quarta-feira, 29 de maio de 2019

Morre Apolônio Xocó, ex-cacique da única tribo indígena de Sergipe


Publicado originalmente no site FAN F1, em 28 de maio de 2019

Morre Apolônio Xocó, ex-cacique da única tribo indígena de Sergipe

Por Célia Silva

O primeiro cacique da tribo Xocó, José Apolônio dos Santos, morreu aos 58 anos nesta terça-feira, 28, no Hospital de Nossa Senhora da Glória, sertão de Sergipe. Ele estava internado havia 22 dias para tratamento de problemas decorrentes da diabetes e do coração, mas faleceu por volta das 15h na companhia de familiares.

O corpo chegou na aldeia no início da noite. Segundo Noel Ramos, radialista e indígena da tribo Kariri Xocó, em Porto Real do Colégio (AL), o sepultamento será às 10h dessa quarta, 29, no cemitério da tribo, que fica na ilha, no rio Francisco, onde Apolônio morava.

 Apolônio com Noel Ramos. Foto: Arquivo pessoal

Ultimamente, Apolônio Xocó dedicava-se à música e ao programa Voz do Índio, na Aperipê AM, aos sábados das 13h às 14h. Desde outubro de 2013, quando o programa começou, dividia a bancada com Noel Ramos.

Há cerca de dois meses, Apolônio se afastou do programa em decorrência dos problemas de saúde. “Ele era um guerreiro em defesa do povo indígena. Com o programa ele buscava mostrar o potencial do povo indígena”, disse Noel Ramos.

Apolônio Xocó deixa seis filhos. Ele foi o primeiro cacique da tribo e o embaixador do único povo indígena de Sergipe.

A aldeia Xocó fica na Ilha São Pedro, município de Porto da Folha (SE), município ribeirinho do São Francisco.

A tribo – A tribo Xocó é a única comunidade indígena de Sergipe legalmente reconhecida. Os indígenas estavam dispersos pelo município de Porto da Folha e localidades próximas, mas no dia 9 de setembro de 1979, voltaram a ocupar a Ilha de São Pedro, território do qual haviam sido expulsos pelos jesuítas séculos atrás. Apenas nos anos de 1990, a Funai homologou a Caiçara, território que eles também reivindicavam, como parte das terras indígenas de etnia Xocó. A aldeia abriga mais de 600 índios em um território de aproximadamente 4.500 hectares.

Texto e imagens reproduzidos do site: fanf1.com.br

domingo, 26 de maio de 2019

José Olino de Lima Neto (1900 – 1985)


Publicado originalmente no Facebook/Antonio Samarone, em 25 de maio de 2019

Gente Sergipana - José Olino de Lima Neto (1900 – 1985)
Por Antônio Samarone

Nasceu em 2 de janeiro de 1900, no engenho Tuim, município do Arauá/SE. Filho do Coronel João Neto e de Dona Sinhá. Para facilitar os estudos dos filhos (José Olino, Urbano Neto e João Bosco), o seu Pai foi morar na Estância, em 1908.

José Olino estudou o primário em Estância. Foi o primeiro aluno do Seminário de Aracaju, fundado por Dom José Thomaz. Após sete anos, José Olino descobriu que a vocação de padre era pequena, deixou o seminário e entrou para a Faculdade de Medicina da Bahia.

Formou-se em Medicina em 1929, defendendo a tese “Profilaxia do Sezonismo”. Formou-se também em Farmácia. Retornou à Sergipe em 1930, e exerceu a medicina nas cidades de Itabaianinha, Simão Dias e Lagarto.

Em 1938, fixou residência em Aracaju e começou a dedicar-se integralmente ao magistério. Foram 41 anos de dedicação ao ensino e teria morrido na cátedra se a aposentadoria compulsória não o impedisse de continuar lecionando.

Em 1938 publicou sua segunda tese, “Notas Filológicas à margem das Vinte Horas de Liteira de Camilo Castelo Branco”, através de cuja defesa conquistou a Cátedra de Português no Atheneu Sergipense.

Em 1973, José Olino publicou o primeiro volume das “Fábulas em Versos”.

No dizer de Cabral Machado, “O nosso fabulista é médico. Cedo abandonou a arte de curar, se engenho ou arte talvez não possuísse, e dedicou-se ao magistério, após memorável concurso público, disputando a cátedra de português, com uma tese apreciando a linguagem de Camilo Castelo Branco... A fábula é uma criação do folclore em quase todas as culturas, depois assumiu a forma literária”.

Jose Olino de Lima Neto ocupou a cadeira nº 30, da Academia Sergipana de Letras, que tem como patrono o poeta José Jorge de Siqueira Filho.

O Dr. José Olino foi casado com Dona Antonina e teve cinco filhos: João Epifânio, Cândido, Antonino, José Olino e Seu Aloísio, da Pisolar.

Faleceu em 27 de fevereiro de 1985, em Aracaju, com 85 anos.

Publicado também no blogdesamarone.blogspot.com

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Antonio Samarone

sábado, 25 de maio de 2019

Homenagem ao empresário Raimundo Juliano

Imagem do vídeo institucional da Fasouto > https://bit.ly/2YS33gH

Foto reproduzida do site fasouto

Texto publicado originalmente no site fasouto

Conheça a história do empresário que é orgulho para Sergipe, reconhecido nacionalmente.

“Porque eu sou do tamanho do que vejo / e não do tamanho da minha altura.” Fernando Pessoa

No dia 08 de Julho de 1932, na cidade de Estância, a 68km da capital, nasce um homem trabalhador, honesto e determinado, predestinado a encarar desafios e realizar grandes conquistas: Raimundo Juliano Souto Santos, filho de Agripino Roque Santos e Mariath Amado Souto Santos, herdando dos pais, o caráter e a inteligência que o tornaram um grande empresário de Sergipe.

