segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

'Herói de domingo', por Wagner Lemos

Legenda da imagem: Tela “Herói de domingo”, de Sara Cardoso
 (Crédito pintura: Instagram: @depois.sara)
 

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 19 de fevereiro de 2023

Herói de domingo
Por Wagner Lemos *

A Arte é uma menina que nos pega pela mão e nos leva a passear. Muitas vezes, arrasta com ímpeto a estradas de dura realidade e nos põe diante de urgências deste mundo e sacode dentro de nosso peito revoluções de que precisamos. Noutras, seu passeio é mais suave, bem mais sereno e nos desliza em trilhas em que o sonho e a luz nos desapegam de coisas cotidianas e nos permitem pisar nuvens.

Na grande maioria das vezes, contudo, a menina consegue ser serena e impetuosa nos levar a um caminho em que realidade e sonho estão estreitamente alinhavados numa costura de onde não se soltam fios.

Quando é assim, a experiência é mais intensa e, não raro, brotam águas dos olhos e há um descompasso no baú dentro do peito.

“Herói de domingo”, um óleo sobre tela de Sara Cardoso, pintora novel sergipana, me transportou ao universo em que a realidade e o sonho se abraçam.

Na cena prosaica, um menino descamisado, acompanhado de seu cachorro, caminha para casa levando um refrigerante. De chinelo de dedo nos pés, com a noite gravada na sua pele dando-lhes a tez negra, o menino segura com as duas mãos, como quem leva precioso bem, uma garrafa para casa. Uma casa que deve ser bem simples como as demais que compõem o plano de fundo da tela. Sem luxos, sem rebuscamentos, mas certamente um lar, o que faz toda a diferença. Um lugar como aquele em que cresci.

Enchi-me de saudade. Lembrei de meu tempo de menino. Recordei de quando fazia a mesma coisa: de posse de tostões contados, saía perto da hora do almoço de domingo e buscava, na mercearia mais próxima, um refrigerante, pequeno luxo e que era um refrigério em meio a uma vida de adversidades a que estão submetidas as famílias de meninos pobres e pretos.

Muitos anos já passaram desde o tempo em que eu carregava o troféu para aliviar a vida sofrida. Muita lágrima foi derramada desde então. Muitas dores e alegrias descompassaram as batidas em meu peito. Cresci. Cresci e rompi estatísticas que mostram que homens negros e pobres têm elevada taxa de mortalidade, sobretudo, por mortes violentas. Ao mesmo tempo em que isso me traz alento também me dói.

Outros que transitavam as mesmas ruas do meu bairro periférico não tiveram destino de vida como o meu. Tornaram-se um número frio na planilha que contabiliza vidas interrompidas. Ter sido exceção me entristece, pois nenhum de nós deveria ter se tornado rabiscos feitos no cimento molhado na improvisada lápide que vedava a gaveta do cemitério público da cidade. Nenhum de nós.

Hoje a saudade desse tempo me consome. É o desejo por uma época em que, como escreveu o poeta, “eu era feliz e ninguém estava morto”. Hoje eu daria tudo para me transportar para essa tela e nela viver para mais uma vez, ao menos, voltar a ser o herói de domingo.

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* É professor universitário (UNEB/UFS) e doutor em Literatura Brasileira (USP)

Texto e imagens reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

domingo, 19 de fevereiro de 2023

'Antigos carnavais de Aracaju', por Samuel Barros de Medeiros Albuquerque

Foto: André Moureira/Arquivo Infonet e reproduzida pelo blog para ilustrar o presente artigo.

Imagem extraída do youtube/google, canal de Carlos Henrique Valeriano 
(Garagem AJU90) e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo.

Publicado originalmente no site da UFS, em 26 de setembro de 2011

Antigos carnavais de Aracaju
Por Samuel Barros de Medeiros Albuquerque*

Na tarde do último dia 27, o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe recebeu a visita de uma equipe da TV Sergipe envolvida na produção de uma matéria sobre dos antigos carnavais aracajuanos. Buscavam registrar imagens de documentos que remetessem aos festejos de outrora.

No rico acervo da “Casa de Sergipe”, como é carinhosamente conhecido o Instituto, a equipe se interessou por alguns objetos, fotografias e notícias de jornais, além de alguns escritos legados por renomados autores sergipanos.

Inspirado pela produção da referida matéria, tratei de revisitar um dos mais primorosos textos da memorialística sergipana, o encantador “Roteiro de Aracaju”, obra de Mário Cabral, publicada em 1948.

Dialogando com autores como Corinto Mendonça, Mário Cabral informa que, em Aracaju, o carnaval surgiu ainda no século XIX, em princípios da década de 1890. Fomentado, sobretudo, pelo tenente Henrique Silva, surgiram os primeiros grupos de foliões, ao som de clarins e zabumbas, usando máscaras e fantasias. Mário trata com riqueza de detalhes dos desfiles dos primeiros clubes: o Mercuriano, o Cordovínico e, depois, o Baco e o Arranca. Segundo ele, “os carros alegóricos formavam grandiosos préstitos, procedidos, majestosamente, pelos clarins dos arautos” (Roteiro de Aracaju. 3ª ed. Aracaju: Banese, 2002, p. 55).

Entre as décadas de 1910 e 1930, o carnaval aracajuano passou por muitas transformações. O corso de automóveis na Rua João Pessoa, o uso generalizado de fantasias, confete e lança-perfume são marcas desse período. Mário também rememorou os concorridos bailes de carnaval. Segundo o poeta, “o povo dançava nos famosos bailes do Cinema Rio Branco. A grã-finagem se divertia no Clube dos Diários. O Recreio Clube, posteriormente, passou a ser o quartel general da folia carnavalesca, sendo o seu baile da terça-feira, um verdadeiro acontecimento social e mundano” (Roteiro de Aracaju. 3ª ed. Aracaju: Banese, 2002, p. 55).

Sob o ritmo do frevo, o nosso carnaval ganhou novo fôlego na década de 1940, após a Segunda Guerra Mundial. “Durante quatro dias e quatro noites, na Rua João Pessoa, na Praça Fausto Cardoso e na Travessa Benjamim Constant, ao som de grandes e de poderosos amplificadores, o povo aracajuano realiza[va] um carnaval animadíssimo. Os estandartes, como coisas vivas, oscilam sobre o estranho mar de cabeças humanas”, informa Mário (Roteiro de Aracaju. 3ª ed. Aracaju: Banese, 2002, pp. 55-56).

Ele afirma ainda que as ruas eram “decoradas por meio de luzes, cartazes, bandeirolas, figuras e gigantes painéis carnavalescos”. Sem contar com os famosos bailes dos clubes Sergipe, Cotinguiba, Aracaju e Associação. O poeta também caracterizou os antigos carnavais aracajuanos como um “maravilhoso espetáculo de igualdade e democracia”, congregando “velhos e moços, pretos e brancos, ricos e pobres” na festa pagã.

