terça-feira, 15 de dezembro de 2020

O Crime da Rua de Campos, por Paulo Roberto Dantas Brandão

Dr. Carlos Firpo
Imagem publicada pelo blog para
 ilustrar o presente artigo.

Texto publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Paulo Roberto Dantas Brandão, de 14 de dezembro de 2020


O Crime da Rua de Campos
Por Paulo Roberto Dantas Brandão

Com a morte de Milena na semana passada voltou a discussão o Crime da Rua de Campos, como ficou conhecido o assassinato do Dr. Carlos Firpo. Quando ocorreu, em 1958, eu era um bebê, portanto tudo o que sei foi por leituras e por informações familiares. Mas a verdade inconteste do crime foi para o túmulo, com a morte da esposa do médico assassinado, Milena.

Desde a semana passada foi publicada uma série de artigos sobre o tema. Há três versões para o fato: crime passional, crime político e uma versão de crime familiar por questões patrimoniais. Essa última tardia, só aventada algum tempo depois, e sem qualquer arrimo.

Por que não acredito na versão do crime político? Em primeiro lugar Dr. Carlos Firpo era um médico pacato, sem aparentes inimigos. Não era um chefe político, nem um dirigente partidário. Não ocupava cargos públicos, e apenas aventou a possibilidade de ser candidato a vice-governador nas eleições que ocorreriam logo em seguida. Ora, numa investigação busca-se logo “o motivo” e “quem se beneficia com a morte”. É o básico. Até hoje, mais de sessenta anos depois, ninguém apontou um motivo plausível que embasasse a tese do crime político. Ninguém mata por uma pretensa disputa por um cargo de vice-governador. Isso não existe. Como também até hoje ninguém respondeu quem se beneficiaria de modo cabal com a morte do Dr. Carlos Firpo. Nem o jornalista Luis Eduardo Costa que escreveu uma série de artigos sobre o fato, grande parte baseada em anotações do seu pai, Paulo Costa, que teria atuado como promotor no caso, conseguiu responder a tais indagações.

Já a versão do crime passional, envolvendo a própria esposa do médico, e o Coronel Afonsinho, da Força Aérea, se não deixa uma certeza, apresenta uma série de indícios de força extrema. Era fato público e notório que o Coronel Afonsinho freqüentava a casa do médico, e era do falatório geral que tinha um caso com a esposa deste. Há ainda uma coincidência muito grande dos dois executores do assassinato serem da região próxima a Paulo Afonso, na Bahia, de onde provinha a família do Coronel, e de ontem tinha propriedades. Há outras coincidências mal explicadas, como o fato de Milena não estar dormindo com o marido no momento do crime, e sim no quarto das filhas. São por tais coisas que eu não acredito em crime político e, como muitos, tenho a tendência firme em acreditar em crime passional.

Dr. Carlos Firpo era amigo do meu avô Orlando Dantas, que sentiu muito a sua morte. Quando retiraram os restos mortais do médico do Cemitério Santa Isabel, em Aracaju, deixaram por lá jogada uma placa de mármore, uma homenagem dos colegas do Lions Clube ao morto. Meu avô viu a placa abandonada, e mandou afixá-la na lateral da gaveta onde repousam os restos de Ronaldo, seu filho (portanto meu tio), morto ainda criança. Quem entra no cemitério, ao lado direito da Capela, há as gavetas onde eram enterradas as crianças. Logo na lateral está lá a placa em homenagem a Dr. Carlos Firpo.

O fato de nos últimos dias voltarmos a discutir tal crime, é sinal que a sociedade sergipana até hoje ficou abalada. No livro O Salão dos Passos Perdidos, o advogado Evandro Lins e Silva, que atuou como advogado de defesa de Milena em seu julgamento disse que “o crime foi maior do que a cidade”. Sem dúvida.

Texto reproduzido do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

Revivendo sensações do passado, por Lúcio Prado



Legendas fotos > Foto1 - Milena Mandarino e Foto2 - Milena Mandarino é entrevistada pelo repórter Walter Melo, sob o olhar do Dr. José Nolasco, diretor da Penitenciária de Aracaju.

Publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 8 de dezembro de 2020

Revivendo sensações do passado

Por Lúcio Prado (Blog Infonet)

   Prezado Lúcio,

   Grato pela sua atenção. Como lhe disse, não poderei estar amanhã no Sarau enfocando o Centenário do médico, escritor, compositor e músico, o nosso querido e lembrado com saudade, seu polifacetado sogro Antônio Garcia. Peço-lhe desculpas. Estarei numa reunião da família de minha mulher, à qual não poderei faltar, em Japaratinga, AL. Envio-lhe o texto sobre a música INJUSTIÇADA. Se achar que merece ser lida fica à sua escolha” (Luiz Eduardo Costa).

