domingo, 25 de junho de 2023

Josa, O Vaqueiro do Sertão e a poesia lírica de uma vaquejador genuíno

 Josa, O Vaqueiro do Sertão: sem ceder aos sucessos fáceis e aos duplos sentidos

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 22 de Junho de 2023

Josa, O Vaqueiro do Sertão e a poesia lírica de uma vaquejador genuíno
Por Mário Sérgio Félix*

O lirismo na poesia tem início na Grécia antiga. Na época, a manifestação poética era feita no gogó, acompanhada apenas por uma Lira. Em Simão Dias, surge um poeta que manifesta o seu canto através do aboio. A lira dela era a sanfona.

Josa, O Vaqueiro do Sertão nasce José Gregório Ribeiro em 12 de março de 1929, na cidade de Simão Dias. No Rio de Janeiro, como militar, chegou à patente de sargento.

Sua admiração pela música, o fez ingressar na Banda da Polícia Militar. Num acidente, ao andar de cavalo, foi obrigado a encerrar a carreira militar. Porém, a música já estava em seu sangue.

Naquela época, Josa já era fã incondicional de Luiz Gonzaga e com o fim da carreira militar teve seu regresso a Sergipe antecipado. Com a sua música, começa a despertar o sentimento de cantar e apresentar a sua sanfona aos quatro cantos de Sergipe. Suas composições começam a fazer sucesso.

A poesia na música de Josa ultrapassa a subjetividade e vira uma manifestação interior. Interior não somente da alma. Se materializa na condição de cumplicidade. Chega a ser juvenil.

No seu grande sucesso “Na Sombra da Jaqueira” se observa uma poesia singular, porém, de grande sentimento. Estamos falando de um homem “rude” do interior do Brasil que canta o amor com a singeleza da poesia vinda da alma, a ponto de dividir com uma árvore, seu grande sentimento:

“Adeus querida jaqueira

Não sei quando voltarei

Sempre me guarde segredo

De ti não esquecerei...”

Lembremos que a poesia acima descrita na letra de seu grande sucesso nos fala de um amor que tem na árvore jaqueira a cumplicidade desse amor:

“No outro dia cedinho

Fui correndo na jaqueira

Encontrei um bilhetinho

Dizendo assim

Nada mais existe

Meu amor é triste

Sem o seu carinho”

Josa compôs mais de 300 músicas, sendo uma marca da cultura sergipana. Suas apresentações se deram por todo o Brasil, entre elas no famoso programa do Chacrinha.

Assim como Dominguinhos e Gerson Filho, Josa também gravou pelo selo “Cantagalo”, do nordestino Pedro Sertanejo, que abrigava em sua gravadora grandes talentos do Nordeste.

Sempre que Luiz Gonzaga visitava Sergipe, um papo com Josa era garantido. O Rei do Baião nutria um carinho muito especial pelo Vaqueiro do Sertão, assim como também Dominguinhos.

Josa tinha uma marca muito definida com a sua música, bem como as músicas gravadas que escolhia de outros compositores. A poesia nas letras dele era um tema sempre recorrente.

Outro grande sucesso gravado por Josa, de uma bela poesia, foi escrita por Osvaldo Eurico e Vadeca Lima. Seu nome: “Valente é o bem-te-vi”.

“Que digo com certeza

Eu amo a natureza

Ai quem me dera poder voltar

Pra ter a sensação de ver em pleno ar

Um bem-te-vi desafiando um carcará”

Josa era tão agarrado e ético às letras das músicas que compunha e gravava, que quando surgiram os grandes sucessos de letras com duplo sentido, ele preferiu se afastar desse modo musical.

Decidido, esse nosso compositor não gravaria esse tipo de música, ficando fiel à sua convicção de que a poesia deveria prevalecer sobre as músicas de duplo sentido. Mas aí já é assunto para um outro artigo.

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* Articulista Mário Sérgio Félix - É radialista, jornalista e pesquisador da MPB. 

