segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Morre o Corretor de Imóveis José Ezequiel Melo dos Santos

Publicado originalmente na fanpage/Facebook/Creci Sergipe 16ª Região, em 23/08/2020 

Reproduzido da fanpage no Facebook/Creci Sergipe 16ª Região.

Antônio Melo Prudente (1917 - 2020)

Antônio Melo Prudente e sua esposa Maria Gilda Caldas Prudente
Foto: Edson Araújo.
Reproduzida do blog: canalr5blog.blogspot.com.br

Trajetória de vida de Antônio Melo Prudente é reconhecida pela Alese


Fotos: Jadilson Simões-Alese

REGISTRO de publicação de solenidade na Alese, ocorrida em 06/12/2016.

Publicado originalmente no site da ALESE, em 06 de dezembro de 2016

Trajetória de vida de Antônio Melo Prudente é reconhecida pela Alese

Por Agência de Notícias Alese

O legado exercido pelo empresário Antônio Melo Prudente ao longo de seus 99 anos de idade foi reconhecido pela Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese).  Nesta manhã de terça-feira, 6, o Laranjeirense recebeu das mãos do presidente da Casa Legislativa, Luciano Bispo, a Medalha do Mérito Parlamentar.

O Plenário da Alese ficou repleto de amigos, familiares e empresários, o que demonstra que ao longo dos seus 99 anos de existência, empresário soube administrar com maestria o seu meio social e familiar, além mesmo da relação de trabalho. 

Segundo informou Luciano Bispo, a indicação para que o Antônio Melo Prudente estivesse sendo agraciado na data de hoje com o Mérito Parlamentar foi motivada pelo ex-deputado, Arnaldo Bispo, onde, no ato da solenidade, o próprio ex-parlamentar, que é genro do homenageado, fez a entrega da medalha de Mérito Parlamentar.

“Venho agradecer a Alese por ter homenageado ao um homem que tive oportunidade de conhecer. Um homem íntegro, honesto, alegre, e companheiro. Um homem que chegou a trabalhar até os seus 95 anos, e que, segundo ele próprio, pra se chegar até essa idade de sucesso o segredo é não ter pressa”, conta emocionado.

“Estou muito feliz pela homenagem e com os amigos. Foi uma missão cumprida com muito trabalho e dedicação. Me dei muito bem com a família, amigos e com o comércio. Agradeço a Deus a quem sempre me deu sabedoria e condições humanas de vida”, asseverou o ilustre homenageado no auge dos seus 99 anos de vida.

Segundo Luciano Bispo, por onde passa, Antônio Prudente é louvado. “Seu Antônio Prudente é o homem da história de Sergipe no ramo atacadista, cerealista e varejista. Fez a história da família Prudente, e que muito contribuiu para a Economia do nosso Estado, gerando trabalho e emprego”, relata o presidente da Casa Legislativa, afirmando a que homenagem é muito justa.

Emocionante

A trajetória de vida do empresário- filho de Alcino Manuel Prudente e Joaquina Melo Prudente, e casado com Maria Gilda Caldas Prudente, com quem teve cinco filhos- foi exibida em vídeo durante a cerimônia, as narrativas contadas por filhos, esposa, netos, bisnetos, noras e genros, emocionou a todos os presentes.


Presenças

Além da participação de familiares, vastos amigos, empresários, ex-funcionários, e parlamentares da Casa Legislativa, estiveram compuseram à mesa de solenidade ao lado de Antônio Melo Prudente, a deputada Goretti Reis, que na ocasião presidiu momento solene como secretária; o presidente do Legislativo, Luciano Bispo; Luiz Valter Ribeiro, procurador da Procuradoria Geral do Estado; Ancelso Oliveira; o diretor da Fecomércio; Cloves Alcântara, presidente do Sindicato dos Representantes Comerciais de Sergipe; e José Alcides Vasconcelos (empresário).

Texto e imagens reproduzidos do site: al.se.leg.br

Morre Antônio Melo Prudente

Foto de Jadilson Simões/ALESE e postada pelo blog para ilustrar a presente nota.

Texto publicado originalmente no Perfil do Facebook de Laércio Oliveira, em 23/08/2020.

Perdi mais um amigo que deixa muito aprendizado para todos nós.

A Federação do Comércio lamenta o falecimento do empresário Antônio Melo Prudente, aos 103 anos.

Antônio foi um exemplo de honestidade, trabalhador, pai de família e amigo, responsável pela geração de emprego e desenvolvimento econômico no estado. 

O comércio sergipano perde um grande empreendedor, que trabalhou até os seus 95 anos cumprindo sua missão com muito trabalho, dedicação e alegria.

Texto reproduzido do Facebook/Laércio Oliveira.

domingo, 23 de agosto de 2020

Raimundo Juliano: um sergipano com 62 anos de atividade comercial


Publicado originalmente no site LAGARTENSE, em 6 de julho de 2019

Raimundo Juliano: um sergipano com 62 anos de atividade comercial

Filho do empresário Agripino Roque Santos e Mariath Amado Souto Santos, começou a trabalhar ainda criança como engraxate

Por Guilherme Almeida *

Nascido em 8 de julho de 1932 na cidade de Estância, desde cedo Raimundo Santos Souto se destacou entre seus nove irmãos. Filho do empresário Agripino Roque Santos e Mariath Amado Souto Santos, começou a trabalhar como engraxate aos sete anos para juntar dinheiro e assistir, semanalmente, filmes de Cowboy no cinema, já que seu pai não bancava financeiramente seu entretenimento.

Aos dez anos de idade passou a vender jornais e revistas e foi quando começou a fazer suas primeiras economias. Um ano depois, foi convidado para trabalhar como balconista na Loja Esperança que comercializava tecidos no município de Estância. O garoto se destacou na função e se tornou pracista da empresa atacadista “José Pinheiro Avelos”, acumulando, precocemente, dois empregos.

Três anos depois, já aos quinze, foi promovido ao cargo de caixeiro viajante, ainda na mesma empresa, viajando por quilômetros em cima de um burro, visitando cidades do sul sergipano e parte do sertão da Bahia, promovendo vendas, recebendo e transportando dinheiro, já que naquela época, as agências bancárias eram escassas. O adolescente chegava a percorrer 100km em 20 dias consecutivos. Para Raimundo Juliano, a promoção foi motivo de orgulho perante seus colegas e a sociedade, já que representava um sinal de crescimento.

Início da carreira empresarial

Em 1957, aos 25 anos, depois de juntar por tanto tempo suas economias, conseguiu comprar seu primeiro empreendimento, o famoso Bar Central, localizado na Rua Capitão Salomão, local estratégico, já que era um ponto de parada em Estância dos ônibus que iam para Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, além de linhas para Indiaroba via Santa Luzia, Aracaju via Sapé, Salgado e outras. Uma estratégia da qual o empreendedor se valia era ir até o Rio de Janeiro ainda em março, comprar muitas cervejas e estoca-las até novembro, período em que começava a faltar a bebida na região.

Sete anos mais tarde, em 1964, Souto inaugura a Distribuidora Antártica Zona Sul e se torna atacadista de cervejas e refrigerante, além de idealizador de festivais de cerveja em Estância. E a partir disso, surgiu a Distribuidora de bebidas Disberj, fundada em 1970, em Aracaju. Vale lembrar que quando o empresário começou seu negócio de distribuidora da Antártica, a cerveja tinha apenas 10% do mercado que era dominado pela Brahma. Mas graças ao empenho e dedicação de Souto, passou a rivalizar com sua concorrente, conquistando 50% da fatia do mercado na década de 1980, além de 20% do mercado de refrigerantes.

Sucesso

Aos poucos, foram surgindo outras de suas empresas, como a DISCAR-Distribuidora de Carros, Fasouto-Faria Souto Comercio Ltda, Posto de Gasolina Riomar, Souto Teles Construção, Souto Teles Iluminação, Grande Hotel, aquisição do Dantas Campos & Cia, que mais tarde se chamaria “A Elétrica Souto Teles & Cia”, além de atividades pecuaristas, por meio das fazendas Itaperoá e Castelo, que contribuem para geração de renda e para a preservação e sustentabilidade do meio ambiente de Sergipe.

Atualmente, aos 87 anos, Souto atua aconselhando seus três filhos a como gerir os negócios da família.
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* Guilherme Almeida - Formado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe (UFS) em 2019. Atuou como bolsista na Assessoria de Comunicação da UFS, entre 2016 e 2017, e atualmente é jornalista do Portal Lagartense. DRT: 2450/SE.

Texto e imagem reproduzidos do site: lagartense.com.br

“Deus abençoe a minha caixa de engraxate” (Raimundo Juliano)


Publicado originalmente no site F5 NEWS, em 21 de agosto de 2020 

“Deus abençoe a minha caixa de engraxate” – Raimundo Juliano
Por Marcio Rocha (do blog/coluna)

Com oito anos de idade, um garoto chamado Raimundo Juliano Santos Souto começou uma trajetória de vida que marcaria a história do comércio sergipano, se misturando com a própria história do estado. Para poder pagar seu divertimento, cinema e parques de diversões, o garoto não imaginava que iria sair dali, de uma caixa de engraxate com uma flanela, escova e um pouco de pasta, um dos maiores legados do comércio do estado, responsável pela geração de milhares de empregos em Sergipe. Raimundo Juliano empreendeu e dali cresceu.

Crescendo em tamanho, idade e responsabilidade, ainda criança aprendeu como trabalhar com o comércio, na cidade de Estância e pensando à frente do seu tempo, mesmo estando atrás do balcão das Lojas Esperança, iniciou a atividade comercial de secos e molhados. Crescendo, subiu no lombo de um burrinho e desbravou terras sergipanas e com muita coragem seguiu também pela Bahia, o jovem Raimundo Juliano era então caixeiro-viajante, levando consigo a atividade de representação comercial, levando produtos para todo o comércio dos dois estados, seguindo por estradas de terra, pavimentou sua vida com muito trabalho.

Enquanto crescia na idade, Raimundo crescia como empreendedor. De um barzinho em Estância, surgiu o estalo para projetar-se de vez no mundo dos negócios, trabalhando com representação e distribuição de bebidas. Conhecedor do comportamento do consumidor, entendendo os períodos de demanda e escassez do produto, surgiu então a DISBERJ – Distribuidora de Bebidas Raimundo Juliano. Foram 45 anos vivendo nessa atividade, o que lhe propeliu a empreender em muitos outros ramos de negócios, levando a uma vida empresarial de 80 anos fazendo amigos, conquistando pessoas, fazendo negócios.

Não há em Sergipe uma pessoa que não tenha tomado uma cerveja, ou um refrigerante, que não tenha passado pelas mãos, de Raimundo. Pois isso levou os negócios mais além, gerando empregos para as famílias de Sergipe, levando um nome, uma história para nosso estado. História essa que ainda brilharia mais, com a sua chegada ao comércio atacadista e distribuidor, com a Fasouto. Primeiramente levando carga para as cidades e depois uma grande diversidade de produtos para o nosso comércio. A caixa de engraxate de um menino sonhador, se tornou a realidade que transformou as vidas de milhares de pessoas que hoje trabalham nas empresas que levam seu nome como fundador. De alguns tostões para um garoto, foram gerados milhões para incontáveis famílias.

Aqui volto no tempo aos idos de 2004, quando fiz minha primeira entrevista com Raimundo Juliano, para o Jornal Povão. A primeira pergunta dele foi “Você é filho de quem?” Lhe respondi dizendo quem era meu pai. “Ah, seu pai era meu amigo! Essas orelhas enormes são iguais as de Cordeiro!” Caímos na risada. Tivemos um ótimo papo lá na Fasouto, conversando bastante sobre a história de sua vida, que realmente se mistura com a história de Sergipe.

Encontramo-nos em várias oportunidades, mas a lembrança mais marcante que tenho é de quando nos encontramos em Terra Caída, no restaurante de Pascásio. Uma garrafa de Antarctica aberta e eu brinquei com ele, dizendo-lhe que naquela idade ele não deveria estar tomando cerveja. “Como não vou beber? Eu tô aqui por causa dela”. Muitas risadas, como de costume... Aí me contou novamente um pouco da história da empresa que transformou sua vida, vendendo cerveja. Falou sobre a felicidade de estar com mais de 80 anos, mesmo com algumas limitações e sobre olhar para trás e ver como tudo começou e como sua vida se transformou. “Deus abençoe a minha caixa de engraxate.

Tudo que tenho e sou devo a Ele e a ela”.

Seu Raimundo, obrigado e até um dia...

Texto e imagem reproduzidos do site: f5news.com.br

sábado, 22 de agosto de 2020

Morre o empresário Raimundo Juliano


Publicado originalmente no site do JORNAL DO DIA, em 22 de Agosto de 2020

Morre o empresário Raimundo Juliano

 Morreu na madrugada desta sexta-feira (21) o empresário Raimundo Juliano Santos Souto, aos 88 anos, na cidade de São Paulo. O Sistema Fecomércio/Sesc/Senac lamenta a morte de um dos maiores empresários da história contemporânea de Sergipe.

