domingo, 15 de agosto de 2021

Morre Jorge Prado Leite, fundador da Sulgipe


Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 15 de agosto de 2021

Morre Jorge Prado Leite, fundador da Sulgipe

Jorge Prado Leite recebeu o codinome de um homem chamado trabalho

O empresário, engenheiro, radialista e jornalista sergipano Jorge Prado Leite, 95 anos, morreu neste domingo (15), de causa natural. Doutor Jorge faleceu na mesma casa onde nasceu, no dia 19 de junho de 1926, localizada na Avenida Ivo do Prado, vizinha à antiga Faculdade de Direito, centro de Aracaju. Ele deixa três filhos: Ivan, Marcelo e Adriana. O filho e também engenheiro Ivan Leite comunicou a morte do pai pelo Facebook: “Guerreiro repousou. Perseverante sempre, assim foi meu pai ao longo de batalhas simples e das mais importantes pela vida. Partiu!!!”. O sepultamento do corpo de Jorge Leite será às 16 horas deste domingo, no Cemitério Colina da Saudade, em Aracaju.

Doutor faleceu na mesma casa onde nasceu, no dia 19 de junho de 1926, localizada na Avenida Ivo do Prado, vizinha à antiga Faculdade de Direito, centro de Aracaju. Ele deixa três filhos: Ivan, Marcelo e Adriana.

Jorge Prado Leite fundou a Companhia Sul Sergipana de Eletricidade (Sulgipe), que abastece 12 municípios sergipanos e dois da Bahia, e implantou as rádios Esperança, em Estância, e a Rádio Jornal, em Aracaju. Ecologista, doutor Jorge foi responsável pela preservação da maior reserva de Mata Atlântica de Sergipe, localizada no município de Santa Luzia do Itanhy. Quando de seu aniversário, em 19 de junho, Ivan Leite escreveu e publicou no portal JLPolítica o seguinte artigo sobre o pai:

“No dia 19 de junho de 1926 nasceu em casa, na Avenida Ivo do Prado em Aracaju, meu pai, Jorge Prado Leite, primogênito de Júlio César Leite e de Carmem Prado Leite, e também primeiro neto do coronel Gonçalo Rollemberg. Aos 11 anos de idade foi estudar, sozinho, em Fortaleza, Ceará, na Escola Militar.

Estudou em Minas Gerais

Aos 12 anos, mudou-se para Minas Gerais. Foi estudar internamente no Colégio Cataguases Leopoldinense, e de lá ele mantém até hoje memórias deliciosas, não apenas pelos tradicionais doces mineiros, mas pelo carinho e amizade de famílias e amigos que o acolhiam aos finais de semana e as paqueras de adolescente.

Mudou-se para São Paulo alguns anos depois, para o internato do Colégio Mackenzie, do qual também guarda sempre boas memórias. Serviu ao CPOR – Centro Preparatório de Oficiais da Reserva – Exército, o que lhe era fácil, pelo temperamento disciplinado, mas difícil pelas ações físicas, pois mesmo não tendo limitações que o impedissem de executá-las, a elas não era muito afeito.

Mas conseguiu superá-las através de atribuições que buscou na biblioteca. Aos 19 anos, papai ingressa na já cobiçada nacionalmente e já consagrada formadora de excelentes engenheiros, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo -, feito este que muito o orgulha.

Colega de ex-governadores

Na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo estudaram contemporaneamente jovens que vieram a ser dois governadores de São Paulo, Mario Covas e Paulo Maluf. Com este, papai concorreu em eleição para o Grêmio da Poli, e o venceu – fato que atesta a sua grande capacidade de aglutinação e liderança.

Como presidente do Grêmio da Poli, e vindo de outro Estado morar em São Paulo, era conhecedor das dificuldades que enfrentavam os alunos originários do interior e de outros Estados de todo o Brasil.

Por isso, idealizou e empenhou-se na viabilização e construção da Casa do Politécnico. E teve sucesso nesta empreitada, construindo um prédio de 11 andares que, ao término da sua gestão, já estava no sexto pavimento e com recursos assegurados para a sua conclusão.

Diretor da Fábrica Santa Cruz

Em 1950, já formado em Engenharia Civil, papai retorna a Sergipe a convite de seu pai, que dele precisava para dirigir a Fábrica Santa Cruz uma vez que, como senador, iria morar no Rio de Janeiro. Este é o mesmo ano em que conheceu e apaixonou-se pela ainda adolescente Angelina, a minha mãe.

