segunda-feira, 31 de julho de 2017

Nascer do Sol, visto da cidade de Aracaju

Foto: Antonio Samarone.
Reproduzida do Facebook/Antonio Samarone.

Mestres da Medicina em Sergipe, por Antonio Samarone


Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 25 de julho de 2017.

José Abud (80 anos), filho de pais sírios, de Aleppo. Inscrição nº 125 do CRM Sergipe. Professor de propedêutica de várias gerações de médicos, um virtuose da medicina artesanal. Um olhar clínico aguçado, remanescente de uma medicina feita com as mãos (palpação, percussão, toque), com os ouvidos, enfim, com os sentidos. Uma medicina centrada na história do paciente, em lembranças, reminiscências, recordações (anamnese). Uma medicina onde os exames eram realmente complementares, e se houvesse discordância entre o resultado dos exames e a clínica, prevalecia a última. A clínica era soberana. Como nos ensinou o professor José Abud: a medicina é uma disciplina das humanidades, não é um ramo da economia (não era).

Formado pela Escola Baiana de Medicina em 1961. Retornou a Sergipe, indo clinicar no Hospital de Cirurgia. Médico do INAMPS. Especializou-se em geriatria em 1969, sendo o primeiro geriatra de Sergipe. Depois de se tornar um médico conceituado, com clientela abundante, resolveu voltar aos bancos escolares, formando-se em educação física, aos 69 anos.

Poeta, com livros publicados. Durante vários anos comandou um suplemento literário da Gazeta de Sergipe. O Dr. José Abud é membro das Academias Sergipana de Letras e da Academia Sergipana de Medicina. No momento, aos oitenta anos, continua atendendo os seus pacientes com dedicação e competência. José Abud, é de uma geração de médicos que cumpriu um ciclo numa medicina humanizada, centrada no colóquio singular médico/paciente.

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Dúvida.

“Como aceitar
que essa boca
que tanto ofende
beije?
Que estes punhos cerrados
Se abram mão que
acariciem?
Que estes olhos
Injetados de ódio
Se torne serenos
e límpidos?
Que esse corpo
tenso de rancor
se abandone,
lânduido,
ao amor?”

José Abud.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone.

Lembranças de Mário, o Inventor (I e II), por Paulo Fernando Morais

Imagem reproduzida do Google e postada pelo blog 
"SERGIPE, sua terra e sua gente", para ilustrar o presente artigo.

Publicado originalmente no Facebook/Paulo Fernando Morais, em 28/29 de Julho/2017.

Lembranças de Mário, o Inventor (I).
Por Paulo Fernando Morais.

Não gosto de música. Até os dez anos, não conhecia música. Naqueles anos, logo depois da Segunda Guerra, gente de engenho de cana de açúcar ouvia o som agonizante das rodas dos carros de boi, o aboio dos vaqueiros tocando o gado, o ritmo e as cantilenas das danças folclóricas, o lamento libidinoso dos jegues, a chilreada dos passarinhos, os sons indistintos dos bichos do mundo, no mais, baticum e zoada. Melodia, mesmo, fui conhecer em circunstâncias cruéis e indeléveis, ouvindo Coimbra com a fadista Amália Rodrigues e Adeus, Cinco Letras que Choram, com Orlando Silva.

Eles cantando pelo alto-falante da Praça da Matriz, em Maruim, onde fomos morar depois que meu pai adoeceu, e, a duzentos metros dali, ele, Mário Mesquita Moraes, morrendo em cima de uma cama Patente, na Rua da Cancela, 26.

21 de setembro de 1952, um domingo de manhã, morre Mário das Pedras, homem chegado a matemática, desenho e invenções.

A música entrou na mente do menino, como um enterro.

Ainda bem que existe Marisa Monte.

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Lembranças de Mário, o Inventor (Final). 
Por Paulo Fernando Morais.

Meu pai era seco, como um personagem de Graciliano Ramos. Aliás, fisicamente lembrava o notável romancista alagoano.

Fumava charutos Suerdieck número 2, e aos domingos permitia-se um copo de vinho Único, que eu ia comprar na bodega de Seu Osvaldo. Comia pouco. Tudo doía. Conversava ensinando. – Sabe o que significa L-t-d-a? Limitada. – Como vai o senhor? Vou bem, obrigado. Se for mulher, vou bem, obrigada. - Não me lembro de tê-lo visto em mangas de camisa, mas flutuando dentro de um paletó “engole ele”. Trazia sempre estranhas notícias para um mundo que, dia e noite, martelava o mesmo prego. Ainda ouço sua voz contando à minha mãe: - “....foi quando ouviram a pergunta: há alguém aí?”- Esta seria a frase de um alienígena captada por astrônomos.

Em casa, havia uma mesa grande sobre a qual espalhava seu material de desenho, folhas brancas de cuja textura ainda tenho a sensação nos dedos, lápis de várias cores, compasso, régua, frascos de tinta, pincéis. Desenhava retratos com definição de máquina fotográfica.

Ainda sobre a mesa, colocava seus livros de matemática e química. Havia cubas contendo substâncias de várias cores. Os livros eram forrados com papel azul escuro, dobrados e fixados com goma arábica. Minha curiosidade ante aquele mundo fascinante era freada com um olhar de repreensão. – Não atrapalhe seu pai – adivinhava minha mãe, lá da cozinha.

Mário Mesquita Moraes conheceu em sua vida anônima um momento de triunfo: inventou o sabão de lavar roupa mais eficiente daquela época, ao qual deu o nome de Sabão Pluma. O êxito seria compartilhado com Dr.Gonçalo Prado, dono da usina Pedras, que custeou o projeto. A ideia não foi adiante, porque logo em seguida adoeceu e alguns meses depois faleceu.

Seu Mário foi o inventor
Do incrível Sabão Pluma.
Ele limpa e não afunda,
E também não faz espuma.

Textos reproduzidos do Facebook/Paulo Fernando Morais.

Praia do Saco, no município de Estância

Foto reproduzida do: sitedobareta.com.br

Rua Riachuelo, esquina com a Rua Dom José Thomaz, em Aracaju

Foto: Ascom/SMTT.
Reproduzida do site: aracaju.se.gov.br

Palácio Serigy, sede da Secretaria de Saúde do Estado, em Aracaju

Crédito de foto: Vieira Neto.
Reproduzida do site: cinform.com.br

domingo, 30 de julho de 2017

Zé Américo do Campo do Brito

Foto: Portal Infonet.

Zé Américo do Campo do Brito conta como iniciou no forró

Amante do autêntico forró tradicional, Zé Américo do Campo do Brito é um dos sanfoneiros conhecidos em Aracaju. O Portal Infonet esteve no restaurante do sanfoneiro para bater um bate papo com ele sobre o início da sua carreira.

Segundo ele, a paixão pela sanfona veio desde pequeno quando ainda tinha 10 anos de idade.  “Desde os meus 10 anos eu já assistia os reisados. Ia pros leilões onde tinha sempre um forrozeiro para fazer a abertura e eu lá no canto ficava pertinho da parede com os sanfoneiros. Ai eu fui me acostumando e quando o cara cansava, eu pegava no triângulo, pegava na zabumba, mas eu sempre de olho mesmo na sanfona”, diz.

Para Zé Américo, o dia mais importante foi quando conseguiu adquirir a tão sonhada sanfona. “Eu já estava juntando dinheiro, comprei carneiro, comprei uma vaca, fui juntando dinheiro e aí uma certa vez comprei uma sanfona quando tinha 14 anos. Comprei a sanfona, um bumbo, triângulo e um pandeiro. Comecei brincando e com 90 dias eu já fui tocar no leilão. Meu pai era famoso, era amigo de políticos, fazia roça no terreno daqueles fazendeiros famosos e também era comerciante. O primeiro leilão a cota deu 18 mil reis, um dinheiro absurdo. No leilão quando dava muito, quando era de gente bacana, dava doze, oito e até 6 mil réis e esse leilão deu 18 mil réis”, diz.

Segundo ele, a sanfona foi comprada semi-nova pelo mesmo preço adquirido no leilão.  “A sanfona foi comprada também por 18 mil réis. O primeiro cachê que eu fiz foi 18 mil réis, o número da minha sorte. Eu comecei fazer cachê e aí chegou a época de viajar para São Paulo, pois eu tinha que aprender, mas eu queria ser motorista de caminhão e garçom, porque aqui não tinha campo na época. Já nos anos 70 eu viajei pra São Paulo, já fui com emprego marcado, e dei continuidade a tudo que eu queria e sonhava como o meu primeiro CD. O primeiro CD gravado foi o ‘Sonho do agresteiro, depois veio 'A velha Casa de farinha' e o terceiro ‘Forrozando nos Mercados’. Este último retratou a beleza dos mercados de Aracaju”, relata...

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/saojoao2012

Antigo casarão, sede da Cúria Metropolitana, em Aracaju

Foto: Sílvio Oliveira.
Reproduzida do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira

Coreto da Praça Fausto Cardoso, em Aracaju


Fotos: Sílvio Oliveira.
Reproduzidas do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira

sábado, 29 de julho de 2017

Barcos Tototós, no terminal do Mercado Municipal, em Aracaju


Imagens de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju.
Reproduzidas do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do: Professor Eudo Robson.

Rio Vaza-Barris, Orla Pôr do Sol, Região do Mosqueiro, em Aracaju

Foto: Ana Lícia Menezes.
Reproduzida da Fan Page/Facebook/Prefeitura de Aracaju.

Kitesurf, na Praia de Aruana, em Aracaju

Foto: André Moreira.
Reproduzida da Fan Page/Facebook/Prefeitura de Aracaju.

Fim de tarde, na cidade de Aracaju, vista do Rio Sergipe

Foto reproduzida da Fan Page/Facebook/Prefeitura de Aracaju.

Igreja São José, no Bairro do mesmo nome, em Aracaju

Por volta da década de 40 houve uma fusão de duas localidades próximas: Bariri e Fundição. O terreno da região tinha várias áreas pantanosas, que margeavam o rio Sergipe. Tanto que o local era conhecido também como Carro Quebrado, já que muitos veículos acabavam atolando e ficando por ali mesmo. O bairro se tornou um dos mais tradicionais de Aracaju após a construção da igreja e do colégio de freiras, que continuam de pé até hoje...