Com essa carta, o jornalista, escritor e imortal da Academia Sergipana de Letras, anunciou a sua impossibilidade de participar do Sarau “Antônio Garcia Filho, música e poesia”, promovido pela Sobrames Sergipe, para celebrar o Centenário de Nascimento do saudoso médico. Como idealizador e produtor desse inesquecível Sarau, levado a efeito no auditório do Museu da Gente Sergipana em 27 de maio de 2016, frente à impossibilidade de Luiz apresentar o texto introdutório para a música de Garcia, convidei o presidente da Academia Sergipana de Medicina, o Dr. Roberto César Pereira do Prado para fazer o leitura, o que fez com competência. O Sarau foi extraordinário, ao longo de duas horas, dez músicas de Antônio Garcia foram apresentadas ao público que lotou aquela dependência, com arranjos modernos do maestro Ricardo Vieira, cantores da terra, e para cada música um texto introdutório, apresentado por personalidades que conviveram com o homenageado, colegas, alunos e imortais da Academia de Letras. Em breve, o vídeo completo do Sarau estará disponível no Youtube, no canal da Sobrames Sergipe.

Com a morte de Milena Mandarino, ocorrida nesta semana em Salvador, lembranças foram evocadas, sentimentos aflorados e o perdão pela injustiça cometida, finalmente manifestado pela família Firpo, após sessenta e dois anos de incompreensões, dúvidas, silêncio e afastamento. Enfim, sensações do passado foram revividas.

O texto de Luiz Eduardo Costa, para a apresentação da música Injustiçada, de Antônio Garcia Filho, foi primoroso e reproduzo abaixo:

¨Em abril de 1958 ocorreu em Aracaju um crime que traumatizou a sociedade. Dormindo na sua casa o médico Carlos Firpo, cidadão conceituado e querido, foi assassinado com uma facada.

Em crimes dessa natureza, dizem os criminologistas franceses: ¨Cherchez la femme ¨. E não demorou, a mulher foi encontrada.  Era Dona Milena Mandarino Firpo, esposa do médico, que tramara o assassinato, acumpliciada com o amante, o tenente –coronel aviador Afonso Ferreira Lima, amigo da família e freqüentador da residência dos Mandarino – Firpo.  Surgiu um enredo novelesco, que ultrapassou os limites de Sergipe. O militar era personagem de destaque na Força Aérea e ocupava o cargo de Secretário do Conselho de Segurança Nacional. Sua esposa, a professora Edna Faria Lima, era neta  do Ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal, o  jurista  Bento de Faria, e o seu pai, um Procurador Federal no Rio de Janeiro.

  Milena era filha do italiano Nicola Mandarina, homem rico e influente em Sergipe. O trauma causado pelo crime dividiu a sociedade sergipana diante de duas versões antagônicas: uma, a passional, apontada pela Polícia e pelo Ministério Público, outra, a política. O radicalizado clima da época contaminou a discussão, envenenou de tal forma o debate, que logo explodiriam fortes antagonismos e tensas odiosidades.

Milena Mandarino

Milena, até então vista como virtuosa esposa e mãe, católica fervorosa, passou a ser tratada como cruel criminosa e desprezível adúltera.  Foi presa em sua casa numa madrugada chuvosa de junho, e levada à Secretaria de Segurança, depois, à Penitenciária, onde permaneceu dois anos aguardado o julgamento, até o pronunciamento do Supremo, absolvendo os acusados. Jogados à execração pública, Milena e o coronel Afonso, passaram a simbolizar a mais abjeta das traições.

 Nesse caldeirão de ódios que se misturavam com paixões políticas, era difícil encontrar um mínimo de racionalidade, ou mesmo uma concessão generosa à dúvida enquanto   aguardava-se o julgamento. Foi nesse contexto do qual escapava o bom senso, e a condenação já se antecipava no vozerio das ruas, que Antônio Garcia, médico, humanista, intelectual, que unia suas convicções cristãs ao anseio pela Justiça, entendeu que seria preciso remar contra a maré montante da histeria coletiva, para abrir um espaço à reflexão, à sensatez, ou, pelo menos, à piedade, que é parte inseparável da dignidade humana. Antonio Garcia compôs então letra e música de uma canção à qual deu o nome: INJUSTIÇADA.

