir a presidência da Sociedade Médica de Sergipe de 1967 a 1969, em profícua administração que deixou uma marca indelével: a construção da sede própria, em terreno doado pelo Governo de Sergipe. Isso só foi possível graças ao prestígio pessoal do Dr. Hugo e de outros colegas que formavam, na década dos sessenta, um bloco altamente consistente e influente na sociedade sergipana, no que considero a “década de ouro da medicina sergipana”.

Hugo Gurgel foi um líder destacado, ao lado de outros ícones como Benjamin Carvalho, Lourival Bomfim, Aloysio Andrade, Antonio Garcia, Walter Cardoso, José Augusto Barreto, Lauro Porto, Hyder Gurgel, só pra citar estes. As sessões científicas da Somese eram realizadas na maioria das vezes no Instituto Histórico e na Biblioteca Pública. Graças ao empenho e determinação de Hugo, os médicos sergipanos ganharam a sua primeira sede própria, em fevereiro de 1968.

Pois bem, no último dia 28 de agosto, se vivo estivesse, o professor Hugo Gurgel estaria comemorando o seu centenário de nascimento. Nascido na cidade de Lavras da Mangabeira, Ceará, no remoto 1922. Para se tornar médico, um sonho tão acalentado, não foi tarefa fácil. Teve que se deslocar para Salvador em 1940 e seis anos após graduava-se na vetusta Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus. Ainda estudante, acompanhou com grande interesse o professor Almir Oliveira, catedrático de obstetrícia, que muito ajudou o futuro médico na sua formação. Entretanto, Almir não pôde deixar de atender a um pedido do seu colega Benjamim Carvalho, que precisava de um especialista para atender às pacientes obstétricas no Hospital Cirurgia, em Aracaju. Almir então indicou o nome de Hugo para vir a Sergipe. Já no início de 1947, ele iniciava as suas atividades na Maternidade Francino Melo, deixando de lado o desejo que possuía de morar em Londrina, praticar a medicina naquela cidade paranaense. Na década de 60, com os colegas Gileno Lima e Ciro Tavares, fundou a primeira clínica obstétrica privada de Sergipe – a Clínica Santa Lúcia. Anos depois foi a vez da Clínica Santa Helena, que funciona até os dias de hoje, com estrutura complexa, destacando-se como o maior prestador de assistência obstétrica privada no Estado.

Essas gratificantes recordações, singelas frente à dimensão do esculápio na vida médica de Sergipe, vem a propósito da celebração do seu Centenário de Nascimento, que a Academia Sergipana de Medicina levará a efeito em 21 de setembro, às 19 horas e trinta minutos, em sessão especial que acontecerá no auditório da Sociedade Médica de Sergipe, entidade octogenária que o idealismo de Hugo Gurgel ajudou a construir e consolidar ao longo dos anos.

Hugo Gurgel teve a sua vida construída em meio aos arrecifes de uma luta multifacetada, fazendo dela  um instrumento de fé e realizações!

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

terça-feira, 20 de setembro de 2022

'Dançando na Cavalheiros da Noite', por Marcos Melo

Legenda da Foto: Sede da antiga S.R. Cavalheiros da Noite

Artigo compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 18 de setembro de 2022

Dançando na Cavalheiros da Noite 
Por Marcos Melo *

Aos 14 anos, em 1959, tornei-me sócio da Sociedade Recreativa Cavalheiros da Noite. Era um adolescente vaidoso: pente Flamengo no bolso para de meia em meia hora ajeitar o pimpão a la Elvis, imitação de óculos Ray Ban no rosto pontuado de espinhas, sapatos Clark nos pés, lustrado por 111, o engraxate inventor do cotonete, trajando calças e camisas feitas em Aracaju, na Cercal de José Lima Azevedo, o popular Chico Foca.

Tinha, ainda, dois paletós esporte, um vinho e outro beje, para usar na soirée dominical do Cine Propriá. Estudava na 3ª série do Ginásio Diocesano e estava decidido a aprender a dançar a fim de completar minha educação como um rapaz de fina estampa; e, claro, dar meus volteios na Cavalheiros da Noite, o clube da classe média, que tinha Nezinho Barros na presidência.