Texto reproduzido do site: jlpolitica com br

segunda-feira, 19 de junho de 2023

Monsenhor José de Souza, morre aos 93 anos

Crédito da foto: reprodução/divulgação ascom Arquidiocese Aracaju

Publicação compartilhada do site A8 SE., de 16 de junho de 2023 

Monsenhor José de Souza, morre aos 93 anos

Ele foi o primeiro presbítero ordenado por dom José Vicente Távora

Por redação Portal A8SE

Faleceu na manhã desta sexta-feira (16), o monsenhor José de Souza Santos, presbítero da diocese de Estância, aos 93 anos. Ele estava internado há cerca de 30 dias em um hospital de Aracaju para tratamento de problemas respiratórios.

O religioso foi o primeiro presbítero ordenado por dom José Vicente Távora, primeiro arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Aracaju, em 8 de dezembro de 1958.

Ao todo, foram 64 anos de ministério sacerdotal. O velório acontece na matriz da paróquia Nossa Senhora Imperatriz dos Campos, em Tobias Barreto, cidade natal do monsenhor. O sepultamento está previsto para este sábado, às 11h, no cemitério local, logo após a missa de corpo presente, que será presidida por dom José Genivaldo Garcia, bispo de Estância.

“Suplicando que o Senhor, em sua infinita bondade e misericórdia, por intercessão de Nossa Senhora de Nossa Senhora Imperatriz dos Campos, conceda ao monsenhor José de Souza Santos o descanso eterno e a recompensa pelo seu fecundo ministério sacerdotal exercido com muito amor e dedicação”, disse o arcebispo dom João José Costa.

Texto e imagem reproduzidos do site: a8se com

sábado, 17 de junho de 2023

LIVRO > Memórias do Jornalismo e da Coluna Social

Post compartilhado do Facebook/Jorge Carvalho do Nascimento, de 13 de junho de 2023

Memórias do Jornalismo e da Coluna Social 
Por José Anderson Nascimento *

Memórias do jornalismo e da coluna social é o mais novo livro do professor, escritor e acadêmico Jorge Carvalho do Nascimento, ocupante da Cadeira n. 34 da Acadêmica Sergipana de Letras e presidente da Academia Sergipana de Educação. Composto com 286 páginas e editado com o selo da Criação Editora, recebe o prefácio do jornalista Ancelmo Gois, que destaca a pesquisa do autor sobre o colunismo social. A obra em comento está sumariada com uma Introdução e seis capítulos, entrevistas e referências bibliográficas.

Na Introdução, o seu autor apresenta os objetivos da obra e as suas leituras acerca do colunismo social, bem assim, discorre sobre a sua iniciação no jornalismo, destacando a sua amizade e companheirismo com o jornalista Luiz Antônio Barreto, principal mentor da sua trajetória na imprensa, em Sergipe.

No seu trabalho, Carvalho avalia a contribuição de vários colunistas e de destacados jornalistas que atuaram na imprensa em Aracaju, demonstrando a importância deles no desenvolvimento cultural do nosso estado. Mostra contribuições relevantes dos participantes desse processo a começar por Carlos Henrique de Carvalho, mais conhecido nos meios jornalísticos e sociais como Bonequinha, considerado o pioneiro da coluna social em Sergipe, seguido Amaral Cavalcante, Ancelmo Gois, Araripe Coutinho, Arlene Chagas, Christina Souza, Clara Angélica Porto, Deisy Monte, Fátima Botto, Gracinha Barreto, Ilma Fontes, João Barreto Neto, João de Barros, Karmen Mesquita, Kerginaldo Reis, Lânia Duarte, Laurindo Campos, Ledinaldo Almeidha, Luís Mendonça, Luiz Adelmo, Luiz Daniel Baronto, Luiz Eduardo Costa, Lurdinha Gusmão, Madalena Sá, Marcio Lyncoln, Maria Franco , Maria Luiza Cruz, Olímpio Seixas, Osmário Santos, Paulo Nou, Pedrito Barreto, Sacuntala Guimarães, Sônia Mara, Tanit Bezerra, Thaís Bezerra, Wellington Elias e Zelita Rodrigues Correia, que se mantiveram por mais tempo nas páginas dos jornais Gazeta de Sergipe, Diário de Aracaju, Jornal Sergipe, Tribuna de Aracaju, Jornal da Cidade e de outros noticiosos.