Foto e texto reproduzidos da Fan Page/Facebook/Prefeitura de Aracaju.
Imagem: acervo Murillo Mellins.

Aracaju de Outrora

Foto reproduzida do site: biblioteca.ibge.gov.br
Publicada pelo blog 'SERGIPE...', para ilustrar do presente artigo.

Publicado em 20 de January de 2011.

Aracaju de Outrora.
Por Nicolle Cristinne Ramos Dantas

Aqui venho tratar da Aracaju que outrora ouvir falar, da vivência, do dia-a-dia, de um cotidiano popular. Começo relatando um pouco da história da Praça Fausto Cardoso, que fora construída em 1.906, antiga Praça do Palácio, dotada de uma marginal importância na história de toda sociologia Brasileira, afinal, representava a burguesia urbana do nosso estado. A Praça possui retretas que serviam de referência, ali as pessoas pousavam para fotos, bem como para manifestações cívicas.

Todas as quintas-feiras, domingos, feriados ou dias santos, acontecia o concerto popular executado pelas bandas do Exército Brasileiro e da Polícia Militar, que iam rumo as retretas da Praça em questão. O repertório de ambas era composto por: dobrados, arranjos, boleros, blues, swing americano, etc.

O carnaval de Aracaju acontecia de maneira interessante, em frente ao palácio do governo, montava-se um palanque que acolhia figuras tais quais: o Rei Momo, as autoridades, e ainda a comissão organizadora, que julgava não apenas os blocos que por ali passavam, como também os carros alegóricos. Os campeões recebiam dos estabelecimentos comerciais: prêmios e taças.

A folia começava à tardinha, num dia de sábado, por ali se espalhavam vendedores de serpentinas, máscaras, colares, bonés, saquinhos de confetes, dentre outros elementos. A alegria e a animação pareciam comandar... A Rua João Pessoa se exibia repleta e iluminada.

A pç. só veio ser renomeada, devido a uma revolução de grande destaque, denominada: a revolta de Fausto Cardoso. Este foi um líder político de temperamento forte, impulsivo e ardente, aliás, dotado de várias outras virtudes, tais quais: filósofo, poeta, sociólogo, jornalista, advogado; nascido em Divina Pastora, foi ainda eleito deputado federal por duas vezes. Enfim, uma figura emblemática da história sergipana. Tal líder político lutou contra as oligarquias que aqui se fizeram presentes, objetivando uma política ética e saudável em prol de uma cidade melhor.

Vizinho a Praça Fausto Cardoso encontra-se a Praça Olímpio Campos, onde foi construída a sede do tribunal de relação do estado, terminada em 1.894 e inaugurada em 1.895, agora nomeada Praça Sílvio Romero, servindo de sede ao memorial do poder judiciário. Servia ainda de ponto de encontro, pois as praças eram bastante movimentadas, repletas de programações características daquela época...

Mas ali bem próximo, encontramos o centro da cidade, que segundo Murilo Mellins: era pequeno, mas arrumadinho, estando restrito as Ruas João Pessoa, José do Prado Franco, Itabaianinha, Laranjeiras, São Cristóvão, Avenida Rio Branco, Otoniel Dória, e Praça General Valadão.

Daremos então destaque ao calçadão da João Pessoa, que começava com o Hotel Central e Sorveteria Primavera, Relojoaria Gonçalves (do popular Sr. José Gonçalves), aliás, a mais chique da cidade, Casa de Móveis do alegre Abrão, dentre outros estabelecimentos merecedores de destaque tanto quanto. É interessante abordar que ainda nesse centro localizava-se o tão famoso bar Ponto Chique, onde pessoas de uma alta patente se cruzavam, um verdadeiro point tradicional. E vizinho a este, a Relojoaria de Antônio Conto e Tanto, denominada: Safira.

Não podemos deixar de demarcar a Praça General Valadão, pois também tem a sua importância. Naquele local foram construídas, a cadeia Pública, hoje, Palácio Serigy, sede da secretaria de saúde e o Quartel de Guarnição Federal, que demolido cedeu lugar ao Hotel Palace de Aracaju, concluídas em 1.962, e do Edifício Estado de Sergipe, inaugurado em 1.969. Antigamente, tal praça era denominada: Praça da Cadeia, e depois de Praça 24 de outubro.

Três quadras depois, eis que surge a rua da Aurora, conhecida como Avenida Ivo do Prado, hoje, popularmente conhecida como a Rua da Frente, debruçada sobre o Rio Sergipe, contemplando a sua beleza...

Percebemos a relevância de cada cantinho da cidade, pois cada um deles expressa um sentimento de sergipanidade, dotados de lembranças que queira ou não marcam a história de uma cidade, mesmo sendo ela tão pequenina, como a nossa Aracaju é na verdade. E sendo assim, fica aqui registrada a minha, a sua Aracaju de outrora...

Texto reproduzido do site: webartigos.com/artigos/aracaju-de-outrora

Tarde de domingo, no Largo da Praça Fausto Cardoso, em Aracaju

Foto reproduzida de postagem: Waguinho Aragão, 
no grupo “RECORDANDO – Túnel do Tempo”, em 10/04/2016.
http://bit.ly/2uHHza6

Praça São Francisco, na cidade histórica de São Cristóvão



Fotos: Sílvio Oliveira.
Reproduzidas da Fan Page/Facebook/Tô No Mundo.