Com apenas oito anos de idade, aquele menino, sempre comunicativo e sorridente, ou melhor, um “Manteiga”, como era chamado pela família, já mostrava uma forma singular de encarar a vida. Apesar da pouca idade, começou a sentir necessidade de ter certa independência financeira embora a família tivesse condições para bancá-lo. E foi a mera vontade de ir ao cinema sem precisar pedir dinheiro aos pais que o levou a engraxar sapatos.

Aos dez anos de idade, esse menino, passou a vender jornais e revistas na cidade e nos povoados circunvizinhos, e aos poucos sua fama de trabalhador foi se concretizando com humildade e muito suor.

Um ano se passou, e ele foi convidado para atuar como balconista na Loja Esperança, que comercializava tecidos em Estância. Aos treze anos, além cumprir seus afazeres em casa, fortaleceu ainda mais sua independência financeira ao se tornar pracista da empresa atacadista “José Pinheiro Alvelos” passando a assumir dois empregos e demonstrando ter a maturidade de um adulto.

Aos quinze anos, Raimundo Juliano foi promovido para o cargo de caixeiro viajante ainda na mesma empresa, onde permaneceu até os vinte e quatro anos, trabalhando montado em cima de um burro, visitando cidades do sul sergipano e parte do sertão da Bahia, promovendo vendas, recebendo e transportando dinheiro, visto que naquela época, as agências bancárias eram escassas. Tudo era feito com honestidade e muito esforço, chegando a percorrer 100km em 20 dias consecutivos.

Será que aquele jovem, ainda no lombo do burro, algum dia sonhou que tamanha perseverança e determinação, o tornaria um grande empresário, reconhecido em âmbito nacional?

Surge o empresário Raimundo Juliano

Em 1957, época de expansão de Estância Jardim Sergipe Del Rey e do surgimento da BR101, Raimundo Juliano conseguiu juntar todas as suas economias, e por ser precavido no início, as trazia sempre consigo na cueca, e deu entrada no seu primeiro próprio negócio: o famoso Bar Central, situado na Rua Capitão Salomão, ponto de parada em Estância dos ônibus que iam para Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, além de linhas para Indiaroba via Santa Luzia, Aracaju via Sapé, Salgado e outras. Lá ficou conhecido como “Buck Jones”, pois assim que saia uma briga no estabelecimento ele era sempre o primeiro a dar um soco. O ponto comercial atraía viajantes que consumiam bebidas e café, fornecidos pela Torrefação Souto que tinha sido instalada em Itabaianinha pelo mesmo.

Sete anos depois, Raimundo Juliano deu início ao marco da sua preciosa carreira empresarial, ao criar a Distribuidora Antárctica Zona Sul, tornando-se atacadista em cervejas e refrigerantes e idealizador de festivais de cerveja em Estância, em um dos quais conseguiu angariar fundos para que o Lions Clube construísse uma lavanderia para as conhecidas lavanderias do rio Piauitinga.

E assim, foi nascendo aos poucos a Distribuidora de bebidas DISBERJ, que em 1970, foi fundada por Raimundo Juliano na capital sergipana. Numa época que a Antarctica tinha pouca aceitação em Sergipe, esse homem conseguiu atingir ótima posição no mercado sergipano, criando uma estrutura que garantiu, nos anos 80, cinquenta por cento do mercado de cervejas e vinte por cento do mercado de refrigerantes. Aos poucos, foram surgindo outras grandes empresas, como a DISCAR-Distribuidora de Carros, Fasouto-Faria Souto Comercio Ltda, Posto de Gasolina Riomar, Souto Teles Construção, Souto Teles Iluminação, Grande Hotel, aquisição do Dantas Campos & Cia, que mais tarde se chamaria “A Elétrica Souto Teles & Cia” e ainda, atividades pecuaristas, por meio das fazendas Itaperoá e Castelo, que contribuem para geração de renda e  para a preservação e sustentabilidade do meio ambiente e social de Sergipe

Pai de família exemplar, Raimundo Juliano não se destaca apenas em suas atividades comerciais. Na área social, ele alcançou importantes conquistas como a fundação da Loja Maçônica Piauitinga, do Clube de Diretores Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito em Estância, tendo ainda exercido a função de Presidente do Rotary Club Aracaju-Norte.

A carreira empresarial de Raimundo Juliano não terminal por aí, afinal, são cinquenta anos de atividade comercial desse homem que mostrou que “ser ou não ser não é a questão. Na verdade, ser não é absolutamente nada. Tornar-se, sim, é que é tudo. Fernando Pessoa

Fonte: fasouto.com.br

Texto e imagens reproduzidos do site: fasouto.com.br

quarta-feira, 22 de maio de 2019

“Hunald Alencar não está mais aqui”. Mentira: está!

Hunald Fontes de Alencar: uma grande figura!

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 21 de maio de 2019 

“Hunald Alencar não está mais aqui”. Mentira: está!

Por Jozailto Lima

Hoje é um dia triste e alegre para a literatura brasileira. Neste 21 de maio de 2019, nosso Chico Buarque de Holanda foi distinguido com o Prêmio Camões de 2019, um quase Nobel de Literatura para um país sem Nobel de Literatura. Chico, uma das melhores pérolas da cultura brasileira - seja na música ou na literatura - merece isso e mais. Hoje é - ou seria - um dia triste por nos remeter à morte de Hunald Fontes de Alencar em 2016. Para lembrá-lo, público aqui neste portal de política um texto de minha autoria e de outro sentimento. O que vai a seguir foi postada em minha página no Facebook no 21 de maio daquele 2016.