O autor, ouvindo os seus entrevistados e pesquisando de forma empírica os jornais e revistas publicados nos anos de  1960, 1970 e 1980, apresenta uma série de  notícias, onde relata acontecimentos locais e  nacionais que evidenciaram matérias jornalísticas e notabilizadas no segmento da “Coluna Social”, época em que o jornalista Ibrahim Suede lhe deu uma nova roupagem, não se descuidando das abordagens chistosas, em que focalizava pessoas do High Society carioca e das suas influências exercidas no campo político, empresarial e social. Nas suas notas não faltavam as fofocas envolvendo empresários, políticos, banqueiros e renomados artistas da imprensa radiofônica e televisiva, esta em ascensão a partir da década de 1960. A escrita do colunista Ibrahim Suede, com mensagens curtas e picantes, serviu de modelo para inúmeros seguidores espalhados pelo Brasil. Desde aquele tempo, as pessoas adoravam e até pediam para aparecer na coluna social e, algumas delas, alimentavam os colunistas com informações sobre os acontecimentos da sua vida, da sua família, de parentes e das vidas dos outros. Sempre havia uma notinha de fofoca, principalmente envolvendo lances amorosos, que causavam o maior frisson entre os personagens que estavam no palco da boataria.

Carvalho analisa ainda a função da coluna social e os seus reflexos e impactos na sociedade; refere-se, também, à isenção e ao interesse econômico dos colunistas na divulgação dos fatos. Por outro lado, mostra a função dos informantes e consequente troca de favores na divulgação das notícias. Na sua abordagem, descreve com muita precisão a ansiedade dos colunáveis ao verem as suas intimidades expostas em veículos de comunicação, principalmente agora com a velocidade da notícia na Internet.

Além dos colunistas sociais, está a função dos fotógrafos que os acompanhavam nas festas de formatura, de casamentos, de debutantes, e nas solenidades políticas e empresariais, valendo lembrar o nome de Zé (fotógrafo) da Gazeta, que, nos idos de 1962, acompanhava este escriba quando assinava a coluna Background, na Gazeta de Sergipe, pioneira em incluir fotografias dos seus entrevistados e das debutantes que embelezavam as páginas das suas colunas. O fotógrafo passou a ser peça importante no colunismo social, e Zé da Gazeta merece uma menção especial pois ele se empenhava em revelar as fotos e a produzir o clichê, num processo bem artesanal para a gravação da foto numa placa de metal, a fim de ser levada à prensa, pelo tipógrafo José Eugênio de Jesus, com a finalidade de compor a matéria jornalística, para a circulação da edição do jornal, já que ainda não havia os processos modernos de composição de textos como a máquina linotipo, composer ou offset printing.

O ensaio de Carvalho é um documento representativo, não só para a memória do jornalismo sergipano, mas para o contexto geral da literatura, uma vez que ele expõe o relacionamento do High Society com as diversas camadas sociais aracajuanas da época.

Assim, com essas breves considerações, recomendamos a leitura de Memórias do jornalismo e da coluna social.

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* Jornalista, advogado, escritor e professor universitário. Presidente da Academia Sergipana de Letras.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Jorge Carvalho do Nascimento

'Eu me recordo... de Aracaju...', por Nestor Amazonas

Post compartilhado do Facebook/Nestor Amazonas, de 17 de junho de 2023

Eu me recordo... de Aracaju...
Por Nestor Amazonas

Eu me recordo de uma tarde eu me sentar na varanda da CRASE e perder a noção do tempo vendo botos perseguirem tainhas num balé hipnótico, fantástico.

Eu me lembro de um tempo em que pegar carona ao lado do Cotinguiba para a Atalaia era mais divertido que a própria praia...

Eu me lembro que ficar horas no Mini-Golfe, sem fazer nada a não ser jogar conversa fora - era uma atração inquestionável para a galera da época.

Eu me lembro de que se sentar no muro da Catedral era o melhor posto de observação para olhar as moças que passavam...

O desfile entre a Catedral e a Sorveteria Yara era obrigatório para quem queria namorar com as moças da fina sociedade da época.