Sem dúvida, os “flagrantes” do “Roteiro de Aracaju” contribuem para o resgate da identidade aracajuana. Ana Maria Fonseca Medina, num belo texto dedicado ao amigo Mário Cabral, escreveu: “Aracaju perdeu o ar provinciano, tudo mudou caro poeta, mas você fez o milagre de deixar para as gerações futuras, a cidade poética intacta, pintada pelo colorido da sua pena de artista da palavra flamante” (Revista do IHGSE, nº 38, 2009, p. 266)

Nesse sentido, o “Rasgadinho”, um dos mais tradicionais blocos no carnaval de rua da cidade, criado na década de 1960, ressurgiu com força em 2003, animando os foliões do Cirurgia e bairros próximos.

Mesmo vivendo em Salvador, Mário Cabral sempre esteve atento aos acontecimentos de sua amada Aracaju. Certamente, antes do seu falecimento, em abril de 2009, o poeta teve notícias do renascimento do tradicional carnaval aracajuano.

É possível que Mário tenha se deixando tomar por um súbito sentimento de satisfação ao constatar que os antigos carnavais inspiraram os foliões do século XXI, promovendo um vibrante encontro do passado com o presente, resignificando uma memória que teima em sobreviver.

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* Professor da Universidade Federal de Sergipe. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

Texto reproduzido do site: ufs.br/conteudo

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Hilton Lopes dos Santos (1928 - 2003)


Fotos reproduzidas do site Instituto Marcelo Deda e postada pelo blog para ilustrar a presente publicação.

Artigo publicado originalmente no site MBRTV - Museu Brasileiro de Rádio e Televisão

Biografia de Hilton Lopes 

Seu nome completo Hilton Lopes dos Santos. Ele nasceu em Aracaju, capital de Sergipe, em 7 de junho de 1928 E faleceu, também em Aracaju, em 27 de junho de 2003. Foi radialista, apresentador de televisão, teve intensa participação em música, como compositor e instrumentista.

Sua vida:

Nasceu já gostando de música, tanto que sua primeira composição musical foi aos dez anos de idade. Nasceu e foi criado no bairro de Aribé, da capital sergipana. Nesse bairro viveu a vida toda. E por isso ficou conhecido pelo apelido de: “Pajé do Aribé”.

Foi ele quem organizou o 1º festival de música carnavalesca de Aracaju.

Sua entrada na vida artística, porém, foi ocasional. Estava com 17 anos, em um baile,apenas para se divertir,mas aconteceu que o profissional, contratado como baterista do show, embebedou-se e abandonou o palco. Hilton estava á mão e se dispôs a substituí-lo. Foi Walter Almeida , conhecido na cidade, quem o instigou a tomar tal atitude. E deu tudo certo. O jovem tinha jeito e assumiu daí em diante a bateria.Participou depois de vários conjuntos musicais e se profissionalizou. Foi baterista da “ Luna Rádio Orquestra de Aracaju”, regida pelo maestro Gerson Cavalcante, conhecido como “ Bodinho”. Depois Hilton foi baterista e crooner da “ Trames Blues Band”.

Atuou como cantor, nas cidades de Recife, Natal, Maceió e Salvador.

Apresentou por muitos anos o programa da TV Ataláia, de Aracaju: “ Cidade Junina”. Foi considerado o maior símbolo dos festejos juninos de Sergipe; e dos festejos do carnaval de Aracaju.

Sua morte:

Hilton Lopes teve um ataque cardíaco, em 27 de junho de 2003, exatamente durante a cobertura de uma festa junina. Todos prantearam sua morte. Ele estava com 75 anos de idade.

Texto reproduzido do site: museudatv.com.br

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Artigo > 'A bordo do Luzitânia', por Marcos Melo

Foto reproduzida do Facebook/Luzitania Lanches e postada pelo blog 'SERGIPE, sua terra e sua gente', para ilustrar o presente artigo.

Texto compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 12 de fevereiro de 2023 

A bordo do Luzitânia 
Por Marcos Melo*

Não, não se trata do portentoso transatlântico inglês, irmão mais velho do Titanic, afundado por submarino alemão na Grande Guerra. O Lusitânia a que me refiro está mais para uma ágil caravela, daquelas que só faltavam dar marcha ré e foram decisivas para que os intrépidos navegadores portugueses conquistassem terras longínquas em mares desconhecidos.

 Pois é, na última sexta-feira, dia 3 de fevereiro, na luxuosa companhia do modernizador de Aracaju, o ex-prefeito João Augusto Gama e, do paladino do desarmamento, o coronel Luiz Fernando Almeida, estivemos metaforicamente embarcados numa daquelas aguerridas caravelas cabralinas para uma inolvidável degustação de iguarias portuguesas. 

 Sim, de fato, fizemos um memorável passeio gastronômico a bordo do Luzitânia Lanches, pilotado pelo capitão de longo curso, Abelzinho, filho do lendário navegador Abel Gonçalves, português de quatro costados, que por aqui aportou, inicialmente em Propriá, na década de 1940, a chamado do patriarca Agostinho Gonçalves, para pilotar as emblemáticas lojas “A Brasiluso” e “Os Gonçalves”, as mais sortidas do comércio, quando a Princesa do São Francisco era a cidade mais pujante do interior sergipano.

Já em Aracaju, na década de 1960, Abel montou seu próprio negócio, na Rua de Laranjeiras, ao lado da Igreja São Salvador: “A Luzitânia”. Loja de artigos para homens como sapatos, cintos, roupas e demais acessórios. Eu fui seu cliente, pois o conhecia desde quando ele morou em Propriá, onde era visto pelos pais das moças casadoiras como um bom partido, pela seriedade, porte elegante e dinheiro no bolso. Lembro que, quando fui fazer um curso de pós-graduação em Porto Alegre, em 1968, comprei na Luzitânia mala, sapatos e um casaco para enfrentar o inverno gaúcho. 

 Profundo conhecedor dos hábitos de consumo do aracajuano, na década de 1980, Abel Gonçalves decidiu mudar de ramo e fundou, no mesmo endereço, o Luzitânia Lanches, que há mais de 40 anos tem feito a alegria de paladares exigentes no que se refere à comida portuguesa.

Pois bem, aboletados no castelo de popa do Luzitânia Lanches, iniciamos os trabalhos traçando o melhor bolinho de bacalhau que se possa imaginar. Feito nas regras da arte com as matérias primas e os condimentos apropriados, esse bolinho, harmonizado com o precioso vinho tinto que nos foi servido, faz com que as papilas gustativas deem cambalhotas de felicidade. Em seguida, depois de um breve descanso das mandíbulas, atacamos de bacalhau à moda da casa, que não fica nada a dever aos Gomes de Sá da vida e quejandos.

 Curioso, perguntei a Abelzinho onde ele adquiria o bacalhau, se no comércio local ou em outra praça. Disse-me que comprava em Recife, para onde ia pessoalmente buscá-lo, depois de rigorosa inspeção do produto. Deu-nos uma aula sobre a importância de se fazer os cortes com precisão e nas medidas certas a fim de se conseguir o aproveitamento integral e manter a consistência das peças. Para tanto, utiliza-se de facas especiais, e mostrou-nos uma serrilhada e amoladíssima feita de titânio. 

