segunda-feira, 22 de julho de 2019

Adalberto Moura

Foto: César Cabral

Publicado originalmente no site: RADAR SERGIPE, em 12 de julho de 2019

Adalberto Moura

Funcionário aposentado do Banco do Brasil, participou da implantação do Banco de Fomento Econômico do Estado de Sergipe e da sua transformação em Banco do Estado de Sergipe. Foi vice-governador de Sergipe (1971-74).

Diretor do Banco do Estado de Sergipe

Adalberto Moura nasceu no dia 23 de abril de 1925, em Nossa Senhora das Dores. Filho de José Euclides de Moura e D. Joana Francisca de Moura, teve três irmãos: Maria Zélia, Maria Zenaide e Manoel José que serviu a Força Expedicionária Brasileira, durante a II Guerra Mundial.

O seu pai, José Euclides, era agricultor e tinha a determinação de oferecer estudos aos seus filhos. Por isso, mudou-se para Laranjeiras, onde Adalberto aprendeu as primeiras lições e fez o curso primário com a professora Antônia Aguiar Lima. Anos depois, a família se muda para Aracaju e Adalberto fez o Curso Médio no Colégio Tobias Barreto, com o professor Zezinho Cardoso.

Depois, transferiu-se para a Escola de Comércio para tornar-se Contador após fazer o Curso de Ciências Contábeis e Atuariais, cujo diploma foi averbado pelos Ministérios da Educação e da Indústria e Comércio.

Aos 19 anos, foi aprovado, com destaque, no concurso para o Banco do Brasil tendo tomado posse no dia 24 de outubro de 1944, na agência de Aracaju.

Casou-se, no dia 8 de janeiro de 1958, com D. Maria da Conceição Marins Moura e dessa união nasceram os filhos Ana Lúcia, José Euclides, Adelaide Maria e Denise.

Governador em exercício de Sergipe

Em 1963, o governador Seixas Dória resolveu por em prática a Lei Autorizativa da instalação do Banco de Fomento Econômico do Estado de Sergipe, criada pelo antecessor, governador Luiz Garcia. Assim, Dória nomeou o usineiro Orlando Dantas para presidente do Banco e convidou Adalberto Moura, funcionário qualificado do Banco do Brasil, para ocupar o cargo de superintendente, a fim de que o mesmo conduzisse a instalação do banco sergipano.

Antes de aceitar o cargo, Adalberto Moura relutou bastante e fez uma carta ao governador Seixas Dória apresentando uma série de exigências, dentre as quais a garantia de que retornaria ao Banco do Brasil, após cumprir a missão, sem nenhum prejuízo de ordem funcional e que não haveria interferência política na administração do novo banco.

Para a sua surpresa, Seixas Dória conseguiu a sua liberação junto ao Banco do Brasil e referendou a não interferência política no Banco, pois, esse, também, era o seu propósito. No dia 2 de janeiro de 1964 foi criado, de fato, o Banco de Fomento Econômico do Estado de Sergipe. Adalberto Moura, então superintendente, convidou Enivaldo Araújo, funcionário do Banco do Brasil, para ser Chefe de Departamento do novo banco.

Com a cassação de Seixas Dória, o vice-governador Celso de Carvalho assumiu o Governo. Orlando Dantas pediu exoneração da presidência do Banco, em lealdade ao amigo cassado, ficando Adalberto como presidente interino. Celso, então, que fez um Governo pacificador, nomeou Manoel Conde Sobral (candidato derrotado a vice-governador na chapa de Leandro Maciel) para presidente do Banco de Fomento, mantendo Adalberto Moura na Diretoria de Crédito Geral.

No Governo de Lourival Baptista, o banco passa a se chamar Banco do Estado de Sergipe S/A e a sua diretoria foi composta por Manoel Conde Sobral, presidente, e os diretores Adalberto Moura (Crédito Geral) e Iolando Macedo (Diretor da Carteira de Desenvolvimento). Essa diretoria foi mantida pelo governador-tampão Dr. João Andrade Garcez, que substituiu Lourival Baptista, por nove meses, quando este se desincompatibilizou para se candidatar ao senado federal.

Certo dia, Adalberto Moura estava em sua casa, na Atalaia, quando recebeu a visita de Aminthas Garcez, irmão do governador-tampão, que foi consultá-lo, em nome do já escolhido governador de Sergipe, Paulo Barreto de Menezes. O sr. Aminthas Garcez foi pedir permissão para que o seu nome integrasse a lista tríplice de candidatos ao cargo de vice-governador que sereia enviada ao presidente da república, General Médici. O presidente Médici, então, ponderou e nomeou dois técnicos para governar Sergipe: Paulo Barreto (governador) e Adalberto Moura (vice). Moura nunca soube quem indicou o seu nome para tão honroso cargo.

Paulo Barreto fez um governo marcado por obras estruturantes e muito importantes para o Estado de Sergipe. Adalberto Moura foi um vice atuante, discreto, atencioso e zeloso no trato com a coisa pública. Várias vezes assumiu o Governo e não permitiu que nenhuma ação governamental sofresse solução de continuidade. Cumpriu, como poucos, esse papel tão importante para o bom andamento da máquina administrativa. 

No Governo de José Rollemberg Leite foi Secretário da Fazenda, por um ano, e, depois, Diretor de Administração e Finanças do Banco do Estado de Sergipe.

Adalberto Moura reside em Aracaju, com a esposa Maria da Conceição, no Edifício Eldorado, à rua José Sotero.

Texto e imagens reproduzidos do site: radarsergipe.com.br

sexta-feira, 19 de julho de 2019

João Alves é rastro de luz e de esperança na história de Sergipe

 Foto reproduzida do site [pt.wikipedia.org] e postada pelo blog

Texto publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 18 de julho de 2019

OPINIÃO - João Alves é rastro de luz e de esperança na história de Sergipe

Por Evaldo Campos*

João Alves Filho amarga horas difíceis por causa de uma acentuada debilitação de sua saúde. Seu caminho de dores parece não ter acordado nos sergipanos o papel e os significados extraordinários de sua trajetória na vida pública.