Eu me lembro de tempo em que fincamos bandeira e tomamos posse do Parque Teófilo Dantas como sede da nossa turma, a Turma do Parque...

Eu me lembro que ir ao Bar do Pinto era a nossa única salvação para a matar a larica da alta madrugada...

Nossa maior diversão na noite era fazer o circuito do Beco dos Côcos, Miramar e Xanghai e terminar tomando vitamina de banana sentado no meio-fio do Bar do Meio.

Eu me lembro que o Bar do China era nosso ponto de encontro, nosso “esquenta” para a noite de festas e farras.

Eu me lembro do sagrado ritual de na volta das festas ir comer o Passaport – o sanduba podrão da madrugada, numa Kombi velha e suja.

Eu me lembro de obter cultura “por osmose” na Galeria Álvaro Santos, filando ideias, opiniões, drinks e salgadinhos dos coquetéis das vernissagens.

Eu me lembro da luz difusa do 315 iluminando nossas almas famintas de tudo, a macarronada trôpega e barata dava para dividir por três...

Eu me recordo...de Aracaju, a minha Aracaju de então...Aracaju de meus amigos e dos meus afetos.

A vida não é aquela que a gente viveu e sim o que dela a gente recorda. E estar vivo para contar. (by Gabo).

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PS - a foto desfocada e muito antiga (1972) registra minha passagem pelo Costão e o cabeludo com camiseta apertada e recortada acima da cintura é Wandinho (Wanderley Santana de Jesus) um irmão que a vida me deu e que me acompanha até hoje.

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Nestor Amazonas

terça-feira, 13 de junho de 2023

Ex-vice-prefeito de Aracaju, Evandro de Sena, morre aos 75 anos


Texto publicado originalmente no site A8SE., em 12 de junho de 2023 

Ex-vice-prefeito de Aracaju, Evandro de Sena, morre aos 75 anos

O sepultamento do corpo vai ocorrer às 17h

Por Redação do Portal A8SE

Na noite do último domingo (11), o Médico e ex-vice-prefeito de Aracaju, Evandro de Sena e Silva, faleceu aos 75 anos.

Segundo informações da família, ele morreu no hospital após um ataque cardíaco. O velório está acontecendo no cemitério Colina da Saudade, localizado no bairro Jabotiana. Já o sepultamento vai ocorrer às 17h.

Evandro nasceu em 15 de junho de 1948 e, além de ser atuante na política, ele contribuiu para a formação acadêmica de muitos jovens, já que era professor aposentado do Departamento de Educação Física na Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Texto reproduzido do site: a8se com

quinta-feira, 8 de junho de 2023

Uma justa homenagem póstuma a Alfredo Freire do Sacramento

Alfredo Freire do Sacramento: eis aqui um que
soube passar bem pela vida e vai deixar saudade

Alfredo Freire do Sacramento: teve família e soube dar a atenção que cada um mereceu

Legenda da foto: Alfredo e sua Maria Augusta Almeida do Sacramento: uma união de 51 anos feitos agora em maio

Publicação compartilhada do site JLPOLÍTICA, de 30 de maio de 2023

Uma justa homenagem póstuma a Alfredo Freire do Sacramento

Por Aurélio Belém do Espírito Santo *

Peço licença aos leitores desta coluna para desviar da programação dos artigos e fazer uma justa homenagem a um grande homem a quem tive a honra de conhecer e conviver: Alfredo Freire do Sacramento, que nos deixou no último domingo, dia 28, aos 79 anos de idade.

Nascido em Aracaju, em 30 de dezembro de 1943, Alfredo foi o sétimo de dez filhos do casal Eliezer do Sacramento e Idalina Freire do Sacramento, a dona Marocas. São eles: Maria José Sacramento Santos, a Zezé, Anna Freire do Sacramento, Anita, a queridíssima Azulina Sacramento Leal, Maria Augusta Sacramento Ferreira, Carlos Freire do Sacramento, o Carlito, Maria Emília Freire do Sacramento, Alfredo Freire do Sacramento, Maria Amélia Freire do Sacramento, Antônio Freire do Sacramento, o tio Tonho, e a animada Eliana Sacramento Oliveira.

