quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Francisco Pimentel Franco, Chico da P. Franco

Foto: César Cabral

Publicado originalmente no site RADAR SERGIPE, em 17 de agosto de 2019 

Por Onde Anda Você, Chico da P. Franco

Francisco Pimentel Franco, Chico da P. Franco, nasceu em Aracaju, no dia 14 de dezembro de 1931. Filho de Derbeval do Prado Franco e Dona Rosa Amélia Sobral, é casado com D. Maria Helena Melo Franco. Tem cinco filhos (Rosa Amélia, Denise Maria, Ana Suely, Ana Paula e Ricardo), nove netos e três bisnetos.

Foi aluno dos Colégios Jackson de Figueiredo e do Salvador, nos quais estudou o curso Primário. O seu pai, Derbeval Franco, era sócio da empresa P. Franco & Cia. Ltda. untamente com os empresários Dantas e José Arnoivo Campos, cuja sociedade possuía duas lojas de eletrodomésticos: P. Franco, em Aracaju, e Bahia Elétrica, em Salvador.

A loja de Salvador era administrada pelo seu Derbeval que, residindo na capital baiana, ficava dividido entre Salvador e Aracaju, onde os filhos passavam a maior parte sob os cuidados da esposa, Rosa Amélia.

Depois de concluir o Curso Primário, seu Chico decide se mudar para Salvador, a fim de cursar o Ginásio. Concluída essa etapa, no Colégio Marista, passou a estudar Contabilidade, no Campo Grande, à noite. A partir de então, começou a trabalhar na Loja Bahia Elétrica, do seu pai, que funcionava na Cidade Baixa. Assim, uniu o útil ao agradável, pois a teoria contábil que aprendia à noite, exercitava, na prática, durante o dia, ao lado do seu pai.

Ao lado da equipe Music Som

Os anos se passaram e ele foi adquirindo experiência e gosto pelo comércio. Concluídos os estudos contábeis, seu pai o manda de volta para Aracaju, a fim de assumir o comando da Loja P. Franco, uma vez que a sociedade existente acabara de ser desfeita.

Cheio de fôlego e disposto a mostrar tudo o que aprendeu na Bahia, seu Chico tratou de modificar o lay-out da loja, tornando-a bastante atraente aos olhos dos transeuntes que, com frequência, andavam pela rua João Pessoa, centro comercial de Aracaju.

Em pouco tempo, a Loja P. Franco se transformou na mais bonita, mais charmosa e mais reluzente de todo o comércio de Aracaju. Na época do Natal, por exemplo, ninguém hesitava em visitar as luxuosas e atrativas vitrines da loja. Luzes incandescentes, modernos eletrodomésticos, produtos com tecnologia de ponta deixavam a clientela com água na boca.

Fachada da loja P. Franco

Durante os anos 60, todos os domingos à noite, aconteciam memoráveis retretas ao longo da rua João Pessoa, e as lojas caprichavam para atrair os olhares e a atenção dos consumidores. Tanto era assim, que até contratavam decoradores para organizar as suas vitrines numa salutar competição que muito agradava aos que por lá passeavam. Magazine dos Móveis, A Elétrica, Larbelo, A Moda, Lojas Satélite, Livraria Regina, A Diamante, A Sugestiva e tantas outras se espelhavam no jeito renovado de expor, caracterizado pela P. Franco.

Seu Chico, com aquele seu “jeitão”, cativava cada vez mais a sua clientela que tinha no gerente Araken a referência do bom atendimento e reponsabilidade comercial. P. Franco se tornou sinônimo de qualidade em eletrodomésticos, material elétrico, lustres, radiolas, discos e bicicletas.

Seu Chico da P. Franco foi responsável pela implantação da primeira repetidora de TV (Canal 2 do Recife), no Morro do Urubu. Juntamente com Irineu Fontes, montou uma torre (cedida pela prefeitura de Riachuelo) e o sinal passou a ser captado pelos aracajuanos. Participou, ao lado de outros empresários locais, da criação e instalação da TV Sergipe, a primeira TV sergipana.