Eu que tanto fujo da tristeza, dou-me hoje ao exercício da tristura. E dou-me por um cessamento: de repente, “a barba e as unhas” de Hunald Fontes de Alencar pararam de crescer.

Um dos nossos maiores poetas é hoje um homem a menos nesta feira-doida que é a vida. O coração que tanto lhe impulsionou à criação e lhe deu cordas pelos caminhos crespos da generosidade, resolveu dormir pra sempre na madrugada deste sábado.

Parodiando o bom e velho W. H. Auden, no poema à morte do poeta irlandês William Yeats, eu também digo, nesta hora fria, “Terra, acolhe um hóspede famoso: / Hunald de Alencar, e dá lhe repouso. / Fique a taça de Sergipe vazia / Do que continha de poesia”.

Fisicamente, Hunald de Alencar será menos um nas nossas farras presenciais a partir de agora. Tenho pena da dor que os cigarros sentirão com sua partida. Na noite de quarta-feira, dia 18, na companhia do meu filho Murilo Augusto Varjão Lima, estive com ele.

Era a estreia da peça/monólogo “Billie Holliday, a Canção”, de autoria dele, com a grande Tânia Maria e dirigida por Raimundo Venâncio. E lá estava ele no Teatro Lourival Baptista, como de sempre todo feliz e contente – eu e Murilo saímos dizendo que ele estava bem para idade, que soubemos ali numa breve consulta tratar-se de 73 anos.

O teatro era a sua outra fronteira de resistência. Uma fronteira quase lúdica, na qual se dava liricamente aos temas e aos personagens mais doidos - Billie Holliday, a lamber o assoalho da alma humana, era uma delas. E onde ele batia continência eterna e indesmontável ao seu sonho comunista que o mundo se encarregou de detonar nas últimas duas ou três décadas.

Entrei, falei com ele, conversamos sobre literatura, perguntou sobre a data de lançamento do meu novo livro “Ainda os lobos” e no final sentou-se do lado de fora, quase no batente, onde recebia informalmente as pessoas naquele bom bate-papo que sempre manejava sem empunhar o aço das razões pessoais. Hunald sabia ouvir.

Pelas vertentes da educação - bom professor de Língua Portuguesa –, da poesia, do teatro e da camaradagem pessoal, sempre tive uma saudável relação com Hunald de Alencar. Com ele e mais Maria Lúcia Dal Farra fomos jurados de um dos concursos Banese de Poesia, onde quase nos matamos lendo dois milhões de toneladas de versalhadas.

Em 2011/2012, Hunald me foi conselheiro quando estava elaborando “Viagem na Argila”, meu quarto livro. Chamar-se-ia “Baladas roucas”, mas, da análise dos poemas, ele me apareceu com a sugestão da troca de nome. Consenti. E ele me brindou com cinco parágrafos para uma das orelhas.

Hunald de Alencar era um autor com “a” maiúsculo. Era e o é. No teatro e na poesia, sua voz sempre disse com altivez a que vinha. E vinha em lufadas largas, em voos altos. Puros e precisos. Para mim, o poema “Maria Silva”, em “Ária Suspensa”, um dos seus livros, assinala com exatidão quem era esse moço:

MARIA SILVA

Das margens do rio do Sal,
Maria Silva, anfíbia
cortesã de carne e lama.

A cama patente geme
de ferrugem e goma branca.

As pernas tão arqueadas,
galopes de duras pagas.
Maria Silva pranteia
os filhos da lua cava:

pelos baixios do ventre,
pelas encostas do rio,
Maria Silva transborda
os filhos que nunca viu:

entre as alvas colinas,
mortalhados de luar,
bóiam anjos incompletos,
que o rio antoja ao mar.

Como Platão andava pendurado no eterno questionamento “O que será que Sócrates acharia disso?” em face de algo sobrenatural ou grandioso, eu aqui me pergunto: “O que será que João Cabral de Melo Neto diria deste “Maria Silva”? Sim, porque soa uma quase miniatura do seu “Cão sem pluma”, de núcleo duro, mas tão terno, tão humano e tão afirmativo.

Gosto muito de um dos aforismos do Borges, segundo o qual o sujeito pode passar a vida inteira garatujando uma obra, e apenas um par de versos lhe salvar ao fim da lida. Se uma situação dessas tivesse de ser aplicada ao nosso Hunald Fontes de Alencar, restaria dúvida de que ele teria chegando ao nirvana neste quarteto?:

pelos baixios do ventre,
pelas encostas do rio,
Maria Silva transborda
os filhos que nunca viu

Seguramente, não. Dou o direito da tristeza pela morte de Hunald, mas, alegremente, jacto-me nesta hora triste por ter partilhado com ele momentos bons nestes caminhos nada brandos da escrita.

Nunca me esquecerei da alegria moleca com que ele sempre me falava de “José em sonho”, poema do meu livro “Retrato diverso”, que tematizava meu pai do outro lado da vida. Ele dizia que se lhe coubesse selecionar os 100 melhores brasileiros poemas do novo milênio, esse entraria. O poema fala de visita no pós-morte, logicamente através do sonho:

Meu pai vence o chão e me visita
Quase todas as noites.
É tão doce a sua presença
- eu órfão neste pasto enorme

O chão que nos separa nem assusta
- não é limite pra pânico ou alarde
Apenas arde, e sei que será meu
Ao fim de qualquer tarde.

É isso aí, Hunald Fontes de Alencar, o chão que a partir de hoje será teu, em mim por enquanto “apenas arde, e sei que será meu / Ao fim de qualquer tarde”. Vá se entendendo aí com o camarada Caronte, amigo, e que a terra lhe seja leve!