Apresentação de Grupo Folclórico, na cidade de São Cristóvão


Fotos: Sílvio Oliveira.
Reproduzidas da Fan Page/Facebook/Tô No Mundo.

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Turismo Cultural: Arte pública de Jenner Augusto

Auditório do Aeroporto de Aracaju


Detalhes da obra no auditório do aeroporto de Aracaju.

Detalhes da obra no Memorial Jenner Augusto - Cacique Chá.

Detalhes da obra no Memorial Jenner Augusto - Cacique Chá.


Detalhes da obra no Memorial Jenner Augusto - Cacique Chá.


Cacique Serigy no Cacique Chá. Ícone de Jenner com pitada de Portinari.


Painel público com traços da economia, no centro de Aracaju.


Mural público em azulejaria no Centro de Aracaju.


Mural no Centro de Aracaju - Pintura com traços cubistas.


"Os primeiros habitantes" no prédio da Energisa.


Mural no hall da Reitoria da Universidade Federal de Sergipe.


Hall de entrada do Teatro Atheneu.


Teatro Atheneu.

Publicado originalmente no site infonet/blogs/Silvio Oliveira, em 20/07/2017.
Turismo Cultural: Arte pública de Jenner Augusto

Um passeio pela história dos painéis modernistas de Jenner em

Aracaju está entre os 65 destinos indutores do turismo nacional, por conta de sua boa  infraestrura, mas não se configura ainda como um produto cultural consolidado que atraia turistas por suas manifestações culturais e arte, a exemplo de Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Ouro Preto, ou até mesmo da rica em espaços artísticos, São Paulo. O binômio sol e praia, a gastronomia à base de frutos do mar, e os diversos parques e centros comerciais fazem da capital de Sergipe um atrativo em potencial.

Nos últimos anos, os olhares de turistas e sergipanos vêm convergindo para o turismo cultural com a abertura do Centro Cultural de Aracaju, do Palácio Museu Olímpio Campos, do Museu da Gente Sergipana, das galerias de arte, dos cafés culturais, dos memoriais, entre outros espaços.

É crescente o apoio que os órgãos públicos e iniciativas particulares, além das instituições de ensino, vêm concebendo ao reconhecimento do valor cultural do povo sergipano e o que esses espaços representam na construção de uma identidade sergipana, ou seja, da sergipanidade. Mas poucos ainda reconhecem o valor da arte pública, projetada em esculturas, painéis, murais, quadros e estátuas afixados nos espaços públicos.

Os painéis e murais do artista plástico modernista Jenner Augusto é um grande exemplo. Eles também se configuram como uma boa pedida para àqueles que querem conhecer a história do maior representante da arte moderna muralista de Sergipe e um dos expoentes de sucesso nas artes do final do século XX no país.

O Tô no Mundo traz um passeio pelas seis obras públicas de Jenner Augusto, afixadas em prédios e em empresas na capital, Aracaju (SE). São elas: as pinturas do Cacique Chá (1949), do edifício Walter Franco (1957), do prédio da Energisa (1961), do auditório do aeroporto Santa Maria (1962), do hall do Teatro Atheneu (1962) e do hall da reitoria da Universidade Federal de Sergipe (1980).

Painéis, murais e esculturas de rua são representações que entram nos roteiros turísticos de várias cidades, juntamente com seus prédios históricos, por documentarem através de determinada arte um período da história, os hábitos regionais e até mesmo um perfil de um determinado povo, ou seja, é através dessas manifestações artísticas uma fonte de registrar a história.

Basta olhar os espaços históricos do Centro de Aracaju e verificar que eles espelham fatos, formas e perfis de uma determinada época em representações artísticas, a exemplo dos painéis de Jordão de Oliveiral no hall do Palácio Museu Olímpio Campos, dos murais contemporâneos de Titiliano no Centro de Aracaju e da escultura de Fausto Cardoso, primeira estátua posta em praça pública de Sergipe, localizada na praça do mesmo nome. E o que dizer das obras de Jenner Augusto localizadas no antigo Cacique Chá?

Para iniciar essa viagem cultural ao mundo dos murais de Jenner Augusto é importante trazer à tona que Jenner Augusto da Silveira (1924 – 2003) é sergipano de nascimento, filho de professora, e que passou grande parte de sua infância mudando pelas cidades do interior de Sergipe. Humilde, Augusto trabalhou como engraxate, sapateiro, ajudante de alfaiate, pintor de paredes, até começar a fazer cartazes para filmes. A partir daí, verificou-se o despertar de uma arte. O interesse pelas obras de Horácio Hora, pintor estanciano, na década de 40, incentivava a sua pesquisa no campo da pintura. Seus primeiros trabalhos são acadêmicos, já que o contato com o Modernismo já amadurecido no Rio de Janeiro e em São Paulo era quase impossível. Por volta de 45, data de sua primeira exposição, começa a integrar-se no ambiente artístico de Aracaju, mesmo não vendendo sequer um quadro em sua primeira exposição. Em 49 realiza a decoração do Bar Cacique Chá, marco da Arte Moderna no Sergipe, onde aparece clara influência de Portinari. Nesse mesmo ano passa a residir em Salvador (BA).