Sempre inovador, passou a oferecer o serviço do BIP, aparelho que ajudava a localizar pessoas e transmitir recados através do telefone. A Central emitia um “bip” para o usuário (que usava um aparelho tipo celular) e este telefonava para a atendente a fim de receber alguma informação.

Outro empreendimento idealizado por ele foi o Music Som, serviço que fornecia música ambiente e outros gêneros, 24 horas por dia, através as linhas telefônicas da Telergipe.

Bem antes de tudo isso, Seu Chico da P. Franco e o pai, senhor Derbeval, foram distribuidores da cerveja Antarctica para todo o Estado de Sergipe. O produto chegava de navio e era estocado num armazém na Av, Ceolho e Campos, de onde seria distribuído para os comerciantes.

Membro da Associação Comercial, CDL, Lions Club e sócio do Iate Clube e Associação Atlética de Sergipe, Francisco Pimentel Franco, Seu Chico da P. Franco, mora na Praça Camerindo, em Aracaju. Diariamente vai ao seu escritório e é frequentador assíduo dos bancos do Calçadão da rua João Pessoa, onde encontra velhos amigos, para colocar os assuntos em dia.

Texto e imagens reproduzidos do site: radarsergipe.com.br

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Morre o fundador do Grupo Educacional Pio Décimo professor Sebastião

Foto: Arquivo Pessoal

Publicado originalmente no site A8 SE, em 19 de agosto de 2019

Morre o fundador do Grupo Educacional Pio Décimo professor Sebastião

Redação Portal A8

As atividades administrativas e pedagógicas de todo o grupo educacional Pio Décimo foram suspensas nesta segunda-feira (19). O motivo de força maior, foi a morte do professor Sebastião, ele tinha 87 anos e já vinha com a saúde debilitada. O quadro se agravou em dezembro do ano passado, ele morreu no final da tarde do sábado (17) em casa vítima de insuficiência respiratória.

Muitas pessoas acompanharam o velório no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju (SE). Entre elas autoridades, como o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira e o governador Belivaldo chagas além de familiares, amigos, professores e ex-alunos. Em cada um sentimento de tristeza e saudade. Diante do caixão, estava a bandeira da faculdade Pio Décimo fundada pelo professor Sebastião na década de 70.

José Sebastião dos Santos nasceu em 29 de setembro de 1931, na cidade de Ribeirópolis. Marcou história na educação de Sergipe desde 1954 com um grupo formado pelo colégio e faculdade Pio Décimo e um centro educacional que leva seu nome. O professor Sebastião era formado em direito e também lecionou história e língua portuguesa em vários colégios particulares da capital.

O corpo do professor Sebastião foi sepultado por volta das 15h horas deste domingo (18). 

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com

domingo, 18 de agosto de 2019

Professor José Sebastião dos Santos (1931 - 2019)

Foto (reproduzida com arte) do blog
 aconteceemsergipe.blogspot





 Fotos reproduzidas do site: piodecimo.com.br

Foto reproduzida do site: seed.se.gov.br

Aracaju(SE), 17/08/2019

Morre em Aracaju o professor Sebastião, fundador do Grupo Pio X

Faleceu aos 87 anos neste sábado (17), em Aracaju, o professor José Sebastião dos Santos, fundador do Colégio e Faculdade Pio X desde 1954.

Professor Sebastião, como era carinhosamente conhecido, completaria 88 anos no dia 29 de setembro. Segundo informações de pessoas próximas, o educador enfrentava problemas de saúde.

Nascido em 1931, em Ribeirópolis, professor Sebastião trabalhou em várias áreas, mas foi a educação que o conquistou, iniciando uma carreira extensa com o Grupo Pio X, marcando sua história no Colégio Cepjss, como diretor-presidente do Colégio Pio Décimo e Faculdade Pio Décimo e lecionando em várias escolas privadas na capital sergipana...