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

quarta-feira, 15 de maio de 2019

Ensaio biográfico de Valmir Fernandes Fontes


Publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 14 de maio de 2019 

Ensaio biográfico de Valmir Fernandes Fontes
Por Lúcio Antônio Prado Dias (Blog Infonet)

Participei nesta segunda-feira, 13 de maio, na Sociedade Semear, da concorrida noite de autógrafos da escritora Ana Maria Fonseca Medina, da Academia Sergipana de Letras, autora do livro “Dr. Valmir Fernandes Fontes – Ensaio Biográfico”. Tive a honra de escrever uma das abas do livro (a outra foi da lavra do confrade Francisco Rollemberg). Fui também um dos oradores na solenidade, ao lado da escritora e do homenageado, além do ex-governador Albano Franco. Não poderia deixar de registrar o meu contentamento e a honra de poder participar do projeto, na condição de presidente da SOBRAMES do meu estado.

O médico VALMIR FERNANDES FONTES, sergipano de Boquim, se destacou na medicina paulista com repercussões internacionais, mas pouco conhecido dos sergipanos.

A sociedade atual carece de paradigmas, de modelos a imitar, de exemplos a seguir. Valmir, um luminar da ciência brasileira, sergipano de Boquim, emprestou à Bahia e ao Brasil, ciência, humanismo e inteligência. De Boquim para Salvador, desta para São Paulo, até o reconhecimento científico, nacional e internacional, no cenário da cardiologia pediátrica, fazendo parte da equipe de Adib Jatene. Nada escapou ao olhar e à pesquisa da escritora que ostenta o condão de levar ao conhecimento da sociedade a dignificante história de vida de Valmir Fernandes Fontes, na construção da base moderna da ciência brasileira.

A contribuição da Imortal da Cadeira 16 da ASL inclui publicações a exemplo de Ponte do Imperador (1999); a organização das   Efemérides Sergipanas de Epifânio Dória (2009); Mário Cabral – vida e obra (2010) e as Crônicas da passagem do século, reunindo narrativas produzidas pelo médico Edilberto Campos (2017). As pesquisas que realizou sobre os Fernandes da Fonseca, para a tessitura de Trilhando Memórias (2013), foram fundamentais para a consolidação do seu desejo de aprofundar os estudos sobre a vida e a obra de Valmir Fernandes Fontes. Para tanto, pesquisou em arquivos e bibliotecas, conversou com alunos e colegas de profissão do médico, referência para as suas sólidas formações intelectuais e científicas.

Este livro é portador de uma história envolvente, fruto da sua capacidade intelectual exposta em escrita elegante e refinada, conhecimento fundamentado da trajetória de um sergipano que, pela força arrebatadora e libertadora da educação, alcança os píncaros da glória na Medicina Brasileira.

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet.com.br/blogs

Albano lembra d. Mariá em artigo de jornal

Imagem reproduzida do site A8 SE e postada pelo blog SERGIPE...

Texto publicado originalmente no site do Portal Infonet, em 15 de maio de 2019

Albano lembra d. Mariá em artigo de jornal
Por Ivan Valença (Blog Infonet)

Na qualidade de ex-aluno do Colégio do Salvador, o ex-Governador do Estado e ex-Presidente da Confederação Nacional da Indústria, Dr. Albano Franco, não poderia deixar passar em branco o falecimento da Professora Mariá Galrão Almeida que, por quatro décadas dirigiu aquele estabelecimento de ensino, transformando-o num exemplo para muitas gerações de sergipanos. Em artigo publicado esta semana num jornal local, o Dr. Albano Franco lembra-se dela como uma mestra durona, que dirigiu uma escola quase castrense, “até hoje um paradigma, um referencial no ensino fundamental e básico do nosso Estado”. “A pedagogia do Colégio Salvador incluía o castigo, o puxavante de orelhas, quando o aluno não dava contas de suas lições e não se comportava adequadamente”. Albano confessa que recebeu muitas repreensões em casa, porque não fazia o dever de casa com toda responsabilidade. “Confessa ainda que “sua mãe sabia quando Dona Mariá lhe havia castigado por não ter feito o dever de casa ou qualquer outra obrigação que não cumpria”. Em seu texto, Albano relembra ainda de colegas que eram estudantes brilhantes, tirando nota 100 em todas as matérias. Cita então a futura desembargadora Marilza Maynard, “honra e glória da Justiça sergipana” e a professora Jussara Leal, “luminar do Direito Penal e Penitenciário, ambas pontificaram com suas inteligências notáveis quando lá estudaram”. Albano cita ainda que todos que estudaram no Colégio do Salvador tem uma dívida de gratidão com as professoras da família Almeida – Mariá, Bernadette, Zorilda e Amanda – “que lhes ensinaram a ser gente”.

Texto reproduzido do site: infonet.com.br/blogs

terça-feira, 7 de maio de 2019

Maria Angélica Galrão de Almeida, Dona Mariá (1925 - 2019)


Publicado originalmente no site FAN F1, em 07/05/2019 

Morre ex-diretora do Colégio Salvador

Por Leonardo Barreto|

Aos 94 anos, morreu no final da tarde dessa segunda-feira, 6, a ex-diretora do Colégio Salvador, Maria Angélica Galrão de Almeida, ou apenas Dona Mariá, como era carinhosamente chamada.

Dona Mariá, estava internada há oito dias em um hospital particular de Aracaju (SE) e morreu vítima de pneumonia.

O velório da ex-fundadora e professora começou por volta das 21h dessa segunda-feira, 6, na quadra do Colégio Salvador, no bairro Jardins, instituição que ela e a irmã construíram há 84 anos.

Maria Angélica Galrão de Almeida (D. Mariá)
Foto: Fan F1

Despedida a Dona Mariá (Foto: Fan F1)

Amigos, familiares, autoridades e ex-alunos passaram pelo local durante toda a noite para prestar as últimas homenagens à professora, lembrada por sua conduta firme na educação de milhares de alunos aracajuanos.

