terça-feira, 30 de março de 2021

Covid -19 mata Emanoel Sobral (1952 - 2021)


Publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 30 de março de 2021

Covid -19 mata Emanoel Sobral

Emanoel Sobral era diretor técnico do Sebrae Sergipe

Vítima da covid-19, morreu, nesta terça-feira (30), Emanoel Sobral, diretor-técnico do Sebrae Sergipe. Ele estava internado num hospital de Aracaju e não resistiu à doença, indo a óbito na manhã desta terça. Em nota, o Sebrae lamentou o falecimento de Emanoel Sobral, que por mais de 20 anos participou da atuação da instituição junto aos empreendedores sergipanos.

Irmão do Ex-deputado estadual Eliziário Sobral, o diretor técnico do Sebrae também foi prefeito de Itaporanga D’Ajuda. Formado em Administração, Emanoel Sobral deixa a viúva, quatro filhas e filhos e netos.

Texto e imagens reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

domingo, 28 de março de 2021

Dr. Marco Santana

Publicado originalmente no Perfil do Facebook/Marcos Santana, em 25 de março de 2021

“Filho amado

Reuni forças para participar dessa campanha de conscientização

E sabendo que você ainda agora estará lutando pela saúde da população, como sempre foi sua missão”. (Marcos Santana).

Texto e vídeo reproduzidos do Facebook/Marcos Santana

Morre Cicero Veiga

Texto publicado originalmente no site da ASSEMBLEIA DE SERGIPE, em 27 de março de 2021

Morre Cicero Veiga
Por Kelly Monique Oliveira

É com triste pesar que a Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), em nome do presidente Luciano Bispo, presta solidariedade e condolências aos familiares e amigos pelo falecimento do economista Cicero Veiga, ex-servidor do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Mais uma vítima desse vírus (COVID -19) que tem ceifado a vida de milhares de brasileiros. Veiga estava internado no Hospital São Lucas, mas faleceu neste sábado, 27, em Aracaju.

O economista Cícero Veiga da Rocha foi um alagoano que chegou a Sergipe no ano de 1968 e, desde então, exerceu diversos cargos de destaque em empresas como Condese, Banese, Codise, Fundese e Deso.

Texto reproduzido do site: al.se.leg.br

quarta-feira, 24 de março de 2021

Prof. Clodoaldo Alencar, Reitor Emérito da Universidade Federal de Sergipe.

Publicado originalmente no Perfil FACEBOOK/JOSÉ VIEIRA, em 13 de março de 2021

Há alguns instantes fui informado do falecimento do professor Clodoaldo Alencar, Reitor Emérito da Universidade Federal de Sergipe.  Um exemplo de homem público com quem tive a honra de trabalhar e de dialogar no curso de minhas pesquisas sobre o ensino superior, o movimento estudantil e a sociedade no contexto do final da ditadura civil-militar e do advento da Nova República.  Em respeito e em homenagem a este intelectual, gestor público e humanista, reposto a foto do nosso último encontro. Meus mais sinceros sentimentos aos familiares, amigos e colegas.

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Publicação de 6 de janeiro de 2018.

"Um silêncio profundamente eloquente" - Clodoaldo de Alencar Filho – Reitor Emérito da UFS (1988-1992)

Por José Vieira da Cruz*

O argumento de que o significado de uma imagem vale mais que mil palavras, expressão popular atribuída a Confúcio, conhecido filósofo chinês, nem sempre é suficiente para abstrair os conteúdos e sentidos que uma imagem contém e pode gerar.

Na foto em tela, registro o encontro com o professor Clodoaldo de Alencar Filho, Reitor Emérito da Universidade Federal de Sergipe (UFS), em um café citadino de Aracaju, ocorrido ontem 05/12/2018. Frente a esse registro fotográfico e ao título atribuído, resta-me, explicar algumas dos sentidos da imagem e do encontro.

Alencarzinho, como muitos o conhecem, foi um dos primeiros reitores eleitos da Universidade Federal de Sergipe, no período de retomada da Democracia Brasileira, após a longa e triste experiência da ditadura civil-militar (1964-1985). Nascido na cidade de Estância/SE, formado em Letras Inglês, pela Faculdade Católica de Filosofia, uma das instituições que deram origem a UFS. Alencar atuou de forma decisiva na cena política e cultural: no rádio, no teatro, na imprensa escrita e na gestão pública municipal de Aracaju na época do prefeito Godofredo Diniz Gonçalves (1963-1967), e, depois na gestão da Universidade como Reitor eleito pela comunidade universitária (1988-1992).

A sua participação e experiência na cena cultural, remonta à década de 1950, quando em contato com o florescer do teatro urbano brasileiro, assiste e ajuda a montar nas terras de Serigy a peça "Eles não usam Black-tie", de autoria de Gianfrancesco Guarnieri, que retrata os dramas de um sindicalista e de sua família premidos entre a lide política e sindical no chão de uma fábrica e os desafios de residir em um morro na periferia de uma cidade brasileira.

Nos idos da década de 1960, Alencar teve atuação destacada na locução de programas na Rádio Cultura, em atividades cênicas do teatro amador, em atividades junto ao Diretório Acadêmico de Letras "Amando Fontes", no Sergipe Jornal com uma coluna sobre o turismo, dentre outras interações junto aos movimentos culturais e políticos que pululavam a época, dentre os quais o da criação da Universidade em Sergipe, fato que só se efetivaria em maio de 1968. Antes disso, a partir de abril de 1964, essas ações lhe valeram algumas "conduções coercitivas" junto ao quartel do 28ª Batalhão de Caçadores (28ª BC), uma das várias divisões do Exército Brasileiro.

A respeito dessa experiência, em setembro de 1998, ainda na condição de estudante do Curso de História, tive a oportunidade de entrevistá-lo, e ao perguntar-lhe sobre os significados do golpe civil-militar de 1964 tive a seguinte resposta:

"Olha, as primeiras 62 horas, foi uma depressão horrível.

Teve gente que foi presa logo no dia. Eu fui preso em

Maio. Ali não era somente o medo de ser preso. Acabou!

O ano parou... E agora? E agora? ... Vou voltar a apoiar

concurso de miss, as dez mais elegantes. Toda a alienação

da sociedade voltou. O que o movimento de política popular

estava começando a inibir, ficou um vazio!.. Ficou um

vazio! Um silêncio profundamente eloquente!"

Algumas décadas depois, aquele jovem estudante de letras, agente cultural e gestor público municipal, torna-se docente da então jovem instituição (UFS) – agora envolta com as comemorações dos seus 50 anos –, e junto com os demais segmentos da comunidade universitária (estudantes, técnicos e docente) participa da luta em defesa da autonomia universitária e da democracia como norte para o ensino superior e para o país.

Neste contexto, entre 1988 e 1992, após o resultado da consulta eleitoral junto à comunidade da UFS, ele assumi o cargo de reitor e cumpri, no contexto de transição política, o papel de consolidar os fundamentos e compromissos institucionais da universidade junto aos valores democráticos e de desenvolvimento humano, social, econômico e de inovação científica.

Eram tempos de (re)construção política, dos quais, pelo menos entre os anos de 1988 a 1989, pode acompanhar de perto, como trabalhador da equipe do seu gabinete, os esforços para manter a essência da Universidade Pública: o tripé ensino, pesquisa e extensão, a gratuidade e o compromisso com a sociedade.

Essa experiência, anos depois de meu ingresso como estudante no Curso de História na UFS, em 1993, resultou no desenvolvimento de pesquisas que desembocaram na minha tese de doutorado e na sua respectiva publicação, em outubro de 2017. 

Há! Já ia esquecendo, uma das razões desse encontro foi o de entregar ao professor Alencar o livro “Da autonomia à resistência democrática: movimento estudantil, ensino superior e a sociedade em Sergipe, 1950-1985”, que narra uma parte dessa e de outras histórias do ensino superior e do País a partir de Sergipe.