Independentemente do aplauso ao seu caminhar ideológico ou político partidário, devemos reconhecer que João Alves Filho marcou o Estado de Sergipe com formidável acervo de obras. Sem elas, seríamos a velha e cansada província do passado.

João Alves Filho modernizou Aracaju e escancarou para Sergipe os caminhos luminosos do progresso. Sergipe transformou-se em esplendoroso canteiro de obras e, por isso, mereceu de Antônio Ermírio de Morais a proclamação de que Sergipe é o Israel brasileiro.

Nunca fui correligionário de João Alves Filho, mesmo admirando-o como um desbravador que mudou para melhor as faces de Aracaju e do Estado de Sergipe. Por tudo que você foi e é, pelo amplo saldo positivo que trouxe para a imagem de Sergipe, cumpre-me dizer-lhe: obrigado João Alves. Você é um rastro de luz e de esperança na história do povo sergipano.

* É advogado.

Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Histórico, João Alves merece todo o respeito e uma salva de deferência

João Alves Filho: ninguém lhe suprime o peso e a importância histórica

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 16 de Julho de 2019

Histórico, João Alves merece todo o respeito e uma salva de deferência

Por Jozailto Lima*

Ninguém governa um Estado, por menor que seja, por três vezes, e todas elas eleito pelo voto direto do seu povo, e a Capital deste Estado por duas - ainda que numa delas, bionicamente - e sai disso ileso. Ou seja, não se sai disso sem entrar para história de um povo. Sem muitíssimo significar.

E é exatamente isso o que acontece com João Alves Filho, 78 anos (3 de julho de 1941), à beira da morte e aguardando apenas o seu desfecho final num hospital na Capital Federal do país. Não sair ileso, embute e inclui, infelizmente, até as fake news das quais ele tem sido vítima ao darem-lhe por falecido, mesmo com ele ainda vivo, como aconteceu na tarde desta terça-feira, 16 de julho.

A família de João Alves Filho, que está toda ao derredor dele em Brasília nesta hora, tem sido muito transparente nesta questão da saúde dele. Informa a qualquer um que queira saber do real estado de saúde - a começar pela esposa, a senadora Maria do Carmo Alves.

Essa, aliás, Maria mostrou-se uma grandiosa figura humana ao acolher o marido logo nas primeiras horas da doença dele - um Mal de Alzheimer que ela detectara com ele ainda no exercício de prefeito de Aracaju, em mandato iniciado em janeiro de 2013. Ela deixou o mandato de senadora em 2015 nas mãos de Ricardo Franco para vir cuidar dele, embora tivesse sido maltratada com a versão bisonha de que viera para fazer política e tentar ser governadora em 2016 - o que muito lhe magoou.

Senadora com mandato até o dia 31 de janeiro de 2023, Maria do Carmo Alves não teve dúvida: acabado o governo de João na Prefeitura de Aracaju no dia 31 de dezembro de 2016, ela o arrastou para Brasília, colou nele e cuidou-lhe como se fosse uma mãe zelosa tratando de um filho - se você quiser conhecer um pouco mais do lado leoa dessa mulher frente ao seu leão-marido ferido, recomenda-se a leitura da Entrevista concedida por ela ao JLPolítica no ano passado.

Mas há de se convir que o trato final de Maria do Carmo ao esposo esteve sempre em perfeita simetria com o peso do João Alves Filho público e histórico que todos os sergipanos conhecem desde 1977, quando se faz prefeito. Mas não histórico apenasmente pela quantidade de mandatos que ele obteve dados pelo seu povo, mas pela visão larga de gestão que nutriu durante toda a trajetória na vida pública.

Em síntese, João pensou grande e realizou grandemente. Possivelmente, nenhum outro governador de Sergipe nestes 200 anos de história se emparelhe a ele no modo de pensar e de realizar por esse Estado. É claro que, de por ter sido um político de direita ao centro, por ter se harmonizado com os militares sob a ditadura, por ter pertencido ao velho PDS nascido do tronco da Arena, alguns progressistas lhe olhem de soslaio. Torçam-lhe o beiço.

Mas tudo isso é firula em face da obra pública concebida e realizada por João Alves. E é por isso que o João Alves que está internado e com septicemia - uma infecção generalizada -, sem domínios das províncias do seu próprio corpo, merece todo o respeito nesta hora e sempre. A ele ainda vivo, cabe uma salva de deferência. E no dia em que se for, não reste dúvida, fará falta. Aliás, seu recolhimento paulatino já deu uma demonstração tácita disso. Que esta hora lhe seja leve e reverenciada.

* Jozailto Lima: É jornalista há 36 anos, tem formação pela Unit e é fundador do Portal JLPolítica. É poeta.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

segunda-feira, 15 de julho de 2019

Erotildes Araújo

 Foto: César Cabral



Publicado originalmente no site RADAR SERGIPE, em 07 de junho de 2019 

Erotildes Araújo

O pernambucano Erotildes Araújo nasceu em Vitória de Santo Antão, no dia 23 de setembro de 1936. Filho do alfaiate Gregório Araújo e D. Maria José Araújo, é o segundo filho de uma família de oito irmãos. Quando tinha apenas seis anos de idade, foi morar em Aracaju, pois o seu pai participava ativamente do Movimento Integralista e, fugindo da repressão de Getúlio Vargas, optou por morar na capital de Sergipe.

Seu Gregório Araújo era um exímio alfaiate e trouxe na bagagem a experiência de muitos anos de corte de camisas de mangas curtas e macacão top de linha, para a época. Montou uma Alfaiataria na rua José do Prado Franco, vizinho ao Café Império, com o slogan “Adão não se vestia porque Araújo não existia”. Ao chegar na loja, o cliente já encontrava algumas camisas prontas, fato novo para a população aracajuana.