Nascida na Bahia, Dona Mariá chegou em Aracaju junto com a família em 1930, começando, assim, sua história com a cidade que abraçou. Iniciou seu curso Primário no próprio Colégio que, posteriormente, assumiu com sua irmã Bernadete.

Concluiu seus estudos na Escola Normal (Instituto Rui Barbosa). Na década de 1940, as duas irmãs, com 14 e 18 anos, estavam à frente do Colégio que, mais tarde, se tornaria um dos mais tradicionais do Estado.

O sepultamento do corpo da dona Mariá está marcado para as 10h desta terça-feira, 7, no Cemitério Santa Isabel, na Zona Norte de Aracaju.

Texto e imagens reproduzidos do site: fanf1.com.br

Morre D. Mariá do Colégio Salvador.

Foto reproduzida do site: colegiodosalvador.com.br

Texto publicado originalmente no site Alô News, em 06/05/2019

Morre D. Mariá do Colégio Salvador.

Educadora foi exemplo para várias gerações de sergipanos

A professora Mariá Galrão de Almeida, diretora do Colégio Salvador, morreu nesta segunda-feira (06), por volta das 17:30 horas e o seu velório acontecerá a partir das 21h no ginásio do próprio colegio e o sepultamento acontecerá amanhã (07) no Cemitério Santa Isabel, e as aulas serão suspensas. Conhecida pelo estilo sério e respeitoso de conduzir a educação dos seus alunos, D. Mariá, como era chamada, participou diretamente do ensino particular de Sergipe há vários anos. D. Mariá estava internada em um hospital de Aracaju e deixou a UTI nesta segunda-feira (06), logo depois veio a falecer vítima de pneumonia.

Educadora exemplar, Dona Mariá deixa um legado de obras educacionais que contribuíram para formação de diversos jovens, professores e colaboradores em Sergipe. Por décadas serviu à educação como professora e diretora do Colégio do Salvador e com uma visão além do seu tempo, dedicou-se sempre ao ensino e formação de crianças e adolescentes. Graças aos seus ensinamentos, hoje muitos contribuem para formação de nossa sociedade. Seu legado foi marcante para nosso Colégio, como também o apreço de todos os colaboradores que tiveram a honra de serem dirigidos por ela, inclusive em áreas como Direito, Medicina Engenharia e tantas outras áreas, cujos alunos ainda hoje a reverenciam como uma das mestras de melhor qualificação.

Texto reproduzido do site: alonews.com.br

Uma grande perda



Fonte: colegiosalvador.com.br

História Colégio do Salvador, em Aracaju


Fotos do blog "Aracaju Saudade" de Eudo Robson.
Reproduzidas do blog: aracajusaudade.blogspot.com.br

Foto reproduzida do site: somoseducacao.com.br

Imagem Divulgação

História Colégio do Salvador, em Aracaju

No início da década de trinta, o casal José Leite e Anísia, já pais dos doze filhos que compunham a família Galrão, mudarem-se da Bahia para Sergipe. Apenas uma das filhas, Zilda, permaneceu em Salvador para concluir o curso pedagógico. Uma vez formada, todavia, a jovem mudou-se para Aracaju, onde começou a dar aulas particulares para alguns jovens e crianças.

No início de 1935, satisfeita com o resultado do seu trabalho, resolveu abrir um colégio o qual se instalou, primeiramente, na sala de uma casa muito simples, localizada na Rua São Cristóvão. Naquele ano, uma turma de quinze alunos deu seguimento ao primeiro ano de vida do estabelecimento de ensino que recebeu o nome de Colégio do Salvador.

Em seguida e sempre aumentando o número de alunos, o Colégio adotou o regime de pequeno internato. Nessa época, Bernadete, uma das irmãs de Zilda, passou a auxiliá-la no novo empreendimento, enquanto, paralelamente, terminava os seus estudos. Também a irmã Nadir que, até então, ensinava no Colégio Jackson Figueiredo, veio juntar-se à equipe. Por sua vez, Mariá, uma outra irmã, iniciava o curso primaria no próprio Colégio.

Em 1942, quando o número de alunos já ultrapassava mais de uma centena, o Colégio mudou-se para a Travessa José de Faro, de onde só sairia, tempos depois, para funcionar na famosa sede que se localizou na Avenida Ivo do Prado, 182. Naquele mesmo ano, Zilda cedeu a um desejo antigo, o de se tornar religiosa, e ingressou no Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado, na cidade de Campinas, em São Paulo, passando a ser conhecida como Irmã Zilda.

O Colégio, então, ficou entregue às irmãs mais jovens, Bernadete e Mariá, que contavam, à época, 18 e 14 anos respectivamente, já que Nadir também se afastou, vez que, ao se casar, foi residir em Salvador. Dali em diante, o Colégio prosperou e os alunos passaram a obter, nos exames a que se submetiam, excelentes resultados.

Com o crescimento da instituição, integraram-se ao quadro duas outras irmãs pertencentes à numerosa prole: Amanda e Mariazinha. Em 1959, foi aberto o curso do ginásio com turmas mistas e, em 1976, partiu-se para o segundo grau.

Hoje, instalado em nova e ampla sede, localizada na Avenida Ministro Geraldo Barreto Sobral, s/n, no Bairro Jardins, o Colégio do Salvador busca a modernidade, mas sem esquecer os princípios de fé, respeito e cidadania que devem nortear “Os jovens de hoje” – “Os grandes homens do amanhã”. Vem-se atualizando, porém conserva intacto seu tradicional padrão de ensino. Assimila as novas propostas da área educacional sem, contudo, esquecer o desenvolvimento religioso, moral e cívico.