Fonte: f5news.com.br

Morre Professor Sebastião Diretor Da Faculdade Pio X

Foto reproduzida do site: piodecimo.com.br e postada pelo blog

Texto publicado originalmente no site FAXAJU, em 18 de agosto de 2019 

Morre Professor Sebastião Diretor Da Faculdade Pio X

O professor José Sebastião dos Santos, fundador do Colégio e Faculdade Pio X desde 1954, morreu neste sábado (17) à noite aos 87 anos em Aracaju. Professor Sebastião completaria 88 anos no dia 29 de setembro. Não foi divulgada a causa que o levou à morte, mas há informações de que ele vinha enfrentando problemas de saúde.

Professor Sebastião trabalhou em várias áreas, mas foi a educação que o conquistou, iniciando uma carreira extensa com o Grupo Pio X, marcando sua história no Colégio Cepjss, como diretor-presidente do Colégio Pio Décimo e Faculdade Pio Décimo e lecionando em várias escolas privadas na capital sergipana. Ele era de Ribeirópolis.

O velório acontece no cemitério Colina da Saudade. O sepultamento será neste domingo às 15h, no mesmo cemitério. Professor Sebastião faleceu na casa dele, em Aracaju.

Também na noite deste sábado, o governador Belivaldo Chagas emitiu nota de pesar pelo falecimento do professor José Sebastião dos Santos, fundador e diretor do Grupo Pio Décimo. Ele tinha 87 anos e faleceu em decorrência do agravamento do seu estado de saúde.

“Quero manifestar o meu mais profundo pesar pelo falecimento do professor Sebastião. Sergipe perde um de seus importantes pensadores e colaboradores. Sebastião foi um sergipano que abraçou a educação como grande instrumento de transformação da sociedade. Que Deus, em sua infinita misericórdia, conforte a família em momento tão doloroso”, lamentou Belivaldo.

Alessandro lamenta – O senador Alessandro Vieira (Cidadania) manifestou “profundo pesar pelo falecimento do professor José Sebastião dos Santos, fundador do Grupo Pio Décimo, ocorrido este sábado (17). Sua trajetória de trabalho e dedicação à educação é motivo de orgulho para todos os sergipanos”.

– Ele certamente contribuiu com a transformação da nossa sociedade e deixa um legado importante, que continuará através do Colégio Cepjss, Colégio Pio Décimo e Faculdade Pio Décimo. Minhas sinceras condolências aos familiares, amigos e à comunidade acadêmica do Grupo Pio Décimo, disse Alessandro.

Texto reproduzido do site: faxaju.com.br

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

Posse da Dra. Celi Marques na Academia Sergipana de Medicina








Fotos: Ana Lícia Menezes/PMA

Publicado originalmente no site da Agência Aracaju de Notícias, em 16 de agosto de 2019

Edvaldo participa da posse de Celi Marques na Academia Sergipana de Medicina

O prefeito Edvaldo Nogueira acompanhou, na noite desta quinta-feira, 15, a posse da médica cardiologista e professora Celi Marques Santos na Academia Sergipana de Medicina. A nova imortal sucede Dalmo Machado de Melo na cadeira de número 13, cujo patrono é Fernando Sampaio. Para o prefeito, o ingresso de Celi Marques na ASM é o “reconhecimento justo de uma trajetória excepcional”

“Celi é uma pessoa de grande capacidade, talento e inteligência. Tem uma trajetória excepcional: é filha de empregada doméstica, negra e venceu todas dificuldades da vida, superou os preconceitos e conseguiu entrar na faculdade de Medicina quando era muito difícil. Se formou, fez uma carreira extremamente brilhante. É uma grande cardiologista, das melhores de Sergipe. Celi pratica a medicina do exemplo. Ela não cuida do paciente apenas pelo olhar da doença e do medicamento. Ela enxerga o ser humano como um todo. E isto faz muita diferença”, destacou Edvaldo.

O prefeito ressaltou ainda que é “motivo de orgulho” ver Celi Marques se tornar acadêmica da ASM. “Celi é minha médica. Foi quem cuidou da minha por quase 15 anos e é também a médica do meu pai. Celi é uma figura incrível. Este é um momento muito feliz, por isso compareci à posse desta amiga, médica, cientista e ser humano incrível que hoje se eleva”, disse.