Desde 20 de maio de 1972, Alfredo foi muito bem casado com a então jovem laranjeirense Maria Augusta Almeida do Sacramento, filha de Dona Eunice e Edvaldo Xavier, que foi prefeito de Laranjeiras. Com sua fiel companheira de vida, Alfredo teve cinco filhas: Alessandra, dentista; Amanda, analista do TRE/BA; Adriane, superintendente do IBGE/SE; Ana Carolina, fisioterapeuta, e Augusta Renata, psicóloga.

Hoje todas elas são casadas, respectivamente, com o dentista brasiliense Alexandre Tenório; com o médico soteropolitano Cláudio Sobral; com o analista do MPT Rafael Bittencourt, com este advogado Aurélio Belém e, por fim, com o paraibano analista do MPE, Luiz Neto.  

As cinco filhas de Alfredo Freire do Sacramento lhe presentearam com oito netos ao todo: sendo a primogênita Gabriela, já acadêmica de Medicina, seguida então pela bela baianinha Júlia; o primeiro descendente masculino Lucas; o Guilherme, o “Guiga”; o curioso Leonardo, o “Leozão”; Marina, a “Nina”, e os gêmeos pontas de rama, bons de bola, Marcelo e Matheus. Lucas e Leo são filhos meus com a quarta filha do Sr. Alfredo, Carol Sacramento.

Deu para perceber que a vida desce grande homem foi sempre de “casa cheia”. Afinal, só a família de casa, quando se reunia completa, contava com exatamente 20 pessoas. Mas sempre cabia mais uns. Dá para imaginar o barulho e a alegria dessas reuniões?

Então, era assim que o estimado Alfredo Freire do Sacramento gostava de ver a sua casa, sempre cheia e animada. Apreciava disputar boas partidas de buraco, dando sermões homéricos aos parceiros vacilantes, dentre eles este que vos escreve, e gozando alegremente dos adversários frequentemente derrotados, quase sempre Claudinho e Rafael.

As longas partidas eram sempre acompanhadas por uma boa mesa em família, servida, dentre tantas outras coisas, com as suas comidas favoritas: rabada, ensopado de robalo, galinha de capoeira, carneiro guisado, cozido de carnes com pirão, que eram, preferencialmente, preparados pela icônica Maria, antiga funcionária de confiança da família. A mesa farta também era sempre regada com um bom vinho tinto.

Alfredo começou a trabalhar ainda menor num bar e restaurante do cunhado Amintas, depois passou a vender frutas do sítio do seu pai no mercado e ajudava seu velho numa mercearia que ele tinha na Rua de Santa Rosa.

Estudou e completou o segundo grau no Colégio Atheneu. Alistou-se e serviu ao Exército. Quando atingiu a maioridade, foi trabalhar como office boy no escritório da Usina Pinheiro, pertencente à família Franco. De lá, em 1962, foi transferido para a fábrica de tecidos Sergipe Industrial, onde trabalhou como escriturário e logo foi promovido a gerente.

Prestou vestibular para o curso superior de Economia, foi aprovado, mas resolveu não cursar e seguir a carreira na empresa, escalando, por méritos, até chegar a diretor-geral, que ocupou por muitos anos, tornando-se homem de confiança do médico e industrial Augusto Franco. 

Com o falecimento do patriarca dos Franco, Alfredo continuou ainda por muito tempo na direção da empresa têxtil, junto com três filhos herdeiros: Marcos, Ricardo e Maria Clara Franco, representada pelo esposo Tácito Faro.

Alfredo sempre foi arrimo de família. Organizado, leal, grato, de personalidade decidida e de caráter reto, era dedicado ao trabalho e à família, que carinhosamente sempre o prestigiou com carinho. Era também um cara agregador. Soube viver como poucos, dosando momentos de seriedade com os de entretenimento.

Adorava gaitar e celebrar a vida ao lado dos seus. Embora “viajado” e bem-sucedido nos negócios, sempre foi um homem de costumes e hábitos simples. Estou certo de que foi muito bem sucedido também em sua missão familiar.

Criou as cinco filhas, educou, formou e casou todas. Foi amigo dos genros, conheceu e curtiu seus oito netos, sendo um avô presente e amoroso e ainda teve a oportunidade de celebrar a aprovação no vestibular da primeira neta, a Gabriela. Portanto, salvo a saudade, não deve haver espaço para tristeza!

Como quarto genro desse “cabra bom”, sinto-me feliz pela oportunidade de com ele ter convivido. No futebol, torcemos para o mesmo clube: o Vasco da Gama. Às vezes, discordávamos de assuntos, principalmente políticos, mas sempre gostei de com ele conversar, absorver a sua experiência e captar seus bons exemplos.

Alfredo sempre se mostrou disponível e confesso minha satisfação em ouvir seus conselhos e perceber o interesse em ajudar, algo pelo que ele fazia questão. Mesmo quando distribuía suas broncas, por trás estava latente a sua zelosa preocupação em colocar as coisas nos trilhos.

Contudo, por justiça, preciso registrar que tudo isso também só foi possível porque ao lado dele sempre esteve uma mulher forte, perseverante, dedicada, religiosa e cuidadosa, a senhora Augusta, minha querida sogra, e amada companheira de vida deste grande cara.

Em minhas reflexões, aprendi a encarar a morte como passagem e manifestação da única certeza da própria vida. Não que ela não traga tristeza, afinal esta é parte da vida. A felicidade é meta, busca constante nesse longo caminho, onde experimentamos momentos de alegria e de tristeza, como sensações do viver que nos impulsionam adiante ou para trás. A escolha é cada um que faz!

Certamente a saudade de Alfredo Freire do Sacramento ficará como lembrança latente e presente de tantas boas memórias e passagens que ele nos deixou. Afinal, recordar é viver. E está aí uma coisa que meu sogro sabia fazer: viver!

Vai-se o homem e ficam vivas as boas memórias daquele cumpriu bem a sua missão na terra, deixando as suas marcas por onde passou. Tenho plena certeza de que Seu Alfredo não queria ver ninguém triste com sua partida e deseja ser lembrado com alegria e a união dos que aqui ficam, sempre celebrando a vida e brindando os momentos com sorrisos e abraços!

Espero que possamos honrar a sua trajetória de vida com a alegria que ele sempre esbanjou! Descanse em paz, meu sogro!

* Aurélio Belém do Espírito Santo - É advogado e ex-diretor da OAB-SE. 

Texto e imagens reproduzidos do site: jlpolitica com br/articulista

quarta-feira, 7 de junho de 2023

'Divina Festança', por Lygia Prudente

Publicado originalmente no FACEBOOK/LYGIA PRUDENTE, em 7 de junho de 2023

Divina Festança 
Por Lygia Prudente

Finalmente, chegou o mês mais animado, mais festivo, mais bonito para qualquer nordestino que se preze. A chuvinha que cai molhando os milharais dá indícios de uma boa colheita e assim teremos muita canjica, pamonha, manauê, delícias da nossa terra, da nossa mesa caipira. Que riqueza tem as nossas lembranças e o esmero na decoração regadas à licores, à arrumação do Arraiá em família, com a fogueira, o mastro e os fogos encomendados bem antes de junho e as vestimentas fartas e coloridas. Os preparativos nos empolgava e garantia o sucesso da festança junto com os xotes, o forró pé de serra, os sanfoneiros compenetrados, dedilhando as sanfonas, num ritmo certeiro da animação. Fatos como este, carinhosa e minuciosamente relatados, não são achados em enciclopédias, nem no sábio e frio Google. Lembranças partem do coração e, por isso mesmo, precisam continuar sendo passadas de pais para filhos, de geração em geração, para alimentarmos e preservarmos os deliciosos e alegres festejos da nossa terra, esse nordeste tão rico em tradições. Se dermos o devido respeito a tudo isso, não permitiremos que um brasileiro qualquer desmoralize este povo forte, humano, festeiro, que é o nordestino! Sob o colorido das  bandeirolas balançadas pelo vento, saudemos e propalemos Vivas a  Santo Antônio, São João e São Pedro, a tríade junina!

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lygia Prudente.