Em 1951 participa da 1ª Bienal de São Paulo. Dois anos depois executa o painel “Evolução do Homem” no Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em Salvador (BA). Expondo no Rio de Janeiro, em 55, conheceu Portinari e Pancetti, que divulgaram o artista no meio artístico. É neste mesmo ano que é apresentado ao maior divulgador de sua arte e um de seus maiores fãs, o escritor Jorge Amado. Jenner Augusto teve influência do baiano na sua vida e na sua obra, sendo o ilustrador do romance Tenda dos Milagres, onde consegue captar a alma dos personagens, ricos e fundamentais elementos formadores da cultura baiana, tão representada pelo universo das personagens criadas pelo escritor baiano.

Jenner Augusto da Silveira sai pelo mundo estabelecendo uma convivência com pintores consagrados (Mário Cravo, Carlos Bastos, Genaro de Carvalho, Carybé, Poty, Rubem Valentim, Pancetti e Portinari), participando de exposições coletivas, realizando suas individuais, ganhando prêmios, medalhas, citações e homenagens, em reconhecimento pela genialidade da sua obra: Medalha de Ouro, no VI Salão Baiano (1956), viagem ao país do Salão Nacional do Rio de Janeiro (1959) e o Grande Prêmio de Pintura, do Salão de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul (1962). Nos anos 1960 realizou uma importante exposição com trabalhos abstracionistas no Museu de Arte Moderna na Bahia (MAM-BA).

Em 1962 Jenner veio a Aracaju para pintar os painéis do Hotel Palace de Aracaju (removido para o hall do Teatro Atheneu) e outro no aeroporto de Aracaju. Fez sua primeira individual em São Paulo, no ano de 1965. Ainda nos anos 1960 Jenner viajou para os Estados Unidos e Europa, expondo seus trabalhos.

Em 1995 foi comemorado na Bahia o cinquentenário de suas atividades artísticas. Sua produção artística é caracterizada pela estética modernista, onde predominam temáticas regionalistas representadas a partir de estilizações e manchas de cores contrastantes.

Em 2002, a ONG Sociedade de Estudos Múltiplos Ecológica e de Artes- Sociedade Semear inaugura em Aracaju (SE) uma galeria com seu nome: Galeria Jenner Augusto.

Em 2015 Jenner ganha um memorial em Aracaju, justamente onde era a efervescia da sociedade sergipana: o Cacique Chá.

As principais obras públicas de Jenner em Aracaju estabelecem uma temática nacional por conter traços da economia da época, trabalhadores, paisagens nordestinas e figuras representativas do perfil sergipano, resguardando em pinceladas descendentes de Portinari e Caribé, além do cubismo tridimensional mexicano, em voga na época. Veja os seis painéis ilustrativos desse roteiro cultural em Aracaju:

Cacique Chá – Não é por acaso que o roteiro de turismo cultural representado pelos murais públicos de Jenner deve começar pelo seu memorial. Localizado no anexo do Senac Bistrô Cacique Chá, situado na praça Olímpio Campos, no Parque Teófilo Dantas, no Centro de Aracaju, o espaço é um passeio por documentos, objetos, instrumentos de trabalho, recortes de jornais e revistas do artista, anotações e apontamentos.

No memorial estão também os painéis internos e externos pintados em 1949 e restaurados em 2015. Através deles, Jenner introduziu a arte painelística em Sergipe. Os painéis trazem trabalhadores com um toque dos traços das pinturas de Portinari, em cores que descendem dos tons amarronzados . Além do memorial, o local é cheio de história por lá ser o Cacique Chá, fundado na década de 50, e passando a ser reduto da boêmia sergipana nos anos 80. As obras são tombadas pelo Governo do Estado através de decreto de 1988.

Edifício Walter Franco - O edifício foi erguido em 1956 durante o governo Leandro Maciel e ocupou o espaço do prédio da Recebedoria Estadual, recebendo o painel de Jenner Augusto em 1957.

Primeiramente, o edifício foi construído com a destinação de abrigar as repartições do Governo e era conhecido como Palácio das Secretarias. Edifício de seis andares, o térreo ficou como Recebedoria Estadual, depois foi ocupado em 1982 pelo Banese, foi sede do Ministério Público do Estado por muitos anos.

O painel é o primeiro a ser instalado em praça pública de Sergipe e representa um marco muralista do modernismo no Estado. Sua regionalidade está presente no tema da época: a economia, com a produção agrícola, pescados, coro, caju, trabalhadores em mulas e caçoas. Traz traços cubistas mexicanos, em voga na época, com cerâmica confeccionada pelo artista alemão Udo Knof, que também assina o mural.

Tombado pelo patrimônio público do estado em 1988, poucos sergipanos se atém à qualidade e às particularidades da obra, como a presença de uma pomba branca em um painel pouco colorido, com traços cubistas e a pintura que traz uma tridimensionalidade. A obra é uma das primeiras vanguardista pública do gênero no Nordeste e foi tombada em 1988 pelo Governo de Sergipe.

Em 2010 o mural foi restaurado pelo Banco do Estado de Sergipe, através da empresa AM Restauro, da Bahia, especializada na recuperação de patrimônios históricos.