Foi na alfaiataria do seu pai que Erotildes Araújo começou a trabalhar, no atendimento aos clientes. Com a morte do senhor Gregório, a loja passa a ser comandada pelo irmão Geraldo, muito mais afeito ao comércio de roupas.

Erotildes foi aluno dos Colégios Jackson de Figueiredo e Tobias Barreto, tendo sido, portanto, aluno dos mestres D. Judite e Alcebíades Vilas-Boas, respectivamente.

Após deixar a alfaiataria e já adulto, Erotildes foi procurar emprego na Petrobrás, que estava fichando trabalhadores para atuarem em Neópolis, na área de geologia. Foi auxiliar de geólogo por um ano, tempo de duração do seu contrato de trabalho.

De volta a Aracaju, encontrou-se com o jornalista Raymundo Luiz, que lhe fez um convite para trabalhar no Diário de Aracaju, como corretor de publicidade. Era meados dos anos 60 quando foi vender anúncios para o matutino que tinha como diretores Paulo Macedo e Odorico Tavares.

Lembra que a primeira grande venda foi o anúncio em uma página inteira, da Casa da Lavoura, vendida a José Figueiredo, sócio da empresa. Daí por diante, conseguiu bons anunciantes por longos 10 anos.

A sua entrada no ramo imobiliário se deu quase que por acaso. Ao publicar, no Diário de Aracaju, o anúncio da venda de uma casa, descobriu que melhor do que vender propaganda era vender imóveis. A partir do início da década de 70 se tornou um corretor por excelência, passando a dedicar-se, de corpo e alma, a essa nova atividade.

Paralelamente, vendia um pouco de tudo, na rua João Pessoa. Desde relógios e joias da Relojoaria Fontes até ações do Banco Dantas Freire, do seu amigo Murilo Dantas.

Como a profissão de Corretor de Imóveis já era regulamentada e em Aracaju não havia representação do CRECI, ele liderou um grupo de seis corretores, entre eles o Coronel Renir Reis Damasceno, Jorge, Augusto e Sandoval e foram a Salvador para obter o devido registro. Meses depois, o Conselho enviou uma equipe para Aracaju, a fim de qualificar todos aqueles que já atuavam no ramo.

Erotildes Araújo é conhecidíssimo no mercado imobiliário de Aracaju e, até hoje, faz ponto no Calçadão da rua João Pessoa, sempre cercado de velhos amigos, contando histórias da vida real e vendendo imóveis.

Sempre trabalhou sozinho e, sozinho, enfrentou as primeiras grandes imobiliárias de Aracaju como a Decide Imobiliária, Norcon, Comlar, Cosil e tantas outras. Lembra que vendeu cerca de 90% das salas do Edifício Norcon Shopping Center, na rua João Pessoa, e recebeu como prêmio a sala 101.

Faz questão de demonstrar sua gratidão à senadora Maria do Carmo por ter sido através dela que ocupou um Cargo em Comissão, no Governo do Estado, desde o primeiro mandato de João Alves Filho e depois continuou com Valadares, Albano Franco e novamente João Alves. Irreverente, diz que a sua função era abrir e fechar portas do Palácio Olímpio Campos para aqueles que por lá apareciam.

Casado com D. Izaíra Araujo, tem quatro filhos e nove netos. Mora na rua Teófilo Otoni, 76, bairro 13 de julho, em Aracaju.

Texto e imagens reproduzidos do site: radarsergipe.com.br

domingo, 14 de julho de 2019

Jozailto Lima ENTREVISTA Raymundo Juliano

Foto de abertura: Chinatom/Cortesia

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 13 de julho de 2019

Jozailto Lima entrevista Raymundo Juliano

Raymundo Juliano Souto: “Tenho 80 anos de comércio e 80 anos de amizade”

“Eu nunca fui triste. É da minha índole, da minha personalidade”

Em “Elogio da sombra”, uma das suas tantas publicações, o grande Jorge Luis Borges, escritor argentino, (1899-1986), faz uma fantástica apologia às virtudes da velhice no poema que empresta título ao livro.

Como exaustivo leitor de Borges, carrego na memória os quatros versos de abertura desse poema, por constituírem um belíssimo acalanto ao homem velho e apascentado, de bem consigo mesmo.

“A velhice (tal é o nome que os outros lhe dão) / pode ser o tempo de nossa ventura. /
O animal morreu ou quase morreu. / Restam o homem e sua alma”, diz a abertura do poema. Sim, a idade mata no homem vivido o bicho que teima em pulular no centro do homem novo. Mas preserva, ou resgata, a essência dele.

Esse poema e seus versos inaugurais não me saíram da memória diante da figura, da imagem, das falas, das visões e da persona do homem de negócios Raymundo Juliano Souto dos Santos, entrevistado de hoje aqui do JLPolítica.

Sim, a visão de um grande escritor pode e deve servir à vida e à obra de um grande empresário, ao extrato da vida longa dele. Aos 87 anos, é como se o animal morresse ou quase morresse nas entranhas de Raymundo Juliano Souto dos Santos, e ali restassem “o homem e sua alma”.

Ouso dizer que restam em Raymundo Juliano Souto dos Santos um homem e uma alma leves, solenes. Sem remorso, sem queixas, plena de agradecimento, convencido de que passou bem por uma vida de 80 anos de trabalho sacada de um viver de 87 anos.

Sim, que não se estranhe essa conta, porque isso se faz a partir do momento em que, pilotando uma caixa de engraxar sapatos em sua Estância de origem, aos sete anos ele já empinava o nariz e procurava ser dono de si e do seu destino. Não por carências - o pai era um comerciante -, mas por obstinada missão de se fazer a si mesmo.

Veja como filosoficamente ele enquadra e define esse início. “O engraxate foi um menino que sempre teve vontade de ganhar dinheiro para ter uma vida independente. Porque a estrada normal das pessoas é a de não depender de ninguém, e sim a de trabalhar e vencer os obstáculos que existirem”, diz Raymundo.