Antes de associar-me, tomei algumas aulas com minha irmã, Maria Helena, que entendia do riscado. “Vamos lá”, dizia ela mostrando como segurar a dama. “Você tem que segurar a parceira com leveza, sem apertá-la, tanto na mão como na cintura.” “Guarde certa distância a fim de não haver pisadas nos pés.” E acrescentava com gravidade: “Nada pior do que uma pisada. Quando isto acontece o dançarino fica marcado, ninguém quer dançar com ele.” “Outra coisa: mantenha o corpo relaxado. ” Agora vamos treinar.” E punha um disco “Feito para Dançar”, do Waldir Calmon, numa electrola, isto mesmo com “c”, adquirida na Galeria Cruzeiro, do economista Aloisio Campos, ex-prefeito de Aracaju e ex-reitor da UFS.

Minha vernissage como dançarino se deu numa matinal. No palco a banda de Mário Jeguinho. De repente, mandaram brasa na rumba El Manisero, minha conhecida dos treinos com minha irmã. Para criar coragem, tomei duas doses generosas de vodka Eristow e mirei uma morena que estava próxima. Chamei-a para dançar, mas com receio de levar uma taboca, recusa no jargão da terra. Ela prontamente levantou-se e levei-a para o meio do salão, a fim não ser visto pelos amigos, portanto longe de gozações.

Delicadamente abracei-a e, contando o ritmo, dei o primeiro passo para a direita e ela não foi; pra esquerda e ela também não foi. Fiquei aflito e parei. Olhei-a e ela rindo. Falei: vamos começar de novo. Ela: desculpe, mas não sei dançar. E foi sentar-se, deixando o paspalho a ver navios no meio do salão. Voltar naquele momento para a mesa onde estavam os amigos seria gozação na certa, pois todos estavam na expectativa de minha performance. De fininho fui ao banheiro e lá fiquei um Bom tempo.

Ao retornar, perguntaram o que aconteceu. Com seriedade lhes disse que a garota não sabia dançar. Todos riram. Olhei de soslaio para a morena e vi que ela também sorria discretamente. Até hoje tenho dúvidas se foi uma peça que me pregaram ou se a garota realmente não sabia dançar. Tendo a acreditar na última hipótese, já que um velho amigo que estava presente, até hoje, quando lhe pergunto, nega qualquer sacanagem. Ele acha que eu estava pra lá de Marrakesh, queimado. A moça percebeu e foi sentar-se. Coisa que eu rechaço. Acho mesmo que ela era aprendiz, como eu.

Bêbado ou não, não me deixei abater. Com um pouco mais de vodka voltei a me animar, eufórico, querendo dançar. E a oportunidade surgiu quando uma amiga das minhas irmãs, Carminha Vasconcelos, que já ia se mandar, passou em frente de nossa mesa e, sem hesitação, chamei-a para dançar. A banda atacava de “Lamento Borincano”, outra rumba, daquelas dos treinos.

Acho que me sai bem, tanto que, há uns 15 anos, depois de 45 sem ver Carminha, que foi morar no Rio, encontrei-a numa reunião anual de propriaenses, no hotel Velho Chico, em dia de festa de Bom Jesus dos Navegantes. Ao me reconhecer, depois de tantos anos, ela não titubeou: “Marcos, continua dançando?” É claro, Carminha. Venha cá, e fomos dançar o velho fox “Nada Além”, interpretado por Orlando Silva que estava sendo tocado naquele momento.

Então, lhe disse enquanto bailávamos: Carminha, quem algum dia dançou na Sociedade Recreativa Cavalheiros da Noite, nunca mais deixará de dançar. Ela deu uma solene gargalhada e concordando com a cabeça, arrematou: “É o nosso caso”.

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Marcos Melo é professor emérito da UFS e membro da ASL

Texto e imagem reproduzidos do site: radarsergipe.com.br

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Tragédia ferroviária em Sergipe...