Enlaçada por essa breve narrativa, penso que a imagem, capturada na foto em tela, revele significados do encontro e de parte dessa História.

* Doutor em História Social (UFBA), Professor e atual Vice-reitor da Universidade Federal de Alagoas (UFAL)

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/José Vieira

segunda-feira, 22 de março de 2021

Com diferença de horas, a corona vírus matou pai e filho, Edson e Fladson.


Publicado originalmente no Perfil Facebook/Nestor Amazonas, em 22 de março de 2021

Garçom, por favor, mais cerveja para a mesa 5...

Um raio se abateu sobre a nossa família neste final de semana.

Com diferença de horas, a corona vírus matou pai e filho, Edson e Fladson.

Perdemos o Tio Edinho e o nosso “Rambinho”. Esperei diminuir o impacto da notícia para poder falar deles e o legado que deixaram para a família e os amigos.

Edson Vieira de Melo era bastante conhecido em Aracaju. Exibia com orgulho o registro no Creci de número 5, tinha um histórico de compras e vendas de imóveis que narrava o crescimento da cidade nos últimos 50 anos. Dono de um humor invejável nunca teve ou fez inimigos, preferia desistir de um bom negócio se isto custasse arranhão na amizade com algum corretor colega. Edinho era um lorde.

Quando o conheci, eu ainda menino e ele já rapaz namorador, era atleta do futebol de salão do Flamengo, clube de São Lourenço da Mata, cidade que hoje faz parte do Grande Recife. Namorava uma irmã de minha mãe, Flávia, com quem viria a se casar anos depois. A noite em que nos conhecemos ficou marcada em mim, na mão dele e no rosto de um valente. Ao tentar acalmar um começo de briga no meio de um baile de carnaval, recebeu um murro do provocador da confusão: esqueceu que estava com um copo na mão e revidou – copo quebrado, corte na mão e uma fonte de sangue do rosto do agressor. Fuga rápida para a Kombi do meu pai que estava estacionada nos fundos do clube. Ficou a lenda, Lagartixa (seu apelido no clube) também briga.

Tixa, como ficou abreviado na nossa família, se casou com Flávia, entrou para o rol dos homens sérios e nunca mais brigou. Bandeira branca era seu lema de paz. Fui reencontra-lo anos depois, já em Aracaju, na Cidade dos Funcionários. Dono de uma energia fantástica, sua vida era tocada com a trilha sonora dos grandes sucessos musicais do passado, usava as letras como mote para assuntos e comentários. Alegria pura. Uma festa permanente como naquele baile de carnaval onde o conheci, mas sem o final sangrento.

Teve 3 filhos – Fladson, Edson Jr e Lincolin.

Fladson era a cópia do pai, sempre alegre, uma legião de amigos. Chegou a publicar um jornal para os de sua geração, foi um sucesso. Era bom de festas, não à toa montou uma empresa de infraestrutura para eventos – a Bond Festas. O nome já refletia a maior qualidade dele, animador de alegria e acompanhou o pai nesta partida.

Edson Jr, o famoso Papagaio é o atleta profissional da família, se dedicou ao surf e fez história. Também está contagiado mas com sintomas leves. Que assim seja e se recupera logo para a nossa tranquilidade.

Lincolin herdou o empreendedorismo do pai e montou a DiskCarro, empresa de aluguel de carros- , bem-sucedido e até lançou um movimento de valorização das empresas sergipana.

Para nossa família, Edson, Edinho, Lagartixa, Tixa...era e sempre será Negão, que era a forma que ele usava para se referir carinhosamente de quem gostava. Torcedor fanático do Santa Cruz do Recife, em dia de jogo, sentava-se na varanda, pegava o rádio, cervejas e ficava em estado de graça, rindo até das derrotas.

No imaginário do Negão, nossa família fazia parte de uma grande festa, onde a mesa 5 era dele. Era o epicentro da alegria. Todos convergiam para lá e o grita de guerra era...Garçom, mais cerveja para a mesa 5...A mesa 5 era o centro do universo onde tudo era mais bonito e festivo.

Negão, que a sua Mesa 5 nunca feche a conta aí, onde você está agora. Espero voltar ao seu convívio e desfrutar de sua alegria, creio que vou demorar um pouco mais, porém tenha a certeza de que irei para sua Mesa 5 com muito orgulho.

E pede mais cerveja...

Saudades.

Texto reproduzido do Facebook/Nestor Amazonas

Alencar, “O Infiltrado”, por Afonso Nascimento

Legenda da foto: Crédito de imagem reproduzida (com arte) do Facebook/Veldevan Noventa e postada elo blog para ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 22 de março de 2021

Alencar, “O Infiltrado”
Por Afonso Nascimento *

Em um documento do serviço de informação do MEC (DSI), datado de 1979, chamado de “Infiltração nos estabelecimentos de ensino”, o seu autor de nome desconhecido faz balanço dos “infiltrados comunistas” em várias universidades federais, no rol das quais está a Universidade Federal de Sergipe.

Eis aqui os nomes dos supostos “comunistas infiltrados” da UFS: Clodoaldo Alencar Filho, Lauro Pacheco, Nilton Pedro da Silva, Stefânio de Faria Alves, José Alexandre Felizola Diniz, Moacir Soares da Motta, Walburga Arns da Silva, José Barreto Fontes, Ovídio Valois, Hélio Araújo Oliveira, Serapião de Aguiar Torres, Luiz Rabelo Leite, João Bosco Mendonça e Maria Thétis Nunes”. Deve ter causado surpresa a qualquer um de nós ler a inclusão do recém-falecido ex-reitor Clodoaldo Alencar Filho, um liberal, encabeçando essa lista de supostos “comunistas infiltrados” Nada direi sobre os demais listados porque não são do meu interesse aqui.

Preciso recuar no tempo para dizer que, em 1964, o professor Alencar foi preso e indiciado em maio daquele ano, acusado de subversão. Entre outras coisas, as acusações eram de que trabalhara como locutor do MEB e que fez três apresentações da peça “Eles não usam black-tie”. É verdade que trabalhava e torcia para o movimento que parecia vir e faria do Brasil um país mais justo e igualitário nos anos 60 do século passado. Foi libertado porque não havia provas contra ele. Em 1975, juntamente com o padre e professor da UFS José de Araújo Mendonça, Enivaldo Araújo e Augusto Prado Leite, o futuro reitor Alencar aparece em uma lista de pessoas, mais uma, que eram cogitadas para governar Sergipe, ou, em outra descrição do posto político, para ocupar cargo em futuro governo estadual. Os arapongas que escreveram o motivo da investigação podem ter cometido algum erro quando escreveram “cogitado” para os cargos de governador ou, quem sabe, secretário de Estado. Essas informações foram retiradas de documento do SNI em 1975, disponível no Arquivo Nacional.

Em 1976, ocorreriam eleições municipais e as eleições gerais só teriam lugar em 1978. Mesmo assim, foi feito o documento do SNI sobre os quatro “cogitados”. Os três primeiros receberam a avaliação de que poderiam ser aproveitados na administração sergipana, mas o professor Alencar teve a seguinte apreciação final: “não deve ser aproveitado”. Nas “observações” do avaliador era acrescentado que “os registros existentes dão conta de uma atuação intensa, em face da participação em diversos empreendimentos”.

É muito interessante observar o perfil feito pelo serviço secreto sobre o professor Alencar, que transcrevo aqui: “Posição ideológica: esquerdista – Atitude em relação à revolução de 31 marco de 64: contrário. Atividades subversivas: simpatizante. Probidade administrativa: não há registros. Eficiência funcional ou profissional: não há registros. Conduta civil: há registros negativos.” Pelo que sei e ouvi sobre o professor Alencar, ele era um tipo que circulava em diversos grupos, sempre expansivo, o cara que gostava de uma prosa. Acho que posso dizer que ele foi um administrador, um agente cultural e um intelectual.