Pronto: isso foi o que Raymundo Juliano Souto dos Santos fez com extrema maestria. Com demasiado rigor. Portanto, não foi sem causa que quando, há uns 15 anos, ele decidiu separar em cada cesta os ovos do patrimônio entre seus três filhos havia um respeitável pé de meia: uma rede de lojas atacadistas bem conceituadas, duas concessionárias de automóveis, um posto de gasolina, um hotel, três fazendas que somam 12 mil tarefas de terra e que, juntos, geram hoje cerca de mil empregos diretos.

“Fiz isso porque notei que existe uma facilidade em cada um dos filhos para administrar um tipo de negócio. Para que um não venha a prejudicar o outro ou achar que trabalha mais do que outro. Cada um tem a sua empresa e cada um vai procurar crescer com ela, para torná-la independente”, justifica. As empresas, aliás, estão parindo futuros: dos seus herdeiros virão em breve uma grande loja de distribuição e uma engarrafadora de água mineral.

No mais, Raymundo Juliano Souto dos Santos é só contemplação e filosofia do bem-existir. “Isso aqui é uma viagem, com uma chegada e uma partida. E eu acredito que estou fazendo uma boa viagem na vida. Eu casei, minha primeira esposa, Suele Fontes Faria Souto, foi uma pessoa de quem eu gostava muito, realmente importante para minha vida, que me ajudou, não criou obstáculos para que eu viesse para Aracaju. Compreendeu o meu trabalho, que é o de ser administrador e promotor de vendas também, porque pela manhã eu trabalhava na administração e à tarde e à noite eu ia promover a cerveja para atingir a grande meta, que foi quando eu cheguei a dominar os 90% do mercado. Ela faleceu, eu fiquei viúvo e voltei a casar. Ana Maria Nascimento e eu já estamos há 25 anos juntos”, diz ele.

Vítima de uma cirurgia que não teria se processado bem, Raymundo Juliano vê hoje o mundo de cima de uma cadeira de rodas. Mas que não se busque desânimo ou lamúrias nele. Jamais faz concessão à tristeza. “De jeito nenhum. A vida continua e não é uma cadeira de rodas que me impede de ser ou estar alegre. Eu nunca fui triste. É da minha índole, da minha personalidade”, diz ele.

Com o filho Juliano César

Dessa índole e dessa personalidade vem uma impressionante crença nas coisas, no país e no desenvolvimento. “Eu diria que não existe crise. Existe apenas uma maneira de criar novos horizontes para se sair dos momentos que alguns chamam de crise. Então, eu sugiro que não pensem em crise. Pensem em superar os obstáculos”, recomenda.

Raymundo Juliano Souto dos Santos nasceu no dia da emancipação política de Sergipe, 8 de julho de 1932, em Estância. É filho de Agripino Roque Santos e de Mariaht Amado Souto dos Santos, uma parente de Jorge Amado. Tem três filhos - Ana Suely Faria Souto, Juliano Cesar Faria Souto e Cynthia Faria Souto, tem oito netos e está vindo aí a primeira bisneta.

Por todo o histórico empreendedor de Raymundo Juliano Souto, no dia 18, quinta-feira da próxima semana, ele vai ser distinguido com a Comenda Júlio Prado Vasconcelos conferida pelo Sindicado do Comércio Atacadista e Distribuidor de Produtos Industrializados do Estado de Sergipe - Sincadise. A entrega deveria ter sido feita no dia 5 de julho, mas foi suspensa em virtude da trágica morte do empresário Sadi Gitz no dia anterior.

Raymundo Juliano é muito mais de ouvir do que falar. Mas, em seu modo lacônico, disse grandes coisas nesta Entrevista. Que ela lhe agrade.

Nasceu no dia da emancipação política de Sergipe, 
8 de julho de 1932

Texto e imagens reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

Clique no link para continuar lendo > https://bit.ly/2GcuZ82

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Gente Sergipana – Max Rollemberg, por Antônio Samarone


Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 6 de junho de 2019

Gente Sergipana – Max Rollemberg (70 anos)
Por Antônio Samarone

O primeiro médico só oftalmologista em Sergipe. Antes a oftalmologia e otorrinolaringologia eram especialidades casadas, andavam juntas.

Max é de Aracaju, nascido à 02 de julho de 1949. Filho do comerciante Zé Rico e Dona Célia Rollemberg Góis. Tem seis irmão. O pai foi o proprietário da Dernier Cri. Magazin, sofisticada loja de modas em Aracaju, em meados do século XX.

Max estudou no Educandário Menino Jesus, das tias do Eduardo Vital (Helena, Iracema e Corália), aprendeu francês com Eduardo Vital. Aprendeu de sair falando. Um padrão de ensino de primeiro mundo. Depois passou pelo Jackson de Figueiredo e terminou no glorioso Atheneu Sergipense.

Sergipe é uma terra de oftalmologistas famosos. Começando por Abreu Fialho, pai da oftalmologia nacional, Edilberto Campos, Durval Prado, Lauro Porto, Álvaro Santana, Juliano Simões e Edson Brasil. Sem esquecer de Antônio Militão de Bragança.

Não há dúvidas, o Dr. Bragança cuidou mesmo do olho cego de Lampião, em Laranjeiras. Max Rollemberg ouviu de Juliano Simões. O Dr. Francisco Rollemberg confirmou ter escutado essa mesma história da mãe, que era afilhada do Dr. Militão de Bragança.

Max Rollemberg entrou na faculdade de medicina de Sergipe em 1967 e formou-se em 1972. Max foi o primeiro excedente no vestibular, existiam 20 vagas, ele foi o 21º. O Dr. Antônio Garcia foi a Brasília, e conseguiu mais dez vagas. O curso de medicina passou para 30 vagas.

Durante a vida estudantil teve uma passagem curiosa. O combativo Centro Acadêmico Augusto Leite, indicou como delegados da medicina de Sergipe ao histórico Congresso de Ibiúna, Átalo Crispim de Souza, José Alves Nascimento e Max Rollemberg. Os dois primeiros tinham militância estudantil de esquerda, e Max? Ele brinca: eu era da esquerda festiva.

Muito tempo depois, em 1989, ele foi convidado para fazer um curso na URSS. Ele acredita que o fato de ter o nome da lista de Ibiúna, pode ter pesado no convite.

Max especializou-se no Rio de Janeiro, na Sociedade Brasileira de Medicina e Cirurgia. Fez concurso, e se tornou professor de oftalmologia em 1974. Fui seu aluno.

Max Rollemberg, um homem de fino trato, é o proprietário do primeiro Hospital de olhos de Sergipe. Fundou o Banco de Olhos de Sergipe.

Max é casado com Dona Diva desde 1976, e pai de três filhos: Max, Leila e Érica.

Max Rollemberg foi o fundador da nova oftalmologia em Sergipe, da modernidade tecnológica.

Publicado também no blogdesamarone.blogspot.com

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone

terça-feira, 9 de julho de 2019

João Oliva, um Riachão de cultura para preservar

Imagem extraída de vídeo do YouTube e postada pelo blog

Texto publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 05 de Julho de 2019

Opinião - João Oliva, um Riachão de cultura para preservar
Por Patrícia Dantas*

Na última quarta, 3 de julho, durante a despedida do senhor João Oliva, cantaram Trem das Onze, de Adoniram Barbosa. Simplesmente não aguentei. Fui surpreendida por aquele som tão familiar, e ao mesmo tempo já tão distante.

Se fechasse os olhos, por segundos, abraçaria o meu pai, que se foi há muito tempo, e vivia cantarolando a canção. A sensação de reencontro foi muito forte, mas veio levemente e caudalosa feito um riachinho.

Foi ali que entendi porque eu e Mércia Oliva, filha do jornalista João Oliva, perdemos horas conversando, nas raríssimas vezes em que nos encontramos, e sempre parece que foi ontem.

Entendi porque com ela não tenho vergonha de ser quem sou. Acho que pertencemos à mesma linhagem. Somos pontes que ligam o ontem ao hoje, as guardiãs de um museu de boas “velharias”.

E naquela quarta, 3 de julho, para a minha alegria, percebi que não estamos sozinhas. O João de Maria, do Riachão, dos 11 filhos, dos netos artistas, fez família numerosa, plantou e colheu abundantemente. Temos uma boa quantidade de museus recém-inaugurados, cheirando a novo, levando adiante o conteúdo cultural dos Oliva.

Sergipe perde o jornalista, intelectual, poeta, escritor, homem de incrível saber que, com certeza, fará muita falta aos que com ele conviveram. Mércia perde o paizinho carinhoso, o amigo confidente, uma verdadeira joia rara do outro século e, por isso tudo, perde muito mais.

Com seu João, vai um tanto de gentileza, honradez, cultura vasta e ética, valores tão raros hoje. O próprio escritor descreve magistralmente, no seu livro “Mural de Impressões”, o que vem a ser um homem gentil, referindo-se ao médico João Garcez, cuja leitura, tão leve quanto ele, recomendo com urgência, para que possamos lembrar, uns aos outros, os valores humanos esquecidos ou pouco valorizados atualmente.

Museus servem para isso. Para nos recordar de nós mesmos, saber quem somos e para onde queremos ir. Por sorte, tivemos seu João por 96 anos a repassar seus saberes e vamos torcer para que as novas gerações visitem os museus da gente e bebam das águas dos nossos riachinhos e riachões. Garanto que elas são cristalinas, cristalinas, cristalinas.

[*] É jornalista, servidora do Ministério Público do Trabalho e bailarina nas horas vagas.

Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br

quarta-feira, 3 de julho de 2019

Prefeito acompanha velório do jornalista João Oliva




Fotos: Ana Lícia Menezes/PMA

Publicado originalmente na Agência Aracaju de Notícias, em 03/07/19

Edvaldo acompanha velório do jornalista João Oliva

O prefeito Edvaldo Nogueira acompanhou o velório do escritor e jornalista João Oliva Alves, na tarde desta quarta-feira, 3, na sede da Academia Sergipana de Letras (ASL), no Centro de Aracaju. Considerado “o cronista da vida sergipana”, João Oliva faleceu aos 97 anos. Em homenagem a ele, Edvaldo decretou luto oficial de uma dia no município.

“João Oliva foi um grande cronista da nossa realidade, um homem que lutou a favor da democracia e pelo desenvolvimento de Sergipe. Foi de uma geração de notáveis sergipanos, com atuação brilhante no Jornalismo, principalmente no rádio. Foi também um grande escritor, tanto que era um dos imortais da Academia Sergipana de Letras. Fiz questão de vir ao seu velório pela importância dele para a nossa cidade e em solidariedade a familiares e amigos”, declarou o prefeito.

Um dos filhos de João Oliva, Luiz Eduardo Oliva, muito emocionado, afirmou que “nunca” duvidou da “grandeza” de seu pai. “Meu pai era um homem admirável, um homem completo que veio do interior, mas que tinha visão de tudo, um homem do diálogo, conciliador, um pai aberto, que acreditava nas liberdades e na democracia. Meu pai era também um homem de fé”, afirmou.

Também imortal da ASL, o ex-governador Albano Franco homenageou João Oliva em discurso. “Estamos aqui em reverência a João Oliva. Foi um privilégio ter João ao meu lado trabalhando comigo. Ele era uma referência em Sergipe e deixa seu exemplo de honradez, dignidade, competência e lealdade”, disse.

Na imprensa sergipana, João Oliva atuou no rádio e também imprensa escrita como repórter e redator. Era imortal da Academia Sergipana de Letras e exerceu cargos públicos nos governos de Seixas Dória e Augusto Franco. Como assessor de Relações Públicas da Universidade Federal de Sergipe (UFS), ele foi um dos criadores do Festival de Artes de São Cristóvão. De acordo com o Sindicato dos Jornalistas de Sergipe, João Oliva, que nasceu no ano de 1922, era o jornalista mais velho do Estado.