Legenda da foto: Suburbano, após o acidente, cercado por curiosos
 (Fonte: estacoesferroviarias)

Jornais do Rio de Janeiro apontaram grande número de vítimas e se apressaram em responsabilizar João Claro dos Santos pelo acidente (Abaixo, à esquerda, no sentido horário: Jornal A noite, de 22/03/1946; Diário de Notícias, 21/03/1946; Gazeta de Notícias, 21/03/1946; 
e Jornal Diário da Noite, 19/03/1946)

Acima: o engavetamento dos vagões do Suburbano provocou o grande número de mortos (Foto anexada ao processo); À esquerda: vítimas fatais ficaram irreconhecíveis (Foto anexada ao processo); À direita: mapa do local onde ocorreu o acidente 
(Fonte:  www.estacoesferroviarias)

Legenda da foto: João Claro dos Santos foi o único condenado na tragédia do Suburbano
 (Crédito da foto: anexada ao processo)

Legenda da foto: Luiz Paulo Bezerra reconstruiu a história do maior desastre ferroviário de Sergipe -  (Crédito da foto: Adilson Andrade - Ascom/UFS)

Publicação compartilhada do site CIÊNCIA UFS, de 24 de abril de 2018 

Tragédia ferroviária em Sergipe: dezenas de mortos e um julgamento controverso

Acidente ocorrido em 1946 é considerado um dos maiores desastres ferroviários do Brasil

Nas primeiras décadas do século XX, o trem era o principal meio de transporte de massa em Sergipe. Em um trecho da ferrovia entre as cidades de Laranjeiras e Riachuelo, dezenas de pessoas morreram em um desastre que comoveu o país - jornais chegaram a falar em centenas de vítimas fatais. O desfecho da investigação sobre o acidente, porém, deixou dúvidas sobre as causas e a condenação, que transformou em drama a vida de João Claro dos Santos.

O pesquisador Luiz Paulo Bezerra estudou o processo-crime do caso, combinado a fontes bibliográficas, para entender o que aconteceu no acidente que é considerado a maior tragédia ferroviária do Brasil. A pesquisa resultou na dissertação que Luiz apresentou ao Mestrado em História da Universidade Federal de Sergipe (UFS), orientado pelo professor Petrônio José Domingues.

No ano do ocorrido, 1946, o transporte de passageiros nas rodovias ainda era tímido. Era principalmente pelas ferrovias que se locomoviam pessoas e se transportavam mercadorias. Apelidado de Suburbano, o trem da empresa Viação Férrea Federal Leste Brasileiro percorria a principal linha de Sergipe: saía da capital, Aracaju, em direção ao norte do estado, passando por Laranjeiras e Riachuelo, concluindo o percurso em Capela.

Com capacidade para 240 passageiros sentados, o Suburbano saía sempre lotado da estação ferroviária da capital, no bairro Siqueira Campos. Segundo a empresa férrea, 246 pessoas compraram bilhetes no dia da tragédia, distribuídas na primeira e segunda classes.

No entanto, informações recuperadas por Luiz Paulo no processo judicial indicam que havia bem mais do que 246 passageiros naquela viagem. Nos depoimentos, todos os viajantes ouvidos pela polícia confirmaram a superlotação.

Um funcionário do Suburbano, João Félix, relatou que a quantidade de passageiros era “fora do comum”. “Razão pela qual os passageiros iam se apinhando por toda parte”*, diz o depoimento de João, que era o guarda-freio do trem, profissional responsável pela supervisão e acionamento dos freios de veículos ferroviários.

O viajante Benício Vieira narrou aos investigadores que foi obrigado a procurar um lugar entre o amontoado de pessoas e mercadorias. Manoel dos Santos, outro passageiro, viajava em pé em um dos vagões “num aperto medonho”, segundo seu depoimento no processo. A “enchente de pessôas era incalculável”, completa sua fala à polícia.

Jornais da época, encontrados por Luiz Paulo em sua pesquisa, apontavam que a superlotação nas ferrovias sergipanas era corriqueira. É o que mostra uma manchete do Diário de Sergipe, de 19 de agosto de 1946: “Socorro e Laranjeiras não se passaram nada de anormal a registrar-se. As classes superlotadas, os passageiros reclamando, tudo na forma do costume”.