Teatro Atheneu Sergipense – O cenário primário a ser afixado o painel datado de 1962 foi o restaurante do Hotel Palace, edificação considerada um marco da hotelaria moderna da capital sergipana e que foi aberta ao público neste mesmo ano. Com a deterioração e o fechamento do hotel depois de mais de 30 anos de funcionamento, em 2004 a obra de arte representando a chegada da família real ao Brasil foi transferida para o Teatro Atheneu Sergipense.

Para realizar a complicada transferência, o painel foi cortado em diversos blocos de concreto e transportado até o teatro. Lá, juntaram-se os pedaços, em 2012 o Governo de Sergipe, através da empresa AM Restauro, conseguiu realizar a limpeza e restauro. Todo o processo durou em torno de quatro meses. O Executivo Estadual também tombou a obra em 1988.

Energisa -  A obra é uma das mais representativas do gênero do Estado em pintura de azulejo, intitulada “Os Primeiros Habitantes de Sergipe”, concebida em 1961 para o antigo saguão do aeroporto Santa Maria, em Aracaju, na época passando pela primeira ampliação da pista de pouso e do terminal de passageiros, sendo inaugurado em 1962. Naquela época, Aracaju contava com um dos mais modernos aeroportos do Nordeste.

Com a segunda reforma e aparelhamento do aeroporto em 1996, obra inaugurada em 1998, o painel foi transferido do saguão do aeroporto para a empresa Energisa, estatual de energia do estado de Sergipe. Em 2003 o Estado tombou o patrimônio público e em 2008 passou por novo restauro.

Mesmo sendo um patrimônio público, a empresa solicita autorizo da presidência para realizar visitação, fazendo com que muitos sergipanos e turistas deixem de conhecer uma das principais obras do artista sergipano.

Aeroporto de Aracaju – Em 1962 Jenner presenteou o aeroporto com mais uma obra. Desta vez, no auditório da estação aeroportuária. A obra não é acessível ao grande público e não apresenta uma data da pintura visível. Contando com traços da cultura sergipana, a exemplo de trabalhadores da cana de açúcar, do gado e do coco, a obra traz uma pintada ruralista em cores fortes e com a assinatura do artista do lado direito.

O monumento é mais um registro documental de Sergipe de uma determinada  época, pois nele preserva-se um dado momento social, com um determinado recorte temporal sócioeconomico do Estado.

Reitoria da UFS – Um dos painéis mais recentes do artista, datado em 1980, faz alusão aos brincantes do grupo folclórico parafusos de Lagarto, de prédios históricos de São Cristóvão, além de traços acadêmicos, a exemplo de jovens em solenidade de formatura e em atividades esportivas.

A painel partiu de um quadro menor presenteado anteriormente pelo artista ao reitor Aloísio de Campos, como forma de que o reitor tivesse a noção de como seria o trabalho final. Em 2015 a obra em miniatura foi restaurada pelo filho de Jenner Augusto, Guel Silveira, e entregue novamente a UFS. O painel final não foi restaurado ainda e preserva inestimável valor histórico e artístico, tombado pelo patrimônio público estadual em 2003.

Gastroterapia

Entre as opções ainda estão os pratos tradicionais do Bistrô, que integram o cardápio do Cacique Chá desde sua primeira inauguração, em 1950: Vaca Atolada de Jenner Augusto (o prato preferido do artista), o Cozido Sergipano e o Cachorro-quente de “ Seu João do Parque” Mas o que me conquistou de verdade foram as sobremesas. Fiquei fã… do sabor e do preço – R$ 6,50 o Browne de amêndoas com sorvete de tapioca agora, qualquer voltinha pelo Centro termina com um docinho no Cacique chá.

Fontes:

http://www.institutomarcelodeda.com.br/banese-restaura-mais-um-patrimonio-historico-cultural-de-sergipe/ -

http://www.institutomarcelodeda.com.br/governo-restaura-painel-de-jenner-augusto-no-teatro-atheneu/

http://sergipeeducacaoecultura.blogspot.com.br/2012/03/baianidade-de-jenner-augusto.html

CARDOSO, Amâncio; ALVES, José Francisco. “Um marco da arte moderna em Sergipe: mural de azulejos do Edifício Walter Franco”, 2016.

BRITTO, Mário; FERNANDES, Zeca (Org). Jenner Augusto: vida e obra. Aracaju: Sociedade Semear, 2012.
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Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs/silviooliveira

Prédio Royal Palace em construção, na esquina da Avenida Barão de Maruim

Esquina da Avenida Barão de Maruim, com Praça Camerino
 e Rua Dom José Thomaz, em Aracaju.
Imagem de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju/Revista Aracaju.
Reproduzida do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do Professor Eudo Robson.

Antiga foto da Rua Santa Rosa, no centro comercial de Aracaju

Imagem de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju/Revista Aracaju.
Reproduzida do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do Professor Eudo Robson.

Antiga foto do Bar do Waldemar, na Rua Laranjeiras, em Aracaju

Antigo "Bar do Waldemar", na esquina da Avenida Pedro Calazans 
com a Rua Laranjeiras, em Aracaju.
Imagem de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju/Revista Aracaju.
Reproduzida do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do Professor Eudo Robson.