Após o velório, o corpo foi levado para o município de Riachão do Dantas, cidade natal de Oliva, onde ele será sepultado.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

Mural de Impressões, de João Oliva Alves


Publicado originalmente no blog Antônio Saracura sobre livros lidos, em 19/02/2016

MURAL DE IMPRESSÕES, João Oliva Alves

MURAL DE IMPRESSÕES, João Oliva Alves, Criação editora, 254 pag., Isbn: 978-8562-576249

Por Antônio Saracura

João Oliva é uma pessoa de quem gosto desde a adolescência quando foi meu chefe por um tempo na redação do jornal “A Cruzada”. Nos idos de 1965. Foi quem me ensinou um pouco da arte da escrita útil, sem perfumaria desnecessária. Pelo menos tentou me ensinar.

Uma vida inteira, mais de noventa anos de observação científica da nossa vida social, política, religiosa e o que seja mais, faz de João um autor respeitável. Cada crônica (ou ensaio) desse seu livro, carrega dentro uma sabedoria imensa. Eu li compulsivo, precisando reter o mais que pudesse desta crônica, correndo em busca da próxima, com medo que fugisse de mim ou que eu me acabasse antes.

O poeta  precisa apenas de um bom o poema para se consagrar, para que o chamemos de Grande. E João tem mais de um. Mas bastava este Amor de Outono, que começa assim:

“Um amor outonal, cuja beleza calma
Tem o doce langor de um final de tarde,
De folhas a cair, de brisa que acalma,
De sol que ao declinar já não queima nem arde.”

O livro é dividido em três partes. A primeira fala de personalidades sergipanas. A segunda, de literatura e jornalismo (como lamentei não ter publicado meus livros antes para ganhar também uma resenha; ganharia?). A terceira compõe-se de ensaios e memorialística. E o foco das três partes é Sergipe. E a que o autor faz abordagem é muito pessoal, pois João testemunha o que viu, não fala por ter ouvido falar.

Reencontrei-me com meu amigo do tempo de jornal, nos idos de 1965, Acrísio Torres Araujo, quebrando caranguejo nos bares de Atalaia ou visitando um lote perdido no meio dos cajueiros onde hoje é o bairro Jardins. E José Amado Nascimento, que sempre o vi de longe, mesmo quando foi meu professor na faculdade de economia nos idos de antigamente... Sabia do seu valor mas não tinha uma ideia certa da dimensão, que agora consegui.

Em um ensaio, este de abordagem generalista, João fala sobre o desprestígio do pecado. Essa perda de sentido do pecado, que tem a ver com a moral e os costumes, vai nos levar outra vez ao barbarismo. Não se obedece ás leis de Deus, que são as leis naturais, e, na sequência, questiona-se e transgride-se as leis dos homens. Valei-me Senhor São Bento!

E sobre o centenário de Clodoaldo de Alencar. O Ceará é o grande exportador de talentos, inclusive para Sergipe. Clodoaldo, de cepa ilustre, descende de José de Alencar (O Guarani, Iracema) foi trazido por Gracho Cardoso em 1922 e produziu uma plêiade de intelectuais genuinamente nossos.

O Riachão não poderia ficar de fora. Que terra é essa que produziu tantos filhos ilustres? Inclusive João. Os tipos folclóricos desfilam como se fossem os mesmos de Itabaiana na minha infância. O cronista João Oliva os ressuscita o contador de histórias (Pai Jocundo), o poeta popular (Gino Costa), o vendedor de quebra-queixo (Martinho Caga-pilar) o Ceguinho Marcelino.

E o caso acontecido sobre José Araujo Nascimento... Uma decisão insólita e corajosa de ir à casa do desafeto com as mãos estendidas pedindo a paz, sentar-se à mesa, e rezar um padre nosso. É loucura ou é absoluta sanidade?

João Oliva apresentou-me pessoas decentes, que eu precisava conhecer para que minha vida melhorasse muito, como Ursino Ramos e muitos outros. Leia o livro e comemore. Não é sempre que podemos desfrutar um livro tão bom.

Mural de Impressões, João Oliva Alves,Criação editora, 254 pag. João Oliva é uma figura simpática para mim desde a adolescência, quando foi meu chefe, por um tempo, em 1965, na redação do jornal “A Cruzada”. Foi quem me ensinou um pouco da arte da escrita útil, sem perfumaria desnecessária. Pelo menos tentou. Uma vida inteira, mais de noventa anos de observação científica à nossa vida social, política, religiosa e o que seja mais, faz de João um autor respeitável. Cada crônica (ou ensaio) desse seu livro carrega dentro uma sabedoria imensa. Eu li compulsivo, precisando reter o mais que pudesse desta, correndo em busca da próxima, com medo que me fugisse ou que eu me acabasse antes. A começar com o poema de abertura em homenagem à sua esposa, simples e belo, uma lição aos jovens poetas. (Corra ao livro!). (Perfil ano 17 numero 2)

Texto e imagem reproduzidos do blog: antoniosaracurasobrelivroslidos.blogspot.com

Acival Gomes ENTREVISTA João Oliva Alves (4 vídeos)









João Oliva Alves (1922 - 2019)

Foto: Portal Infonet

Foto: Márcio Garcez

Foto: César de Oliveira

Foto: Portal Infonet 

Foto: Luiz Eduardo Oliva 

Foto: Portal Infonet

João Oliva Alves nasceu em 1922, no município de Riachão do Dantas. Sua atuação nos jornais iniciou-se em sua terra natal, de onde enviava artigos para veículos de comunicação da capital e do interior. Atuou como repórter, redator-chefe e editorialista nos impressos Gazeta de Sergipe, A Cruzada e Diário de Aracaju. No radialismo, produziu, apresentou e escreveu crônicas para programas da Rádio Cultura de Sergipe.