Depois de passar por Laranjeiras, em caminho a Riachuelo, o Suburbano tem dificuldade para subir uma ladeira, segundo relatos de passageiros. O maquinista, então, para o trem, tenta nova arrancada e ultrapassa a subida, iniciando uma descida em alta velocidade, também confirmada pelos depoimentos - o soldado João Batista dos Santos, que viajava no Suburbano, “ouviu dizer” que “o maquinista dissera que iria tirar o atrazo, e assim parecia porque após a subida, o trem parecia um motociclo a toda velocidade”.

Momentos depois, ouve-se o barulho de uma das composições do Suburbano saindo dos trilhos, causando um engavetamento dos três vagões da composição. Em poucos segundos, a viagem se transforma em uma tragédia: dezenas de mortos e feridos, desespero, incredulidade.

A tragédia

Já havia anoitecido naquele 28 de março de 1946, quando ocorreu o acidente. O local da tragédia, o povoado Pedrinhas, se transformou em um cenário de dor e desolação. Pessoas mortas, mutiladas, feridas, sobreviventes desesperados.

É o caso do ajudante de caminhão Manoel Ferreira dos Santos, 19 anos de idade, que viajou em pé, na segunda classe. Ele ficou preso aos destroços até a chegada do salvamento - que não demorou, segundo testemunhas, apesar do difícil acesso e da escuridão.

Outro sobrevivente narrou seu tormento ao Sergipe-Jornal, sob anonimato. “Ouvi gritos de toda a parte, lamentos femininos e masculinos, choro de crianças, soluços profundos, e senti a primeira classe virando comigo, se fazendo em pedaços”, relatou.

Os muitos feridos foram levados a hospitais da região, de acordo com a gravidade das lesões. No entanto, Luiz Paulo não conseguiu recuperar os dados a respeito dos sobreviventes e possíveis óbitos resultantes do desastre. O fato contribui para dificultar a precisão no número de mortos.

“Fomos atrás dos próprios laudos médicos emitidos pelo hospital, mas, infelizmente, não conseguimos encontrar, o que nos preocupa. Tal material nos forneceria informações fundamentais sobre as gravidades dos ferimentos”, relata o pesquisador em seu trabalho. Ele visitou os hospitais Cirurgia e Santa Isabel, além do pequeno centro hospitalar de Riachuelo.

A quantidade de mortos e feridos era tão grande, que médicos e enfermeiros foram sobrecarregados, segundo o relato da polícia. Foram contabilizados naquele momento 30 mortos identificados e outros 13 não identificados. Quanto aos feridos, 53 foram avaliados pelos médicos, sendo 16 em estado muito grave.

A imprensa do Rio de Janeiro - então capital do Brasil - noticiava cerca de 200 mortos. Já os jornais de Sergipe, em sua maioria, atinham-se aos dados oficiais - o Sergipe-Jornal, porém, chegou a noticiar 120 mortos, com a possibilidade ainda de haver outros 60 sob os escombros.

Luiz Paulo não conseguiu recuperar informações que esclarecessem o caso. Mas acredita que os números sejam mesmo superiores aos oficiais, ainda que não alcancem os exorbitantes 200 mortos e 300 feridos noticiados pela imprensa fluminense.

“[De acordo com as fontes pesquisadas,] dá para entender que muitas pessoas que morreram no local foram levadas para outros locais para serem enterradas e não foram contabilizadas. Tudo indica que foram acima dos dados oficiais”, admite.

O desespero após o acidente foi também o início do drama de João Claro dos Santos, o maquinista da locomotiva. Naquele cenário de tumulto, sobreviventes tentaram linchar o condutor do trem, que fugiu para Laranjeiras, onde, por medo, se apresentou à polícia da cidade.

Enquanto isso, a perícia iniciava seu trabalho no povoado Pedrinhas. Três engenheiros realizaram a perícia técnica, enquanto a polícia investigava o ocorrido, colhendo depoimentos dos sobreviventes.

As investigações

As perícias e a apuração do caso caminharam junto à atuação da imprensa. Com uma postura sensacionalista, os jornais impressos cobravam pressa para que se chegasse a um responsável. Ao mesmo tempo em que exigiam das autoridades uma solução, os jornais - de Sergipe e do Rio de Janeiro - já tratavam João Claro como culpado pela tragédia.

A perícia realizada pelos engenheiros indicou que a linha férrea naquele trecho estava em perfeito estado de conservação. E concluiu que “a aplicação brusca de freios num momento em que a composição desenvolvia velocidade superior a admissível no trecho em que se deu o acidente”, segundo consta nos autos.

Por outro lado, a perícia identificou que a única pastilha de freios encontrada nos destroços do Suburbano estava desgastada. As demais pastilhas poderiam ter sido reutilizadas em outras máquinas, prática aparentemente costumeira.

Em seu depoimento, João Claro denunciou a superlotação do Suburbano, ocorrida, segundo ele, por uma invasão aos vagões. Afirma ainda que chamou a atenção do chefe de trem, Edgar Simas, sobre o excesso de passageiros.

O chefe acionou um policial que conseguiu fazer descer os passageiros excedentes. Porém, segundo o maquinista, a medida não funcionou, já que com o trem em movimento, ocorreu nova invasão. Outra vez, João Claro denunciou ao chefe de trem, mas nenhuma providência foi tomada.

O maquinista relatou ainda que a parada que antecedeu a subida de uma ladeira e posterior descida em velocidade foi motivada por um problema na última classe, que precisou de reparo - o conserto foi feito pelo funcionário do trem responsável pela tarefa, o foguista.

Após iniciar a descida, outra vez o maquinista percebe o mesmo problema, a interrupção da torneira de ar, causando o isolamento dos freios de ar comprimido. João Claro acusa a superlotação como causa para o problema, já que os passageiros que viajavam em pé podiam ter provocado a obstrução.

Em depoimento, o maquinista auxiliar João Moura Cabral confirma o relato de Claro. Ele conta que em certo momento da viagem notou que a torneira da bomba de ar achava-se aberta, fechando-o logo em seguida. Outro maquinista presente no Suburbano, Manoel Leite da Silva, também testemunha essas informações.

Por fim, em seu depoimento João Claro assegura que a impossibilidade de controlar a velocidade da locomotiva e a existência de muitas pedras nos trilhos após uma curva provocaram o descarrilamento.

Em uma nova perícia realizada pelos mesmos engenheiros, a pedido e sob o acompanhamento dos advogados de Claro, percebeu-se que a locomotiva não possuía nenhuma baliza de freios, comprometendo certamente a qualidade da frenagem - considerando a quantidade e o peso dos vagões.

O relatório policial chegou a ponderar que não foram “encontrados nos autos provas suficientes para criminar dolosa ou culposamente o maquinista”. Apesar disso, o próprio relatório determina a investigação da vida pregressa do maquinista.

Um comunista nos trilhos

João Claro tinha 37 anos na data do acidente. Casado, morava com a família no bairro Siqueira Campos, em Aracaju. Era negro, o que no ano de 1946 significava ainda mais do que hoje.

Começou a trabalhar aos 13 anos na oficina da Viação Férrea como aprendiz de ajustador mecânico, sem receber nenhum salário durante o primeiro ano. Progrediu nos quadros da empresa até receber a formação de maquinista, em 1936, dez anos antes da tragédia de Pedrinhas.

Além de fundador da União Espírita Sergipana, João Claro foi o presidente da União Beneficente dos Ferroviários, uma espécie de sindicato dos funcionários da Viação Férrea. Sua atuação política junto aos trabalhadores e outros setores sociais o levou a ser eleito vereador de Aracaju pelo Partido Comunista.

Apesar da investigação sobre a vida do maquinista, nada foi encontrado que comprometesse sua reputação.

Por outro lado, diversos fatores contribuíram para o desastre. A Viação Férrea Federal Leste Brasileiro poderia ter sido melhor investigada por causa da situação em que se encontravam seus veículos, assim como pela superlotação do Suburbano.

Segundo os relatos da imprensa, os trilhos também não apresentavam condições adequadas, fator que talvez não influenciasse no processo por conta da conclusão do laudo pericial - que garantiu estar em bom estado pelo menos o trecho onde ocorreu o acidente. Mas o poder público também devia ser investigado, entre os responsabilizados pela tragédia, pois o controle da superlotação a partir da estação ferroviária de Aracaju era tarefa dos agentes públicos.

No entanto, apesar de os indícios apontarem múltiplas responsabilidades, João Claro foi o único condenado no processo criminal. A Promotoria da cidade de Laranjeiras denunciou João Claro como causador do “horrôroso desastre”, sendo o processo encaminhado para a Comarca de Aracaju.

Embora seja conhecida a condenação de João Claro, o pesquisador Luiz Paulo não conseguiu incluir a sentença em seu trabalho, pois o documento havia sido retirado do processo-crime.

Este não foi o único desaparecimento de documento sobre o caso. O historiador denuncia que, após ter defendido sua dissertação, voltou ao Arquivo Judiciário para colher mais informações e, para sua surpresa, o próprio processo-crime havia desaparecido. “Não está mais na pasta em que eu pesquisei”, afirma.

“Algumas partes do processo você não conseguia encontrar”, completa Luiz. O historiador especula que, talvez pela repercussão que o caso teve, algumas pessoas ou setores prefiram que a conclusão do processo não seja evidenciada.

Racismo

Luiz Paulo Bezerra foca suas pesquisas na história pós-abolicionista do povo negro no Brasil - período que sucedeu a libertação dos negros escravizados, que ocorreu em 1888. Ele acredita que o racismo foi preponderante para a condenação de João Claro.

“O protagonismo negro, ser negro naquela época, levava ainda dificuldade para pessoas que tentavam ultrapassar certos limites; João Claro foi um desses”, explica Luiz, “um personagem importante para a história de Sergipe, no sentido do que um negro poderia na década de 1940”.

A pressão dos jornais e a pressa da população, por se encontrar um responsável pelo desastre, foram fatores que, combinados com o racismo, levaram o maquinista a ser o “condenado conveniente”, acredita o historiador. “Um negro, comunista, líder de centro espírita… de repente podia incomodar”, considera Luiz.

Outro obstáculo para preencher algumas lacunas na pesquisa foi a impossibilidade de conversar com familiares de João Claro.

“Não consegui ter acesso à família”, diz. “Possivelmente pela repercussão negativa, porque, imagine: um negro, na década de 1940, que conseguiu ter acesso a coisas que dificilmente conseguiria ter… e de repente tem sua vida destruída por causa de um acidente…”, reflete o pesquisador, sugerindo a possibilidade de haver um sentimento, por parte dos descendentes de Claro, de ter havido injustiça na condenação.

O cientista compara o caso de João Claro ao chamado “crime do restaurante chinês”, que aconteceu em São Paulo na década de 1930. Um casal de chineses, donos de um restaurante, e dois funcionários foram brutalmente assassinados. Um ex-garçom foi condenado pelos homicídios. O historiador Boris Fausto publicou um livro sobre o massacre, também analisando o processo-crime e a atuação da imprensa.

Para Luiz, quando as evidências são nebulosas, existe uma tendência – que pode ser reforçada pelos meios de comunicação – de condenar aqueles personagens já censurados pela própria sociedade.

Rua Vereador João Claro

Desde 1954, ou seja, quase dez anos após o acidente, a rua Sergipe, no bairro Siqueira Campos, passou a se chamar Rua Vereador João Claro. É o endereço do Centro Espírita Irmãos Fêgo, na época comandada por Claro e que continua em atividade.

Para o historiador Luiz Paulo, a homenagem é mais um indício da inocência do maquinista. “Não seria nada ético e bem visto pela população uma rua ser denominada em nome de um criminoso que causou tantas mortes”, reflete.

Para saber mais

A dissertação intitulada “Nos trilhos da morte: tragédia ferroviária, debate judicial e racismo em Sergipe nos anos 40” pode ser acessada, na íntegra, no Repositório Institucional da UFS, clicando aqui.

* As falas dos personagens da tragédia foram transcritas como constam nos autos do processo, inclusive com a grafia da época.

Marcilio Costa
Ascom/UFS
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Atualizado em: Sex, 25 de janeiro de 2019

Texto e imagens reproduzidos do site: ciencia.ufs.br