O Colégio do Salvador passa a fazer parte da rede de escolas próprias da SOMOS Educação, se tornando a primeira marca da SOMOS no estado de Sergipe. A SOMOS Educação é um grupo com um amplo portfólio de soluções educacionais que conta com escolas próprias, sistemas de ensino, editoras, além de produtos e serviços para gestão e formação complementar de alunos e professores.

Texto reproduzido do site:  colegiosalvador.com.br

Entrevista com Dona Mariá, do Colégio do Salvador


Publicado originalmente no site do Colégio do Salvador, em 23/02/2016 

Especial 81 anos: Entrevista com Mariá Galrão 

Matriarca da família de origem portuguesa, Galrão, Maria Angélica Galrão, mais conhecida como Dona Mariá, é personagem ativo da tradição de oito décadas do Colégio do Salvador. Professora e defensora da Língua Portuguesa, Dona Mariá destaca em nossa entrevista exclusiva os alicerces que fazem do Colégio do Salvador um sinônimo de fé, respeito e aprendizado. Conheça mais esta bela trajetória por amor à educação.

Matriarca da família de origem portuguesa, Galrão, Maria Angélica Galrão, mais conhecida como Dona Mariá, é personagem ativo da tradição de oito décadas do Colégio do Salvador. Professora e defensora da Língua Portuguesa, Dona Mariá destaca em nossa entrevista exclusiva os alicerces que fazem do Colégio do Salvador um sinônimo de fé, respeito e aprendizado. Conheça mais esta bela trajetória por amor à educação.

– Qual a história da fundação do Colégio do Salvador?

Mariá Galrão (MG) - A nossa família era muito numerosa, sendo 12 filhos - sete mulheres e cinco homens. Uma das irmãs mais velhas foi estudar na Bahia, da onde viemos antes de chegar em Aracaju. Ela se formou em Letras e nosso pai a aconselhou a abrir um colégio. Em uma sala bem simples na Rua de São Cristovão, ela fundou o Colégio do Salvador no dia 2 de fevereiro de 1935. Como já era boa professora, muito dedicada, logo os dois primeiros alunos se transformaram em mais de cem. Por isso precisou de outra irmã para trabalhar no colégio. E assim formou-se a primeira geração de gestores do Colégio do Salvador. Anos depois uma tornou-se freira e a outra se casou.

- Em que momento a senhora passou a integrar o Colégio?

MG - Abandonar o colégio não era possível, então a segunda geração assumiu a gestão do colégio. Minha irmã Bernardete e eu, com 14 anos de idade, formamos a segunda geração de gestores. Eu tinha acabado de sair da Escola Normal e toda a minha história de vida foi constituída aqui. Meus filhos foram crescendo e gostando do ambiente, e assim formou a terceira geração no Colégio. Atualmente, o colégio é gerido pela quarta geração da família Galrão, com os netos.

- Qual o sentimento da senhora em ver esse legado?

MG - Fico muito contente, pois eu quero muito bem ao colégio. Temos uma tradição e isto nos diferencia em relação aos outros colégios. Posso destacar como um valor a fé que cultivamos em Deus. Somos da religião católica e aceitamos alunos de outras religiões, desde que respeitem a nossa. Um segundo valor é a disciplina muito severa. Temos reuniões mensais com os professores, com pais e com os alunos. Orientamos o aluno sobre como se relacionar com o professor, com o colégio e como se comportar na rua. E o terceiro pilar que nos diferencia é a língua portuguesa. Eu já tenho 80 anos e ainda leciono na escola com muito prazer. Esses são os três diferencias do Colégio do Salvador: a Fé em Deus, a Disciplina e a defesa da Língua Portuguesa.

- Como esse sucesso se perdura por oito décadas?

MG -Primeiro porque temos a benção de Deus, depois a disciplina. Atualmente vemos alunos agredir e ofender professor, mas aqui no Colégio Salvador não ocorre esses fatos. A língua portuguesa também atrai muitos alunos para nossa instituição. Quem matricula um filho aqui, já conhece a nossa filosofia. Muitos profissionais de destaque no mercado, que ocupam vagas na Justiça e em áreas da Medicina, já estudaram no Colégio do Salvador. Graças a Deus estamos muitos satisfeitos com a disciplina e os pais também estão.

- Poderia deixar uma mensagem aos nossos leitores?

MG - A educação é indispensável para a vida particular, profissional e social. Educar é preparar para vida. Esta é a missão do Colégio do Salvador há 81 anos com muita felicidade e sob as graças de Nossa Senhora.

Texto e imagem reproduzidos do site: colegiodosalvador.com.br 

quarta-feira, 1 de maio de 2019

Com a leveza e a beleza dos deuses

Escultura de Nossa Senhora da Conceição

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 26 de abril de 2019

Com a leveza e a beleza dos deuses
Por Lúcio Prado (Blog Infonet) 

Zeus, tu és soberano dos céus, mestre dos fenômenos naturais que comanda os corpos celestes e faz tremer o universo com um gesto de tua cabeça. Teu nome deu origem à palavra deus e mesmo com todas as tuas contradições, tu és o rei dos deuses, apesar de não seres justo sempre. Justiça é algo que ocorre entre iguais, e Zeus está acima de todos. O nosso “Zeus”, o Zeus sergipano, tem sua obra espalhada pelo mundo, em esculturas divinas.