Foi secretário de imprensa do Governo do Estado na gestão Seixas Dória e assessor de comunicação na Associação Comercial e na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Na Associação Sergipana de Imprensa (ASI), foi vice-presidente e exerceu temporariamente a presidência. Em 2001, João Oliva assumiu a 24ª cadeira da Academia Sergipana de Letras (ASL)...

Fonte: infonet.com.br

Morre aos 97 anos o jornalista sergipano João Oliva

João Oliva: vida dedicado ao jornalismo, à democracia e, sobretudo, à família
Foto: Arquivo da Família/Facebook

Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 3 de julho de 2019

Morre aos 97 anos o jornalista sergipano João Oliva

Morre, aos 97 anos, o jornalista e escritor sergipano João Oliva, membro da Academia Sergipana de Letras. De acordo com uma das filhas, a jornalista Mércia Oliva, João sentiu uma forte dor na noite da terça-feira, 2, foi hospitalizado e, por volta das 5h da manhã desta quarta-feira, 3, a equipe médica constatou o óbito.

O corpo foi liberado para sepultamento há pouco e será velado a partir das 10h na Academia Sergipana de Letras. O sepultamento está previsto para o final da tarde, por volta das 17h, no cemitério de Riachão do Dantas, onde o jornalista nasceu, em 1922.

João Oliva deixa 11 filhos, netos e bisnetos. O professor Luiz Eduardo Oliva, ex-secretário de Estado dos Direitos Humanos, filho do jornalista, fez uma homenagem ao pai em redes sociais, destacando que João Oliva seria o mais velho jornalista vivo em Sergipe. “Foi sobretudo um jornalista, um escritor. Era da Academia Sergipana de Letras. Escreveu a crônica de Sergipe e do Brasil. Amou as pessoas, a vida, a democracia. Era um homem de fé”, resumiu, na mensagem, o professor.

Por Cassia Santana

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br

terça-feira, 2 de julho de 2019

João Gomes Cardoso Barretto

 Foto: César Cabral




Publicado originalmente no site RADAR SERGIPE, em 28/06/2019

João Barreto

João Gomes Cardoso Barretto, nasceu em Maruim, no dia 8 de abril de 1930. Filho de Bráulio Menezes Barretto e D. Cecília Cardoso Barretto. É casado com D. Olga Andrade Barreto e não têm filhos.

Estudou o Curso Primário em Maruim, com a professora Leopoldina Batista de Almeida, de quem tem ótimas recordações. Vindo com a sua família residir em Aracaju, fez o Curso Ginasial nos Colégios Tobias Barreto e Salesiano. Formou-se em Técnico em Contabilidade, no Tobias Barreto. Foi aluno da UNIT, da primeira turma do Curso de Administração.

Começou a trabalhar ainda jovem, aos 16 anos, no escritório da firma Irmãos Brito, em Aracaju, e depois na Ribeiro & Cia e José Carlos Andrade, um escritório de representações. Como gostava de radioamadorismo, assumiu a Direção Comercial da Rádio Liberdade de Sergipe, indicado por Leandro Maciel ao proprietário da emissora, Albino Silva da Fonseca. Foi o responsável pela aquisição do Transmissor junto à Baygthon e Cia. Juntamente com José Raimundo Silva (irmão de Raymundo Luiz), Diretor Artístico, colocou a ZYM-20 para funcionar, em 1952.

O seu ingresso no serviço público se deu através do então deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa, Francisco de Souza Porto, pai do médico Lauro Porto e avô do desembargador Roberto Porto, que o nomeou para o cargo de Redator de Debates.

Na administração do prefeito de Aracaju, Cleovansóstenes Pereira de Aguiar (1971-75) foi Secretário de Administração e mantido no cargo com a posse do então jovem prefeito João Alves Filho, de quem se tornaria um grande e leal amigo.

João Barretto é uma pessoa que vivenciou, como poucos, o mundo político de Sergipe. É uma “testemunha ocular” dos governos de Eronildes Ferreira de Carvalho (interventor), Augusto Maynard Gomes (interventor), José Rollemberg Leite, Arnaldo Garcez, Leandro Maciel, Luiz Garcia, Seixas Dória (deposto pela Revolução de 1964), Celso de Carvalho, Lourival Baptista, Paulo Barreto de Menezes, José Rollemberg Leite, Augusto Franco, João Alves Filho, Antônio Carlos Valadares e os demais sucessivos.

No Governo de Sergipe, foi Chefe de Gabinete do vice-Governador Djenal Queiroz, Secretário Particular do governador João Alves Filho, Secretário-Chefe do Gabinete Civil, Secretário de Governo e Secretário da Educação. Em Brasília, foi secretário particular do ministro do Interior, João Alves Filho. No segundo governo de João Alves, foi, novamente, Secretário da Educação. No terceiro Governo de João Alves Filho (2003-06) foi membro de alguns Conselhos de Administração de instituições como Banese, Ipes, Parreiras Horta e Detran.

Pela sua dedicação e zelo com a coisa pública sempre foi uma referência para os mais jovens. A sua abnegação e responsabilidade no exercício das funções lhe renderam várias homenagens e reconhecimento público. Foi agraciado com a Medalha Serigy na Ordem de Comendador, pela prefeitura de Aracaju, outorgada pelo Prefeito José Carlos Teixeira. O governador João Alves Filho o condecorou com a Medalha do Mérito Aperipê, no Grau de Comendador e o presidente José Sarney colocou no seu peito a Medalha do Mérito Rio Branco, no Grau de Comendador, do Ministério das Relações Exteriores.

O Dr. João Barreto é, antes de tudo, um verdadeiro conselheiro, amigo, orientador e apaziguador de alguns “entraves” políticos. Uma pessoa de fino trato que atende a todos de forma distinta. Enquanto esteve nos cargos públicos, sempre teve a admiração dos aliados e o respeito dos “adversários” do seu líder maior, João Alves Filho.

Reside no Edifício Rembrandt, na avenida Augusto Maynard, em Aracaju, ao lado da sua eterna namorada e companheira, Olga Barretto.

Texto e imagens reproduzidos do site: radarsergipe.com.br

O Menino do bairro Santo Antônio


Publicado originalmente no Facebook/Marlene Alves Calumby Calumby, em 01 de julho de 2019.

O Menino do bairro Santo Antônio

A História do Realizador Perseverante

A capacidade para aceitar responsabilidades indica a medida de um homem (Roy L. Smith).

“Aos doze anos ele sonhou de olhos abertos, o que se tornaria seu sonho preferido. ”

Com o braço confortador do pai sobre os ombros sentaram na amurada que circunda a pequena praça no alto da Colina do Santo Antônio, à tardinha, ao fim daquele dia morno que só existe em Aracaju. Tranquilos, refrescados pela aragem que vinha do bairro Industrial, refestelavam-se olhando enternecidos, a cidade que se espreitava desde o pé da colina até se perder de vista. Estavam voltando de um canteiro de obras que seu pai administrava como Construtor: era preparação de uma área de terras onde seriam levantadas várias novas casas. O garoto gostava demais de acompanhar os trabalhos, ao lado do pai, ouvindo suas orientações de competente mestre de obras, que repassava para dezenas de trabalhadores ordens precisas.

Mais do que admiração natural de pai para filho, ele, na verdade, tinha especial devoção pelo genitor, homem decidido, que trabalhava de sol a sol e que costumava dizer “quando descanso, carrego pedras. ” Transcrito do capítulo 1 do livro – Até onde sei (Aracaju- SE, 2011).

O jovenzinho perguntava a seu pai por que a vida, às vezes, tinha que ser tão difícil.

O pai disse isto: “a vida é uma viagem, você não pediu para nascer, mas está aqui. Dentro de você há tanto caminho para enfrentar a vida, bem como o medo que faz com que você fuja dela. A vida pode lhe dar força. Permaneça forte em direção ao topo da montanha, por mais exausto que você possa estar.”

Diálogo vivido entre o Construtor João Alves e seu filho João Alves Filho; que sempre teve o pai como ícone de sua determinação e amor pela construção civil.

Quando criança de calças curtas, saia do calor humano do lar humilde na rua do Carmo construída no estilo platibanda, porta na frente, ao lado de duas janelas, corredor estreito.

A escola ficava pertinho da rua do Carmo, bairro: Sto Antônio onde aprendeu as primeiras letras, a iniciação do mundo encantado da educação... Numa fase mais adiantada, alcançada mediante “Exame de Admissão” ingressa no Ginásio Jackson de Figueiredo cujo lema era “Instruir e Educar” dos Professores Judite e Benedito Oliveira. Acompanhou de perto também os irmãos mais novos, Roberto e Marlene.

Agora, podia melhor avaliar o sacrifício financeiro dos pais, Lourdes e João, para manter três filhos em colégio particular, mas dar aos filhos o melhor em educação era um princípio de honra familiar. E ele retribuía anualmente com medalhas de honra ao mérito em comportamento e aplicação.

João Alves Filho cursou os dois primeiros anos cientifico no Colégio Atheneu Sergipense, e o terceiro ano no Colégio Central, em Salvador, encantando-se sobremodo pela Bahia. Debruçado em livros noite adentro, logra aprovação no Exame vestibular para o curso de Engenharia da famosa Escola Politécnica da Bahia. Incontida alegria, que nem a sobriedade do seu pai pudera conter, as lágrimas de felicidade de sua mãe, ao ter sido aprovado. Irmãos, amigos e parentes vibraram de orgulho. Senhor do Bomfim atendeu suas preces!

Em seu segundo ano de Curso, além de ser bom aluno nas matérias curriculares tinha sido um líder com experiência na política estudantil e até redator do jornal universitário “O Construtor”. Foi selecionado dentre líderes estudantis de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco para participar de um Curso nos Estados Unidos, sobre a política social e econômica daquele país.

Além da bolsa obtida para o período de quarenta dias nos Estados Unidos, conseguiu em Washington, na Associação Universitária Interamericana (AU), mais dez dias de permanência na Universidade de Harvard.

Sempre teve a sua fixação sobre qualquer assunto que se referisse à água e a sustentabilidade da existência de água no Nordeste, tivera uma razão atávica: sua avó, Luiza chegara a Sergipe num grupo de retirantes perseguidos pela seca.

João Alves Filho, é um Engenheiro Civil e Político. Foi Prefeito de Aracaju por dois mandatos; Ministro do Interior do Brasil; Governador de Sergipe por três mandatos. Membro da Academia Sergipana de Letras, autor de onze livros, homem extremamente honrado com inúmeras homenagens.

Segundo Wallace D. Wattles, “O homem que certamente avançará é aquele que é grande demais para o seu lugar...”

Relembro as palavras sábias do nosso pai, Construtor João Alves: “a vida pode lhe dar forças...”

A vida dá e a vida toma. A vida toma o nosso tempo, e a cada dia que passa estamos mais próximos do final da nossa viagem nesta terra. Ela toma nossos esforços, nosso suor, nossas melhores ideias, sonhos e sacrifícios... E ainda pede mais, em seguida lança obstáculos em nosso caminho, surpresas, decepções, indiferenças, confusão, dúvidas e desgostos.

Entretanto, a vida nos dá mais do que o óbvio.

O texto que ora escrevo é dedicado para esse homem que tanto amo e admiro, meu irmão João Alves Filho, na passagem dos seus setenta e oito anos (03 de julho de 1941/2019).

Aquilo que se faz por amor nunca ficará perdido, antes há de permanecer e de se multiplicar para sempre.

Marlene Alves Calumby.
Membro da Academia Sergipana de Letras.
Aracaju – SE, 01 de julho de 2019.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Marlene Alves Calumby Calumby

Link post original no Facebook > encurtador.com.br/jCFRS