 A essa altura Abelzinho apresentou-nos a um encorpado vinho verde, prata da casa, e, com esse precioso líquido nas taças, fizemos um emocionado brinde a memória do empreendedor Abel Gonçalves, seu saudoso pai e nosso estimado amigo.

 Já passava das 16 hs quando adentrou na proa do Luzitânia Lanches o professor Jouberto Uchoa, timoneiro de grandes embarcações e navegador em mares revoltos. Como nós, foi se deliciar das iguarias de bordo. Informados de sua ilustre presença, gritamos seu nome, e ele, atenciosamente, veio até nós, no castelo de popa. Sentou-se e, a pedidos, cantarolou o conhecido samba-canção “Alguém me Disse”, de Evaldo Gouveia e Jair Amorim, grande sucesso na voz de Anísio Silva.

Para quem não sabe, Uchoa é um cantor afinado. Pensou inclusive em se profissionalizar, mas a enorme vocação de educador falou mais alto. Para o bem de Sergipe e do Nordeste.

Enfim, às 17:30 hs desembarcamos do Luzitânia Lanches, ancorado no porto de sempre, à Rua de Laranjeiras, 102. 

* Marcos Melo é professor emérito da UFS e membro da ASL.

Texto reproduzido do site: radarsergipe.com.br

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Antônio Carlos Garcia ENTREVISTA Claudefranklin Monteiro Santos

Legenda da foto: Claudefranklin Monteiro: "Escrever para mim é um deleite, é como respirar: uma necessidade vital"

Entrevista compartilhada do site SÓ SERGIPE, de 22 de janeiro de 2023 

Entrevista» Escritor Claudefranklin Monteiro: “Se fosse viver de livros estaria passando necessidade”

Por Antônio Carlos Garcia 

Livre pensador que tem dificuldade em se encaixar em estilos, e acredita que contar uma história é mais interessante do que se prender a teorias. Esse é o escritor Claudefranklin Monteiro Santos, 48 anos, pós-doutor em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal da Bahia e atualmente professor do Mestrado em História da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Autor de 10 livros – o mais recente deles “Pela Luz dos Olhos Teus”, uma biografia do médico Hugo Gurgel, Claudefranklin lamenta que “não há estímulos privados nem governamentais, pelo menos como se deve”. E complementa: “boa parte de meus livros autorais foram bancados com meus próprios recursos. Graças a Deus, nunca tive prejuízo, conseguindo retornar o que investi”.

Ele diz que “se fosse viver de livros estaria passando necessidade”. Segundo o escritor, “as pessoas dão valor, nos admiram e nos aplaudem, mas ficam, em geral, esperando ganhar o livro. Não têm aquele hábito de ir aos lançamentos – coisa que não tenho feito mais, pelo menos os autorais -, e tampouco à livraria, com raríssimas exceções, claro”.

Nesta vida de escritor, Claudefranklin sofreu alguns reveses, mas a paixão pela literatura sempre foi mais forte. “Por muito pouco, me aposentei por ali, como escritor. Senti de perto, pela primeira vez, a pequenez e a maldade humana. Mas superei e segui fazendo o que eu gosto até hoje: lecionar e escrever”, confessou. “Tenho consciência de que não agrado a alguns, mas dou mais atenção ao meu bem-estar, à minha saúde mental e espiritual e foco naqueles que nos amam, nos admiram e nos estimulam”, destacou.

Agora, Claudefranklin está escrevendo a biografia do professor Josué da Silva Mello, lagartense como ele, ex-reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), na Bahia, que o convidou para essa empreitada. Em setembro do ano passado, quando iniciou as pesquisas para contar a história de Josué, Claudefranklin foi à casa do biografado várias vezes para entrevistas. O livro, que ainda não tem nome, está em vias de conclusão e a pretensão é lançá-lo em março, em Feira de Santana.

No próximo dia 15 de abril, o escritor lagartense deve lançar o primeiro volume do livro “Servido de todos Padre Mario Rino Sivieri (1942-1979”) de 2022, contando a história de Dom Mario Rino Sivieri, que escreveu em coautoria com Anselmo Vital e Sérgio Botelho. Ele acredita que esse livro poderá ser traduzido para outro idioma. Dom Mario nasceu em Castelmassa, na Itália, em 15 de abril de 1942, foi o terceiro bispo da Diocese de Propriá e morreu aos 78 anos de idade, no dia 3 de junho de 2020, em Aracaju.

Apaixonado pelo Carnaval baiano, Claudefranklin escreveu “A vida é um trio elétrico”,  que conta a trajetória de Armandinho, Dodô e Osmar. Este e os outros dois que completarão a trilogia são um desdobramento do seu pós-doutorado em Cultura e Sociedade, pela Universidade Federal da Bahia, entre 2016 e 2017. “Além de ‘A vida é um trio elétrico’, à mercê de Deus, até 2025, quero publicar um segundo volume sobre a trajetória da Banda Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar e um terceiro sobre o carnaval elétrico em Sergipe”, disse.

Com um livre trânsito entre o sagrado e profano, o professor diz que seu livro “A santinha do Novo Horizonte” é a menina dos seus olhos e foi  pagamento de promessa. “Eu e minha esposa somos devotos da santa francesa de Lisieux. Pela nossa fé, nossa filha, Júlia Gabrielle é fruto de uma intercessão dela, pois tenho varicocele, que dificulta em muito a questão da fertilidade. De todos os meus trabalhos, incluindo os acadêmicos, foi o que mais me realizou enquanto escritor e pessoa”.

Sexto filho – de um total de sete – do comerciante e vereador José Almeida Monteiro e dona Maria Claudemira dos Santos Monteiro, ambos falecidos, Claudefranklin, começou o curso de História na Universidade Federal de Sergipe (UFS), aos 17 anos, e aí não parou mais de estudar. Seu nome, pouco comum, foi dado pelo irmão mais velho, José Cláudio Monteiro Santos, com a licença do  patriarca. E aí os irmãos são Claudemir, Claudineide, Claudiane, Claudicleide, Claudefranklin e Claudimax.

O nome Claudefranklin foi inspirado no escritor Franklin Távora, cearense de Baturité, um dos representantes da prosa regionalista do romantismo brasileiro, cujas obras valorizam os costumes do Norte do Brasil. Um dos seus grandes romances é O Cabeleira.

Conheça um pouco mais sobre a vida e a obra do escritor lagartense Claudefranklin Monteiro.

Boa leitura.

SÓ SERGIPE – O senhor lançou, recentemente, junto com a também escritora Ana Medina, o livro “Pela luz dos olhos teus”, contando a história do médico Hugo Gurgel. O título dessa biografia remete à canção de Tom Jobim e Miúcha. Como se deu a escolha desse título?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – A partir do levantamento de fontes, sobretudo as entrevistas que fizemos. A partir de um determinado momento da escrita, vimos que estávamos diante de um amor sincero e uma relação muito forte entre o biografado e a sua amada. Foi algo intuitivo. Veio à minha mente o trecho dessa canção quando vi a foto que ilustra a capa. Apresentei a proposta de título à Ana Medina e por conseguinte à  Eline Gurgel, filha do casal, que concordaram prontamente, com entusiasmo e alegria.