E por falar em intelectual, como seu pai, o professor Alencar foi membro da Academia Sergipana de Letras, mas não deixou uma grande obra. Com efeito, só escreveu três livros, a saber, “As intemporais (Entrevistas e comentários), 1977”, “Etc. e tal (Folclore e memórias), 1980” e “Caleidoscópio (Crônicas, poemas, contos, ensaios), 1984” (Cf. Anderson Nascimento, livro sobre perfis dos imortais sergipanos). Em relação ao valor literário dos seus livros, deixo esse trabalho para os especialistas em literatura.

Em 1988, foi candidato e venceu a eleição para reitor da UFS. Durante a sua campanha, lançou uma “carta aberta à comunidade da UFS” na qual explica porque é candidato e porque resolveu fazer parte do processo eleitoral para defender a UFS, entre outras universidades federais, contra movimentos que visam a privatizá-la, a torná-la paga e a entregá-la ao governo estadual “para pulverizar, assim, o poder político das universidades e destruir cada vez mais a sua autonomia”. À exceção da ideia de estadualização das universidades federais, o seu discurso parece ser muito atual. Na visão de Clodoaldo de Alencar Filho, a universidade tinha de ser “pública, gratuita, competente, autônoma e democrática”.

Deixei para o final para dizer que, do pedido de informações do SNI de 1975 sobre o professor Alencar, enviado através de telex, constava o seguinte: “Enviar registros que caracterizem nominado como elemento esquerdista”. Não consigo imaginar quem tinha interesse em prejudicar a carreira do primeiro reitor da UFS eleito pelo voto direto da comunidade e referendado pelo Conselho Superior. Não é possível fazer a leitura da caligrafia de quem fez a solicitação de informação sobre o recém-falecido Clodoaldo Alencar Filho.

PS: Agradeço ao professor José Vieira da Cruz por permitir o acesso aos documentos consultados.

* É professor de Direito da UFS

Texto reproduzido do site: destaquenoticias.com.br

domingo, 21 de março de 2021

Alese lamenta a morte da médica Maria Eugênia Teixeira

Publicado originalmente no site da ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, em 20 de março de 2021

Alese lamenta a morte da médica Maria Eugênia Teixeira

Por Aldaci de Souza

A Assembleia Legislativa de Sergipe lamenta em nome do presidente Luciano Bispo, a morte da médica dermatologista Maria Eugênia Correia Teixeira, aos 70 anos (vítima de complicações da Covid-19), ao tempo que deseja força aos familiares e amigos neste momento de dor profunda.

Sobrinha do empresário Oviêdo Teixeira (in memorian) e prima do ex-deputado federal e ex-prefeito de Aracaju, José Carlos Teixeira, Maria Eugênia foi uma das proprietárias da Uniclinica em Sergipe.

Após ter sido contaminada com a doença causada pelo novo coronavírus, a médica precisou ser hospitalizada e o quadro se agravou levando-a à morte neste sábado, 20.

Foto: Divulgação Arquivo Pessoal

Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br

Morrem 'Rambinho' e seu pai Edson Corretor

Foto reproduzida do Facebook/Wallace Barreto Carvalho e postada pelo blog

Texto reproduzido do site da Assembleia Legislativa, em 21 de março de 2021

Covid-19 interrompe a vida do jornalista Fladson Vieira, o Rambinho

Por Aldaci de Souza

A Assembleia Legislativa de Sergipe lamenta a morte do jornalista Fladson Amazonas Vieira de Melo, conhecido como Rambinho, ao tempo que deseja força aos familiares e amigos neste momento de dor profunda. Ele e o pai, o senhor Edson Vieira de Melo (foto), estavam internados tentando se recuperar da Covid-19, mas a doença agravou e ambos morreram na noite do último sábado, 20 em Aracaju.

Rambinho conhecido pelo jeito alegre e descontraído publicou por muito tempo o jornalzinho impresso RECICLAGEM, que destacava o público jovem e vinha postando no Instagram, fotos antigas de festas realizadas em Sergipe, principalmente de forrós e do Pré Caju. Um álbum virtual das décadas de 80, 90 e 2000; o “Reencontre sua Turma em Aracaju”. Nas postagens ele pedia que, quem reconhecesse as pessoas das imagens, botasse o endereço do instagram nos comentários, fazendo muito sucesso.

Em fevereiro, participou de um evento online sobre carnavais, realizado pela TV Atalaia, gravado no no Museu da Gente Sergipana ao lado do empresário e vereador de Aracaju, Fabiano Oliveira.

“Conheci Rambinho ainda estudante e ficamos amigos, um cabra bom, alegre e de bem com a vida. Vá em paz meu amigo e olhe por nós”, afirmou o diretor de Comunicação da Alese, Irineu Fontes, que mora no mesmo condomínio que o jornalista e tínham um encontro diário nas caminhadas matinais.

“Nunca vi Rambinho triste. Tinha uma energia muito boa. Meu amigo partiu junto com o pai. Que dor! Que Deus dê forças para a família e os amigos”, afirmou a jornalista Valquíria Miron, da TV Alese.

Texto reproduzido do site: al.se.leg.br

Saudades de Roberto Barreto Garcez Vieira


Publicado originalmente no Facebook/Jorge Carvalho do Nascimento, em 21 de março de 2021

Saudades de Roberto Barreto Garcez Vieira  
Por Jorge Carvalho do Nascimento *

Este sábado, 20 de março de 2021, foi para mim mais um dia de tristeza. As notícias informando a morte de pessoas amigas, colegas de trabalho, pessoas conhecidas e outros que passamos muito tempo sem encontrar nos assediam o tempo inteiro.

Logo cedo recebi do dileto amigo Marcos Junqueira um telefonema dando conta da morte do nosso comum amigo Roberto Barreto Garcez Vieira.

Durante muito tempo, quando éramos estudantes universitários, eu, Marcos e outros amigos tínhamos em Roberto uma companhia permanente de bate-papo, de mesa de bar, de trocas de amenidades, de passeios e algumas viagens. Economista, Roberto tem passagens como técnico da Companhia de Desenvolvimento Industrial do Estado de Sergipe – Codise e pelo Tribunal de Contas do Estado de Sergipe.

Desde sempre Roberto foi para os amigos uma figura afável e leve, muito leve. Tranquilo, ao longo de anos de convivência nunca vi Roberto exasperado nem indócil, mesmo diante das situações mais incômodas. Conversa agradabilíssima, permanentemente. Éramos capazes de ficar horas a fio conversando sobre todas as coisas ou sobre coisa nenhuma.

Pai de um filho e uma filha, Roberto foi levado pela Covid-19. Rapidamente. Entre a sua hospitalização e a morte na madrugada do sábado, menos de uma semana.

O quadro que o consumiu e fez com que os seus pulmões parassem de funcionar durou menos de sete dias.

Dele, com os amigos ficam as saudades e a indignação em face dos que desdenharam e dos muitos que continuam a desdenhar desta terrível virose. A começar pelo ocupante do principal cargo do Poder Executivo federal que ainda esta semana, desrespeitoso e sem compaixão para com a dor dos brasileiros, estava imitando a aflição dos que não conseguem processar oxigênio e morrem pela ação do Coronavírus.

A você, Roberto, o meu adeus saudoso.

* Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Jorge Carvalho do Nascimento

sábado, 20 de março de 2021

Morre Roberto Barreto Garcez Vieira (BETO)

Perdi hoje o querido primo e amigo: Roberto Garcez (Beto)

 Artigo de Lygia Prudente, em 20 de março de 2021

Por mais que as “crenças" nos incuta que os anseios de eternidade faz sentido, ainda assim a dor pela perda das pessoas queridas, que viveram tanto tempo ao nosso lado, deixa um enorme vazio na alma. Estamos a viver um trágico período, dominado por um vírus ignóbil que vem ceifando vidas queridas e valiosas, repentinamente, sem que nos seja dado o direito da despedida, do acarinho nos momentos finais. Muito trágico mesmo.  E por mais que nos coloquemos no lugar de outros, a nossa dor é nossa, profunda. Assim é a dor por ver partir o bemquisto e amado Roberto Garcez, carinhosamente Beto, de quem ficará lembranças marcantes pela sua calma, tranquilidade, amizade, respeito, atenção. Eu o conheci por volta dos nossos oito anos (temos a mesma idade) e timidamente, nos sentávamos juntos no mesmo banco escolar no Colegio Brasilia, cuja professora era nada menos que Selminha, sua irmã. Anos e anos se passaram neste convivio de colegas, que a amizade se estabeleceu. Tempos depois casei com Armando, seu primo, fortalecendo os laços já existentes. Acompanhamos a sua felicidade, sentida pelos filhos e agora pelo neto, por quem o apego e a dedicação eram evidentes e a quem fará muita falta. E hoje, com a sua partida, o dia está mais frio, mais sem graça, mais pobre. Estamos todos tristes, apesar de saber que, pela sua essência, estará em um bom lugar. Saudades, Beto Garcez!

Texto enviado via e-mail por Lygia Prudente Maynard Vieira

quinta-feira, 18 de março de 2021

Professor Clodoaldo de Alencar Filho

Legenda da foto: Imagem reproduzida (com arte) do site de Iran Barbosa e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 16 de março de 2021

Professor Clodoaldo de Alencar Filho
Por Angelo Roberto Antoniolli*

A vida segue o seu rumo, traçado pelas próprias contingências do tempo, sem determinismos. Temos vivido momentos de angústias, sobressaltos, ansiedade, mas, também, de esperança, no mundo inteiro, em face da pandemia, que, desde o início do ano passado, assola e amedronta a humanidade.

No Brasil, há muito a ser feito, no caso do combate à pandemia. Tem havido desencontros. E mortes em números lamentavelmente alarmantes. Em Sergipe, não haveria de ser diferente. Entre nós, da Universidade Federal de Sergipe, alguns têm tombado nos últimos meses. Professores e técnicos administrativos. Aposentados ou não. A nossa família vai sendo desfalcada. A cada um (a) que se vai, é um pedaço da UFS que também se vai. É um pedaço de cada um de nós, que dela fazemos parte.

Todavia, não é só a Covid-19 que nos despedaça. A morte tem nos cobrado o seu tributo por outras causas também. No último sábado, 13, faleceu o eminente professor e acadêmico Clodoaldo de Alencar Filho, que foi reitor da UFS, de 1988 a 1992, no período logo após a queda do regime militar (1964-1985). Aliás, tivemos a honra de homenageá-lo no ensejo das comemorações dos 50 anos da nossa tão querida UFS. Foi, sem dúvida, um momento de emoção e júbilo.

Nascido em Estância, Alencar era formado em Letras/Inglês, pela Faculdade Católica de Filosofia, que seria incorporada à UFS, na sua fundação, e nos deixou aos 88 anos. Do casamento com a igualmente professora e acadêmica Aglaé D’Ávila Fontes, atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, deixa os filhos Del Alencar e Jean Marcel.

O professor Clodoaldo foi um ativista cultural dentre os maiores de Sergipe. Um homem multifacetado por tudo que fez na seara da educação e da cultura. A família Alencar, em Sergipe, a partir do patriarca, Clodoaldo de Alencar, renomado poeta, deixou um rastro luminoso. Quatro varões, o pai e três filhos (Alencar Filho, Luiz Carlos e Hunald) pertenceram à Academia Sergipana de Letras. O outro irmão, Leonardo, artista plástico, pertenceu ao Movimento de Apoio Cultural Antônio Garcia Filho da mesma Academia.

Alencar deu mais vida às funções que exerceu. Teve presença marcante por onde passou. Na Rádio Cultura de Sergipe, da Igreja Católica, no tempo de Dom José Vicente Távora, primeiro arcebispo de Aracaju, foi um diretor artístico inovador e criativo. Uma época de ouro para a emissora, no plano cultural. Promoveu eventos que sacudiram a sociedade aracajuana. Na Prefeitura de Aracaju, auxiliou o prefeito Godofredo Diniz (1963-1967), na área da cultura, sendo o idealizador da Galeria de Arte Álvaro Santos. Teve atuação importante no teatro e na imprensa escrita. Publicou os livros “As intemporais” e “Caleidoscópio”.

Na Universidade Federal de Sergipe, Alencar tornou-se um ícone nas salas de aula, admirado e respeitado pelos alunos e colegas. No CECAC – Centro de Extensão Cultural e Assuntos Comunitários, o seu desempenho foi inesquecível, a exemplo de sua atuação na dinamização do Festival de Arte de São Cristóvão. Foi pró-reitor de Extensão e, mais tarde, vice-reitor na gestão de Eduardo Conde Garcia (1984-1988), sucedendo-o.

Ao chegar à reitoria da UFS, Alencar Filho deu oportunidade a jovens professores e técnicos administrativos, agregando-os à sua gestão. Era um homem de temperamento afável, calmo, vivaz, bem humorado, que sabia como receber as pessoas com cordialidade, por mais exaltadas que elas estivessem.

Na administração da UFS, Alencar procurou melhorar a qualidade do ensino e internacionalizar as relações da Universidade, compreendendo, pois, o alcance da globalização nos processos educativos. Criou novos cursos de graduação, desenvolveu promoções de natureza cultural no campo das artes plásticas, cinema sergipano, música erudita, além de incrementar, ainda mais, o Festival de Arte de São Cristóvão. Por ele foi criado o Núcleo de Assuntos Internacionais e construída a sede do CODAP – Colégio de Aplicação.

Devemos ser gratos ao professor Clodoaldo de Alencar Filho por tudo o que ele fez pela UFS e por Sergipe. Que nunca o possamos esquecer. Que Sergipe siga em frente. E que a UFS reencontre o caminho da normalidade, inspirando-se na força produtiva do saudoso mestre.

*Professor e ex-reitor da UFS

Texto reproduzido do site: destaquenoticias.com.br

segunda-feira, 15 de março de 2021

Morre Francisco de Assis Oliveira da Cruz


Fernando da Huteba morre após complicações da Covid-19

Publicado originalmente no site A8 SE, em 15 de março de 2021

Fernando da Huteba

Empresário Fernando Barreto morre após complicações da Covid-19

Entidades do comércio lamentaram o falecimento do empresário. Esse já é o quarto empresário que morre vítima da Covid-19 em Sergipe este ano.

O empresário e diretor da CDL/Aracaju, Fernando Barreto, mais conhecido como "Fernando da Huteba" morreu nesta segunda-feira (15), após complicações da Covid-19. Segundo familiares, Fernando estava internado em um hospital particular há quase um mês, depois de ter apresentado sintomas da Covid-19.

Por meio de nota, a FCDL/Sergipe e também a CDL/Aracaju lamentaram a morte deste que foi um empresário de fibra do varejo sergipano, um lutador incansável, um diretor que ajudou muito na solidificação de entidades do comércio, a exemplo da CDL e FCDL.

Quatro empresários foram vítimas da Covid-19 este ano

Fernando Barreto é o quatro empresário vítima da Covid-19, em 2021. No dia 09 de fevereiro morreu o fundador do grupo GBarbosa, Noel Barbosa, no dia 12 de fevereiro, Manelito Menezes do grupo Samam, e no dia 08 de março, o advogado e empresário Gildásio Barreto Muniz.

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se.com

O Confap está em luto pelo falecimento de Gildásio Barreto Muniz


Publicado originalmente no site da CONFAP NO BRASIL. Em 8 de março de 2021

O Confap está em luto pelo falecimento do diretor-presidente interino da FAPITEC/SE, Gildásio Barreto Muniz

O Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), lamenta profundamente o falecimento do diretor-presidente interino da Fundação de Apoio à Pesquisa e a Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (FAPITEC/SE), Dr. Gildásio Barreto Muniz (30/08/1961 – 07/03/2021).

É com muita consternação que o Confap, reunido em suas 26 Fundações, recebeu essa triste notícia. Nesse momento, prestamos nossas homenagens e nos solidarizamos com a família de Gildásio Barreto Muniz, seus amigos e com todo o Estado de Sergipe.

Gildásio Barreto Muniz era advogado formado pela Universidade Tiradentes em 2008; possuía Bacharelado em Comunicação Social (2002). Exerceu os cargos de diretor administrativo da Higenilar Serviços e presidente do Sindicato das Empresas de Limpeza e Conservação. Foi diretor de empreendedorismo e cooperativismo da Fundação Municipal de Formação e Trabalho – FUNDAT, no município de Aracaju. No ano de 2017 assumiu a direção financeira da FAPITEC/SE, ocupava desde o ano passado o cargo de diretor-presidente interino da FAPITEC/SE.

A Fundação de Apoio à Pesquisa e a Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe decretou luto oficial de 3 (três) dias.

Texto e imagem reproduzidos do site: confap.org.br

Alese lamenta o falecimento do engenheiro José Augusto Machado

Publicado originalmente no site da ALESE, em 14 de março de 2021

Alese lamenta o falecimento do engenheiro José Augusto Machado

Por Stephanie Macêdo

A Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), manifesta profundo pesar pelo falecimento de José Augusto Machado, ocorrido neste domingo (14), em Aracaju. Vítima de complicações da Covid-19, o professor, engenheiro químico e técnico de segurança, tinha 73 anos de idade.

Natural de Itabaiana, José Augusto é filho de José de Oliveira Machado (Zé da Manteiga) e de dona Maria Maurícia Machado. Ele tinha quatro irmãos: José Arnaldo (Manteiguinha), Maria do Carmo, Vera e Aparecida. José Augusto Machado se casou em 1972, com Iracema Barreto Machado. É pai de três filhos: Breno, Diogo e Dênio.

Na cidade de Itabaiana seu nome é reconhecido por ter sido ele, no ano de 1969, responsável pela implantação do Curso Científico no Colégio Murilo Braga. Na época, devido a dificuldade do transporte entre o interior e a capital, a instalação do curso beneficiou centenas de alunos do município de Itabaiana e redondezas.

Sepultamento

De acordo com informações de amigos nas Redes Sociais, às 16h de hoje, um cortejo fúnebre sairá do velatório Osaf, situado no Centro de Aracaju, até o cemitério Colina da Saudade, local onde ocorrerá o sepultamento.

Histórico de vida

José Augusto fez o primário no Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Foi aluno de Maria Pereira, Helena de Branquinha, Helena Priscina, Maria do Carmo de Pedrinho e Lenita Porto.

Entrou no Ginásio Murilo Braga em 1959, após um rigoroso exame de admissão (um vestibular precoce), e concluiu em 1962.

Em 1963, veio para Aracaju, cursar o científico no Colégio Estadual Atheneu Sergipense. Concluiu o Curso de Química em 13 de dezembro de 1969.

Em 1970, José Augusto se tornou professor no Instituto de Química da UFS.

José Augusto Machado era, atualmente, conselheiro do Conselhor Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe.

Foto: Divulgação

Texto e imagem reproduzidos do site: al.se.leg.br

domingo, 14 de março de 2021

Clodoaldo de Alencar Filho

Texto publicado originalmente no blog EDUCAÇÃO HISTÓRIA E POLÍTICA, em 13/03/2021

Clodoaldo de Alencar Filho
 Por Jorge Carvalho do Nascimento*

Nos anos 70 eu era um jovem repórter no jornal Gazeta de Sergipe e recebi uma pauta para entrevistar o professor Clodoaldo Alencar Filho sobre o Festival de Arte de São Cristóvão. Fui até a sede do Centro de Extensão Cultural e Assuntos Comunitários - CECAC da Universidade Federal de Sergipe.

O CECAC funcionava na rua Itabaiana, no centro de Aracaju, em um antigo casarão, em frente ao quartel da Polícia Militar do Estado de Sergipe. Eu estava acompanhado pelo fotógrafo Luiz Carlos Lopes Moreira e era uma das primeiras vezes que ia à rua sozinho como “foca” obter informações e entrevistar alguém.

E não era qualquer pessoa. À época, para mim, Clodoaldo de Alencar Filho era uma espécie de “vaca sagrada” inacessível, um tipo de ícone da cultura sergipana. Um intelectual reconhecido. Jornalista, escritor, professor de Literatura Inglesa da UFS, teatrólogo, ex-diretor da Rádio Cultura de Sergipe, fundador e ex-diretor do Departamento de Turismo do Estado de Sergipe, idealizador e primeiro diretor da Galeria de Arte Álvaro Santos.

Ao chegar à antessala do diretor do CECAC fiz a minha apresentação. Pouco depois fui convidado a entrar. Confesso que estava nervoso, sem saber o que dizer a um homem tão erudito. Alencar estava sentado na cabeceira de uma mesa comprida conversando sobre o Festival de Arte de São Cristóvão com duas outras figuras que eram então marcantes na vida da UFS – o jornalista João Oliva Alves e a professora Albertina Brasil Santos.

Levantou-se, veio em minha direção, abriu um sorriso largo, estendeu a mão para um cumprimento e, em seguida, sem que eu esperasse, me deu um abraço de boas-vindas. Quebrou-se o gelo. Assim era Alencar. Percebeu o meu nervosismo e tomou a iniciativa de me deixar à vontade.

Fui convidado a sentar naquela mesa comprida, ao lado de João Oliva e Albertina Brasil, também duas figuras importantes da vida cultural de Aracaju. Serviu água gelada e café para todos nós. Conversava falando sobre cinema com os convivas. Oliva e Albertina se despediram e eu iniciei a entrevista com Alencar. Iniciei talvez não seja o termo apropriado. Percebendo que eu estava perdido e sem saber o que perguntar, ele dirigiu a entrevista.

Sua metodologia foi peculiar. Voltava-se para mim e dizia: você não gostaria de me perguntar qual o orçamento previsto para o FASC deste ano? Eu perguntava e ele respondia laudatoriamente. Em seguida, dizia: cairia bem uma pergunta sobre a concepção artística do FASC deste ano. Eu acatava a sugestão e ele respondia novamente. Foi deste modo que conversamos durante quase duas horas. Saí dali encantado com a simpatia daquele intelectual que percebeu a minha fragilidade e didaticamente, como sabem fazer os bons professores, mostrou o melhor caminho para desvendar o conjunto de informações que eu buscava.

Os anos passaram. Nos tornamos amigos. Em 1989, Clodoaldo de Alencar Filho era o reitor da Universidade Federal de Sergipe e o meu amigo Luiz Eduardo Oliva era Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários. Oliva propôs a Alencar o meu nome para assumir o cargo de Diretor do Centro de Cultura e Arte - Cultart da UFS.

Eu era mestre em História da Educação e professor do Departamento de História da Universidade. Alencar aceitou a sugestão de Oliva e numa reunião em seu gabinete me relembrou daquele nosso primeiro encontro, mostrando a sua prodigiosa memória. Comecei a trabalhar. Como diretor do Cultart coube a mim e a Luiz Eduardo Oliva, o pró-reitor que me chefiava, a organização do Festival de Arte de São Cristóvão daquele ano, justamente o FASC que fora objeto da minha primeira conversa com Alencar.

Trabalhei ao lado de Clodoaldo de Alencar Filho e de Luiz Eduardo Oliva até o encerramento do seu mandato como reitor. Aprendi muito com ambos. A melhor das lições que Alencar me ofereceu foi a da temperança. Era característica dele exercitar a paciência política.