O acadêmico Marcos Antonio Almeida Santos, que fez o discurso de saudação, destacou a trajetória da nova imortal, pontuando aspectos de sua vida pessoal e da sua formação profissional. “Celi soube com tenacidade, resiliência, perspicácia, competência, modéstia, vigor e inteligência traçar a sua própria história e colher da vida os seus melhores frutos”, declarou.

Celi se disse muito emocionada e feliz em passar a integrar a ASM. Segundo ela, “adentrar a este respeitável sodalício é motivo de júbilo, razão extrema de reflexão por tanto mérito recebido”. “Integrarei uma plêiade de médicos comprometidos em promover, incentivar, contribuir e participar das ações que visam o desenvolvimento da Medicina nos seus múltiplos aspectos”, afirmou.

Para ela, “mais importante que se imortalizar, é trabalhar em prol da imortalidade do juramento de Hipócrates, dos valores éticos e humanísticos da Medicina, é fazer história, dar exemplo e vencer os desafios em prol do bem comum”.

Celi Marques Santos é  aracajuana. Cursou Medicina na Universidade Federal de Sergipe. Possui o título de especialista em cardiologia pela Sociedade Brasileira de Cardiologia e em medicina intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira. É também especialista em Medicina de Tráfego pela Associação Médica Brasileira. Desde estudante já atuava no Hospital São Lucas, onde permanece até a presente data, tendo ocupado vários cargos dentro da Cardiologia e da Unidade de Terapia Intensiva. Exerce a docência na Universidade Tiradentes.

Texto e imagens reproduzidos do site: aracaju.se.gov.br

quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Thaïs Bezerra ENTREVISTA Celi Marques


Publicado originalmente no site do Jornal da Cidade, em 13 de agosto de 2019

Thaïs Bezerra ENTREVISTA Celi Marques

A nossa entrevistada de hoje é a conceituada doutora Celi Marques, médica cardiologista, que construiu a sua brilhante trajetória na medicina sergipana, com competência, dedicação e honradez. Reconhecida pelos colegas, foi eleita por unanimidade para assumir a cadeira de número 13, da Academia Sergipana de Medicina, que teve o dr. Dalmo Machado de Melo, como primeiro ocupante. A solenidade de posse será realizada na próxima quinta-feira, dia 15 de agosto, às ... Horas, no auditório da Sociedade Médica de Sergipe. Dra. Celi integra o grupo de cardiologistas mais valorosos de nosso estado, é atualizada, estudiosa, apaixonada pelo ofício e compromissada com a saúde e os cuidados para com o próximo. O patrono é o Dr. Fernando Sampaio. Uma mulher guerreira, que merece todas as honrarias e reverências, pela sua postura ética e contribuição efetiva na história da medicina em Sergipe. Honraria mais que merecida. E TB terá a alegria de ser a Mestre de Cerimônia da solenidade. Vamos ao bate papo.

Thaïs Bezerra - A senhora considera que a indicação de seu nome para fazer parte da Academia Sergipana de Medicina seja um reconhecimento por sua dedicação às causas da saúde de Sergipe?

Celi Marques - Citando Professor Zerbini “O reconhecimento do trabalho médico começa com os pacientes que, bem atendidos, divulgam o seu trabalho fazendo aumentar sua clientela. Passa pelos colegas, quando o referenciam para si próprio ou os familiares mais queridos - assim atestam sua qualidade. Mas a consagração mesmo vem com a manifestação espontânea da sociedade”.

TB - Quais serão suas prioridades como membro da ASM?

CM - Além de solidarizar-me com meus confrades, trabalhar em prol do juramento de Hipócrates, resgatar a relação médico- paciente e o sentimento humanitário da arte médica.

TB - Por sua experiência na área de saúde, como a senhora avalia o papel desta respeitada instituição, que desde 1994, é representada pelos mais notáveis nomes da medicina sergipana?

CM - Avalio o papel da Academia de relevância cabal em promover, contribuir e participar das ações que visam o desenvolvimento da Medicina principalmente a de resgatar a história da Medicina sergipana e homenagear os seus vultos.