SÓ SERGIPE – O senhor e Ana Medina passaram dois anos trabalhando no livro, que foi iniciativa da filha do homenageado Eline Gurgel. O que mais lhe surpreendeu  ao pesquisar a vida desse médico?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – A humanidade dele. Era um médico humanista na melhor acepção da palavra, e isso se refletiu na criação dos filhos e também dos netos. Hoje, é Dra. Andréa quem cuida dos negócios da Santa Helena, filha de Dra. Eline. Há muito nela dos avós: o tino administrativo de dona Lucinha e a dedicação ao trabalho de Dr. Hugo Gurgel. Uma receita de sucesso que está prestes a completar 50 anos de existência.

SÓ SERGIPE – O senhor já vem trabalhando para lançar brevemente, a biografia de um conterrâneo seu, o professor Josué da Silva Mello, ex-reitor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).  O livro já está concluído? Já tem um título?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Sim. Conheci o professor Josué há alguns anos. Esteve em minha casa em Lagarto e me pediu para escrever uma síntese de sua vida para a Revista Perfil. Foi aí que descobri que ele era meu conterrâneo. Nasceu ali uma relação de admiração mútua, de respeito e hoje de amizade fraterna. Anos depois, voltamos a nos encontrar em minha posse como sócio do Instituto Histórico da Bahia. Na oportunidade, muito brevemente, por conta da solenidade, externou seu desejo de ter a sua vida e trajetória profissional registrada em livro. Ficamos de nos falar dali em diante.

SÓ SERGIPE – E como foi esse reencontro?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Passado aquele nosso reencontro em Salvador, mais um período nos distanciou naturalmente. Vieram outros projetos e a pandemia. Ano passado, ele me mandou uma mensagem e voltou a tocar no assunto. Fui à casa dele com minha esposa e meu filho, e ali firmamos o compromisso. Em setembro, voltei mais uma vez por lá, e iniciei efetivamente o projeto. Está em vias de conclusão e pretendemos lançar em março, inicialmente em Feira de Santana.

SÓ SERGIPE – Além dessas duas biografias citadas, é da sua autoria “A vida é um trio elétrico”, uma trilogia sobre Armandinho, Dodô e Osmar. Acredito que foi um trabalho demorado e de muita pesquisa. 

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – “A Vida é um Trio Elétrico” foi um livro simples que pretendia abrir uma trilogia sobre o Trio Elétrico Armandinho, Dodô e Osmar. Projeto suspenso temporariamente, em razão, sobretudo, da pandemia de Covid-19. Tinha acabado de lançar “A santinha do Novo Horizonte”, histórico de uma paróquia de Lagarto-SE.

As mortes de Paulo Milha, produtor do grupo, e de Moraes Moreira, “quebraram minhas pernas”, como se diz no popular. Fiquei desanimado, como muitos de nós, e adoeci física e psicologicamente. Fui me dedicar a pôr essas coisas em ordem e aguardar os desdobramentos. Foi quando surgiram outros projetos, um pessoal, de memória, “Eutímia – Crônicas para não esquecer”, e o primeiro trabalho coautoral com Ana Medina, onde fizemos memória dos 150 anos da Paróquia de Senhora Santana, Boquim-SE. Sem falar nos outros que já mencionei.

SÓ SERGIPE – Quais são os outros dois livros que completarão essa trilogia?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Esses livros sobre o Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar são um desdobramento de meu Pós-doutorado em Cultura e Sociedade, pela Universidade Federal da Bahia, desde minhas passagens por lá entre 2016 e 2017. Devo retomar as publicações agora em 2023, quando Osmar faria 100 anos de nascimento. Talvez, se eu der conta, publique uma homenagem a ele, em livro. Além de “A vida  é um trio elétrico”, com a mercê de Deus, até 2025, quero publicar um segundo volume sobre a trajetória da Banda Trio Elétrico Armandinho Dodô e Osmar e um terceiro sobre o carnaval elétrico em Sergipe.

SÓ SERGIPE – O seu trabalho circula bem entre o sagrado e o profano. No terreno sacrossanto, há um livro seu sobre Santa Teresinha, lançado em 30 de setembro de 2020. O que o motivou fazer essa pesquisa?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Sim. Transito bem nesses dois campos de pesquisa. Amo o Carnaval. Sou católico, mas me considero livre para escrever uma História da Igreja, da Religião e das Religiosidades sem amarras ideológicas. Não é à toa que o livro de Josué Mello é sobre um presbiteriano. “A santinha do Novo Horizonte” foi uma paga de promessa. Eu e minha esposa somos devotos da santa francesa de Lisieux. Pela nossa fé, nossa filha Júlia Gabrielle é fruto de uma intercessão dela, pois tenho varicocele que dificulta em muito a questão da fertilidade. De todos os meus trabalhos, incluindo os acadêmicos, foi o que mais me realizou enquanto escritor e pessoa.

SÓ SERGIPE – Como nasceu o Claudefranklin escritor? O senhor conta numa entrevista que seu lado escritor surgiu a partir da amizade com o poeta Assuero Cardoso, que o estimulou a escrever para um jornal. Mas será que antes disso já não havia um escritor em ebulição?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Como tudo na minha vida, aconteceu de forma muito natural. Desde menino, gosto de ler. Meu irmão mais velho, professor José Cláudio Monteiro Santos (falecido) sempre me estimulou. Mais tarde, foi meu professor de Redação no ensino médio, ele me dizia que um bom escritor é um grande leitor. Nunca tive maiores ambições na minha vida além de viver da minha profissão: professor. Dar minha aula, cumprir minhas obrigações com dedicação e qualidade, e me recolher em casa. Mas, a partir de 1996, tudo mudou, e em grande medida, não somente Assuero mas também o saudoso jornalista Emerson Carvalho e Raimundinho me estimularam a escrever para o jornal Folha de Lagarto. Daí em diante, não parei mais e as outras coisas foram, também, surgindo e acontecendo naturalmente. De tal sorte que escrever para mim é um deleite, é como respirar: uma necessidade vital. Se o que escrevo é bom ou não, eu sigo escrevendo. Não por vaidade, mas por satisfação.

SÓ SERGIPE – Quando foi lançado o seu primeiro livro e o que ele conta?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Nunca me considerei poeta. E, por incrível que pareça, tenho dois livros de poesia publicados, inclusive o primeiro, “Centrifugação” (1999). Esse livro foi estimulado por Assuero. Numa de nossas “farras”, depois de algumas cervejas, peguei um guardanapo e escrevi o poema que deu o título ao livro. Ele viu, leu e gostou. Cheguei a inscrever o poema numa das edições do Concurso de Poesia Falada de Lagarto, ficando em sexto lugar. Dali em diante, fui escrevendo outros poemas e colecionando numa gaveta. Quando juntei uma boa quantidade, levei para ele e perguntei: e aí, merece uma publicação? No que me disse: claro que sim.