Antiga foto da Avenida Rio Branco, em Aracaju

Imagem de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju/Revista Aracaju.
Reproduzida do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do Professor Eudo Robson.

Antiga foto da "Taberna do Tropeiro", na Praia de Atalaia, em Aracaju

Imagem de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju/Revista Aracaju.
Reproduzida do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do Professor Eudo Robson.

Antiga foto da Avenida Ivo do Prado (Rua da Frente), em Aracaju

Imagem de arquivo: Jornal de Sergipe/Prefeitura Municipal de Aracaju/Revista Aracaju.
Reproduzida do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br
Do Professor Eudo Robson.

Dois anos sem Maria das Piabas

Maria das Piabas: vida simples no sertão sergipano (Foto: Divulgação/Rede Record).

Publicado originalmente no site do Cinform, em 22 de julho de 2017.

Dois anos sem Maria das Piabas.

Por Priscilla Sampaio.

Menor mulher do sertão ficou conhecida por medir apenas 90 cm.

A cidade de Itabaianinha, localizada a 118 quilômetros de distância da capital sergipana, é nacionalmente conhecida como a “cidade dos anões”, que residem principalmente nos povoados, como é o caso do povoado Carretéis, onde morava a anã mais famosa, a Maria das Piabas. Maria Cardoso de Jesus Filha, nasceu e morreu numa casinha simples, cercada pela plantação de milho, macaxeira e bananas – o que também era seu sustento e de seus irmãos: Luzia, Helena e Erasmo Cardoso dos Santos.

Maria das Piabas viveu com a família até os 63 anos, e após um mal-estar, faleceu em agosto de 2015. “Conheci Maria desde criança, sempre convivi com a família e acompanhei a luta deles. Ela sempre foi uma mulher guerreira, trabalhou duro na roça a vida toda. Até hoje eles vivem do que plantam e nunca saíram daqui”, declara a amiga e vereadora da cidade, Josefa, conhecida como Zefa de Patú.

No próximo mês completa dois anos do falecimento de Maria das Piabas, mas até hoje ela é lembrada como a menor mulher do sertão. Pouco antes de seu passamento, Maria ficou conhecida nacionalmente e apareceu em programas de televisão. “Vinha muita gente conhecer Maria, gente de jornal de São Paulo, Recife. E ela recebeu todo mundo, até convite pra conhecer a praia ela recebeu, mas não quis ir. Ela e os irmãos são muito caseiros, não costumam sair de casa, a vida deles é essa”, recorda Zefa.

Apesar de Maria das Piabas ter partido, ela continua sendo uma personalidade não apenas em Itabaianinha, mas em todo o País. Talvez muitos a conheçam ou tenham ouvido falar por conta de sua estatura – uma sorridente senhorinha de 90 centímetros -, mas além de sua altura, Maria das Piabas deve ser lembrada por ter sido uma grande brasileira, que lutou muito e soube levar a vida, do seu jeito, com simplicidade e força, como todo grande nordestino.

Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br

segunda-feira, 24 de julho de 2017

Jorge Henrique: uma nobre expressão poética


Publicado originalmente no site Mais Glória, em 26 de abril de 2014.

Jorge Henrique: uma nobre expressão poética.

 Por Ramon Diego*

“Cometi meus primeiros poemas, ou en­saios de poemas, na adolescência, 16 ou 17 anos, mas antes disso a poesia já me fascinava. Fui apresentado à Literatura de Cordel aos 10 anos. Naquela época, já viajava pelas histórias de João Grilo e Ca­mões. Também gostava de folhear os li­vros didáticos, meus e de meus irmãos, em busca de poemas. Lá encontrei Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, Castro Alves, Carlos Drummond. A rima e o ritmo me agradavam muito, além da maneira dife­rente, singular de dizer coisas comuns. Aos 11 anos, ganhei de presente “A Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima. Embora não entendesse os poemas, gostava muito de lê-los. Ainda hoje sei de cor a primeira par­te do Canto I – A Fundação da Ilha.

O gosto pela escrita veio como uma extensão do gosto pela leitura. À medida que imergia em textos diversos, come­çava a emergir em mim uma vontade de também produzi-los. Quando conheci os poemas de um amigo de meu irmão, dos quais gostei muito, e vi, em carne e osso, um poeta tão próximo e tão real, imaginei que poderia fazer meus próprios poemas e foi assim que comecei”. É com esse pe­queno trecho que anuncio a homenagem ao grande amigo, poeta e grande profes­sor Jorge Henrique vieira, um dos ícones da literatura produzida em Nossa senhora da Glória.

Professor de língua portuguesa e lite­ratura brasileira pela Universidade federal de Sergipe, lançou o seu primeiro livro ain­da nos corredores da academia, pela edi­tora da UFS. Sua primeira obra intitulada de “Mutante in sanidade” já anunciava a mente inquieta e em constante estado de ebulição do grande intelectual gloriense, cujo título nos demonstrava uma extrema vontade de recriação poética, algo que se desenvolveria um pouco mais tarde em seus poemas-visuais e sua prosa de expe­rimentação narrativa peculiar.

Em meados de 2008 realizou o pro­jeto “Glória cantada em versos” através do apoio financeiro do BNB, com o qual fomentou a literatura de cordel em Nossa senhora da Glória promovendo uma ofici­na para os jovens da região, na ocasião em questão também ocorreu o lançamento do seu segundo livro, cujo título levava o mes­mo nome do projeto e visava contar a his­tória do município de Glória. Além disso, foi ganhador de prêmios como o Banese de literatura, o prêmio de mérito universi­tário pela universidade federal de Sergipe, além de ganhador de algumas edições do concursos literários no estado, como o fes­tival de poesia falada em Lagarto, no qual já fora homenageado.

Diante desses e outros argumentos não se pode deixar passar branco o talento e a astúcia crítica do grande Jorge, profes­sor, intelectual e grande bardo, além de agente primordial na construção e fomen­to à literatura, artes e cultura local.
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* Escritor, estudante de letras português/francês, poeta residente em Nossa senhora da Glória e editor da revista impressões, além de colaborador dos jornais “Correio de Sergipe” e “O regional”.

Texto e imagem reproduzidos do site: revistamaisgloria.com

domingo, 23 de julho de 2017

Amanhecer na Praia do Robalo, em Aracaju

Foto: Antônio Samarone.
Reproduzida do Facebook/Antonio Samarone.

Rodovia José Sarney, Praia do Robalo, em Aracaju

Foto: Antônio Samarone.
Reproduzida do Facebook/Antonio Samarone.

Homenagem a Luiz Antônio Barreto

Foto reproduzida do Facebook/Ludwig Oliveira. Postada por "SERGIPE...", 
para ilustar o presente artigo.

Texto reproduzido de postagem de Tiago Morf Barreto, no Grupo público do Facebook - Amigos de Luiz Antônio Barreto", do artigo de Paulo Roberto Dantas Brandão, em 25 de outubro de 2012.

Estou atrasado em pelo menos uma semana neste artigo, uma homenagem a Luís Antônio Barreto, morto há dias. Senti que não estava em condições de fazer a homenagem que ele merecia.

Conheci Luis Antônio desde sempre. Desde que ouvia meu avô Orlando Dantas falar alguma coisa sobre a Gazeta, que ligava ao nome de Luís. Lá pelo final de 1974, início de 1975, eu ainda sem completar 20 anos, fui ser "foca" (para quem não sabe, aprendiz de repórter), na Gazeta de Sergipe.

Meu avô Orlando entregou-me a Luis Antônio. Apesar de Ivan Valença ser o editor do jornal, quem me dava pauta, e supervisionava de perto minha produção era Luis Antônio. Foi quem me deu as primeiras orientações de como escrever. Fiquei amigo de Luis Antônio a vida inteira.

Com ele, e com o meu avô Orlando, aprendi a escrever editoriais. Uma particularidade é que Luis Antônio e meu avô Orlando, depois de certo tempo, passaram a escrever editoriais para a velha Gazeta de forma muito parecida. Às vezes era difícil distinguir quem fez o que.

Lá para o ano de 1999, circunstâncias da grande crise que passava então a Gazeta, fizeram que me afastasse da sua direção. Fiquei só como editorialista, e nem freqüentava a redação. No final de 2001, fui instado a voltar à direção do jornal. E condicionei a Luis Antônio dividir o encargo comigo. Ele topou na hora, apesar de saber que a tarefa era pesada.

Admirei sempre a sua atuação como animador cultural. Acho que a sua grande obra foi a organização da reedição da obra completa de Tobias Barreto. A sua introdução a Tobias Barreto, por si só a coloca no rol dos grandes pensadores brasileiros.

Luis foi mais. Foi o grande conhecedor da história de Sergipe. E o grande pesquisador sobre ela. Conhecia todos os personagens importantes da história do estado, e escreveu sobre praticamente todos. Ficou devendo, porém, uma obra completa sobre a história de Sergipe.

Mas se ficou devendo algumas coisas que não escreveu que deixou guardadas na sua prodigiosa memória, foi credor do Estado. Injustiçado sobremaneira quando ocupou cargos públicos, sofreu o que não devia. Morreu como viveu, pobre. Todos os seus recursos foram empregados para compor o seu acervo, que hoje, graças ao Professor Uchôa, estão bem guarnecidos na Universidade Tiradentes. Injustiçado também pela Universidade, de modo geral, que não reconheceu preconceituosamente o seu trabalho.

Luis morreu sem que pudesse me despedir dele (não sei se é possível se despedir de alguém que morre). Telefonei-lhe às vésperas dele ser internado na UTI do Hospital Primavera. Ele estava em casa, doente, e atendeu o telefone com a voz baixa, um tanto ofegante. Pensei que era coisa leve, um resfriado talvez. No outro dia soube que estava no hospital. Só aí me interei da gravidade do seu quadro. Senti muito sua partida. Só agora me atrevi a escrever sobre ele.

Há um clichê para essas horas, a dizer que Sergipe ficou mais pobre. É clichê, mas não há expressão melhor para definir a partida de Luis Antônio. Seus amigos, eu entre eles, ficaram mais sós, esta é uma realidade.

Texto de Paulo Roberto Dantas Brandão.

Texto reproduzido do Facebook/Amigos de Luiz Antônio Barreto.