TB - O que significa assumir a cadeira de número 13, que foi ocupada pelo ilustre dr. Dalmo Machado de Melo, obstetra e ginecologia humanitário que costumava dizer “Se nascesse dez vezes, dez vezes seria médico".

CM - Uma responsabilidade inefável perante este médico devotado, que não fazia diferença ao tratar suas pacientes e fazia da medicina um sacerdócio. Para aumentar minha responsabilidade, o patrono da cadeira, doutor Fernando Sampaio, um artista de alma nobre, ambos, guardiões da ética e da responsabilidade do cuidar.

TB - A partir do dia 15 próximo, a senhora fará parte de um seleto grupo de honrados e abnegados médicos sergipanos. Aumenta sua responsabilidade com a profissão que escolheu?

CM - Evidentemente a honra é maior que a responsabilidade em ser uma adida à seleta “Casa de Gileno Lima”.

TB - A senhora é a décima médica a ocupar uma cadeira na Associação Sergipana de Medicina. Como a senhora vê a participação da mulher sergipana nesta honrada Academia?

CM - São mulheres que fazem história, dão exemplo de tenacidade e vencem os inúmeros obstáculos de ser mulher. Participação reconhecida pelos nossos pares e pela sociedade. Uma grande responsabilidade acompanhar o ritmo e a sabedoria destas mulheres eloquentes e de conduta irrepreensível que me antecederam.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldacidade.net

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

'O Cirineu da televisão Sergipana – Som da História', por Irineu Fontes



Publicado originalmente no site do INSTITUTO HELVIO

Viva os pais! O Cirineu da televisão Sergipana – Som da História

Por Irineu Fontes *

Em correria, ele entra na sala do piano da mansão da rua de Itabaiana com Senador Rollemberg, gritando pela mãe, Dona América Fontes, esposa do conceituado comerciante da cidade de Aracaju, José Domingues Fontes, o Zé Domingues, proprietário da Ferragem J. Domingues Fontes. Dona América ou Mequinha como era conhecida, estava sentada ao piano tocando uma valsa e, assustada, foi ao encontro do menino Irineuzinho, filho mais velho da família de 8 irmãos. Ela levantou do piano com toda a sua elegância e foi logo pedindo para se acalmar e contar o que estava acontecendo. O menino tinha 12 anos de idade e estudava como todos os irmãos no Colégio Salvador, colégio já famoso e importante nos idos de 1947.

Dona América acalmou o guri e disse com sua voz calma.

– Diga, meu filho!

Ele, com determinação de um adulto disse para ela.
– Mãe, não quero mais estudar, quero trabalhar na loja do meu pai.
Para ela, que era uma pessoa ligada à intelectualidade, tocava divinamente piano, falava inglês fluentemente, irmã do José Calazans Brandão da Silva, sabia e queria que seus filhos tivessem a melhor formação possível e que ela poderia dar.

Mas, a determinação do menino era contundente e inegociável. E foi com grande supresa que o pai, o senhor Zé Domingues, recebeu a notícia da Dona América, que o Irineuzinho iria, a partir daquele dia, trabalhar na ferragem.
O José Domingues argumentou:

– Mequinha, esse moleque é muito novo para trabalhar comigo na loja. Mas não teve jeito, ela conseguiu colocar o Irineuzinho, com 12 anos de idade, sendo o mais novo funcionário da J. Domingues Fontes, loja situada na esquina da Rua Laranjeiras com Travessa Deusdedith Fontes.

Em pouco tempo o garoto aprendeu o serviço e, curioso, foi observando todos os que trabalhavam ali, e descobriu que o gerente de mais de 10 anos da loja tinha um comportamento estranho com as finanças do negócio.

Em casa, comentou com a mãe, Dona América, a descoberta que, imediatamente, passou a informação ao José. O chefe da família reagiu indignado e disse:

– Tá vendo Mequinha que eu te falei que o menino só ia atrapalhar.
Afastou o menino da loja, para tristeza da mãe e do garoto. Mas, como um grande comerciante que era, o Zé Domingues ficou esperto e logo depois, pegou o seu gerente com a mão na massa. Afastou o gerente e colocou o garoto de 12 anos na gerência do seu estabelecimento comercial.

Foram anos de trabalho, sempre com grandes resultadas, dedicado a ferragem, e quase não teve juventude como seus irmãos mais novos, que estudavam. Vivia para o trabalho e sua diversão era jogar bola no Atlético Futebol Clube o Atlético de Cobrinha e vez ou outra gostava de cantar nos programas de rádio e dançar nos clubes da cidade.

No final dos anos 50, conhece sua esposa, Maria Susete, em uma festa em Aracaju e começaram a namorar. Ela estanciana, filha de José Alves, o Dede Sobrinha, barbeiro importante da cidade de Estância, e da Dona Marocas, excelente cozinheira, muito conhecida pela Maniçoba que ela fazia.

O Irineuzinho já com seus 20 anos, tinha virado o Irineu Fontes, reconhecido como grande vendedor e lojista da cidade, amigo dos mais importantes comerciantes e políticos da capital. E toda semana ia à cidade de Estância para noivar, tendo como companheiro de viagem, José Carlos Teixeira, que também noivava uma estanciana, Maria Eugênia Fontes Souza, filha do importante político e prefeito da época, Raimundo Silveira Sousa, Seu Raimundinho.

Casou no final de 1958, e em abril de 1960, nasce seu primeiro filho, no total de quatro filhos com Dona Susete, Irineu, Ana Susete, Sandra América e Simone Angélica e mais dois com a sua segunda mulher, André e Sheila.

Logo, o comerciante Irineu, viu que tinha que dar um passo maior na sua vida profissional, pois o que ganhava como gerente não estava dando para sustentar a sua nova forma de viver, com família e filhos.

Decidiu trabalhar por conta própria e viaja para São Paulo em busca de representadas de tinta, pois a empresa da família tinha a representação das tintas Ypiranga, ou ferragens, não conseguiu nada nessa área, Lembrou que tinha um grande amigo de infância morando em São Paulo e o procurou para que ele desse uma luz. Esse amigo trabalhava na Philips do Brasil e, de pronto, apresentou a alguns amigos. Irineu sai de São Paulo representante de Rádio e Radiola da Empire (uma empresa multinacional que atua em diversos setores também fabricou televisores no Brasil nas décadas de 60 e 70. Os modelos coloridos no início dos anos 70 eram considerados os mais avançados do mercado).

 Em pouco tempo, o representante comercial se destaca na nova empresa e ganha o prêmio de melhor representante do ano. Ele volta a São Paulo para receber o prêmio e a responsabilidade de vender os aparelhos de televisão. Mas, como fazer isso se em Sergipe não chegava nenhum sinal de TV? A empresa mostrou que com uma repetidora, a cidade podia captar o sinal de um canal mais próximo, e esse sinal era da TV Jornal do Comércio de Recife.

O empreendedor Irineu viu a possibilidade de aumentar suas vendas e de trazer para sua cidade a informação da modernidade. A Televisão. Com sua amizade com o prefeito da época, Godofredo Diniz, convence através de telegrama a importância do investimento na compra de uma repetidora para a cidade, Recebe a autorização, e compra a moderna repetidora. Ele mesmo traz de caminhão para Aracaju, vindo com ele os técnicos da Empire para montar fazer funcionar a nova fase da comunicação do nosso estado. Nascer o embrião da televisão em Sergipe.

Escolheu o Morro do Urubu na zona norte da cidade e lá instalou a Torre da TV como todos chamavam. O poder irradiante é pequeno e o sinal que chega, da TV Jornal do Comércio, de Recife, em Pernambuco, não era dos melhores. Mas foi o suficiente para encantar os poucos privilegiados que tinham um aparelho de TV comprado nas lojas da cidade. Foi um estrondo de venda da TV Empire, lançamentos e promoções que davam ao comprador do aparelho de TV da Empire, de viagens a um Fusca oferecido pelo maior comprador dos aparelhos da Empire, a loja “A Curvelho”, sendo seu proprietário Geonizio Curvelo e ficava situada na esquina da rua Itabaianinha com São Cristovão.

Irineu se destaca dentro da empresa multinacional e se coloca como um dos maiores representantes comercias do Brasil. Aqui, ele começa a ser conhecido como o “Cirineu da Televisão” (Cirineu, aquele que auxilia, que serve de exemplo em um serviço árduo).

Em 1966, ele quer melhorar suas vendas e pensa que já é tempo de Sergipe ter seu primeiro canal de Televisão, e ajudado pelo seu contador criou uma empresa, a TV Sergipe S/A e sai vendendo ações aos amigos comerciantes. Nasce o sonho da primeira emissora de TV do estado. Ele conta com o apoio de um amigo, que tinha voltado para Sergipe vindo de São Paulo, o Nailson Menezes, que se transformaria no maior e primeiro publicitário do estado, e juntos, eles conseguem vender todas as ações e transformar o sonho em realidade, a junção do conhecimento técnico do Nailson que trabalhava como vendedor de reclame (Diz respeito à veiculação de um produto, propaganda, anúncio comercial), da TV Excelcio em São Paulo, com a visão de empreendedor do Irineu Fontes.

Com o acreditar de vários comerciantes e empresários do nosso estado, como Francisco Pimentel Franco, Josias Passos, Getúlio Passos, José Alves, Hélio Leão, Augusto Santana, Paulo Vasconcelos, Geonizio Curvelo, Carlos Menezes, Lauro Menezes e Luciano Nascimento entre outros, além de uma parte da sociedade sergipana, o sonho se realiza em 1967 com a primeira transmissão da TV Sergipe que entra em fase experimental e é inaugurada em 1971, tendo como primeiro presidente o Josias Passos, o maior acionista.

Um homem com o olhar no futuro, com a força de trabalho inesgotável, e com um amor a sua terra vibrante é assim Irineu Silva Fontes o Cirineu da Televisão em Sergipe.

E assim, nesse dia dos pais, eu faço essa homenagem ao meu pai Irineu Silva Fontes, e reconheço o homem trabalhador, incansável, empreendedor e honesto que deu uma grande e imensurável contribuição a esse estado tão pobre de memória.

Hoje com 84 anos, te desejo muita saúde e paz.

E Viva os Pais!
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* Irineu Fontes - Gestor Público, Cantor, Compositor e Produtor
Presidente do Instituto Hélvio Dória Maciel Silva

Texto e imagens reproduzidos do site: institutohelvio.com

sábado, 3 de agosto de 2019

'João Oliva, Docemente Cristão', por Luiz Eduardo Costa

Foto reproduzida do site: folha.uol.com.br e postada pelo Blog

Texto publicado originalmente no site F5NEWS, em 02 de agosto de 2019

João Oliva, Docemente Cristão 
(João Oliva, um cidadão exemplo)

Por Luiz Eduardo Costa (Coluna F5News)

Fala-se tanto, agora, porque o vozerio emana do mais alto escalão da República, aliás ainda laica, numa qualidade necessária a cada brasileiro, que seria aquela convicção “terrivelmente cristã", mais especificamente “terrivelmente evangélica”, até credencial para que sejam ungidos de agora por diante possíveis futuros ocupantes do Supremo Tribunal Federal.

Mas esse não é assunto do qual aqui queremos tratar.

Na verdade, o que desejamos é tendo como foco a vida de um homem agora morto, retemperar a força da razão, diante do desvario que até pretende transformar a fé, ou seja, uma a religião exclusiva, em instrumento da política, e orientação do Estado.