  Não foi apenas uma música, foi um Hino à Razão, produzido num momento em que atitudes de comedimento eram interpretadas como ofensas traiçoeiras à memória do morto.  Fosse qual fosse o resultado do julgamento, Antonio Garcia, com a sua música, começou a amenizar o ódio da sentença antecipada, fazendo surgir uma racional e justa expectativa civilizada de Justiça.

  A busca pela Justiça em todas as áreas da vida social, foi a preocupação constante desse singular sergipano, Antônio Garcia Filho, referência exemplar no seu tempo, agora, marco virtuoso em nossa História.”

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O crime da Rua Campos, de repercussão nacional, nunca foi totalmente elucidado, os autores materiais foram presos, sendo que um deles, que poderia revelar o nome do mandante, foi torturado até a morte, na calada da noite, na busca de uma confissão ou o que poderia ter sido uma “queima de arquivo”. Milena e Afonsinho, acusados e detidos pela polícia, somente foram liberados dois anos depois, por falta de provas ou inconsistências delas, graças a uma decisão do STJ. Milena, com as duas filhas, foram residir em Salvador e nunca mais regressaram a sua terra.

Em vida, Milena foi de uma fortaleza exemplar para enfrentar as tempestades da vida, as incompreensões e as injustiças, mas viveu com grandeza, caráter e sensibilidade admiráveis. A sua morte, ocorrida na madrugada de 4 de dezembro, é mais um capítulo triste dessa história recente de Sergipe que, após 62 anos, ainda desperta indagações, suspeitas, debates e profundas sensações.

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet.com.br

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

'A morte do Dr João Alves Filho', por Ivan Valença

Foto de Arthur Leite e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo

Trecho de artigo publicado originalmente no site do Portal INFONET, em 2/12/2020

A morte do Dr João Alves Filho
Por Ivan Valença (Blog Infonet)

Foi, com muito peso no coração, que o sergipano de Aracaju despediu-se do ex-Prefeito e ex-Governador João Alves Filho. Executor de obras públicas das mais importantes, tanto na Capital como no Estado de Sergipe, dr. João Alves impôs a sua marca. Foram três mandatos na Prefeitura de Aracaju e dois no governo do Estado, todos cheios de realizações que encantaram o povo da Capital e do interior do estado. O dr. João só não quis submeter-se o seu nome para ser deputado federal, deputado estadual, senador ou vereador embora tivesse prestígio suficiente para isso, obtendo vitórias superlativas. Ele disse ao escriba que não gostaria em absoluto de sair de Aracaju para exercer qualquer mandato,” Sabe, Vanzinho (era assim que ele me chamava) prefiro continuar sendo anônimo aqui do que famoso lá fora, em outras terras”. ‘Sempre disse não aos convites que o levariam para fora de Aracaju e de Sergipe. Disse-me também que sentiu algo diferente quando enfrentou as urnas pela primeira vez, isto depois de ter exercido um cargo público por indicação direta do governador. O Dr. João Alves era um incansável. Mal terminava uma obra pública, ele já tinha outras dez engatilhadas para tocar o mandato do seu governo. Pode-se mesmo dizer que o esporte predileto do dr. João era fazer um “tour” pela cidade para mostrar o que já fizera e, principalmente o que pretendia fazer nos tempos adiante. Por onde passava era reconhecido o povão chamava o seu nome, gritava por ele ou lhe rendia aplausos. Não é que tais manifestações o desagradassem mas ele preferia circular anonimamente por suas obras, mesmo as mais importantes ou as mais caras.

No local das obras, ele atendia quem o procurava e até dava detalhadas informações. Nunca o vi ficar entusiasmado diante de um artigo de jornal elogiando o seu trabalho no governo. Mas não era de ficar com raiva ou até decepcionado com as críticas. Li-as e pronto. Não voltava mais a elas. De quando em vez apenas me perguntava: “O Sr. Orlando está lá no jornal?” Era sinal de que gostaria de dar uma explicação sobre algum detalhe sobre obras as mais ousadas do Estado, e fatos importantes sobre o que foi comentado nos artigos jornalísticos. Também não era de dar resposta a artigos de fundo que criticavam suas intervenções pela cidade. Mas, o velho e querido jornalista Orlando Dantas era um admirador, várias vezes flagrei-o aconselhando-o a ir descansar dois ou três dias. O conselho mais das vezes era esquecido no expediente seguinte. Dr.João não era de largar o trabalho, mesmo nos fins de semana. Com a chegada do video-cassete os momentos de lazer “um bom filme de cowboy” era em casa, em frente ao seu aparelho de vídeo-cassete. Mais das vezes cansei de levar filmes para ele assistir nas noites de sexta ou sábado quando tinha mais tempo. Também frequentava poucas festas, porque por lá tem muito “cara de pau” chato que viviam a me pedir coisas que eu não podia fazer. Tanto em casa, quando no seu escritório da Habitacional, ali no segundo ou terceiro trecho da rua São Cristóvão, onde antes tinha sido o escritório da empresa de construção do próprio pai. No trabalho dr. João Alves era de uma seriedade quase que contagiante. Negócio acertado com ele e por ele, estava sacramentado igual ao pai, o Sr. João Alves...

Trecho de artigo reproduzido do site: infonet.com.br

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

'O Filho de D. Lourdes', por Lilian Rocha


Publicado originalmente no Facebook/Lilian Rocha, em 30 de novembro de 2020

O FILHO DE D. LOURDES
Por Lilian Rocha

Meu pai tinha uma grande admiração por ele. Dizia que ele era um homem de grande visão empreendedora. E ele, por meu pai. Não apenas uma admiração pelo homem culto que foi meu pai, mas nutria também uma gratidão profunda, por causa de uma gentileza que meu pai lhe fizera, lá pelos idos de 1977.

Sabendo que ele e a esposa estavam de viagem marcada para Madrid, meu pai pediu à minha irmã Suzana, que morava lá, para servir de cicerone ao casal. Prontamente, minha irmã concordou e só no dia seguinte, foi que ela soube que o tal casal era o então prefeito de Aracaju, João Alves Filho, e sua esposa, Maria do Carmo.

Mas não foi com “o prefeito” que ela passou o dia todo, pra cima e pra baixo, de táxi e de metrô, visitando praças, monumentos, fontes luminosas e galerias. Foi com o amigo de meu pai, homem simples, gentil e educado, que jamais esqueceu a atenção e a prestimosidade que recebera dela.

Só anos mais tarde, como assessora do secretário de Planejamento, foi que minha irmã teve a oportunidade de trabalhar para “o governador” João Alves e conhecer mais de perto “aquele homem perspicaz, que adorava ler, escrevia muito bem e tinha uma inteligência acima da média”, como ela mesma costuma dizer, ao se referir a ele.

Além de Dr. João, meu pai também tinha outra grande admiradora naquela família: D. Lourdes, a mãe dele. Ela era uma ouvinte assídua do programa “Rádio Revista”, que meu pai fazia na Rádio Cultura, não perdia um. E normalmente ligava para ele ao final do programa, para cumprimentá-lo. Com isso, meu pai também passou a ser muito grato a Dr. João, pelo carinho genuíno que sua mãe lhe dedicava, sem ao menos conhecê-lo.

Essa mistura de ‘admiração e gratidão’ de ambos foi crescendo ao longo dos anos e se estendendo por toda a nossa família. Lá em casa, João Alves era unanimidade.

Mas João Alves entrou na minha vida indiretamente, através de sua irmã Marlene. Nós nos conhecemos na Escola Normal, quando éramos professoras da mesma disciplina, e a partir dali, nos tornamos amigas e parceiras de trabalho. Graças à Marlene, me tornei professora de português e também radialista, como meu pai. Passei a ter por ela não só uma grande admiração, mas também uma profunda gratidão, que foi se estendendo ao longo dos anos. 

Marlene também era uma fã incondicional de meu pai e assim que se tornou superintendente da Fundação Aperipê, convidou-o para fazer um programa de rádio lá.

Certo dia, quando João Alves estava governando o estado pela segunda vez e nós estávamos trabalhando juntas na Aperipê, Marlene me levou para conhecer sua mãe, D. Lourdes.

Conhecer a mãe de alguém é o mesmo que entrar na intimidade daquela pessoa. É conhecer suas origens, entender o que está por trás de tudo, ver de perto a árvore que gerou aquele fruto.

D. Lourdes era uma senhorinha gentil e simpática que vivia sorrindo. Sempre muito discreta, era feliz na sua simplicidade e avessa a qualquer tipo de exibição e holofotes. Nem parecia ‘a mãe do governador’. Porque no coração dela, João era apenas João, seu filho. Ele não precisava ser prefeito nem governador para ela sentir orgulho. Ser seu filho já lhe bastava.

Foi essa simplicidade dela que me cativou logo de cara e me fez entender por que meu pai também lhe queria tanto bem.

Poucos meses depois que a conheci, ela se foi. E eu passei toda aquela madrugada triste ao lado de Marlene. Foi uma dor que também doeu em mim e, no dia seguinte, ainda emocionada, acabei escrevendo um texto sobre D. Lourdes que posteriormente li no meu programa de rádio.

Na missa de sétimo dia, Marlene pediu emprestado esse texto e o leu na igreja. Ao final da missa, aquela fila interminável para os cumprimentos. E como era uma missa pela mãe do governador, a fila tinha três vezes mais gente do que comumente teria...

Quando estava quase chegando a minha vez de cumprimentar a família, comecei a ficar nervosa. Eu iria falar pessoalmente com ninguém mais, ninguém menos, que João Alves, o governador do Estado! Seria a primeira vez que eu estaria tão próxima de um chefe de estado!

Mas não foi a mão do governador que eu apertei naquele dia. Nem do prefeito, nem do político nem do engenheiro. Foi de um filho sofrido que havia perdido a mãe.

E de súbito, ele olhou pra mim e com os olhos cheios d´água, me disse: “Foi muito bonito o que você escreveu pra minha mãe. Muito obrigado!”

Eu nunca conheci pessoalmente o João Alves de quem todos falavam. O João Alves da Coroa do Meio, o João Alves da Orla, o João Alves da ponte. Mas por alguns segundos, estive frente a frente com o filho de D. Lourdes, doce e gentil como ela, que não conseguia esconder a emoção por ter que dar adeus a ela.

Poucos são aqueles que conseguem passar pela vida deixando uma marca. Mas por onde quer que olhemos hoje, vamos ver as inúmeras marcas deixadas por João Alves em Aracaju.

Despeço-me, portanto, do amigo de meu pai e de minha irmã, do filho querido de D. Lourdes, do irmão e companheiro de Marlene e daquele homem simples, que me apertou a mão e me agradeceu.

Foi muito bonito ver o estado todo lhe prestando homenagens, sinal de que ele realmente foi um grande estadista.

Mas foi muito mais bonito sentir que aquele grande político, capaz de tão grandes feitos e o filho de D. Lourdes, doce e gentil como ela, eram a mesma pessoa...

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lilian Rocha

Despedida e homenagem ao ex-governador João Alves Filho










Fotos: Mário Sousa

Publicado originalmente no site GOVERNO DE SERGIPE, em 30/11/2020

Belivaldo Chagas participa das solenidades de despedida e homenagem ao ex-governador João Alves Filho

Cinzas do ex-governador chegaram à Sergipe na manhã desta segunda-feira (30). Além do cortejo pelas ruas da cidade, houve solenidade de despedida no Palácio Museu Olímpio Campos e missa de sétimo dia, na Igreja Nossa Senhora Rainha do Mundo, com a presença de familiares, políticos e autoridades do estado

O governador Belivaldo Chagas participou, nesta segunda-feira (30), das homenagens ao ex-governador de Sergipe, João Alves Filho, em Aracaju, ao lado da família do ex-governador e de autoridades como a vice-governadora Eliane Aquino; o ex-governador Jackson Barreto, o presidente da Alese, deputado estadual Luciano Bispo; os prefeitos de Aracaju e Salvador, Edvaldo Nogueira e ACM Neto, dentre outros.

Durante a manhã, Belivaldo acompanhou a chegada da urna com as cinzas do ex-governador no Aeroporto Internacional de Aracaju, trazidas pela senadora Maria do Carmo, viúva de João, e por sua filha, Ana Alves.

João Alves Filho faleceu na última terça-feira (24), em Brasília. Após a cerimônia de cremação na quinta-feira (26), a urna com as cinzas chegou a Sergipe nesta segunda e foi recepcionada com Guarda de Honra da Polícia Militar de Sergipe, por meio do Batalhão de Choque.

Últimas homenagens

A urna seguiu em cortejo pelas ruas da capital em carro aberto do Corpo de Bombeiros de Sergipe, passando por diferentes obras realizadas durante a administrações de João Alves, como a Orla da Atalaia, e contando com todo apoio da PM/SE, por meio do Getam e da Setransp para organização do trânsito.

Em seguida, no Palácio Museu Olímpio Campos, foi realizada a visitação para despedida de familiares, autoridades, amigos e admiradores do político sergipano, tudo seguindo os protocolos sanitários recomendados pelos órgãos de Saúde.

Já por volta das 17h, a Guarda de Honra conduziu à urna com as cinzas em cortejo pelas ruas de Aracaju até a Igreja Nossa Senhora Rainha do Mundo, no Conjunto Médici, onde foi celebrada missa em homenagem a João

Importância para Sergipe

“Essa é a última homenagem que a gente faz a um dos maiores líderes políticos que Sergipe já produziu. Não poderíamos deixar de fazer presença e prestar nossa solidariedade à família, estarmos juntos aos amigos prestando essa homenagem que a gente entende que é de extrema importância, afinal de contas, ele foi governador do estado de Sergipe, foi prefeito da capital, um defensor árduo dos interesses não apenas de Sergipe, do Nordeste, mas também do Brasil”, afirmou o governador.

Belivaldo também destacou a importância de João Alves Filho para o desenvolvimento de Sergipe, sobretudo quando exerceu a função de governador, e ressaltou a homenagem feita pelo Governo do Estado ao ex-governador.

“Ele foi um verdadeiro governador, ele soube compreender Sergipe do presente e do futuro naquela época, e no governo em que ele se fez presente como governador, ele não deixou de produzir certo. Obras que levaram ao desenvolvimento e atuou em todas as áreas, educação, saúde, segurança. Um dos grandes exemplos da área da saúde é o Huse, que é o nosso hospital de referência, de urgência, e que agora oficialmente recebe o nome de Hospital de Urgências Governador João Alves Filho”, complementou Belivaldo.

Autoridades

A vice-governadora, Eliane Aquino, esteve presente às solenidades de despedida e prestou solidariedade aos familiares de João e ressaltou a importância dele para a história do estado. “Desde que cheguei a Sergipe, escutei muitas histórias sobre o João Chapéu de Couro, João da Água, João do Povo. Ex-prefeito, ex-ministro e ex-governador, João Alves Filho é lembrado pelos sergipanos por muitos nomes. Sua trajetória política, marcada por obras visionárias, mudaram a vida de muita gente. São muitos os capítulos que compõem o seu legado político”, relembrou.

Na missa de sétimo dia em homenagem ao pai, Ana Alves relembra as principais qualidades do ex-governador. "João Alves foi um homem maravilhoso, um marido exemplar, um pai que a gente só tem a agradecer, um homem que nos ensinou tantas coisas, ensinamentos. O gosto da leitura, do trabalho, da seriedade, de sempre tentar ser o melhor no que a gente se propõe a fazer. Então, João Alves foi inquestionavelmente maravilhoso. É muita honra ser filha dele", ressaltou.

Presidente do Democratas (DEM) e prefeito de Salvador (BA), ACM Neto esteve em Aracaju para participar das homenagens ao ex-governador e falou sobre sua relação com a família Alves. “Eu me organizei para estar aqui hoje, claro, reforçando os laços entre a Bahia e Sergipe, mas trazendo também uma palavra de conforto e homenagens. João e Maria sempre foram pessoas muito queridas, muito respeitadas. Então, hoje, a minha presença é uma homenagem à figura do que foi João Alves.  Um homem muito especial, nordestino valente, pessoa que dedicou a sua vida a Sergipe, mas também ao nordeste”, salientou.

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, acompanhou as homenagens à João Alves Filho e também relembrou a trajetória do político no estado. “João Alves deixa um grande legado, um legado de ações, um legado de realizações que foram muito importantes no desenvolvimento social-econômico para nossa cidade e para o estado de Sergipe. Essas homenagens são merecidas, são homenagens importantes para que o legado que ele deixou não fique esquecido”, complementou.

Amigo da família e presidente estadual do DEM, o ex-deputado federal e ex-vice-prefeito, José Carlos Machado, reforçou a importância do legado deixado por João. "Era, sem dúvida, um homem extraordinário, apaixonado pelo seu povo. E o nome de João estará imortalizado no panteão dos heróis sergipanos e nos corações e nas mentes de todos os sergipanos", completou,

O ex-governador Albano Franco, na missa em homenagem à João Alves, reiterou a importância do ex-governador para a história política sergipana. "João Alves deixa para Sergipe a marca de um homem trabalhador, honrado e competente. Muitas das obras de Sergipe só existem devido a ele, pois ele tinha visão e preocupação com o social e o desenvolvimento econômico. Estamos todos tristes com a morte de João Alves Filho. Sergipe perde o governador que mais realizou obras marcantes para o Estado de Sergipe", disse.

Texto e imagens do site: se.gov.br