SÓ SERGIPE – Desta primeira publicação até agora, quantos livros já escreveu?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Autorais, já se vão dez. Em coautoria, capítulos de livros, livros organizados, prefácios e apresentações, mais de cinquenta. Digo isso sem orgulho, mas com alegria. Tenho convicção de que Deus foi e tem sido muito generoso comigo, de modo particular como escritor: me proporcionando mais do que pedi e me permitindo mais do que mereço.

SÓ SERGIPE – Dentre eles, há algum que o senhor gosta mais?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Sem sombra de dúvidas, como já disse “A santinha do Novo Horizonte” (2020).

SÓ SERGIPE – Seus livros já foram traduzidos para outros idiomas?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Ainda não, mas há uma grande chance de sê-los. Refiro-me ao primeiro volume da biografia de Dom Mario Rino Sivieri, que divido com Anselmo Vital e Sérgio Botelho – “Servido de todos Padre Mario Rino Sivieri (1942-1979”), de 2022, a ser lançado oficialmente no dia 15 de abril de 2023.

SÓ SERGIPE – Como historiador e escritor, como o seu avalia o mercado de livros em Sergipe?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Se eu fosse viver de livros estaria passando necessidade. As pessoas dão valor, nos admiram e nos aplaudem, mas ficam, em geral, esperando ganhar o livro. Não têm aquele hábito de ir aos lançamentos – coisa que não tenho feito mais, pelo menos os autorais -, e tampouco à livraria, com raríssimas exceções, claro. A distribuição é dispendiosa e não há estímulos privados nem governamentais, pelo menos como se deve. Boa parte de meus livros autorais foram bancados com meus próprios recursos. Graças a Deus, nunca tive prejuízo, conseguindo retornar o que investi.

SÓ SERGIPE – Os sergipanos prestigiam as obras dos escritores do Estado?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Seria injusto se dissesse que não. Até que prestigiam. “Pela luz dos olhos teus” foi um exemplo disso. A repercussão foi incrível. Mas rola muita vaidade, inveja e malquerer, sentimentos com os quais aprendi a conviver depois que lancei meu segundo livro, “Nove contos” (2023). Por muito pouco, me aposentei por ali, como escritor. Senti de perto, pela primeira vez, a pequenez e a maldade humana. Mas, superei e segui fazendo o que gosto até hoje: lecionar e escrever. Tenho consciência que não agrado a alguns, mas dou mais atenção ao meu bem-estar, à minha saúde mental e espiritual e foco naqueles que nos amam, nos admiram e nos estimulam. Quanto aos que não perdem uma oportunidade de destilar seu veneno e tentar impor os efeitos de seus recalques, minha oração e gratidão. A gratidão em razão de buscas, aprender e melhorar com as críticas, mesmo as maldosas.

SÓ SERGIPE – Dizem que um bom escritor é, sem dúvida, um bom leitor. Quantos livros você lê por ano?

CLAUDERFRANKLIN MONTEIRO – Não sei precisar em números. Mas, são muitos. Geralmente, mais acadêmicos. Queria mesmo ter tempo de sobra para ler títulos da literatura brasileira e internacional.

SÓ SERGIPE – Com qual estilo literário você mais se identifica?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Sou um livre pensador e por isso mesmo tenho dificuldade de me encaixar em estilos. Gosto muito de narrativas. Para mim, contar uma história é mais interessante do que se prender a teorias, que devem ser meios e não o fim ou uma camisa de força que, em geral, tolhe a criatividade.

SÓ SERGIPE – Quais suas referências entre os escritores brasileiros e estrangeiros?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Sou muito fã de Vinícius de Morais. Desde menino, sou influenciado por seu estilo. Entre os estrangeiros, Moris West, J.J. Benítez e Ohan Pamuk.

SÓ SERGIPE – E na literatura sergipana?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO – Luiz Antônio Barreto.

SÓ SERGIPE – Professor, a vida é um trio elétrico?

CLAUDEFRANKLIN MONTEIRO -Com certeza! Não é à toa que não quero ninguém triste em meu velório. Quero orações e alegria. E é assim que encaro a vida, como uma grande jornada, onde temos que aprender com os reveses e nunca, jamais, perder o viço de viver. A vida, como o Carnaval, é curta. E enquanto não for cinzas: “Alegria agora / Agora e amanhã / Alegria agora e depois / E depois e depois de amanhã” (Daniela Mercury).

Texto e imagem reproduzidos do site sosergipe.com.br

domingo, 5 de fevereiro de 2023

"Pedro e Pedrito Barreto...", por Igor Salmeron

Post compartilhado do Facebook/Igor Salmeron, de 27 de setembro de 2021

Pedro e Pedrito Barreto: 
Figuras essenciais no cenário político-social sergipano¹  
Por Igor Salmeron 

Ao estudar sociologicamente a formidável História de Sergipe, percebemos que dois briosos personagens se realçam com altivez no fascinante quesito progresso político-social: Pedro e Pedrito Barreto. Deixam legado de seriedade e, sobretudo, honestidade em tudo que se propuseram a fazer. 

Ao realizar diversos levantamentos junto ao excelente Arquivo do tradicional Jornal da Cidade, pude notar que duas sublimes figuras se demonstram fundamentais para compreendermos o próprio aperfeiçoamento político-social sergipano nas últimas décadas. De um lado, temos o saudoso Pedro Barreto de Andrade, cidadão realizador que se destacou pela sua exímia atuação nos diversos cargos e funções públicas por onde passou. De outro, seu célebre filho Pedrito Barreto, icônico comunicador, jornalista, advogado, colunista social dos mais atuantes em Aracaju que fez história e ainda se faz presente no universo societário de todos os sergipanos. 

Segundo dados histórico-biográficos auferidos, Pedro Barreto de Andrade nasceu em Simão Dias, num dia 23 de março do ano 1918. Filho de Pedro Barreto de Andrade e de D. Esther Dantas de Andrade. Deles, Pedro Barreto herdou espírito de retidão e integridade de caráter. Na seara escolar, prestou curso primário no Colégio Santa Inês, em Capela, coordenado pela exemplar professora Adelina da Silva Vieira, concluindo-o em 1928. O curso ginasial foi iniciado no Colégio Salesiano, em Aracaju, transferindo-se, depois, para o Liceu Salesiano, em Salvador, concluindo o 2º e 3º anos, retornando a Aracaju, para finalizá-lo no Colégio Tobias Barreto. 

Suspendeu os estudos no ano de 1937, árduo período em que passou a trabalhar no comércio, em Aracaju. Depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou com atividades comerciarias, sendo representante de remédios. Procedeu, em seguida, no Instituto de Organoterapia Brasileira S/A, sindicalizando-se como propagandista. Ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, graduando-se em Ciências Jurídicas e Sociais mais especificamente num dia 12 de dezembro de 1946. 

A convite do então governador do Estado de Sergipe, Dr. José Rollemberg Leite, retornou para Aracaju, vindo a dirigir, a partir do dia 30 de dezembro de 1948, o Serviço de Assistência Municipal. Promotor Público da Comarca de Itabaiana, em 1949, 2º Procurador da Fazenda Pública do Estado de Sergipe, em 1951, Secretário da Justiça e Interior do Estado de Sergipe e Presidente do Conselho Estadual de Serviço Social, em 1951. Foi também Chefe de Polícia do Estado de Sergipe (cargo correspondente a Secretário de Estado da Segurança Pública), em 1952, no governo de Arnaldo Rollemberg Garcez. 

Atuou na área docente como modelar Professor das disciplinas Direito Público e Privado e História das Doutrinas Econômicas, da Faculdade de Ciências Econômicas de Sergipe, em 1953. Foi Deputado Estadual nas legislaturas de 1954, 1958 e 1962. Foi nomeado idôneo Desembargador do vetusto Tribunal de Justiça de Sergipe, em 1964, representando o quinto constitucional da advocacia. Presidente do mesmo Tribunal em 1973. Comandou o Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, no biênio 1970 a 1972. Pedro Barreto de Andrade, homem que possuiu coragem pessoal e cívica, não à toa foi admirado dentre tantos notáveis, por Manoel Cabral Machado, seu amigo de infância e companheiro nos entraves políticos. 

Aposentou-se da magistratura em 15 de maio de 1980, retornando à atividade política partidária, passando a exercer o cargo de Secretário de Estado da Segurança Pública, no eminente governo do Dr. Augusto do Prado Franco. Foi admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe no ano de 1957. Representou, em 25 de março de 1950, o Estado de Sergipe no Congresso Nacional dos Municípios Brasileiros, no Rio de Janeiro, então Capital da República. 

Na gestão do Desembargador Manuel Pascoal Nabuco d’Ávila foi homenageado, post mortem, com o Colar do Mérito Judiciário. Recebeu o diploma destaque do ano de 1970, conferido pela o Organização de Pesquisa de Opinião Pública, em vista da sua extraordinária atuação como magistrado; recebeu diploma de membro honorário do segundo Seminário Sergipano do Mistério Público, em 1971; Diploma de Colaboração conferido pela Polícia Militar de Sergipe, pelos inestimáveis serviços prestados à corporação, em 1971. Angariou com louvor a Medalha de Mérito Universitário conferido pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, em 1977.  Faleceu em Aracaju, no dia 14 de setembro de 1984.

Vale destacar que o honrado desembargador Pedro Barreto de Andrade antes de ingressar na magistratura sergipana teve papel destacado na advocacia e na política. Integrou o Partido Social Democrático, com uma expressiva liderança no interior do estado, valendo-lhe o exercício de importantes cargos públicos, em especial a Chefia da Polícia de Sergipe, cargo correspondente ao atual Secretário de Estado da Segurança Pública. Nessa efervescente época, as disputas partidárias entre os adeptos da União Democrática Nacional (UDN) e os do Partido Social Democrático (PSD) eram bastante intensas, exigindo-lhe bastante cautela e tirocínio para minimizar as tensões e as rivalidades existentes. Como deputado estadual podemos afirmar, indubitavelmente, que manteve uma postura de flexibilidade e honradez, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento de Sergipe. 

Seguindo os retilíneos passos paternos, Pedrito Barreto também já deixa herança de contribuições que marcarão vindouras gerações. Pedro Barreto de Andrade Filho, o famigerado Pedrito Barreto nasceu no Rio de Janeiro. Ainda criança, aportou em Aracaju, onde iniciou os seus estudos. O ano de 1964 marcou a sua vida profissional no já extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM). Em 1965, foi convidado pelo governador Celso de Carvalho para assumir o relevante cargo de Controlador de Verbas do Palácio Olímpio Campos. Por seu eficaz desempenho e virtuosa temperança, foi nomeado para o Departamento Estadual de Infraestrutura Rodoviária de Sergipe (DER/SE). Dois anos após, em 1967 Pedrito Barreto assumiu a Assessoria de Comunicação Social do Departamento Municipal de Turismo. 

O ano de 1968 assinalou o prolífico início das suas atividades jornalísticas, sendo convidado para escrever no clássico Diário de Aracaju – Órgão dos Diários e Emissoras Associados. Paralelamente, apresentava um programa na Rádio Jornal. Em 1971 foi para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de Direito nas Faculdades Integradas Estácio de Sá, mantendo seus trabalhos junto ao Escritório do Estado de Sergipe. Voltou para Aracaju em 1978, quando foi convocado para assumir o cargo de Assessor Jurídico do DER/SE, ocupando também os cargos de Chefe do Serviço Contencioso, Chefe da Assessoria Jurídica e Secretário Geral. 

Ainda nesse mesmo ano, voltou às atividades na imprensa sergipana, atuando de maneira magistral na Gazeta de Sergipe, Jornal da Cidade e Jornal de Sergipe, retornando depois à Gazeta de Sergipe e, posteriormente, assinando páginas do suplemento dominical do mítico Jornal Cinform. Também comandou um programa na TV Jornal. Além da mais que fecunda vida jornalística, Pedrito Barreto assumiu os cargos de diretor da Galeria de Arte “Álvaro Santos”, foi Chefe do Cerimonial do Palácio “Inácio Barbosa”, Assessor da Presidência do CDL-Aracaju e Chefe do Cerimonial do Palácio do Governo e Tribunal de Justiça. Pedrito se aposentou pelo DER/SE como decente Procurador Autárquico.

Dentre seus tantos feitos indeléveis na memória coletiva de Sergipe, podemos destacar com ênfase a criação do memorável Prêmio Pedrito Barreto, que prestava valorosas homenagens a inúmeras personalidades sergipanas. Durante toda sua áurea vida, Pedrito Barreto vem recebendo inúmeras homenagens, como títulos de cidadania aracajuana e cidadania sergipana, além de comendas e placas do Exército Brasileiro, Prefeitura de Aracaju, Secretaria de Estado da Cultura, Marinha do Brasil, Polícia Militar e Governo do Estado de Sergipe, entre diversas variantes honoríficas que atestam o seu inexaurível espólio.

Ao lado de atemporais nomes que marcam o conjunto dos inesquecíveis na História da Coluna Social e do Jornalismo em Aracaju, exemplificados por nomes como Carlos Henrique de Carvalho (Bonequinha), Wellington Elias, Ilma Fontes, Luiz Daniel Baronto, Ivan Valença, Clara Angelica Porto, Osmário Santos, Thais Bezerra, Maria Franco, Luduvice Jose, Sacuntala Guimaraes, Márcio Lyncoln Almeida, Yara Belchior, João Barreto Neto, Roberto Lessa, Laurindo Campos, Eduardo Cabral, Joana Santana, Maria Luiza Cruz, Tereza Newman, Daisy Monte, Paulo Nou, Karmen Mesquita, João de Barros, Lânia Duarte, Carmen Pacheco, Ledinaldo Almeida, dentre tantos outros inolvidáveis. Pedrito Barreto fulgura como àquele que mantém acesa a chama das boas relações e fortalecimento das mais edificantes memórias político-sociais desse nosso cativante Estado de Sergipe. 