Raimundo Juliano atuou na vida empresarial desde os oito anos de idade quando começou a trabalhar como engraxate para custear seu divertimento, que era ir ao cinema e aos parques de diversões. Mal imaginava ele que da pequena caixa com uma escova e um pouco de pasta surgiria um dos maiores nomes da vida empresarial da história do comércio, um dos maiores nomes da história de Sergipe. Com a caixa de engraxate se formou um empresário que atuou nos ramos de comunicação, comércio varejista, atacadista e distribuidor, comércio de veículos, combustíveis, hotelaria, construção civil e agronegócio. Seu trabalho formou um grupo empresarial que é responsável por milhares de empregos em várias cidades de Sergipe.

Sua trajetória empresarial teve em seu bojo características marcantes como a simplicidade, a alegria em fazer negócios e ganhar amigos e pessoas para sua vida. Raimundo Juliano foi caixeiro viajante, representante comercial e sempre atuou com inovação no mundo dos negócios, ainda na cidade de Estância. De um bar, veio o que lhe projetou de vez como um dos maiores empresários da história de Sergipe, a DISBERJ - Distribuidora de Bebidas Raimundo Juliano, atuando por 45 anos na atividade. Em seguida vieram as empresas Fasouto, Discar, Grande Hotel, Souto Teles Iluminação, Souto Teles Construções, Posto Riomar e os empreendimentos no agronegócio. O presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Sergipe, Laércio Oliveira, lamentou a morte de Raimundo Juliano.

"Raimundo Juliano nos deixa como legado um grande exemplo de vida, trabalho e determinação. Seu trabalho é marcado pelo espírito de coletividade, fazendo outras empresas se desenvolverem por meio da somação de forças. Um homem simples, de atitudes nobres, com vontade de vencer e uma grande sintonia com as pessoas. Isso o fez conquistar o mercado e vencer na vida empresarial, transformando uma caixa de engraxate em um negócio gigante em Sergipe. O exemplo de Raimundo Juliano é uma referência para as novas gerações, um homem de grande valor para nossa sociedade e para a história da economia sergipana. Hoje é um dia triste, pois perdemos um dos maiores homens da história comercial de nosso estado e um amigo querido", disse Laércio.

O presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, Luciano Bispo, em nome de todos os deputados estaduais, lamenta a morte do empresário Raimundo Juliano, ocorrida na madrugada desta sexta-feira, 21, em um hospital particular em São Paulo.

Por conta da pandemia da covid-19 não houve velório. O corpo foi sepultado na tarde desta sexta-feira no cemitério Santa Isabel, em Aracaju.

Texto e imagem reproduzidos do site: jornaldodiase.com.br

"Raymundo Juliano Souto dos Santos, nosso pai, acordou para a outra vida"

Pai e filho: uma imagem de afeto que sempre seguiu estes dois 
nos caminhos da vida e dos negócios

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 21 de agosto de 2020

Opinião - Raymundo Juliano Souto dos Santos, nosso pai, acordou para a outra vida   
 
Por Juliano Cesar Faria Souto * (da coluna APARTE)

Um hábito herdado de minha mãe, que consegui colocar em prática, foi o da leitura noturna. Na insone noite deste 20 para 21 agosto, estava eu lendo o famoso clássico da literatura mundial “Guerra e Paz”, de Liev Tolstoi (1828-1910) - alguns chamam-no de Leon Tolstoi - e, para minha surpresa, dentre as suas mais de 3 mil páginas, deparei-me exatamente às 3 horas da madrugada, na de número 1.173, com uma descrição do que é a morte na visão do personagem do príncipe russo Andrei.

Tomo aqui a liberdade de transcrever trechos do texto do Tolstoi: “Amor? O que é o amor? O amor atrapalha a morte. O amor é a vida. Tudo existe só porque eu amo. O amor é Deus, e morrer significa que eu, uma partícula de amor, vou voltar para a fonte universal e eterna”. 

Em sonho, o príncipe Andrei se vê num quarto rodeado de pessoas com os mais diversos afazeres e discutindo assuntos supérfluos. Aos poucos, as pessoas começam a desaparecer e tudo é substituído por uma só pergunta a respeito do fechamento de uma porta.

Andrei tenta fechá-la e “tudo” certamente depende de ele conseguir deter aquela porta. Ele emprega todas as suas forças físicas e ali está a metáfora do temor, do medo da morte: atrás da porta está “aquilo”. Aquela coisa, empurrando do outro lado, começa a abrir a porta.

Não é algo humano empurrando. Na pena livre de Tolstoi, é a morte que força a porta. Andrei agarra a porta, com suas últimas energias, e ela abre e fecha. Por fim, as duas partes da porta se abrem sem fazer ruído. Finalmente, “aquilo” entrou. E “aquilo” é a morte, essa senhora rigorosamente democrática.

Então, o príncipe Andrei conclui laconicamente: “Sim, era a morte. Eu morri - eu acordei. Sim, a morte é um despertar”. A ideia se acendeu de repente e a cortina, que até então ocultava o desconhecido, foi erguida diante de seu olhar espiritual.

Naquela leveza que não o abandonou mais a partir de então, ele sentiu como que uma libertação de energias antes presas dentro dele.

Esta cena, com a qual Tolstoi ritualiza a passagem desta para uma outra vida em seu “Guerra e Paz”, me acode solenemente nesta hora em que meu pai, Raymundo Juliano Souto dos Santos - 8 de julho de 1932/21 de agosto de 2020 - faz o “despertar” dele.

Nosso pai “acordou”, na figura de imagem do russo da minha leitura noturna herdada da minha mãe. Triste? Se há algo que pode nos confortar em tal momento esse algo é a certeza, clara, como o balançar de uma cortina, da existência da eternidade.

Sim, a certeza de uma eternidade que pode ser sentida nas lembranças, nos atos e nas lições dos grandes homens que nos deixam, como acaba de fazer o nosso pai. No caso dele, como gostava de frisar, foram “88 anos negociando e fazendo amigos”.

Aliás, essa herança de Seu Raymundo Juliano Souto dos Santos me permite até uma correção: gente como nosso pai jamais nos deixará com esse seu “despertar” de hoje. Porque, e de novo recorro ao romance russo, “morrer significa que eu, uma partícula de amor, vou voltar para a fonte universal e eterna”. Seu Raymundo Juliano inicia hoje a sua volta.

* Nesta hora, juntamente com mais Cynthia Faria Souto e Ana Suely Souto Teles, é apenas um filho de Raymundo Juliano Souto dos Santos! Vindo da cidade de São Paulo, o corpo do empresário Raymundo Juliano chegará às 17h no Aeroporto de Aracaju e de lá seguirá diretamente para o Cemitério Santa Isabel. Organizado pela Fecomércio, um cortejo de empresários deve seguir em automóveis o corpo até cemitério.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Homenagem a Raimundo Juliano (1932 - 2020)







Empresário sergipano Raimundo Juliano morre aos 88 anos

Empresário Raimundo Juliano
Foto: Divulgação

Publicado originalmente no site G1 SE, 21 de agosto de 2020

Empresário sergipano Raimundo Juliano morre aos 88 anos

A Federação do comércio emitiu nota lamentando o falecimento e destacou o legado deixado por ele durante sua trajetória empresarial.

Por G1 SE

Morreu, na madrugada desta sexta-feira (21), em São Paulo, aos 88 anos, o empresário sergipano Raimundo Juliano, do Grupo Fasouto.

Natural de Estância, ele começou cedo a vida empresarial no município. Atuou no comércio atacadista, de varejo, de veículos, agronegócio e construção civil. Também participou da fundação da loja Maçônica Piauitinga, do Clube de Lojistas e do Serviço de Proteção ao Crédito de Estância. Raimundo Juliano ainda foi presidente do Rotary Clube Aracaju-Norte.

A Federação do comércio emitiu nota lamentando o falecimento do empresário e destacou o legado deixado por ele durante sua trajetória empresarial.

Texto e imagem reproduzidos do site: g1.globo.com/se

terça-feira, 18 de agosto de 2020

AVC mata a artista plástica Cláudia Toscano


Cláudia chegou a ficar 14 dias internada

Texto publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 17 de agosto de 2020

AVC mata a artista plástica Cláudia Toscano

Vítima de um Acidente Vascular cerebral (AVC), faleceu nesta segunda-feira (17), a artista plástica Cláudia Toscano.

 Aos 70 anos, ela morreu em casa, após ter ficado internada durante 14 dias num hospital de Aracaju. Cláudia foi miss Sergipe, em 1970.

“Minha maior inspiração é a mãe natureza e tudo que nela deslumbra”, dizia a artista.

Os amigos afirmam que ela expressou a sua arte, através de temas e cores fortes, retratando sua inquietude e as dores.

Texto reproduzido do site: destaquenoticias.com.br

domingo, 16 de agosto de 2020

A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial


Imagem Acervo de Família e postada por Aida Campos no Facebook/GrupoMTéSERGIPE e migrada pelo Blog SERGIPE, sua terra e sua gente, para ilustrar o presente artigo.  Na foto FAMÍLIA CAMPOS - Os filhos de Adroaldo Campos - Dudu da Capela -  e Ocirema Alves Campos: Lealdo Lima Campos, Aldo de Jesus, Laurindo Alves Campos, Adroaldo Campos Filho, Lisaldo Alves Campos, LENALDA CAMPOS DUBOC e Lises Alves Campos — em Capela/SE - Anos 70.

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A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial

Texto Acadêmico

Documentos da 4ª Fase

“A mulher brasileira colaborava nos preparativos para a guerra através do Serviço Feminino da Defesa Passiva Civil Antiaérea, das enfermeiras da Cruz Vermelha, das Socorristas, das Samaritanas e das senhoras da Escola Técnica Social.

Quando houve o torpedeamento aos navios brasileiros na costa sergipana, abriu-se aqui o curso de ‘auxiliar de enfermagem’ para a guerra através da Cruz Vermelha, e com isto a possibilidade de participação das mulheres. Cinco sergipanas candidataram-se ao curso, mas no momento da seleção por aptidão física, apenas 03 foram aceitas para incorporação ao corpo feminino do Exército brasileiro. Seguiram para Salvador para um treinamento e a seguir foram convocadas. Já no Exército, fizeram um treinamento específico de enfermagem aérea para transporte de feridos. O treinamento era muito duro, inclusive com aulas de natação em alto mar, o que, segundo as entrevistadas, desafiavam sua coragem. Antes de seguirem para o ‘front’ passaram uma semana em Miami para novo treinamento, retornando para a base de Natal, daí sim diretamente para a Itália.

(…)

Lenalda Lima Campos (Lenalda Campos Duboc) é natural de Capela – SE e, em 1940, aos dezoito anos, foi trabalhar no Palácio Serigy, na época o Departamento de Saúde do Estado, no Serviço de profilaxia da lepra.

Em seguida, por influência de um tio, que residia em São Paulo, foi estudar no Colégio Mackenzie, onde conheceu a conterrânea Joana Simões Araújo, sua futura companheira nos serviços de Enfermagem da Guerra.

Os jornais da época e informações de familiares atribuem que a decisão de prestar serviço na guerra germinou quando ocorreu os torpeamentos dos navios sergipanos na foz do Rio Real, informação mais tarde confirmada pela própria Lenalda em entrevista de viva voz.

Ela cuidou dos náufragos naquela ocasião. Tinha 22 anos. Por ocasião da guerra fez treinamento para ‘Enfermeira do ar’, transportando os feridos da Itália para o Brasil, em viagens que duravam aproximadamente 12 horas, em condições adversas. E ainda, após chegada ao Rio de Janeiro, embarcava novamente para a base de Natal, ou para onde houvesse necessidade de transportar os feridos, para em seguida retornar à Itália.”

(…)

A Guerra acabou. Os pracinhas estavam voltando. Nas ruas do Rio de Janeiro, o desfile da vitória. O Brasil festejava a paz. As mulheres guerreiras, entretanto, recebiam apenas um ‘saudações, muito obrigado e sejam felizes. Vocês foram heroínas’ (DUBOC, 2001). Houve uma rejeição muito grande quando da tentativa que as mesmas fizeram de continuarem ligadas ao Exército. (…) A partir daí se iniciou uma outra luta em defesa dos interesses dos ex-combatentes e seus familiares (…)”

Sobre este documento:
Título: A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial
Tipo de documento: Texto Acadêmico
Palavras-chave: Tocantins Ditadura Guerrilha do Araguaia
Origem: Maria Jésia Vieira, et. al. “A mulher sergipana na Segunda Guerra Mundial”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. N° 34, 2003-2005, 223-234. http://www.ihgse.org.br/revistas/34.pdf
Créditos: Maria Jésia Vieira

Texto reproduzido do site: olimpiadadehistoria.com.br

sábado, 15 de agosto de 2020

Ator sergipano morre no Rio


Publicado originalmente no site DESTAQUE NOTÍCIAS, em 13 de agosto de 2020

Ator sergipano morre no Rio

Lino Corrêa era sobrinho-neto do jornalista lagartense Joel Silveira

O artista lagartense Lino Corrêa morreu, nesta quinta-feira (13), em decorrência de uma parada cardíaca.  Segundo a irmã dele, vereadora Emília Corrêa (Patriota), o ator “vinha lutando bravamente contra um câncer. Lino era um homem íntegro e amigo”, frisou. A Câmara Municipal de Aracaju decretou luto oficial por três dias em memória do “ator, escritor, jornalista e dentista”. Era assim que Lino gostava de se apresentar.

Filho do saudoso empresário lagartense José Corrêa Sobrinho, o artista morava no Rio de Janeiro há 38 anos. Sua carreira como odontólogo, iniciada em Sergipe, continuou no Rio, mas foi lá onde ele pulou de cabeça nas artes cênicas, atuando em peças teatrais e participando de minisséries, novelas, cinema e programas de humor. Lino Corrêa também é autor dos livros “Dez Vidas, Meu Olhar Sobre Elas” e “Dez Homens de Vanguarda”, obras em que homenageia dez importantes personalidades, entre homens e mulheres, que fizeram história no Brasil.

O sergipano Lino Corrêa chegou ao Rio de Janeiro em 1982, para fazer um curso de especialização em Periodontia.  O dentista decidiu ficar. Foi modelo, ator de fotonovelas, ator de novelas, jornalista e escritor. “Escrevo desde a adolescência. Sobre turbulências”, relembra Corrêa, que continuou dentista porque “gosto e ajuda a pagar as contas”.

Sobrinho-neto de Joel Silveira

Sobrinho-neto do repórter Joel Silveira, um dos maiores expoentes do jornalismo brasileiro, Lino Corrêa indica um livro do tio-avô para Literatura é bom pra vista. “Chama-se Dias de Luto e conta a saga de nossa família Corrêa Silveira. A obra de meu tio-avô Joel Silveira me tocou profundamente. Aprendi com aquele homem por que a literatura é capaz de abrir nossa mente. A gente viaja sem passagem e, ao mesmo tempo, a gente se conhece internamente”.

Texto e imagem reproduzidos do site destaquenoticias.com.br

Morre artista lagartense Lino Corrêa

Lino Corrêa

Publicado originalmente no PORTAL LAGARTO NOTÍCIAS, em 13 de agosto de 2020

Morre artista lagartense Lino Corrêa
Por Marcos Peris

Morreu na manhã desta quinta-feira (13), o lagartense Lino Corrêa, 61 anos, irmão da vereadora por Aracaju, Emília Corrêa e filho do saudoso empresário, José Corrêa Sobrinho.

Lino Corrêa era ator, escritor, odontólogo e jornalista, e segundo familiares o mesmo vinha lutando bravamente contra um câncer, mas infelizmente, em decorrência de uma parada cardíaca acabou não resistindo.

O ator morava no Rio de Janeiro há 38 anos.

O diretor do Portal Lagarto Notícias, Alexandre Fontes, lamentou a morte do conterrâneo lagartense. “Lamento a morte do amigo, conterrâneo e colega escritor Lino Corrêa. Externo os meus pêsames aos seus familiares nas pessoas dos amigos Matheus Corrêa e Emília Corrêa. Lino era filho do saudoso José Corrêa Sobrinho. Conheci Lino no ano de 2015, quando na oportunidade gravamos juntos o Programa Terra Serigy, da TV Sergipe. Descanse em paz, amigo”, escreveu Alexandre, que também é escritor e historiador.

A Câmara Municipal de Aracaju (CMA) decretou luto oficial de 3 dias.
  
Lino com Alexandre Fontes em 2015

Texto, imagem e vídeo reproduzidos dos sites: lagartonoticias.com.br e youtube.com

Em 2015, o programa Terra Serigy da TV Sergipe, contou a história de Lino Corrêa.

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

"Amaral encontra Cleomar", por Marcos Cardoso

Foto: Márcio Garcez

Publicado originalmente na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Marcos Cardoso, em 6 de agosto de 2020

Amaral encontra Cleomar
Por Marcos Cardoso

Assim que se abriu para ele o jardim dos justos, Amaral Cavalcante avistou pessoas que lhe pareciam familiares e ali perto um homem de barba grisalha numa cadeira de rodas folheando calmamente um livro.

- Cleomar! - acenou o poeta, vendo que o baiano lia uma antologia de Drummond.

- Negão! – alegrou-se o amigo cadeirante. - Estava te esperando...

- Você sabia que eu vinha?

- Fernando Sávio passou por aqui e espalhou a novidade.

- Fernando Sávio? – Amaral quase gargalhou, emendando com uma lembrança: - Quando lançamos em 1981 o Folha da Praia, Fernando Sávio era o nosso principal articulista, a novidade literária que orientou a empreitada por uma nova linguagem jornalística em nosso meio. Mas a sua mais inesquecível qualidade era a elegante malandragem, a entrega absoluta aos prazeres da vida; estas coisas que nos fazem eternamente amados e saudosos, porque nos mantêm na lembrança das ruas; elas que, verdadeiramente, detêm o poder de nos acenar com certa imortalidade. Fernando Sávio Brandão de Oliveira era, sobretudo, um boêmio consciente da sua genialidade, um homem emocionado com a própria capacidade de alumbramento, um escritor completo de humoradas convicções, um letrado de bem com a sua escrita e um amigo bom pra caralho! – Percebendo o que acabara de falar, censurou: - Soltei um palavrão. Pode?

- Aqui pode quase tudo, à exceção daquilo que mais nos deleitava, os prazeres da carne, a mesa farta e o álcool que nos fez homens felizes. Mas obrigado a você, Ilma Fontes, pelo teu estandarte de luta, por ter me mostrado, junto com Fernando Sávio, os caminhos aracajuanos que me guardaram, com zelo – respondeu Cleomar, em forma de oração.

Amaral pôs-se a falar: - A casa de dona Jenny, mãe de Ilma Fontes, era o nosso providencial aparelho. Mesa farta, sergipana, o belo cuscuz guarnecido, ora jabá, ao ovo estrelado em manteiga da terra para começar. O pão tostado na chapa, os biscoitinhos de fubá desmanchando na boca e a alva macaxeira com fiapos de lombo! Comer tão bem nos incitava à subversão, tramada sempre para depois do rango, que ninguém é de ferro!

Pensativo, Cleomar manteve-se contemplando os sergipanos: - Em minhas andanças de vida encontrei momentos difíceis e foi bem pesado saber administrá-los. Em compensação, essa mesma vida me propiciou momentos em que tudo valeu a pena. Depois de ter percorrido os caminhos do jornalismo intenso, nunca imaginei que justamente na terra que adotei de coração e pela qual sou visceralmente apaixonado, Sergipe, fosse ser alvo de algumas homenagens que até hoje, só em lembrar, provocam um aquecimento bem morno no meu coração.

- Amaral concordou lembrando de uma tarde vivida pelos dois: - Quando fui visitá-lo, acolheu-me uma mãe heráldica, cabelos brancos, em coque elegante, olhar percuto, postura juvenil: “Cleomar se acordou agora, mas ainda não quis sair da cama...” Saquei na hora. Nessa tarde modorrenta de sexta-feira, Cleomar mandara tudo à puta que o pariu e recolhera-se à lascívia dos lençóis, curtindo o cheiro do próprio corpo nu, desobrigado do fastio das “boas-tardes” protocolares e do cafezinho insosso na repartição. A visita foi curta, mas vi o que me interessava: um fauno saltitante em sua relva memorial, soprando na flauta a canção do seu destino. Absolutamente pagão e belo.

- Cleo fez um sorriso quieto de quem esconde um segredo prestes a revelar: - Com um giro lento de cabeça, ousei encarar a face da loba que resolvera chegar ao começo da madrugada uivando baixo e trazendo-me uma certa perplexidade gerada por aquela voz quente, rasgo de noturno verão, cheiro de doce perigo no ar. A mulher, quando é resolvida, fruta madura, sabe ter a esperteza da loba e sabe sobreviver sem matilha. – E prosseguiu, lascivo: - Nas madrugadas de amor e paixão, saber colher o fruto do suor amigo como o apanhador no campo de centeio. Visitar, como um velho viajante, planícies e dorsos da mulher amada. Palmilhar os quadrantes espalhados na pele morena da menina amada. Lembrar que a tua amada não sua: orvalha.

- Amaral revirou os olhinhos e suspirou como se ainda estivesse aqui: - Os cheiros guardam a senha da minha libido. É num sovaco exalando o fortum do sexo que eu gosto de descansar após o coito. Fico, ali, respirando o cheiro amante, como que revivendo o prazer da conquista, guardando na memória a mais secreta identidade do corpo amado no cheiro do suor compartilhado. Gosto de me enfiar sob lençóis para sentir o cheiro do meu corpo ou de apodrecer dois dias sem banho para curtir o azedume dele em podridões e ocultas putrescências. De vez em quando, nas mais assépticas ocasiões, cheiro disfarçadamente o meu sovaco para aferir se inda sou eu que estou ali.

Riram, alegres e infantilmente!

- O olfato, seguramente, é um dos sentidos mais marcantes na história de cada um – observou Cleomar. Parou pensativo e lembrou que o recém-chegado poderia trazer novidades: - Quero o chicote do salitre raivoso da maré de março estalando no lombo gorduroso dos que se envolveram em contas fantasmas e, hoje, espalham seus glúteos fartos nas cadeiras inquisitoriais das CPIs brasilienses enquanto tentam justificar as falcatruas cometidas contra o erário público!

Mas a lembrança do salitre desviou o pensamento de Amaral foi para outro assunto: - Minha tia Luizita morava na Praia Formosa, numa casinha deliciosa, com varanda para as croas, que se formavam na maré baixa, assim de maçunins e gorés. Do quintal delimitado por uma cerca de varas, via-se um imenso manguezal, de lama escura, quase sem vegetação, que se estendia até um sítio de manjelões, lá longe, onde depois construíram o Batistão. Foi lá que eu conheci o mar em companhia dos meus irmãos.

Cleomar quis voltar ao assunto: - A praia, que era Formosa, escurece suas águas e o cheiro fétido dos restos da “civilização” entristece as águas do rio. Pelo canal Tramandaí, dia e noite, todos os dias, a grande ameaça se expande, sem controle, sem alarde e, enquanto os automóveis circulam pela cidade de Aracaju e os empreendimentos imobiliários anunciam seus lançamentos em jornais e emissoras de TV, o rio sente um cansaço adormecer suas águas.

Amaral insistia com outras lembranças: - Queria viver perto do mar! Transferir-me para o sem fim da praia e escancarar-me ao sol da Atalaia. Queria deixar o mormaço da cidade, com suas ruas bêbadas de piche. A maresia grudada nos cabelos, mergulhar toda manhã sete ondas rasteiras, orando ao sortilégio da imensidão. Viver perscrutando o mar que banha a humanidade. Esse mundão de água e valentia, esse lugar de ninguém. Do mar, eu queria o sal da vida. Eu vivia bem em casa e o mar era meu moleque de recados:

- Vai ali à África levar notícias de mim. Ele ia.

- Corre, vai pegar um caramujo de sol, que eu quero assoprar. Ele pegava e voltava estrondando mundo aos meus pés: meu cão de espumas.

Cleomar: - Quem sabe, assim, a ira dos oceanos nos ajude a exterminar de vez os chacais e hienas mutantes que roubam e tentam se cobrir com o manto da impunidade perigosa.

Amaral recordou-se do menino de Simão Dias: - O mar, tão incompreensível para mim, ainda era uma quimera desconhecida e distante. – E reconheceu-se rebelde ao descobrir outras praias: - Era só descer do ônibus no terceiro ponto da praia 13 de Julho e embarcar nas canoinhas de tábua até o outro lado. O Colodiano, território sem incômodos da lei, oferecia maconha livre e grandes baratos. Era o território livre da contracultura dos anos 1970, bem ali, pertinho dos bem-bons da cidade, mas distante da repressão que nos incomodava.

Cleomar: - É assim que te guardo, Aracaju, compartilhando de cada momento vivido, de cada amanhecer que te visita, como se marcasses no coração da gente uma cumplicidade definitiva dos que te amam.

Amaral: - Algo noturno fez da minha cidade uma aldeia do mundo, eis que ficamos assim, simão-dienses. Ainda hoje, quando sonho com a casa onde nasci, é na cozinha onde a minha saudade vai parar. É lá onde reencontro a família cuidando de prover, com os cheiros do cominho e da hortelã miúda, a memória do meu paladar.

Cleomar lembrou de algo que um dia escreveu: - No intervalo da digestão, cada homem terá o direito de ler os versos de Thiago de Melo, ouvir sua música preferida, quem sabe até receber no rosto a visita de uma brisa da tarde com cheiro de manhãs esperadas.

Amaral: - Minha mãe Corina quis transformar aquela casa em hospedaria. Acho que vem daí, da compartilhada habitação na minha casa ancestral, a capacidade de conviver com pessoas diversas, a respeitar o espaço dos outros, a servir — com dignidade — aos que me solicitam e, principalmente, a me tornar transitável.

- E o que o poeta andava fazendo ultimamente?

- De tardinha, costumava ir ao sorvete. Botava um calçãozinho leve, pós-moderno, uma camisa churriada, que eu mesmo reabilitei aparando as mangas. Gosto delas assim. Dá um tom de bofeca-mas-não-tanto, que me delicia. E ia, luxento e faceiro, a meu Clair de Lune.

- Boêmio que é boêmio não vai somente a um bar um tempo inteiro. Caso aja assim, corre o risco de fazer parte da paisagem ou então se tornar referência do local.

Amaral prosseguiu: - Arquibaldo, também chamado, no Colégio Agrícola, de “Sarrabuio do Cão”, me descobriu lá. Inda me fiz de manco, numa retirada infeliz, que não deu certo. Ficamos, então, na sorveteria, frente a frente, pela eternidade de dois suspiros, até que Arquibaldo me fitou com a meiguice juvenil, que eu julgava perdida: — Tonho, eu me lembro sempre de você. E tocou, como um anjo remido, a minha infame cabeleira branca. A lua inchou em busca de horizontes e eu fui pra casa ouvir Debussy. A vida me queria bem.

- Vamos chegando – atalhou Cleomar e seguiram. À frente, avistaram Fernando Sávio e Barrinhos rindo com Hilton Lopes dizendo cocoré-bico-de-pato. Próximo, estava Araripe Coutinho declamando em voz alta o último poema e ouvido com emoção por Ezequiel Monteiro, Santo Souza, Joel Silveira, Hunald Alencar, Antonio Carlos Viana e Luiz Antonio Barreto.

Amaral lembrou-se do que disse certa vez sobre o mais culto dos jornalistas: - Luiz Antonio Barreto é uma ponte sólida entre a intelectualidade empedernida das academias e o batente fogoso da vida artística. Um elo (creio que insubstituível) entre a realidade cultural sergipana e os alfarrábios da história. Um homem que perseguiu a boniteza da vida com elegante nobreza e se findou respeitado pelo que acertou na vida. Mestre Luiz, guarde-me uma cadeira no cafezinho do céu.

Nem percebeu que atrás deles já vinham José Fernandes e Edgar do Acordeom se dirigindo a Ismar Barreto, que dedilhava um violão e era fotografado por Sidney Leite.

Assim é o céu.

*Citando por inspiração os livros “Os segredos da loba” (2009), de Cleomar Brandi, e “A vida me quer bem – Crônicas da vida sergipana (2019), de Amaral Cavalcante.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Marcos Cardoso

domingo, 2 de agosto de 2020

O Construtor João Alves, por Marlene Alves Calumby


Publicado, originalmente, na Linha do Tempo do Perfil no Facebook de Marlene Alves Calumby Calumby, em 01 de agosto de 2020

O Construtor João Alves *

João Alves veio de baixo. Fez o seu pé-de-meia empresarial com muito esforço e sacrifício. Não se vendeu nem se trocou. Não corrompeu, nem foi corrompido. Milhares de aracajuanos gozam da felicidade de possuir a sua “casinha” graças a benevolência de João ao seu estímulo, facilitando o empréstimo, os juros e, até a “entrada” para aquisição do imóvel desejado. Nunca tomou a casa de ninguém só porque atrasou o pagamento das prestações.

Era um sonhador nato, certa vez sentado a tardinha na amurada que circunda a pequena praça no alto da colina do Santo Antônio, braço sobre os ombros do seu primogênito João Alves Filho, de braço estendido apontava pontos distantes daquele belo panorama, que ia do verde forte, que revestia a linha do horizonte como um invólucro por quilômetros, até alcançar o azul pálido do mar, lá bem distante onde a vista mal conseguia distinguir. E o garoto sonhava a certeza do pai, que garantia: “esta cidade meu filho é do mar e vai crescer muito em direção às praias”.

Foi na Rua Divina Pastora, nos idos da década 40, que João Alves começou uma atividade que iria desenvolver por mais de 50 anos em Aracaju. Construiu ali sua primeira casa e, logo em seguida, outra residência, na rua Oliveira Ribeiro. Enquanto isso, no bairro Santo Antônio, na Rua do Carmo ergueu com as próprias mãos, tendo como auxiliar de pedreiro (que era ele mesmo) D. Lourdes, cuja parceria era preciosa; João preparava a masseira e quando o assentamento dos tijolos chegava a uma certa altura, ele subia numa pequena escada de madeira, feita por ele mesmo com caibros, enquanto sua companheira trazia a massa em pequenos baldes.

D. Lourdes ajudou também na entrega dos caibros, ripas e azulejos, ripas e telhas que foram colocados na casinha do casal. E, claro, teve a comemoração tradicional da “festa” da cumeeira. Foi ali que João construiu família. A casa era simples, mas era para ele um relicário. Tudo era novo.

Casinha de tijolos, com massa de cimento 3 por 1, masseira bem feita, tudo no capricho. Seria o lar da sua família. Testada de platibanda, janelão, corredor, até a sala de jantar, copa e cozinha, com os quartos na extensão do corredor. Era o luxo da simplicidade, costuma repetir.

Lembrar que era comum o veículo do DER ir até a sua casa, por ordem do Engenheiro José Rollemberg Leite (que anos depois seria governador do Estado) para as viagens que fazia pelas estradas do interior. A garotada da vizinhança e os filhos ainda pequenos ficavam alvoroçados e faziam algazarra enquanto se acercava do veículo, porque não era comum veículo circular por aquelas bandas.

O engenheiro-chefe gostava da maneira eficiente como João anotava todos os itens que seriam utilizados na realização destes ou daquele tipo de obra, estabelecendo a quantidade dos materiais e tipo dos serviços a serem feitos, registrando os dados relativos ao tempo de operações de máquinas, retroescavadeiras e tratores, como, também, o material de construção, tipo cimento, areia, água, enfim, tudo que deveria ser requisitado ao DER para ser conduzido até o local onde a operação seria realizada (recuperação de estradas, aberturas de novas estradas, pontilhões, pontes, etc.).

Enquanto o funcionário do DER, serviu-lhe como base para a profissão a qual se dedicaria por mais de 50 anos: a construção civil.

Desde que começou a construir casas e residenciais em Aracaju, João adotou em sistema muito bem planejado. Com a facilidade que tinha de projetar o orçamento para casa que iria construir, inicialmente por encomenda, a construção civil sempre foi para ele um jogo de xadrez que já começava com xeque-mate devidamente traçado no seu tabuleiro mental.

João era um construtor por devoção, por amor à arte. Além de ter transformado a cidade inteira numa autentica tábua de pirulitos, pontilhando ruas, áreas e bairros com construções da sua autoria - no caso das transversais “Estádio Lourival Batista”, a partir da própria rua do Cedro, lateral do “Instituto “Parreiras Horta”, implantou um estilo moderno de “bangalôs” determinando no levantamento de mais 300 casas, um novo estilo de habitação para as famílias classe média de Aracaju.

Depois de ter começado a construir casas e a sentir que iria dedicar sua vida a essa missão, João Alves, já me 1946, registrou firma individual para dar um cunho oficial a suas atividades. Em 1953, o volume de obras realizadas, merecedora da aceitação popular, levou a construir uma firma sob a dominação de Construtora Alves LTDA – CAL, empresa que se tornaria durante meio século a principal responsável pela urbanização de Aracaju. O envolvimento de João Alves com o progresso social, em decorrência, de estimulo à economia, foi marcado por obras que perenizaram seu pioneirismo na construção civil.

Quando o Bispo de Aracaju, D. Fernando Gomes, promulgou uma campanha para retirar do centro de Aracaju núcleos e favelas que cresciam à medida que a cidade evoluía, o apoio do então governador Arnaldo Garcez foi direcionado para que João Alves participasse do grandioso programa de erradicação das favelas que contaminavam o centro da capital sergipana – dentre outros, a volumosa concentração de miséria e prostituição que, com todos seus malefícios, imperavam na região conhecida como “Ilha das Cobras”, nas proximidades da Praça Sta. Izabel, bairro Santo Antônio.

É daquela época a construção do Conjunto Residencial “Agamenon Magalhães” com mais de 200 casas populares, obediente a um modelo que atraiu as atenções de faixas da população mais abonada que, aos poucos, foi adquirindo da aqueles imóveis dos seus primitivos proprietários.

A visão expansionista do Construtor João Alves não se limitou a obras subvencionadas pelo poder público – como ocorreu com o financiamento através da COHAB para construir o Conjunto Habitacional “Castelo Branco”, com 381 unidades – pois, com recurso próprios ergueu Conjunto “Amintas Garcez”, este com 500 bangalôs e o Conjunto João Alves, com 700 casas, ou, ainda, a construção de várias centenas de casas em diferente ruas e bairros de Aracaju.

Qualquer espaço em qualquer lugar era o tamanho exato da febre de construção que engolfava João Alves. Começou partindo do zero, fazendo argamassa e fixando tijolos, multiplicando tempo para alcançar resultados, marcando presença com competência. Foi nesse ritmo incessante que construiu casas em quase todas as partes de Aracaju.

O Construtor João Alves era um apaixonado por automóveis e tinha sempre um “ponta de linha” em sua garagem. Era o seu “hobby”.

O carro de chapa “17-17” de propriedade do Construtor João Alves tornou-se uma verdadeira lenda em Aracaju. Mesmo quando adquiria um veículo novo, sempre conseguia manter a mesma chapa “17-17”. Sozinho ou sempre bem acompanhado, homem de muitos amores. As incontáveis aventuras que lhe foram atribuídas, e sobre as quais nunca procurou dar explicações, levaram o seu nome a ser equiparado ao nível igual superior ao do incansável Don Juan, de lendários contos eróticos famosos em todo mundo.

Meu pai, João Alves Construtor pioneiro de uma obra transformadora de Aracaju dos primeiros anos em uma cidade moderna, interligando ruas e avenidas, em cuja extensão as centenas e centenas de casas que o empreendedorismo de sua visão única tornou possível.

Antes da implantação do Banco Nacional de Habitação pelo Governo Federal. O Construtor João Alves, com sua visão empreendedora extraordinária e humanista, criou um sistema de financiamento na sua Construtora, com centenas de clientes que tinham suas residências financiadas, por até 10 anos, com pagamentos mensais fixos. Nunca se ouviu falar de pressões por ele exercidas contra a qualquer um dos adquirentes de suas moradias, por inadimplência. Costumava dizer: “mais vale o pior acordo do que a menor briga”... e, tudo se resolvia após uma breve conversa amigável.

  Quando as enfermidades levaram o Construtor João Alves a buscar assistência médica, ele tomou conhecimento de situações aflitivas de doentes renais que não podiam arcar com os custos de operações de transplante que lhes salvariam a vida. Sigilosamente, ele assumiu esses encargos de vários pacientes, pessoas que sequer conhecia. 

Aracaju, sob a ação progressista de sua visão empresarial especial e obstinada, antes bucólica, passou a ser uma cidade moderna, apta a se transformar numa das mais belas do Nordeste.

O construtor João Alves construiu casas, teve filhos e sonhos. Nunca se deixou abater por seus problemas, se deixava conduzir por seus sonhos. Seu mais precioso se concretizou em 1965 quando seu primogênito João Alves Filho conquistou o título acadêmico de Engenheiro Civil graduado pela Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia. Cristalizada estava uma das suas grandes metas.

Que mais posso desejar? Ter meu filho ao meu lado na Construtora Alves Ltda-CAL! E por alguns anos dividiram seu comando.

Duas características do seu pai atraíam o jovem João Alves Filho: sua atitude tranquila e seu olhar firme, independentemente da situação em que se encontrava. Ele sabia que as lições mais importantes e duradouras vêm das estradas difíceis. Seu pai não sabia falar difícil, mas tinha graduação na Universidade da Vida, era a única pessoa em sua vida que parecia ter sempre uma resposta.

Com esta certeza veio a resposta positiva e o apoio, em julho de 1970, mês de aniversário do pai e filho, nasce a HABITACIONAL CONSTRUÇÕES, um novo estilo na arte de morar.
E a saga da família Alves se pereniza.

Como dizia o Construtor João Alves, meu pai e ídolo, “quando descanso, carrego pedras”. Que assim seja, Deus lhe dê o descanso merecido!

* Marlene Alves Calumby - Membro da Academia de Educação e de Letras de Sergipe.

**Publicado no Jornal Correio de Sergipe de 01.08.2020, Edição Especial

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Marlene Alves Calumby Calumby