Esse cidadão, jornalista, advogado, escritor, poeta, um frade sem envergar o hábito, João Oliva, viveu profundamente a fé, mourejou no seu dia a dia a prática virtuosa da solidariedade, que deve ser o âmago da consciência cristã. Para isso, aparelhou-se por toda a vida para tornar-se um homem do saber. E o fez para poder pensar, distinguir, intuir, também aconselhar e harmonizar. João Oliva não foi apenas um intelectual da sua época, da sua geração. Seguindo aquele dístico “Ao espírito vivo",  que está no pórtico da universidade de Heidelberg, onde se inicia o “caminho dos filósofos", Oliva integrava-se ao mundo, participava de tudo que significasse a clarificação do espírito, o que mais acendia a sua chama interior da religiosidade, e o fazia compreender melhor as transformações do mundo, dos costumes, da própria vida, e demonstrando junto com a esposa, para a sua  numerosa prole que o choque de gerações somente gera consequências quando falta o sorriso da compreensão, ao lado da firmeza do exemplo. Por isso, os onze filhos se fizeram seus herdeiros do que era a sua maior riqueza: o caráter, a honra, a sede de saber, a ânsia de justiça.

Ele passou a vida harmonizando, disse, ao lado do esquife na Academia Sergipana de Letras o acadêmico presidente Anderson Nascimento. A arte da harmonização era uma característica do meu pai, disse o filho Luiz Eduardo Oliva.

Antônia Amorosa, artista, na despedida fez música e poesia, uma epifania para o instante. Tudo muito no clima de suavidade e paz, a síntese do que foi a vida daquele exemplar morto.

Se perguntassem a João Oliva se ele aceitaria ser Ministro do Supremo sendo "terrivelmente" cristão, ele, com certeza diria que gostaria de definir-se como docemente cristão, empregando um advérbio mais próximo da mansa serenidade do Cristo.

Na noite do dia primeiro de abril de 1964, Seixas Dória que estava no Rio de Janeiro, retornou a Aracaju, e reassumiu o governo tendo a certeza de que em breve seria preso. No Palácio Olímpio Campos, que tinha a dupla função de sede do governo e morada oficial do governador, em torno da mesa onde Seixas jantava com a família e alguns auxiliares, naqueles instantes tensos, depois de reunir-se com sindicalistas, estudantes, líderes da esquerda, todos ansiosos por ouvir uma palavra do governador que significasse resistência ao golpe já consumado, Seixas explicara que não haveria resistência em nenhuma parte do país, e que ele todavia, iria fazer um manifesto externando seu compromisso com a legalidade e a democracia, mesmo tendo a certeza de que logo seria deposto e preso.

O Palácio logo esvaziou-se, indo o grupo concentrar-se na Estação Central da ferrovia Leste Brasileiro. Em torno da mesa de refeições, o reduzido número de auxiliares e amigos permaneceu fazendo companhia ao governador. Começou-se, então, a discutir os termos do Manifesto. João Oliva era o Secretário de Imprensa e deu o tom: “O texto deve ser sereno para evitar provocações, e afirmativo para não denotar covardia”. Recebeu logo do governador a incumbência de redigí-lo. Foi à Remington, concluiu a tarefa, e informou a Seixas Dória: “Vou ler antes o texto ao telefone para Dom Távora”, que era o Arcebispo.

João Oliva tinha em Dom Távora um paradigma para a sua vida. Guardou com ele o que o Arcebispo lhe dissera, e o manifesto, tal como redigira foi levado à Rádio Difusora para ser lido pelo diretor, o locutor Sodré Junior.

Na madrugada Seixas Dória foi preso, e ao amanhecer do dia Oliva retornou ao Palácio ocupado pelos militares. Dirigiu-se ao vice já “empossado" Celso de Carvalho, disse-lhe que estava ali para entregar-lhe o cargo, e dar ao sucessor as informações que fossem necessárias.

Celso, sempre gentil e moderado pediu-lhe que aguardasse para que o assunto fosse decidido e Oliva com voz mansa e tranquila respondeu-lhe: “Doutor Celso, o governador Seixas Dória me nomeou, e como ele está preso e não pode exonerar-me, eu tenho a obrigação moral de me considerar exonerado”.

Assim fez, e assim, lúcido, tranquilo, permaneceu por toda a vida conservando aquela altivez e coragem moral que, somente os puros de espírito sabem manter, sem disso fazer alardes.

João Oliva foi o cidadão de uma época, e um exemplo para todas as épocas.

Texto reproduzido do site: f5news.com.br