Portanto, ao estudar sócio historicamente as carreiras desses dois ícones sergipanos, percebemos que suas obras e ações ainda irão reverberar e muito, tanto para as presentes quanto para as futuras gerações que sabem apreciar os nossos mais ilustres tesouros. Pedro e Pedrito Barreto possuem o sentimento do mundo, pois demonstram na prática que é caminhando e semeando generosidade que atingimos as benesses de uma vida debruçada ao coletivo, quesito este vital que lhes afiança a colheita merecida. 

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¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL). 

E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com

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Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Igor Salmeron 

'Idade é documento?', por Marcos Cardoso

Legenda da foto: Seixas Dória, Marcelo Déda e Celso de Carvalho

Publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 4 de fevereiro de 2023

Idade é documento?
Por Marcos Cardoso *

Desde a última quinta-feira, 2, as três principais cadeiras do Estado são ocupadas por homens considerados ainda jovens para a importância dos cargos que ocupam. Fábio Cruz Mitidieri (PSD) é governador aos 45 anos (fará 46 anos no próximo dia 24), o deputado estadual Jeferson Luiz de Andrade (PSD) é mais jovem ainda e já preside a Assembleia Legislativa com apenas 43 anos, e o desembargador Ricardo Múcio Santana de Abreu Lima é presidente do Tribunal de Justiça aos 61 anos.

Quem observou a jovial coincidência foi o jornalista Adiberto de Souza, que escreveu na sua coluna diária: “Mitidieri, Jeferson e Ricardo Múcio são exemplos bem acabados a serem seguidos pela juventude sergipana”. Pode ser. O deputado e o desembargador foram empossados presidentes justamente naquele dia.

Um político ocupar o governo do Estado aos 45 anos chama a atenção porque não é um acontecimento tão comum, mas também não é inédito. Sergipe já teve governadores mais jovens.

O político mais moço a ser empossado governador de Sergipe nas últimas oito décadas, após a Era Vargas, foi o engenheiro José Rollemberg Leite, que assumiu o comando do Estado em 1947 com apenas 34 anos de idade. Natural de Riachuelo, ele voltaria a ser governador três décadas depois, assumindo novamente o Palácio Olímpio Campos em 1975, aos 62 anos.

Também era bastante jovem o governador que o sucedeu nos anos 50. Arnaldo Rollemberg Garcez, de Itaporanga d’Ajuda, tinha 40 anos quando assumiu o governo de Sergipe em 1951.

Outros dois políticos tinham 41 anos quando chegaram ao governo. Sebastião Celso de Carvalho, o primeiro da dinastia de governadores naturais de Simão Dias, havia completado essa idade em janeiro, ainda como vice-governador, e no dia 1º de abril de 1964 acordou sendo convidado a assumir o comando do Estado, quando o então governador Seixas Dória foi derrubado pelo golpe militar.

Meses mais velho, o engenheiro aracajuano João Alves Filho também tinha 41 anos quando assumiu o governo do Estado pela primeira vez, em 1983. No segundo mandato, iniciado em 1991, ele era jovem ainda, 49 anos, e chegou ao terceiro mandato, em 2003, aos 61 anos de idade.

Uma curiosidade: João Alves foi certamente o prefeito mais jovem de Aracaju. No primeiro mandato, iniciado em 1975, ele tinha apenas 33 anos de idade. Na segunda vez como prefeito e no último dos seus mandatos políticos, iniciado em 2013, ele já era um senhor de 71 anos.

Paulo Barreto de Menezes, outro engenheiro de Riachuelo, tinha 45 anos quando foi empossado governador em 1975. O advogado João de Seixas Dória, natural de Propriá, também tinha 45 anos quando assumiu o governo em janeiro de 1963, menos de um mês antes de completar 46 anos.

O também advogado Marcelo Déda Chagas, o terceiro governador nascido em Simão Dias, assumiu o mandato de governador, em 2007, aos 46 anos de idade. Quando foi prefeito de Aracaju a primeira vez, em 2001, ele tinha apenas 40 anos.

A propósito, o segundo governador de Simão Dias, o engenheiro químico e advogado Antônio Carlos Valadares foi governador em 1987 aos 47 anos (48 incompletos). O quarto simão-diense foi Belivaldo Chagas, que assumiu o governo pela primeira vez em abril de 2018 aos 57 anos. Faria 58 naquele mesmo mês.

Também formado em Direito, o industrial aracajuano Albano do Prado Franco assumiu o primeiro mandato de governador em 1995 aos 54 anos. Já o pai dele, o médico e empresário laranjeirense Augusto do Prado Franco, foi governador, em 1979, com 66 anos de idade.

O sucessor de Augusto Franco, o general Djenal Tavares Queiroz, natural de Frei Paulo, foi o mais velho a assumir a cadeira número um nesse período. Já contava com 70 anos de idade quando deixou de ser vice-governador para se tornar governador em 1982.

O segundo governador mais velho foi Jackson Barreto de Lima, natural de Santa Rosa de Lima, que tinha 69 anos quando se tornou governador em 2013, após o afastamento de Marcelo Déda para tratamento de saúde. Déda morreu em São Paulo em dezembro daquele ano e, em 2014, já com 70 anos, Jackson foi reeleito.

Para completar a lista: Luís Garcia, de Rosário do Catete, tinha 48 anos quando assumiu o governo em 1959; o médico Lourival Baptista, de Entre Rios (BA), tinha 51 anos quando foi governador em 1967; Dionísio de Araújo Machado, de Lagarto, foi governador em 1962 aos 56 anos; E o engenheiro Leandro Maynard Maciel, de Rosário do Catete, foi governador em 1955 aos 57 anos.

Claro que a idade não fez deles mais ou menos atuantes e realizadores, mas ficam dois registros. O registro positivo de que os jovens sempre se interessaram pela política. Como deve ser, afinal, política não é assunto que interessa somente a gente velha. E o registro negativo de que não há uma mulher na relação de governadores de Sergipe. E essa página precisa ser virada.

* É jornalista.

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticia.com.br

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Morre o empresário Geraldo Nabuco, vítima de infarto

Legenda da foto: Geraldo com sua mãe - (Crédito da foto: Arquivo pessoal)

Publicado originalmente no site RADAR SERGIPE, de 1 de fevereiro de 2023 

Morre o empresário Geraldo Nabuco, vítima de infarto

Morreu na noite de ontem, terça-feira (31 de janeiro), o conhecido empresário e pecuarista Geraldo José Nabuco de Menezes, aos 74 anos, vítima de um infarto fulminante.

Geraldo Nabuco atuou no ramo da construção civil e ocupou alguns cargos públicos nos Governos de João Alves Filho, e, dentre os quais, foi presidente da Companhia Estadual de Obras Públicas (CEHOP) e Secretário dos Transportes.

Ele deixa quatro filhos, entre eles Inácio Kraus, ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional de Sergipe. 

O velório está sendo realizado na Colina da Saudade, onde o corpo será sepultado às 16h.