Nos corredores da UFS contava-se que toda vez que Alencar recebia em seu gabinete um auxiliar que se mostrava mais exaltado, ele fazia com que a conversa ficasse mais comprida. Saía da mesa de reitor e sentava num sofá do gabinete ao lado do visitante. Pedia dois sucos de maracujá, água gelada e café. Ao final da conversa, depois que o conviva havia se acalmado, dizia uma frase que lhe era característica: “amigo, temperança... Bronca é arma de otário”.

Neste sábado, 13 de março, recebi a triste notícia da morte de Clodoaldo de Alencar Filho, aos 89 anos de idade. Tem alguns anos que ele sobrevivia com dificuldade de locomoção. Algumas comorbidades senis tomaram conta do corpo do brilhante intelectual que foi Clodoaldo de Alencar Filho.

Para mim ficaram as suas lições de vida, a admiração pelo grande intelectual que conheci e um extraordinário sentimento de gratidão. Vá em paz, meu querido amigo Alencar.

* Jornalista, professor, doutor em Educação, membro da Academia Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação.

Texto reproduzido do blog educacaohistoriaepolitica.blogspot.com

'Um Almoço com Alencar', por Paulo Roberto Dantas Brandão

Legenda da foto: Imagem reproduzida do blog clodoaldoalencar e postada pelo blog

Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook de Paulo Roberto Dantas Brandão, em 14 de março de 2021

Um Almoço com Alencar
Por Paulo Roberto Dantas Brandão

Não lembro mais o ano, talvez 1990, ou algo assim.  Havia no Rio de Janeiro um seminário internacional de Política Econômica, organizado por Teotônio dos Santos.  Lá estariam diversos festejados economistas e cientistas sociais ligados à esquerda.  Revolvi ir, e consegui reunir alguns colegas.  Lembro que Paulo Barbosa de Araújo e Antônio Vieira da Costa foram comigo.  O seminário era no Hotel Glória, mas como era um cinco estrelas bem caro, ficamos no Hotel Novo Mundo, bem pertinho, e bem mais barato.  Outra lembrança é que naqueles dias, no Rio, estava fazendo um incomum frio.  Era um frio de rachar.

Lá no Seminário encontrei o então reitor da UFS professor Clodoaldo Alencar Filho.  Quando me viu, cumprimentou-me efusivamente.  E sempre que não estava em algum compromisso, estava lá batendo um papo comigo, e com meus companheiros.

No primeiro dia na hora do almoço, Alencarzinho me pegou pelo braço, e disse vamos almoçar ali.  O ali, era o Restaurante do próprio Hotel.  Seus companheiros de mesa, eram diversos dos intelectuais convidados para palestrantes do evento, tais como Ernest Mandel, economista presidente da IV Internacional Trotskista, e autor de “O Capitalismo Tardio”;  Enrique Iglesias, então diretor da CEPAL, Comissão Econômica para a América Latina, e entre outros que minha memória trai, estava Rui Mauro Marini, economista brasileiro que era professor da Universidade Autônoma do México.  Só aí fiquei sabendo que Marini havia sido casado com uma sergipana, e seus filhos moravam em Aracaju, que por coincidência eu os conhecia.

No outro dia, mais uma vez Alencar me convidou a almoçar.  Dessa vez sua mesa era bem menor.  Quem estava era simplesmente André Gunder Frank, celebrado economista desenvolvimentista. O alemão Frank foi um dos criadores da teoria da dependência, com o próprio Theotonio dos Santos, e foi autor do celebrado livro Acumulação Mundial que eu já havia lido.  Frank morou no Brasil, foi professor da Universidade de Brasília, a convide de Darci Ribeiro, e disse-me então que um dos seus filhos nasceu no Brasil.  Batemos um largo papo, graças a Alencarzinho.  Pude assim conversar com um daqueles caras que a gente ouvia falar, e de forma distante lá nos tempos da Faculdade.

Conheci o Professor Alencar ainda como repórter da Gazeta.  Ele era Assessor de Imprensa da UFS, e me recebia sempre com presteza e de forma cortes.  Depois eu fui para o Instituto Euvaldo Lodi, da Federação das Indústrias, que tinha como missão a integração universidade-empresa, exatamente quando Alencar era Reitor da UFS, e estreitamos ainda mais os nossos laços.

Só posso dizer que a morte de Clodoaldo Alencar Filho, um dos intelectuais mais festejados da nossa terra é uma grande perda.  Foi-se um grande sujeito.

Texto reproduzido do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão

"Para sempre, Clodoaldo de Alencar Filho!", por Luiz Eduardo Oliva

Legenda da foto:  o último encontro de Luiz Eduardo Oliva com Alencarzinho há uns cinco anos: com Nilton Santana, Alencarzinho - de amarelo -, Nestor Amazonas e Zeza (José Vasconcelos).

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 13 de março de 2021 

Para sempre, Clodoaldo de Alencar Filho!
Por Luiz Eduardo Oliva (Opinião/JLPolítica) *

Recebo agora a notícia: o acadêmico Clodoaldo de Alencar Filho, titular da Academia Sergipana de Letras e ex-reitor da Universidade Federal de Sergipe, faleceu. Para mim, Alencarzinho. Para mim só não: para os da minha geração.

Não há como escrever os passos da cultura sergipana dos anos 60 a 80 sem se referir a Alencarzinho, sobretudo a cultura artística. Jorge Lins logo disse: “Mais um dos nossos bruxos que se vai. O mundo tá ficando mais pobre”.

Terezinha Oliva me diz: “Nossa! De quantas mortes teremos ainda que saber? Alencarzinho era o símbolo de uma UFS que abria caminhos, de uma Aracaju cultural instigante, de uma Rádio Cultura realmente preocupada com a cultura. Que pena! Mas ele descansou. Que descanse em paz”.

Nestor Amazonas viu nele um guia: “Uma referência para mim na cultura sergipana”. E wu completei: “Ele foi minha principal referência. No humor, na cultura, na visão alargada. Para sempre Alencarzinho”.

Alencarzinho nos anos 60 do século passado era o homem do teatro. “Eles não usam Black-tie”, de Guarnieri, não foi só sucesso nacional. Também com ousadia, foi montada pela SCAS com João Costa à frente, tendo no elenco Alencarzinho, Aglaé, que viria a ser a parceira e a mãe de seus filhos Del, queridíssima, e Jean Marcel.

Quando Godofredro Diniz foi prefeito de Aracaju nos anos 60 Alencarzinho foi o chefe do Departamento de Cultura da cidade, o embrião dos órgãos culturais.

Mas antes, no finalzinho dos anos 50, Dom Távora chegava para o primeiro arcebispado sergipano. Chegou aqui e Dom Helder Câmara no Recife.

Eram os dois maiores prelados brasileiros, que seguiam a doutrina de João XXIII, que se consagraria no Concílio Vaticano II.

Dom Távora se cercou das melhores cabeças da geração 50/60, e entre estas Alencarzinho e João Oliva. Então à João confiou o jornal A Cruzada e fundou uma rádio, a Cultura, e deu o comando artístico a Alencarzinho. Até radionovela aconteceu.

E nosso Alencar Filho, amigo que era de João Gilberto, o papa da Bossa Nova, o trouxe em 1960 para comemorar o primeiro ano da Rádio Cultura. João veio para fazer um show. Ficou um mês revendo a terra em que morou, estudou e aprendeu violão.

No início dos anos 70, para ser preciso, em 1972, o reitor João Cardoso da recém-criada Universidade Federal de Sergipe, por sugestão de João Oliva criou a comissão para o Festival de Arte de São Cristóvão.

Seria apenas uma comemoração do sesquicentenário da Independência. Alencarzinho foi quem deu o tom de um evento com dimensões nacionais. E o resultado é que é a festividade mais longeva da cultura brasileira.

Alencar criou o Grupo Expressionista de Teatro ao lado de Aglaé Fontes, formando uma geração de atores e atrizes sergipanos. Escreveu “As intemporais”, uma série de entrevistas quando atuava na imprensa sergipana.

Depois escreveu o “Caleidoscópio”, outro livro marcante. Tinha assento na Academia Sergipana de Letras. Foi pró-reitor de Extensão quando eu fui pró-reitor de Assuntos Estudantis no início dos anos 80 e depois reitor da UFS.

Um dia, em 1990, quando eu fazia mestrado em Santa Catarina, o então reitor Clodoaldo de Alencar Filho estava participando ali de um evento do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras - CRUB.

Visitou-me lá em Florianópolis e me disse: “Amigo, Tereza Prado está se aposentando. Quero que você volte para Sergipe para dirigir o Cultart - Centro de Cultura e Arte da UFS”.

Eu ponderei que estava concluindo minha dissertação de mestrado. Três meses depois, retornei. Fui seu diretor do Cultart e depois seu pró-reitor de Extensão. Desde então, não fui a mesma pessoa.

Não pelos cargos, mas por poder estar ao seu lado, aprendendo. Com ele, aprendi a grandeza de amar a cultura da nossa terra. Com ele, vi que viver é sobretudo saber levar a vida com muito humor.

Perspicaz, integrante de uma família altamente cultural - o pai, Clodoaldo, era poeta. O irmão Luiz Carlos, um intelectual do Judiciário, foi ministro do STJ - o ministro Fontes de Alencar.

O outro irmão, Leonardo de Alencar, foi um dos maiores artistas plásticos da sua geração. Hunald de Alencar, o Hunaldinho, era um poetaço. Alencarzinho era brilhante. Tinha uma cultura polimorfa.

Quando presente, virávamos satélite e ele o astro principal. Fazia humor da própria vida. Tinha uma deliciosa gargalhada. Era poeta. Foi ator, jornalista, escritor. O único professor do curso de Letras que foi reitor da UFS, bons tempos que um literato comandava nossa universidade.

Sim, Alencarzinho, presente! Alencarzinho, meu mestre! Alencarzinho, minha referência. Vá em paz amigo. Sergipe e sua cultura muito lhe devem. Para sempre, Alencar Filho!

* É advogado, poeta e foi pró-reitor da UFS na gestão de Alencarzinho. É membro da Academia Sergipana de Letras Jurídicas.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

A UFS comunica, c/pesar, o falecimento do prof. Clodoaldo de Alencar Filho...

Publicado originalmente na Fanpage do Facebook/Universidade Federal de Sergipe – UFS, em 13/03/2021

PESAR | A Universidade Federal de Sergipe comunica, com pesar, o falecimento do professor Clodoaldo de Alencar Filho, reitor da instituição no período de 1988-1992, e vice-reitor durante o mandato de Eduardo Conde Garcia (1984-1988). O sepultamento ocorre neste domingo, 14, às 10h, no Cemitério Santa Isabel.

Clodoaldo de Alencar nasceu em Estancia-se, formou-se em Letras-Inglês pela UFS e era membro da Academia Sergipana de Letras. Administrou a UFS com o propósito de melhorar a qualidade do ensino e internacionalizar as relações da universidade. Criou novos cursos de graduação, desenvolveu promoções de natureza cultural como Mostra de Artes Plásticas e filmes sergipanos, música erudita, além de incrementar o Festival de Arte de São Cristóvão. Criou também o Núcleo de Assuntos Internacionais.

Texto e imagem reproduzidos da Fanpage/Facebook/Universidade Federal de Sergipe - UFS
@UFSoficial  · Faculdade e universidade

Morreu Erotildes Araújo

Foto reproduzida do site do Portal Infonet e postada pelo blog para lustrar o presente artigo

Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook de LUCIANO CORREIA, em 13/03/2021

Morreu Erotildes Araújo. Uma figura emblemática do centro de Aracaju, remanescente do antigo comércio cada vez mais extinto. Corretor de imóveis, também exerceu outras atividades, mas destacava-se pelo jeito bonachão com que liderava as rodas de conversas com a gente mais idosa que frequentava o Calçadão da João Pessoa. Tinha uma garganta potente e, não raro, ecoava longos gritos que lembravam o comentarista esportivo Mário Vianna, que fez muito sucesso nos anos 60 e 70 na Rádio Globo. Brincalhão e gozador, gostava de tirar um sarro de quem desse brecha. Lembro que quando passava por ele, eu sempre acompanhado do amigo jornalista Eduardo Almeida, Erotildes nos cumprimentava com alegria e festa, para o temperamento nórdico de Eduardo, um exagero. Eu achava tudo engraçado, sobretudo quando Erotildes apontava para Dudu, já pelas costas, sugerindo que ele era um tipo meio mal humorado, ou enfezado, o que era (um pouco) verdade (hahahah). Quando eu passava sozinho por ele, perguntava: "E Dudu, Erotildes"? Aí ele fazia uma imitação perfeita, pura esculhambação. Com sua morte, o nosso Centro histórico vai perdendo a identidade, depois de personagens como Pedro Guerra, Burguesia, Carlos Tisso e tantos outros terem nos deixado. Siga em paz, meu camarada Erotildes!

Texto reproduzido do Perfil do Facebook/Luciano Correia

Morre Clodoaldo Alencar Filho, ex-reitor da UFS

Legenda da foto: Clodoaldo Alencar Filho atuou, de forma decisiva, na cena política e cultural de Sergipe

Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 13 de março de 2021

Morre Clodoaldo Alencar Filho, ex-reitor da UFS

Morreu, neste sábado (13), o professor Clodoaldo Alencar Filho, 88 anos. Ex-reitor da Universidade Federal de Sergipe, ele nasceu de Estância (SE). Era filho do poeta Clodoaldo Alencar e de dona Eurydice Fontes de Alencar. Foi casado com a professora Aglaé D’Ávila Fontes, tinha dois filhos: Del e João Marcelo. A sobrinha Moema comunicou a morte do poeta pelas redes sociais: “Esse tio querido, lindo, inteligente, amigo e muito amado, desencarnou naturalmente hoje em casa. Que ele desperte com os seres celestiais, com a luz divina, com o Altíssimo e com seus irmãos e entes queridos. Amor, bem e gratidão, grande professor Clodoaldo Alencar Filho”. Seu sepultamento ocorrerá neste domingo (14), às 10h, no Cemitério Santa Isabel, em Aracaju.

Alencarzinho, como muitos o conheciam, foi um dos primeiros reitores eleitos da Universidade Federal de Sergipe no período de retomada da democracia brasileira. Formado em Letras Inglês, pela Faculdade Católica de Filosofia, Alencar Filho atuou, de forma decisiva, na cena política e cultural: no rádio, no teatro, na imprensa escrita e na gestão pública municipal de Aracaju na época do prefeito Godofredo Diniz Gonçalves (1963-1967), e, depois na gestão da Universidade como reitor eleito pela comunidade universitária (1988-1992). Foi secretário da Educação de Sergipe (1995) e fazia parte da Academia Sergipana de Letras. Clodoaldo Alencar Filho era irmão do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça e ex-professor da UFS, Luiz Carlos Fontes de Alencar (1933 - 2016), do artista plástico Leonardo de Alencar (1940-2016)  e do poeta e teatrólogo Hunald de Alencar (1942-2016)...

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias.com.br

sábado, 6 de março de 2021

Artigo: "Maria Helênica és tu", por Luiz Eduardo Oliva

Foto: Reprodução/Álbum de família

Publicado originalmente no site RADAR SERGIPE, em 26 de fevereiro de 2021

Artigo: Maria Helênica és tu
Por Luiz Eduardo Oliva

Num dos mais conturbados períodos da vida social e política sergipana uma mulher se fez testemunha e personagem e atravessou os anos guardando histórias e segredos de uma cidade que se destaca por fatos políticos, pela tipicidade única de seu povo, por uma cultura própria. Itabaiana é essa cidade e a mulher é Maria Helena Silveira que por mais de meio século pontificou a vida social, sob alguns aspectos política e, sobretudo jurídica daquela cidade.

No início dos anos 60 a política sergipana ainda vivia à base da violência e muitas questões se resolviam “no trabuco” como se costumava dizer. Naqueles anos o acontecimento mais dramático da vida política do Estado foi o assassinato do líder político Euclides Paes Mendonça, deputado federal e seu filho Antonio Oliveira, deputado estadual. Antonio era namorado de Maria Helena que recebeu todo o impacto daquele brutal acontecimento e suas consequencias pelos anos seguintes. Maria Helena, contudo não era somente a namorada do deputado assassinado: era escrivã da Comarca e foi instada a acompanhar todo o desenrolar forense dos acontecimentos pelo ofício que exercia. A cidade dividida, as facções políticas se digladiando, outros acontecimentos trágicos se sucederam. Maria Helena, todavia manteve-se incólume, com consciência profissional inabalável, guardando segredos, angariando o respeito de absolutamente todos os magistrados que passaram por aquela comarca até ela se aposentar em 2008 da condição de escrivã do fórum e continuou exercendo suas atividades como Tabeliã do 2º Ofício, Cartório que herdou do pai Zeca Mesquita, de um período em que os cartórios eram quase que hereditários.

Maria Helena Silveira iniciou sua vida pública bem nova, auxiliando o pai no cartório onde conheceu o grande magistrado e escritor Luiz Magalhães que viria a ser desembargador e membro da Academia Sergipana de Letras. Encantado com a vivacidade daquela adolescente já exercendo o ofício ao lado do pai, logo a apelidou de Maria “Helênica”, certamente remetendo à bravura e tenacidade das grandes mulheres gregas, no padrão da própria cultura helênica que Luiz Magalhães tão bem conhecia. Maria Helena teve naquele grande intelectual seu ídolo para o resto da vida, com ele aprendeu os meandros do processo, a conduta ética no conduzir do trabalho e na importância de guardar segredos de justiça e, de forma autodidata se aperfeiçoou. Mesmo sem ter a formação em direito era uma espécie de guia dos magistrados, sobretudo os mais novos. Ouvi de muitos: “aprendi processo com Maria Helena.”

Há menos de um ano João Andrade, itabaianense de quatro costados dizia: “alguém precisa entrevistar Maria Helena por horas e da sua memória retirar muito da história de Itabaiana desde os anos 50. Ela talvez seja o maior arquivo vivo da minha terra”.

Vladimir Souza Carvalho, esse notável magistrado e intelectual itabaianense – presidente do TRF da 5ª Região (composto por 6 Estados nordestinos) tinha por ela incondicional admiração. Em um primeiro artigo, publicado em 2015 no Correio de Sergipe dizia: “o tempo a transformou na grande e infalível testemunha de todos os acontecimentos forenses, ocorridos na comarca de Itabaiana, como a conheci, menino ainda, a vê-la, de longe, na sala da Prefeitura, transformada em fórum, a dedilhar a máquina de datilografia numa rapidez e precisão que sempre me impressionaram; a levar feitos para despachos do juiz de então, se transformando em guardiã dos segredos que das ante salas não saiam - v. g., a passagem pela casa de Euclides com os processos em mão, e, de cada, oferecer as explicações devidas, a fim de receber o sinal verde ou vermelho para seguir ou parar, de acordo com a cor partidária das partes -, catalogando em seus cadernos a aprendizagem captada do contato com os diversos magistrados que por lá passaram, tirando do semblante de cada um a capacidade de vôo”.

O médico sanitarista Antonio Samarone, outro itabaianense de quatro costados e também como Vladimir da Academia Itabaianense de Letras escreveu, no dia 25 de janeiro artigo onde dizia: “Quando a vida cultural de Itabaiana girava em torno da sacristia, e ser “Filha de Maria” era o principal desejo das moças, Maria Helena já era livre e dona do seu nariz.n Uma mulher independente. Uma pioneira da liberdade feminina em Itabaiana. Maria Helena era a dona do Cartório, rica para os padrões do interior sergipano, daquela época. Mas sempre gentil com todos. Viver, sem dar satisfação para o disse-me-disse da Aldeia Serrana, não era pouca coisa. Itabaiana invejava e admirava Maria Helena, ao mesmo tempo.”

Eu tive o privilégio de conhecer e conviver por 30 anos com essa mulher extraordinária, fora de curva por assim dizer, mãe devotada, avó amabilíssima, amiga leal e sogra para genro algum botar defeito. Mas não sou de Itabaiana e tudo que for dizer tem mais a ver com um sentimento do coração, quando a isenção pede que se destaque Maria Helena pelo que ela representou e representa como símbolo de uma mulher à frente do seu tempo, capaz de entender as adversidades da vida e conduzir de maneira impecável a própria vida profissional. Voltar, portanto a Vladimir é trazer a síntese dessa mulher símbolo. No último dia 31 de janeiro, no Correio de Sergipe Vladimir publicou artigo que também traça um pouco da sua personalidade única.

Do artigo pincei esse trecho: “Maria Helena caminhou sempre em direção contrária ao atraso da província. Não deixou que os cancelos vedassem seu caminho. Ousou, trilhou, bordou e pintou o sete, a experiência que o tempo lhe adornou, o perfeito domínio de suas atividades, a cordialidade reservada a todos que se esgueiravam nos balcões do cartório, a palavra amiga, dentro de sua conduta de filha, de irmã, de esposa, de mãe, de escrivã, e, sobretudo de mulher, que sempre soube ser, de cabeça erguida, vivendo em Itabaiana como se estivesse em Paris, indiferente a todos por já ter nascido vacinada contra a língua alheia. Penso que no íntimo da cabeça, se incomodada alguma vez, deve ter dado boas bananas.”

Na vida aracajuana - onde se mudou nos anos 90 (embora retornasse diariamente à sua terra para exercer o seu ofício) porque a capital sergipana possibilitaria melhores oportunidades às filhas e filho que criou sozinha – ela gostava também de freqüentar restaurantes – o extinto La Maison era o predileto – e o Shopping Riomar. Nunca quis ter carro, gostava de andar de taxi e de tanto ir ao shopping os taxistas achavam que ela era dona de uma loja. Ali, nas tardes, quando chegava da sua Itabaiana, raro eram atendentes de loja que não conhecesse ou não lhes fizessem amizade.

Na noite também fazia amizades. Tratava a todos sem distinção e nos bares e restaurantes que frequentava era queridíssima dos garçons principalmente. No La Maison, ao apontar na porta o pianista Gilberto avistando-a logo dedilhava os acordes iniciais de uma velha e conhecida canção composta nos anos 30 pelo mexicano Lorenzo Barcelata (versão brasileira de Haroldo Barbosa) e imortalizada na voz de Altemar Dutra: “Maria Helena és tu/A minha inspiração”. João, o garçom passou então a tratá-la sempre por “Maria Helena és tu” com o mesmo carinho que Luiz Magalhães chamava-a de “Maria Helênica”.

Maria Helena Silveira teve uma vida intensa, rica nos mais diversos aspectos. Mas também enfrentou grandes dificuldades como o drama que viveu na juventude citado logo no início deste artigo. Mas viveu superando as adversidades, fazendo amigos, distribuindo amor. Tinha a caridade no coração, esse mesmo coração que como disse o seu amigo Vladimir, “não agüentou o rojão da dona”. Como naquela velha canção, no dia 25 de janeiro aos 82 anos, Maria Helena foi “a verbena que murchou”. Maria Helena era a minha sogra.

Luiz Eduardo Oliva é advogado, poeta e membro da Academia Sergipana de Letras Jurídicas.

Texto e imagem reproduzidos do site: radarsergipe.com.br