Conheci a arte de Zeus na década de 90, graças ao memorável Dinho Duarte, que tão jovem partiu dessas paragens levando uma boa parte da nossa arte mais fulgurante. Na virada dos 90 para o novo século estávamos às voltas com projetos memoráveis, que culminou na instalação do Cantinho da Arte da Unimed, um espaço alternativo para a difusão da arte e da cultura em nosso Estado, mais notadamente em Aracaju. Através da iniciativa e do trabalho dele, em parceria com Ilma Fontes, abrimos as portas da cooperativa para diversas manifestações artísticas e o “cantinho” foi a ação mais esplendoroso do Programa Unimed Cidadã. Muita gente envolvida. Ismar Barreto e João Alberto fizeram o gingle, Dinho e Ilma Fontes abriram caminhos para os jovens iniciantes, vieram os catálogos impressos, entre eles o Catálogo dos Artesãos. Nele estava Zeus, com toda a sua maestria. Mas tinham outros… Melquíades, Véio, Dona Judite, João do Cesto, Pedrinho Ará, Maria Lúcia Ribeiro, Cristina dos Santos, Alzira, Hercílio…

O Cantinho da Arte, enquanto durou, trouxe expressiva colaboração para a disseminação de jovens talentos, não só nas artes plásticas, como também na literatura e na música. Mas não é o Cantinho da Arte que queremos destacar aqui. Queremos falar de Zeus…


Visitava recentemente um parente numa casa na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, quando observei no jardim da residência a escultura de um santo talhado em cedro, de uma beleza fulgurante. Frente a minha admiração, o morador provocou: – É da sua terra! Retruquei-lhe: – Como? O santo? – Não, o escultor, olhe a pedestal! Leia quem esculpiu o nosso Frei Bento. Estava lá:  Zeus. Arrematei: – Deus!

Neste mês de março, o governo de Sergipe inaugurou uma exposição para celebrar os 164 anos de Aracaju, quando revi Zeus participando da coletiva e contei-lhe sobre o meu achado. Ele lembrou: – Foi uma encomenda do querido amigo Dinho Duarte para presentear seus tios que residiam naquela cidade, mas não me lembrava mais disso. Ficou feliz com a minha observação. Fiz um comentário em redes sociais sobre o episódio e logo em seguida fui provocado pelo confrade Amaral Cavalcante, da Academia Sergipana de Letras: “você colocou o nosso Zeus na pauta, é um extraordinário artista, tão pouco reverenciado por seus conterrâneos, converse mais com ele”, instigou o editor de Cumbuca.

Marcamos então o encontro. Na Galeria Álvaro Santos, ponto central da cidade. No horário marcado, chegamos. Ao entrar, deparamos com um cenário desolador, no salão principal, nenhum quadro na parede, uma pessoa na escada preguiçosamente jogando tinta na parede. No centro da sala, na pequena carteira, do tipo escolar, um homem olhava para o serviço, com cara de poucos amigos. Era Luiz Adelmo, olhar abatido. – Não podemos ficar aí, Luiz, o cheiro da tinta está muito forte, disse-lhe, apelando para a minha autoridade médica. Um pouco a contragosto, aceitou sair dali e na saída, em frente a uma escultura de Zeus, ao lado do autorretrato de Álvaro Santos, exclamou: – É a obra de um homem que nunca me faltou, quando dele precisei. Convidei Luiz para participar da nossa conversa, mas ele alegou um compromisso no Banese. Caminhamos na direção do nosso carro estacionado na frente da antiga sede da Prefeitura de Aracaju, mais um prédio histórico de Aracaju que vai se esvaindo em ruínas, um pedaço da platibanda que cai aqui, outro ali. Soube que a UNIT vai tomar posse do prédio para instalar um memorial, mas é bom que não demore!

Dali saímos para o café do Museu da Gente e na entrada nos deparamos com várias esculturas de Zeus, no átrio, no salão principal; a “Maria Bonita” que está à venda na lojinha é de uma beleza primorosa e invulgar. Sentado numa das poltronas do salão, Murilo Melins, deixava-se contemplativo, observando o entra e sai dos visitantes. Ao nos ver, exaltou Zeus, como uma reencarnação dos escultores gregos! Saboreamos água de coco e café.

Adriana Hagenbeck, que exibe na escrivaninha antiga de seu Café uma linda escultura de Zeus, chegou na nossa mesa dizendo que o que mais admirava no escultor, não era o artista, era o homem, o seu caráter, simplicidade, bondade, “que não se deixa levar por títulos, prêmios ou homenagens, mas vive a sua arte, sem vender a sua alma”, reforçando o seu lado lúdico que passei a admirar.

Fui na busca dos registros, explorar a sua arte, sua história, sua vida, que ele próprio não se sente à vontade pra falar, talvez  pela timidez e pude então constatar seus feitos, as publicações, as notícias dos jornais, como aquela que registra a Nossa Senhora que o governo de Sergipe presentou a primeira dama do Brasil, esposa de um presidente do regime militar em visita ao Estado, as exposições individuais e coletivas, a exposição “Zeus – do lírico ao sensual”, na Sala do Artista Popular, promovido pela Funarte no Rio de Janeiro, em 1997, uma vida dedicada à arte.

O nosso Zeus é o soberano da terra, oriundo da pequena Ribeira, tão formosa Ribeira, em Itabaiana, onde nasceu em 1959 e que abrigou outros talentos, como Caã, filho de J. Inácio, que lhe deu o codinome Zeus, quase um presságio do que viria a ser o jovem Jorge Alves Siqueira.

Um homem de atitudes simples e de alma livre, que não se adaptou ao burburinho e ao tipo de vida das cidades, corrida e competitiva. A Ribeira, que viu crescer o menino e adolescente Zeus era um pequeno paraíso, um lugar privilegiado pela natureza, com seus riachos intocáveis e pequenas quedas d’agua, o ar puro e o canto dos pássaros. Um cenário perfeito para os artistas, o mundo de Deus para Zeus. Um lugar que seduziu Caã e outros artistas na busca de inspiração.

O gosto pela escultura veio da admiração pelo irmão mais velho, Jorge Valdo, um arteiro completo, que fazia de tudo e jamais saiu da cabeça de Zeus os carrinhos de brinquedo criados pelo irmão que, infelizmente, após sofrer um grave acidente, o afastou da lide. “Não tinha o mesmo pensamento do mano Jorge, embora reconhecendo nele um grande talento, eu o achava muito preocupado em logo querer vencer na vida, de reconhecerem a sua arte”, disse-me Zeus. Jorge Valdo foi então para São Paulo e, infelizmente, terminou perdendo a sua arte na selva de pedra, engolido pela metrópole.

A cidade de São Cristóvão, além da Ribeira, exerceu sobre o artista uma influência notável, que o fez enveredar pelo tema sacro. Com seu estilo inconfundível, tanto na madeira como no arenito, do seu esculpir nasceram santos e corpos nus de extrema beleza. Além dos temas sacros, Zeus criou o sertanejo na labuta diária e exaltou outras figuras típicas do nordeste, como o vaqueiro, o cangaceiro, o lavrador,

Sua obra ímpar extrapola as fronteiras de Sergipe e do Brasil, colocando-o no patamar dos maiores nomes das artes visuais na atualidade. Em Zeus, a felicidade reside nas pequenas coisas, na simplicidade, nadar no Rio São Francisco e andar de pé no chão. Vê na arte a oportunidade de reverenciar os seus santos, os seus valores cristãos. Para ele, “a escultura é uma arte muita sofrida, penosa, onde as pessoas dão pouco valor”, desabafa, num raro momento de tristeza. Sim, porque na maior parte do tempo, Zeus vibra com o que faz, sem demonstrar vaidade, orgulho ou prepotência, ao contrário, esconde-se numa simplicidade e humildade franciscanas.

Para o historiador Luiz Antônio Barreto, poucas vezes um nome de artista simbolizou tanto o movimento das artes em Sergipe como o de Zeus, que é escultor de anjos e de santos, mas que é, também, artista da paisagem seca que, de tão áspera, parece uma abstração da natureza, uma natureza-viva, madrasta, algumas vezes impiedosa com os viventes.

Zeus é artista singular, porque sua arte, apesar de poder ser contextualizada na esteira do magistério religioso, tem o poder de manter-se viva, forte, inspiradora, revelando um artista que domina as emoções motivadoras, da mesma forma como sabe utilizar a consciência e a responsabilidade do fazer cultural.

Zeus trafega da obra artística para a referência da cultura que a nação nordestina tem na alma, como herança e como identidade.

Igual ao Zeus mitológico, o ceboleiro Zeus é pleno de amor. Amor pela sua terra, pelo sertão, pelo rio, pela família, seus filhos, Abraão, Zélia e Zeus, pela sua arte, única, lúdica, que invade os nossos corpos com a leveza, a sutileza e a beleza dos deuses.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br

Ilma Fontes lança livro de poesia


Texto publicado pelo site da SEGRASE, em  08/04/2019

Ilma Fontes lança livro de poesia 

"Eu selecionei apenas poemas ‘esfolados em carne viva’, não brinquei em serviço, são poemas fortes”, ressalta Ilma Fontes.

‘Nervuras: Poesia Em Carne Viva’, de Ilma Fontes é a nova obra da Editora Diário Oficial de Sergipe – Edise..., lançada no dia 12 de abril, no Centro Cultural de Aracaju, na praça General Valadão...

Aos 72 anos, Ilma Fontes diz que nunca se interessou em lançar livro de poesia. “Poesia para mim é ocasional, mas de repente, a ex.deputada estadual Ana Lúcia Menezes, me apoiou e deu toda força para lançar essa obra. Mas eu selecionei apenas poemas ‘esfolados em carne viva’, não brinquei em serviço, são poemas fortes”, conta.

“O título da obra, inicialmente, seria ‘Carne à Mostra’, mas quando eu encontrei essa folha - que é apresentada na capa do livro - pensei que deveria ser ‘Nervuras’, que passa pelos nervos, observa Ilma Fontes.

Para o presidente da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe - Segrase, Ricardo Roriz, “É um enorme prazer ter algo tão inusitado como este livro, sendo publicado pela Edise. A ideia da ‘caminhada das almas’ trará à vida todas as pessoas que tiveram grande importância para a história da literatura e arte em geral, não só em Sergipe, mas para o Brasil”.

Os Penitentes das Artes em Sergipe

Após o evento de lançamento, o público poderá participar da caminhada que acontecerá na Praça General Valadão, intitulada ‘Os Penitentes das Artes em Sergipe’, segundo Ilma Fontes. Nesta caminhada, que será aberta ao público, cerca de setenta nomes de pessoas que contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento artístico do pensamento sergipano serão citados, a exemplo de Araripe Coutinho, Fernando Chaves, Iara Vieira, Clarencio Fontes, Giselda Moraes, entre outros.

“A idéia surgiu da preocupação com a rapidez que as pessoas e os seus nomes são esquecidos. É uma ideia que tomou corpo, e a cada vez que eu falo, ela se avulta”, ressalta Ilma Fontes.

Em seguida, quando a caminhada retornar ao ponto de início, haverá um recital espontâneo de poesia, e todos poderão participar. O evento conta também com filmagem e fotografia, que será enviado para Galeria Tina Zappoli, em Porto Alegre, de Marinho Neto, filho de uma das homenageadas, Tereza Prado. “Tereza fez grandes festivais de arte em São Cristóvão, quando foi diretora do Centro de Cultura de Arte, da Universidade Federal de Sergipe”, relembra Ilma Fontes.

Fonte do site: segrase.se.gov.br