Texto e imagem reproduzidos do site: radarsergipe.com.br

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

'Os sonhos mais lindos', por Lúcio Prado

Capa do livro biográfico de Natália Prado Dias


Legenda da foto: Natália Prado com os filhos Marcos (de saudosa memória, Magali e Lucio)

Publicação compartilhada do site do Portal INFONET, de 27 de dezembro de 2022 

Os sonhos mais lindos

Por Lúcio Prado (in blog)

No alvorecer do primeiro dia de 2023, uma pessoa atinge o centenário de nascimento, cercada pelo carinho e admiração da família e dos amigos. Ela é Natália Prado Dias, minha mãe, fonte inspiradora para filhos, netos, bisnetos, demais familiares e amigos.

Naquele distante 1923, o mundo girava de ponta-cabeça, após uma violenta guerra que envolveu vários países, inclusive o Brasil. O final da Primeira Guerra Mundial foi catastrófico e não resolveu os problemas dos vencedores e muito menos do grande perdedor, a Alemanha. A década terminou com a quebra da Bolsa de New York, em 1929, e no final da década seguinte sobreveio uma guerra ainda maior, iniciada em 1º de setembro de 1939 – a Segunda Guerra Mundial.

Com apenas 16 anos de idade, mamãe viu a guerra começar, conflito que só terminou quando ela já estava com 22 anos, já casada e com um filho. Apesar do palco das ações estar distante, na Europa e Ásia, as repercussões de uma guerra desse porte foram sentidas no Brasil e no pequeno estado de Sergipe, que teve o conflito mundial bem próximo, com o torpedeamento de navios mercantes brasileiros por um submarino alemão em 1942, o U-507, que deixou um rastro de quase 600 mortos somente no nosso litoral sul e em apenas um dia, de 18 a 19 de agosto.

A menina nascida na histórica cidade de Laranjeiras, no primeiro dia de 1923, foi o segundo filho de uma prole extensa do proprietário rural Valentim Vasconcelos Prado (1884-1933), que faleceu muito precocemente, com apenas 49 anos de idade. Ele era proprietário do Engenho Pati. A minha avó materna, originalmente Maria Botto Sobral (1897-1961), que passaria a se chamar após o casamento de Maria Sobral Prado, era mais conhecida como vovó Maricas.

De tradicional família oriunda dos vales dos rios Cotinguiba, Sergipe e Japaratuba, seu pai era também um produtor rural, Francisco Botto Sobral, mais conhecido como Chiquinho do Cabral. Era costume de época o uso de pseudônimos com nomenclatura reduzida, diminutiva, mas em tom sempre carinhoso. Achava muito curioso o rosário de nomes dos irmãos e das irmãs de vovó Maricas: Rosinha, Mimosa, Neném, Maneca, Zazá, Donana, Faustinho, Tonico, Pombinha…

Alternando a vida no engenho Pati e na cidade de Laranjeiras, mamãe teve uma infância feliz ao lado dos irmãos Júlio, o mais velho, Iara, Lurdinha, Walter, José, Valentim e Edson. Com frequência, eles percorriam as terras vizinhas, em charretes e cavalos, de engenho em engenho, cruzando rios e riachos até chegar em Itaporanga d’Ajuda, onde moravam seus tios e primos.

Com a morte do patriarca em 1933, vó Maricas teve grande dificuldade para administrar o engenho e cuidar sozinha dos filhos. Foi então amparada pelos irmãos Manoel Botto Sobral (Maneca) e Carolina Sobral Garcez (Zazá) e o esposo desta, Silvio Sobral Garcez, que adquiriu o engenho, com a família se transferindo para Aracaju, para residir na Rua Santo Amaro, no centro da cidade.

Recebendo uma pensão que se mostrou gradativamente insuficiente para cobrir as despesas de uma família grande, filhos pequenos, a permanência na capital não durou e ela resolveu aceitar os conselhos para uma nova mudança, agora para a cidade de Itaporanga, passando a residir em uma casa pertencente à família dos tios, bem em frente ao casarão dos Dias.

No casarão dos Dias, que quase tomava metade do quarteirão, vivia o ex-intendente municipal e proprietário rural Aurélio Dias Rezende – Aurelinho – casado com a minha avó Carmela (Carmelita) Conde Dias, a sogra dele, Theolinda Magalhães Conde e a irmã desta, Laurinda Magalhães Conde, mais conhecida na cidade como Dona Senhora, que fora casada com o médico Aurélio de Mello Rezende, filho do também médico Manoel Simões de Mello, proprietário do Engenho Dira.

Nesse ambiente interiorano, de poucas oportunidades e de fortes laços parentescos, um jovem sente-se atraído por uma prima que morava em frente à casa dele. Antonio Conde Dias,  o jovem Tonico, assim era conhecido na cidade, apaixona-se então pela moça de olhos claros chamada de Natália. Alguns anos de namoro e em 1943 unem-se em casamento na Igreja de Nossa Senhora da d’Ajuda, padroeira da cidade. Dessa união, que perdurou por quase 50 anos, até a morte de papai, em 1992, vieram três filhos, na ordem, Marcos (1944), Magali (1947) e Lucio (1954).

Em 1961, a transferência para Aracaju, passando a residir na Avenida Ivo do Prado, 198, entre as ruas Estância e Maruim, torna-se imperiosa, para propiciar uma melhor educação aos filhos. Marcos já tinha pretensões em estudar Medicina. Magali era uma ginasiana e precisava de mais atenção dos pais, já hospedada na casa dos tios Iara e Arivaldo Carvalho e eu iniciando os estudos. A família enfrentou tempestades e dificuldades financeiras que pareciam intransponíveis. Com destemor, o casal enfrentou e superou tempos difíceis, deixando para todos nós um exemplo de tenacidade e determinação. Jovens, os dois já trabalhavam ainda morando em Itaporanga. Conseguiram a transferência dos empregos para Aracaju com muito esforço e labutaram muito para manter em bom nível a educação dos filhos.

Papai, em vida, foi um exemplo de conduta ética e cívica e de como se manter uma boa convivência; mamãe, amiga, companheira e incentivadora, sempre foi um forte rochedo que as ondas mais revoltas do mar não conseguiam abalar e, com essa determinação, chega aos 100 anos com um vigor incomum, mantendo acesa a vela da esperança, preservando seus costumes mais tradicionais, mas em dia com a tecnologia que a modernidade nos propicia, fazendo impressos no computador e navegando na Internet com destreza e habilidade, dando-nos exemplos permanentes de otimismo e disposição para as tarefas do dia a dia.

Vê-la centenária nos dias de hoje, com saúde, disposição, de bem com a vida, participando de todas as atividades do dia a dia, com entusiasmo e dedicação, mãe sempre presente na vida dos filhos, dos netos e dos bisnetos, dos sobrinhos e de toda a família, dos amigos, é extremamente gratificante. Tenho certeza de que traduzo o sentimento geral, como se todas as mãos estivessem pressionando o teclado do computador, com todos os corações batendo no compasso da emoção e as mentes iluminando o meu pensamento.

Para celebrar o Centenário de mamãe, que acontecerá em 1º de janeiro de 2023, toda a família reunida brindará o Ano Novo com o lançamento de Os Sonhos Mais Lindos, uma pequena resenha biográfica da família Prado Dias.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs