segunda-feira, 17 de junho de 2019

Memórias de Aracaju – Bodegas, de Expedito Souza


Publicado originalmente pelo blog ACADEMIA LITERÁRIA DE VIDA, em 8 de junho de 2019

A Propósito de Memórias de Aracaju – Bodegas

Por Sandra Natividade *

Obra: Memórias de Aracaju – Bodegas
Autor: Expedito Souza, Aju/SE. (2019)
206 páginas
Impressão: Sercore Artes Gráficas Ltda.

Agradável, envolvente é assim que classifico o talentoso escritor Expedito Souza, autor de Memórias de Aracaju – Bodegas, por certo o mercado editorial sergipano se tornou mais rico com produção tão significativa lançada dia 31 de maio de 2019, às 19h30, no Hotel Sesc - Orla de Atalaia - local que abriga uma das mais belas praias do nordeste brasileiro. Nesse memorial, tão especial, o autor faz uma anamnese descrevendo, identificando seus proprietários e até mesmo alguns clientes em sua grande maioria conhecidos nas áreas política, econômica e outros nem tanto, são cidadãos do povo, gente simples, mas consumidores regulares, de caderneta e tudo o mais.

A propósito, as bodegas eram um negócio em potencial que oxigenava o mercado atacadista aqui em Aracaju e alhures, os pequenos bodegueiros iam buscar suas compras in loco outros mais avantajados, os atacadistas, o serviam entregando suas encomendas pontualmente, não deixando que esses estabelecimentos faltassem à freguesia. Embevecida na leitura me detive na página 88 sob o título “De mascate a auditor e radialista” conta o autor, a história de uma mocinha, Priscila, de dezesseis anos, que se descobriu grávida lá para as bandas de Pernambuco, seu estado natal e com receio da reação dos pais fugiu, refugiando-se na residência de uma tia no Recife. E lá passou pouco tempo, a experiência não foi das melhores; saiu apenas com uma muda de roupa e a barriguinha já aparente. Pernoitou na rodoviária e dia seguinte - conta o autor- que a jovem adentrou num ônibus, sem destino, sentou ao lado de uma senhora que residia em Maceió, conversaram no percurso e a senhora a convidou para trabalhar em sua casa e de pronto ela aceitou.

 Foi muito bem tratada e lá Mizael, seu filhinho nasceu. Após três anos os dias ali estavam contados, um incidente provocado pelo filho da patroa que se mudou com a família para a casa da bondosa senhora, criou mal-estar acontecimento que a fez sair do lugar que lhe propiciou ter e criar o filho. Por providência Priscila mudou-se para Aracaju (de onde nunca mais saiu) e aqui encontrou logo na rodoviária uma senhora, d. Eunice, que a acolheu com orientações. Morou numa vila de quartos na Rua Divina Pastora e por indicação da d. Eunice foi trabalhar na residência do doutor Pedro Braz e professora Josefina Braz. Mizael sempre aplicado nos estudos concluiu o curso primário no Grupo General Valadão instituição onde recebeu a Medalha de melhor aluno da turma, contudo não descuidava de ajudar a mãe, vendendo frutas na feira como também fazendo alguns mandados dos feirantes do mercado de Aracaju.

Entra nesta história a bondosa professora Josefina Cardoso Braz, minha confreira na Academia Literária de Vida, sodalício criado pela abnegação de educadoras de escol, lideradas pela ilustre e saudosa Maria Lígia Madureira Pina. A professora Josefina foi fada madrinha de Mizael e de sua genitora, ela levou o menino na Escola Industrial de Aracaju onde o matriculou, mais tarde, submetido ao exame de admissão, passou e fez o curso de Tipografia, estudando em tempo integral, sempre bastante desenvolto trabalhou na Rádio da escola como controlador de som. Ao concluir o curso de Tipografia, matriculou-se em Contabilidade. A situação da pequena família melhorou: o rapaz comprou uma casa com uma bodega na frente para que a genitora descansasse um pouco do labor diário como doméstica. O rapaz conseguiu emprego numa fábrica localizada no interior do Estado, ajudante de limpeza era o cargo. Mizael era obstinado e perspicaz chegou a diretor financeiro, como também auditor de todas as empresas do grupo, instaladas no país. Após sua aposentadoria, Mizael foi indicado membro do Conselho Consultivo do grupo empresarial. A história termina com Mizael diretor de uma emissora católica. Esta em especial é uma das setenta e oito histórias que ilustra Memórias de Aracaju – Bodegas, do habilidoso Expedito Souza, filho de Riachão do Dantas/SE, escritor, experiente profissional da área econômica, festejado professor universitário.
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* Sandra Natividade - cadeira n.12 Da Academia Literária de Vida e Membro da Academia de Letras de Aracaju, cadeira 19. 

Texto e imagem reproduzidos do blog: academialiterariadevida.blogspot.com

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Shopping Peixoto completa dois anos...

Empreendimento ocupa 82 mil metros quadrados e possui 120 lojas

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 06 de Junho de 2019

Shopping Peixoto completa dois anos e se consolida como referência de uma Itabaiana

Por Maria Tereza Andrade (Coluna Política & Negócios) *

O Shopping Peixoto completa no próximo sábado, dia 8 de junho, dois anos de funcionamento. Com 120 lojas, 80% delas ocupadas, o empreendimento é algo de que a maior cidade comercial do Estado de Sergipe necessitava: um espaço primoroso e aconchegante, com um pé-direito que dá gosto, bem ao estilo dos que “pensam grande”.

O sucesso do empreendimento é a confirmação de que um centro de negócios desse tipo já se fazia mais do que necessário para a região Agreste sergipana - e faz jus ao primeiro nome da cidade que o abriga, que nasceu sob o manto de Itabaiana Grande.

O Shopping Peixoto chegou e se incorporou à tradicional cultura comercial de Itabaiana pelas mãos e pelos ideais de Manoel Messias Peixoto, um homem simples, empreendedor, que gosta de trabalhar - e muito, chegando 12 horas por dia - e que quer a sua Itabaiana, sim, sempre entre os grandes.

Esse zelo pela sua terra e pelos bons negócios está na essência e no DNA dos itabaianenses, um povo empreendedor, solidário e com uma pitada de muita graça. Exatamente como Messias Peixoto, sisudo nem de longe. Ele é autor, por exemplo, de "Piadas - A arte de divertir sorrindo”, livro de 160 páginas que reúne boas anedotas, e por via do qual e de outros aprontes culturais ele chegou à Academia Itabaianense de Letras, ocupando a cadeira 4, cujo patrono é o próprio pai, Bartolomeu Peixoto.

COMÉRCIO E SERVIÇOS

Piadas que esse empresário reserva para os livros e para uma boa roda de conversa. Quando o assunto é o Shopping Peixoto, não tem espaço para brincadeira. Esse equipamento é uma instituição que Messias, a comunidade itabaianense e todo o Agreste sergipano levam bastante a sério.

Ao todo, o empreendimento ocupa 82 mil metros quadrados, dos quais 48 mil metros quadrados são de área construída, contando com lojas e estacionamento. Além dos vários segmentos lojistas, o Shopping Peixoto oferece serviços para o consumidor. Tem centro médico, espaço do Departamento Estadual de Trânsito - Detran -, Centro de Atendimento ao Consumidor – Ceac -, academia de ginástica, praça de alimentação, cinema e rede bancária – Banese, Caixa Econômica Federal (lotérica) e Banco do Brasil (cash).

O segundo shopping do interior de Sergipe possui ainda quatro lojas-âncoras: Americanas, Le Biscuit, Supermercado Peixoto e o ativo CineLaser. Gera mil empregos diretos. Segundo Messias Peixoto, existem planos de expansão, mas não agora – e por motivos que todos sabem de cor. “O momento atual exige prudência”, avalia o empresário. “Além disso, esse tipo de negócio necessita de um tempo de maturação de quatro a cinco anos. Mas estou muito feliz, colhendo os frutos que imaginei”, comemora Peixoto.

Manoel Messias Peixoto: feliz, colhendo os frutos que imaginou

Felicidade que é visível também quando Messias fala da família. Pai de Tatiane, Taiane, Taina e Tanisson, o empresário é casado há 39 anos com Gicélia, a primeira namorada. Todos o ajudam a tocar os negócios, que inclui ainda um supermercado no Centro de Itabaiana, além do que fica dentro do Shopping. O supermercadismo é um ramo da economia, aliás, que despertou o interesse de mais membros da família Peixoto.

Outros três irmãos dele têm supermercados: Comercial Peixoto, Irmãos Peixoto e Nunes Peixoto - este também com uma filial em Nossa Senhora da Glória. Essa é uma fronteira – a do espaço para além de Itabaiana - que Messias Peixoto não tem interesse em romper.

“Não, hoje não temos essa pretensão. Há muito tempo já tive um supermercado em Carira, mas agora não pretendo sair daqui. Houve várias cidades - e até Estados - que nos convidaram e nos ofereceram vantagens, mas não temos esse interesse. O momento atual, inclusive, não é oportuno para expandir os negócios”, avalia o itabaianense nascido no povoado Cajueiro.

ORIGEM NA TERRA

Falar sobre a origem, o pai e a mãe, é outro assunto que emociona Messias Peixoto. Do pai, Bastos Peixoto - Bastos é uma corruptela de Bartolomeu - não foi com quem surgiu a veia comercial da família. Foi com o primo Miguel Peixoto, dono de um armazém que “tinha de tudo” e com quem trabalhou.

Da mãe, Maria Peixoto, lembra – e preserva – a religiosidade, a comunhão e a solidariedade. “Minha mãe sempre dizia que era importante partilhar. Todos os dias ela reunia todos diante de um oratório, às seis horas da noite, e rezávamos. Havia um tipo de homilia familiar, uma minipregação na qual minha mãe ensinava o bem que é a partilha”, relembra o empresário.

“Minha mãe sempre instigou, recomendou e até exigiu a partilha de tudo que você tem. Porque feliz de quem distribui seus bens com alegria”, complementa Messias Peixoto. A lição foi bem aprendida e a família mantém viva a tradição de realizar ações e projetos sociais.

Além dos negócios, o envolvimento com a comunidade local é algo que Messias Peixoto também parece fazer com muito gosto. É membro do Rotary Club de Itabaiana, do qual foi presidente de 1996 a 1997, e foi governador do distrito rotaryano Sergipe, Bahia e Alagoas, entre 2011 e 2013.

“GRÃO DE AREIA”

“Nessa época, fomos o campeão brasileiro do Rotary. Imagina, ganhamos de Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul”, relembra, com orgulho, Peixoto. O empresário ainda presidiu a Câmara de Dirigentes Lojista de Itabaiana - CDL -, entre 2007 e 2010, e a Associação Sergipana de Supermercados - Ases -, entre 2003 e 2004.

E pensa você, leitor, que toda essa trajetória vitoriosa que Messias Peixoto construiu o envaidece? Não. Para ele, o mundo dos negócios está além da sua serra, mas fincada na sua terra. “Somos um pingo de água diante desse oceano. Se você for comparar, somos um grão de areia em referência a uma montanha”, diz ele.

Será? Bem, a Coluna Política & Negócios reservou esse espaço para contar a história de mais um sergipano empreendedor, que movimenta a economia do Estado. E parabenizar o Shopping Peixoto, para o qual todas as velas serão acessas nesse sábado.
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Maria Tereza Andrade é jornalista, graduada pela Unit em 1995, com experiência em veículos de comunicação em Sergipe e no Brasil. No JLPolítica é gestora de Relacionamento.

Texto e imagens reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Apolônio Xocó: um cacique, um representante de um povo, um guerreiro!

Foto Arquivo UNIT, reproduzida do site nenoticias.com.br e postada pelo blog SERGIPE...

Texto publicado originalmente na Coluna Aparte do site JLPOLÍTICA, em 05 de Junho de 2019

Apolônio Xocó: um cacique, um representante de um povo, um guerreiro!

Por Luiz Eduardo Oliva*

Recebi, com pesar a notícia da morte do amigo cacique Apolônio Xocó da única tribo indígena sergipana que resistiu ao massacre físico e cultural dos primeiros povoadores do território sergipano.

Quando fui secretário de Estado dos Direitos Humanos, tive em Apolônio Xocó uma referência da questão indígena sergipana na luta por políticas públicas da promoção da igualdade racial. Ali, estreitamos laços que se transformaram numa amizade.

Como um grande guerreiro, Apolônio sabia ser combativo e ao mesmo tempo terno. Tinha uma visão precisa da questão indígena e também da forma como sua gente foi massacrada e como resistiu.

Pertencente à tribo dos Xocós, Apolônio era quem melhor expressava a resistência cultural dos únicos remanescentes de nações indígenas que outrora povoavam esse pedaço do Brasil chamado Sergipe (vem do tupi siri ‘ype, que significa “no rio dos siris”).

Sergipe que abriga lugares que receberam topônimos como Aracaju, Japaratuba, Itaporanga, Propriá, Siriri, Macambira, Pacatuba, Canindé, Itanhy, Aquidabã, Itabaiana, Carira, Cumbe, Gararu, Itabi, Arauá, Canhoba, Indiaroba, Muribeca, Pirambu, Umbaúba.

Todos nomes de nações indígenas que foram dizimadas. Restou somente a nação Xocó! Minha homenagem a esse grande homem das terras de Serigy, que os portugueses quando aqui chegaram insistiram em dizer ser de El Rey.

* É advogado e professor de Direito.

Texto reproduzido do site: jlpolitica.com.br