Em 1956, três importantes fatos ocorrem na vida de papai: o time de futebol da fábrica, o Santa Cruz, o Azulão do Piauitinga, sagra-se campeão estadual no primeiro campeonato desta abrangência, e ainda fora campeão seguidamente 1957/58/59/60, sendo o primeiro pentacampeão; é fundada a Companhia Sul Sergipana de Eletricidade, a Sulgipe, e lhe nasce o seu primogênito, euzinho aqui.

Em 5 de maio de 1964, ocorrem os dois maiores reveses de sua vida: a perda prematura de sua genitora, Vovó Carmem e, no mesmo dia, a destruição da Fábrica Santa Cruz por uma gigantesca enchente dos rios Piauí e Piauitinga.

Primeira rádio do interior

Demonstrando sua garra e seu empreendedorismo, em 1º de maio de 1967 papai inaugura a primeira estação de rádio do interior de Sergipe, a Rádio Esperança, numa data que demonstra explicitamente seu apreço e reconhecimento aos trabalhadores – ele próprio um eterno trabalhador -, a ponto de receber o codinome de um homem chamado trabalho!

Aos filhos, que criou e educou com exemplos – Ivan, Marcelo, Adriana -, e aos netos Jorge, Yvette, Júlia e Luiza, e ao bisneto Pedro Jorge, ele segue dando demonstração de perseverança. Chega hoje aos 95 anos e, como lhe é peculiar sempre ter metas, a de agora é de ir rumo aos 100. Então vamos!”.

Texto reproduzido do site: destaquenoticias.com.br

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Gente Sergipana – Professor Freitas

Publicado originalmente na Linha do Tempo no Perfil do Facebook de Antonio Samarone, em 13 de agosto de 2021

Gente Sergipana – Professor Freitas

Por Antonio Samarone*

A pedagogia da simplicidade.

Acabo de ler o auto-retrato do Professor Freitas. Uma memória que ultrapassa as fronteiras da vida privada, e conta-nos um pouco da educação em Sergipe. Um livro leve, despretensioso bem escrito.

Eu li numa sentada.

Para compensar aos que não terão a ventura em receber esse mimo, deixo aqui essa breve resenha.

Antonio Fontes Freitas nasceu às margens do Vaza Barros, no Povoado Tinga, em 1942., numa família de 12 irmãos. Filho de Cazuza e Dulcinéia. Entrou na escola já grandinho, aos 12 anos.

Para os filhos estudarem, a família se mudou para Aracaju. O professor Freitas cursou o primário no Grupo Escolar Ivo do Prado, depois passou no exame de admissão do Atheneu.

No Atheneu, Freitas foi aluno, amigo e discípulo do mestre Leão Magno Brasil. A admiração ao professor Leão Magno aproximou Freitas da matemática. Freitas tornou-se assistente do professor Leão Magno.

Freitas assumiu a magistério ainda como estudante. Uma vocação!

O corpo docente do Atheneu era de altíssimo nível: Thetis Nunes, Glorita Portugal, Maria da Glória, Silvério Fontes, José Leite, Pedro Amado, Caetano Quaranta, Maria Augusta Lobão e Ofenísia Freire. Uma equipe reforçada intelectualmente.

O professor Freitas chegou aos cargos de direção, na passagem do Dr. João Cardoso na Secretária de Educação. Freitas Também é economista, formado pela UFS.

Freitas foi diretor do Atheneuzinho, do Colégio de Aplicação da UFS, e o Secretário de Educação do Governo Valadares. Acho que os cientistas políticos e historiadores precisam reabrir os estudos sobre esse período da vida sergipana.

O sucesso na vida depende da sorte, em 1969, o professor Freitas foi sorteado, casou-se com Dona Eglélia Portugal, de família tradicional da Província. Em Sergipe, sem sobrenome, as estradas são espinhosas.

Um sinal inequívoco de prestígio do professor Freitas: ele é o Grão Mestre da Maçonaria. Sei pouco sobre essa irmandade secreta, mas percebo que nenhum derrotado cruza os seus umbrais.

O professor Freitas é imortal da Academia Maçônica Sergipana de Artes, Ciências e Letras, ocupando a cadeira 33 e membro fundador da Academia Sergipana de Educação, ocupando a cadeira número 20, cujo Patrono é o Dr. João Cardoso.

Após as aposentadorias, o professor Freitas avivou o ímpeto empresarial, e tornou-se um bem-sucedido produtor de gelo.

O Professor Freitas é Comendador e Cavaleiro de várias Ordens, benemérito de várias irmandades e um voluntário da filantropia. O professor é o Irmão Freitas, Grão Mestre da vetusta Maçonaria.

O Professor Freitas cumpriu a sua missão de educador, com humildade, competência e zelo, própria dos grandes homens.

* Antonio Samarone - médico sanitarista.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone