segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Zé Peixe, o herói das marés sergipanas

Foto compartilhada do Google e postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo.

 Artigo compartilhado do site ROACONTECE, de 26 de outubro de 2025  

O Peixe Homem das Águas de Sergipe, Nadando Entre Sonhos e Memórias

Por Emanuel Rocha*

Nas águas sergipanas, o homem-peixe deixou sua marca de luz, coragem e lembranças que desafiam o tempo

Na Semana da Sergipanidade, nada melhor que recordar a história de um homem que fez das águas o próprio lar e da coragem a sua bandeira. Zé Peixe, o herói das marés sergipanas, nadava entre o real e o lendário, desafiando ondas, correntes e distâncias com a leveza de quem nasceu para servir. Filho do rio e do vento, tornou-se símbolo de bravura e simplicidade, um nome que atravessou o tempo carregando a essência do povo de Sergipe: forte, destemido e profundamente ligado à terra e ao mar.

Nas margens do Rio Sergipe, nasceu um menino que parecia feito do próprio mar. Cada onda lhe sussurrava segredos, cada correnteza guiava seus passos, e cada mergulho se tornava uma lição de coragem. Chamaram-no Zé Peixe, filho das águas e guardião das marés, que desde cedo aprendeu que a vida se mede em braçadas e que a verdadeira grandeza se revela na harmonia entre o homem e o rio que o viu crescer

Em 1927, Aracaju respirava ao ritmo do Rio Sergipe. As águas refletiam o céu e carregavam histórias antigas, enquanto o vento trazia o cheiro do mar e o murmúrio das marés embalava a cidade. As ruas ainda eram de barro, as casas baixas, e o cotidiano se desenrolava entre mercados, barcos e redes estendidas ao sol. O rio corria livre, invadia cais e margens e parecia guardar segredos que só quem nascia à sua beira podia ouvir

Filho de Dona Vectúria, professora de matemática, e de Seu Nicanor Ribeiro Nunes , funcionário público, José Martins Ribeiro Nunes, o futuro Zé Peixe, era o terceiro de seis irmãos, cercado pelo riso e pelo burburinho da casa familiar. Entre o sol que brilhava sobre a água e o reflexo das nuvens correndo pela correnteza, ele aprendeu cedo a escutar o rio. Cada onda trazia uma lição, cada maré um segredo e cada barco, um convite ao sonho. Assim, de mãos pequenas e pés molhados, crescia Zé Peixe, menino do rio, alma moldada pela água, pela brisa e pelo infinito movimento das correntes que passavam diante de sua casa

Zezinho iniciou seus estudos no Jardim de Infância Augusto Maynard, fez o primário no colégio de Dona Glorianha Chaves, cursou o ginásio no Colégio Jackson de Figueiredo e concluiu o segundo grau no Colégio Tobias Barreto. Entre lições de livros e ensinamentos do rio, aprendia o equilíbrio entre conhecimento e coragem, entre o mundo escolar e o mundo das águas

Aos quatro anos, o menino que se tornaria Peixe já nadava como poucos. Bastava atravessar a rua Ivo do Prado e pular, onde o peixe se tornava mar. Acostumou-se a atravessar rios e canais, ir chupar caju no outro lado, na ilha, voltando indo e voltando a nado.

Nunca foi fácil entrar via marítima por nenhum dos extremos da ilha, mas para Zé Peixe isso não era problema. Com doze anos, conhecia como ninguém o movimento das areias no leito do Rio Sergipe, podendo conduzir com segurança as embarcações. Cada correnteza, cada banco de areia móvel era, para ele, um mapa vivo, uma partitura de águas que ele dominava com precisão e intuição

Sempre se encontrava com os mais pobres que viviam no mercado, mendigos e transeuntes que já eram fãs de suas aventuras marítimas. Sua generosidade era lendária: desde menino ajudava os desvalidos, doando o que tivesse ao primeiro que pedisse, dividindo parte de seus salários com os pedintes. Dizem os mais antigos que não havia outra generosidade igual e que Zé Peixe, mesmo com fama e respeito, jamais deixou de ser amigo dos humildes

Aos oito anos, quando aviões sofreram um acidente no Rio Sergipe, pegou seu bote, remou com coragem até o local e trouxe, firme, um bilhete do piloto para a Capitania dos Portos. O comandante o repreendeu severamente por se intrometer em assuntos de segurança nacional, mas o gesto marcou o início de sua fama entre os profissionais do mar e os curiosos da cidade, mostrando que, mesmo franzino, era forte, decidido e ágil, feito do mesmo sal que corria nas águas que o moldaram

Em 1938, com apenas 11 anos, o comandante Aldo Sá Brito de Souza, precisando de agilidade numa tarefa urgente, mandou que um marinheiro chamasse Zé Peixe. O marinheiro comentou o codinome dado pelo almirante, que logo se espalhou, consolidando para sempre o nome que o acompanharia. O almirante, embora repreendesse a presença do menino nas atividades da Capitania, às vezes o chamava quando era necessário seu conhecimento precoce das coisas do mar

Ainda menino, mas com a coragem de quem já conhecia o murmúrio das águas, Zé Peixe ajudou a Marinha em momentos de tragédia. Quando os navios Aníbal Benevólo, Bagé, Baependi e Arararaquara foram torpedeados na costa sergipana, ele participou do resgate, recolhendo corpos e auxiliando onde podia. Este serviço não se limitou a um ponto do rio ou da praia: esteve no Mosqueiro, na Atalaia Velha, em Nova e até no Pomonga, enfrentando o mar e a dor com a serenidade de quem sabe que cada vida perdida merece respeito e cuidado. Mesmo jovem, seu gesto de bravura e dedicação já prenunciava o homem que se tornaria símbolo de coragem, generosidade e amor pelo rio que o viu crescer

Ao completar 20 anos, por volta de 1947, José ingressou, por concurso, no serviço de prático da Capitania dos Portos de Sergipe. Ser prático é enfrentar o risco com mãos firmes e olhos atentos: receber navios nas águas abertas, guiá-los até o porto seguro e conduzir a saída, desafiando a barra que se levanta entre rio e mar. Mas para Zé Peixe, o trabalho tornou-se poesia em movimento. Cada navio tornava-se um parceiro de dança, cada onda lhe sussurrava segredos antigos e cada correnteza parecia obedecer ao compasso de sua experiência. Era como se o próprio rio o tivesse moldado, ensinando-lhe a escutar o murmúrio da água e a falar a língua das marés

Enquanto a maioria dos práticos subia nos barcos auxiliares, Zé Peixe seguia outro rumo, o da coragem e da entrega às águas. Na entrada ou na saída da barra do Rio Sergipe, saltava do navio, às vezes de alturas que atingiam 17 metros, como se descesse do céu ao abraço do mar, amarrava roupas e documentos à bermuda e mergulhava sem hesitar. Entregava-se às correntes, nadando com força e elegância, vencendo vento, maré e correnteza, desafiando o rio com a mesma naturalidade com que respirava. Braçada após braçada, percorria de 10 a 13 quilômetros ou mais, como se o próprio mar lhe tivesse confiado segredos ancestrais. E ele dizia, com a serenidade de quem conhecia cada onda: “A chave é seguir o rumo das águas, sem lutar contra elas.” Cada braçada, cada mergulho era lição de valentia, ritmo e harmonia com o mundo que o formou

Naqueles instantes, o rio e o mar não eram apenas elementos físicos, eram parceiros e adversários, e Zé conhecia cada recanto da barra como se conhecesse seu próprio corpo. Cada banco de areia móvel, cada variação da maré, cada sopro do vento costeiro, ele sentia e antecipava como música. Conduzia navios mercantes, de carga ou de passageiros, com a confiança de quem conversa com as águas e a precisão de quem dança ao ritmo das ondas. O rio e o mar, eternos companheiros, moldavam seus gestos, e cada manobra parecia poesia em movimento, escrita pelo corpo de Zé Peixe e pelo compasso das correntes

Zé Peixe nunca passava despercebido pelas ruas. Transeuntes admiravam sua presença serena e firme, e cada um tinha um jeito de chamá-lo: “Zé Peixe”, pelo rio que parecia correr em suas veias; “Zé”, com respeito e carinho; “homem do rio”, reconhecendo nele a alma das águas; ou mesmo “Zezinho”, sussurrado pelos mais íntimos, como quem celebra a ternura e a familiaridade de um amigo que nasceu do mar e das marés

A vida profissional de Zé Peixe reuniu feitos que beiram o lendário. Em 1952, dizem historiadores que ele salvou uma tripulação de remadores do Rio Grande do Norte após naufrágio junto à barra do Rio Sergipe, como se o próprio rio lhe tivesse emprestado braços, coragem e o segredo das águas. Além-mar, jornais e revistas se encantaram com seu modo singular de praticagem. Na Alemanha, escreveram sobre “o homem-peixe”, aquele que nadava dez quilômetros após o navio, tornando bravura e precisão quase em poesia, como se cada braçada fosse verso e cada mergulho, estrofe

Ao longo de sua trajetória, Zé Peixe recebeu condecorações que eram reflexo da alma que habitava seu corpo: a Medalha Almirante Tamandaré da Marinha do Brasil, a Medalha de Ordem do Mérito Sergipano e o título de Cidadão Sergipano do Século XX. Em 2013, o Museu da Gente Sergipana eternizou sua coragem em uma escultura em tamanho real, chamada “O Prático”, lembrança viva da lenda que caminhou, nadou e dançou com as águas, para que a nova geração jamais esqueça que existem homens feitos do rio, do mar e da poesia que corre entre eles

Mesmo com fama e reconhecimento, Zé Peixe manteve a humildade de quem conhece a força do rio e sabe que a verdadeira grandeza não se ostenta. Familiares lembram que autocarros de excursão paravam diante de sua casa para vê-lo e fotografá-lo, mas nada disso jamais perturbou sua serenidade nem desviou sua vida simples

Nos últimos anos, a memória começou a se apagar como a bruma que se levanta das águas ao amanhecer. Recolheu-se à sua casa, afastando-se dos navios que tanto amou e enfrentou silenciosamente a doença de Alzheimer

Em 26 de abril de 2012, num dia em que o sol brilhava mais do que de costume, refletindo em cada onda do Rio Sergipe, e as águas balançavam suavemente, ecoando agradecimentos silenciosos por tudo que Zé Peixe havia dado ao rio e à cidade, ele partiu. Aos 85 anos, a vida do homem-peixe se fundiu com as marés que tanto amou, como se cada correnteza o levasse para sempre em seu abraço eterno. Aracaju se fez mais quieta naquele instante, e o vento parecia sussurrar sua lenda pelas ruas, lembrando que há homens feitos de água, coragem e poesia, que jamais se despedem por completo

O governo decretou três dias de luto oficial em Sergipe, e sua história continuou a correr, lenta e firme, nas águas e na lembrança de todos que conheceram o homem que nasceu do rio, viveu pelo rio e agora se fundia com ele eternamente

Zé Peixe, filho do rio e do mar, homem que transformou seu ofício em gesto poético, fez da água mais do que um meio de vida, fez dela consagração, dança e lenda, um abraço eterno da coragem, da beleza e do mistério que corre entre as correntes. E é por isso que escolas, espaços culturais e a própria política deveriam enfatizar sua vida, lembrando às novas gerações quem foi este homem que, com serenidade e bravura silenciosa, salvou vidas, deu brilho ao rio e ao mar e levou o nome de Sergipe mais longe

Ele foi um herói diferente, brando e calmo, pacífico e generoso, cuja grandeza não se media em títulos ou fama, mas em cada braçada que atravessava correntes, em cada gesto que unia água e coragem, cidade e rio, homem e natureza. Que sua história continue a fluir como as águas que o moldaram, inspirando todos a reconhecer que o verdadeiro heroísmo também habita na gentileza, na coragem tranquila e no amor pelas próprias raízes

Zé Peixe, homem das águas, filho do rio e do vento, merecia mais do que recebeu. Seu nome deveria morar nas avenidas que guardaram seus passos, no leito do rio que embalou seus mergulhos e na ponte que une Aracaju à Barra como símbolo de coragem e entrega. Porque ele foi mais que um homem, foi correnteza mansa que salvou vidas e levou esperança. Mas o tempo, às vezes cruel, tenta esconder o brilho dos que nasceram simples e fizeram da simplicidade o seu maior dom. Ainda assim, o rio o guarda, o mar o chama pelo nome, e as marés sussurram sua história aos que sabem escutar. Pois heróis como Zé Peixe não morrem, apenas continuam nadando na memória do povo e no coração do Sergipe.

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* Emanuel Rocha é Historiador, poeta popular, escritor e Repórter fotográfico

Texto reproduzido do site: roacontece com br

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O melhor Atheneu é o “nosso”. Por que não?



Publicação compartilhada de post do Facebook/Lygia Prudente, de 4 de novembro de 2025

O melhor Atheneu é o “nosso”. Por que não?
Por Lygia Prudente Maynard Vieira

A riqueza de termos do que e de quem lembrar, de guardarmos profundas recordações da nossa juventude, das vivências de estudante, do Atheneu em si, é de inigualável valor. O baú completamente lotado de carinhosos momentos, que embalam agora, a nossa maturidade e o exercício que ora nos empenhamos, provocados pela chama acesa dos encontros anuais, dos papos mantidos através das redes sociais, massageiam o coração reportando-nos aos corredores daquela casa de ensino. As amizades ali formadas (muitas, fortalecidas ainda hoje), as paqueras, que alimentavam o dia a dia (umas levadas a um compromisso mais forte e geraram frutos, outras não, deixando só a lembrança) tornaram rica a vida no querido e esfuziante Atheneu. Infelizmente, estas recordações não nos despertam apenas alegrias, nos levam também a avocar aqueles colegas, amigos que já nos deixaram, com um aperto no coração, como em meu pensamento vem logo a minha amiga Gleide – partilhávamos os doces segredos e que se foi cedo ainda, há cerca de doze anos, e tantos outros. E as perdas frequentes que vivenciamos atualmente, alerta que fazemos parte do time da vez, pela idade que temos. Precisamos aproveitar mais e mais os encontros e as conversas, nos apegando ao que tivemos de bom, buscando a felicidade das relações estudantis, sem pensar na idade nem na aparência e de quanto divergem daquele frescor da juventude.  O nosso colégio está vivo, imponente e abriga os melhores dias das nossas vidas. O melhor Atheneu é o nosso, por que não? 

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lygia Prudente

quinta-feira, 30 de outubro de 2025

Sergipanidade: o tamanho do que não cabe no mapa

Foto: Reprodução

Artigo compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 24 de outubro de 2025 

Sergipanidade: o tamanho do que não cabe no mapa

Por Thaiara Silva*

Ser sergipana é carregar o ddd 79 no corpo, como quem traz o código de origem tatuado na alma. É ouvir “oxe” e sorrir, não porque é engraçado, mas porque é casa. É comer amendoim cozido em volta de uma conversa, na praia, com amigos ou em casa, repetindo sem culpa o gesto de quem saboreia o costume. É ver as ladeiras que desembocam em rio e o vento morno que vem do mar. É saber que o pequeno aqui nunca foi sinônimo de pouco.

Sergipe é território de grandes ideias em corpo miúdo. Terra de Tobias Barreto, que filosofou em alemão sem sair do Nordeste profundo. De Maria Thétis Nunes, que escreveu a história do que os livros costumam esquecer. De Felte Bezerra, que ensinou política com coragem e verbo firme. De Beatriz Nascimento, que abriu caminhos para pensar o Brasil preto, feminino e insurgente. De Silvio Romero, Hermes Fontes, Laudelino Freire, Gurmecindo Bessa, Ibarê Dantas e Luís Antônio Barreto, nomes que transformaram palavras em patrimônio. Entre os mestres do povo, há também que mantenha viva a herança dos tambores e das ruas, como mestre Saci, guardião da Maloca e da memória que dança e resiste, ensinando que a cultura não mora só nos livros, mas no corpo e na alma de quem celebra a ancestralidade.

E há também a Sergipanidade que se manifesta em sabores, paisagens e encontros. O turismo nos Cânions do São Francisco, com suas águas esculpidas em silêncio, é quase uma oração diante da natureza. Em São Cristóvão, a queijada que desmancha na boca, história temperada com tempo. Em indiaroba, a empadinha de aratu ainda quente carrega o gosto do afeto. A renda irlandesa de Divina Pastora tece a memória nas pontas dos dedos; Laranjeiras revive o sagrado com Lambe-sujos e os Caboclinhos, e o forró segue como idioma oficial das nossas emoções, afinal, somos literalmente o país do forró, como lembrava o saudoso Rogério. Se o forró é língua materna, a música de Isamar Barreto é o sotaque que traz o sentimento de quem vive em Aracaju. Versos que atravessam gerações e a embalam o pôr do sol na Treze de julho. A  Orla de Aracaju, essa moldura azul que abraça a cidade, do farol da Coroa do Meio até a passarela do caranguejo, continua sendo convite, espelho e descanso.

Nosso “sergipanes” é esse sotaque manso e irônico, é a forma de olhar o mundo com humor e simplicidade. É rir de si mesmo, oferecer café antes de qualquer conversa séria e ainda agradecer por morar num lugar onde o tempo parece respirar diferente. O sergipano é um povo que acolhe, que escuta, que sabe dar notícia boa em tom de prosa.

Ser sergipano é herdar uma coleção de mundos condensados. É ter o costume de falar baixo, mas sentir fundo. É o gesto tímido que guarda um orgulho enorme. É entender que nossa cultura não se mede em metros quadrados, ela se espalha no toque do tambor do afoxé, nas rezas do interior, nas rendeiras de bilro, nas fogueiras de junho e nas prosas de mercado.

Sergipe é um estado que se afirma em miudezas: na tapioca de beira de estrada, no café servido com conversa, no abraço demorado depois da missa, no forró que ainda se dança de rosto colado. Aqui, o tempo anda no ritmo de quem sabe que a pressa nunca fez parte da identidade.

Celebrar o Dia da Sergipanidade é reconhecer a força de um povo que insiste em existir com delicadeza. É saber que há grandeza em ser pequeno e universalidade em ser local. É olhar o mapa e entender que, embora sejamos o menor estado, o que cabe dentro das nossas fronteiras é infinito, porque é feito de memória, resistência e afeto.

E quando alguém me pergunta de onde eu sou, não respondo apenas “de Aracaju”. Digo com a firmeza de quem sabe o valor da origem: sou sergipana, de ddd 79, de alma larga e chão pequeno.

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*Thaiara Silva é jornalista, mestranda e especialista em Análise do Discurso, Semiótica e Marketing Digital.

Texto e imagem reproduzidos do site: radarse com br

terça-feira, 28 de outubro de 2025

Falecimento da advogada Aída Mascarenhas Campos



 Aída Mascarenhas Campos - Fotos reproduzidas do Google e postadas pelo blog SERGIPE..., para ilustrar a presente nota

Texto publicado originalmente no site da OAB SERGIPE, em 27 de outubro de 2025

Diretoria da OAB Sergipe lamenta o falecimento da advogada Aída Mascarenhas Campos

Por Karla Pinheiro

A Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE) manifesta profundo pesar pelo falecimento da advogada Aída Mascarenhas Campos, ocorrido nesta segunda-feira, 27 de outubro de 2025. Seu legado, marcado pela dedicação, sensibilidade e compromisso com a advocacia sergipana, permanecerá como exemplo para as futuras gerações.

Natural de Aracaju, filha de Laurindo Alves Campos e Isaura Maria Mascarenhas Campos, Aída formou-se em Direito pela Universidade Federal de Sergipe em 1983. Inscrita na OAB/SE sob o número 1.097, exerceu a advocacia com amor e ética por mais de três décadas, consolidando uma trajetória de respeito e reconhecimento.

Ao longo de sua carreira, ocupou cargos de grande relevância na OAB/SE: Conselheira Seccional, Secretária-Geral, Vice-Presidente e Presidente da Comissão de Direitos Humanos, além de integrar a Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB. Sua atuação foi sempre marcada pela firmeza de propósitos e pela defesa incansável dos direitos humanos e da advocacia sergipana.

Como Procuradora Autárquica do Estado de Sergipe, dedicou-se à Fundação Renascer, contribuindo com sensibilidade e competência na defesa dos adolescentes em conflito com a lei e no acompanhamento das medidas socioeducativas.

Em 2017, foi homenageada pela OAB/SE com a Medalha Sílvio Romero, durante a IX Conferência Estadual da Advocacia Sergipana — honraria concedida em reconhecimento à sua trajetória exemplar e ao compromisso com as causas mais nobres da profissão.

Em uma de suas reflexões sobre a advocacia, Aída afirmou:

“Sou advogada militante há mais de 20 anos, período em que adquiri uma grande experiência em lidar com as nuances, com as peculiaridades do intricado mundo jurídico processual. Nas minhas andanças e pelejas nesse extasiante mundo, já atuei em quase todos os polos, de todas as formas possíveis e até mesmo como autora de ação penal privada.”

Aída Campos deixa um legado de dedicação à justiça, à ética e à valorização da advocacia. Sua trajetória inspira não apenas os que com ela conviveram, mas todos os que acreditam na advocacia como instrumento de transformação social.

Em um ano simbólico, em que a OAB Sergipe celebra 90 anos de história, sua partida reforça a importância de reconhecer e preservar a memória de quem ajudou a construir esta instituição.

A Diretoria, o Conselho Seccional, a Caixa de Assistência e toda a advocacia sergipana se unem em solidariedade à família e aos amigos de Aída Mascarenhas Campos, com gratidão eterna por tudo o que representou para a OAB/SE e para a sociedade sergipana.

Danniel Alves Costa – Presidente da OAB Sergipe

Texto reproduzido do site: oabsergipe org br

segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Advogada Aída Campos morre em Aracaju

A advogada Aída Campos enfrentava sérios problemas de saúde

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 27 de outubro de 2025

Advogada Aída Campos morre em Aracaju

A advogada Aída Campos morreu, nesta segunda-feira (27), em Aracaju. O corpo será velado no Cemitério Colina da Saudade, devendo o sepultamento ocorrer, às 16 horas de hoje, no mesmo local. Aída tinha 64 anos e enfrentava sérios problemas de saúde por conta da obesidade, quadro que se agravou após ela ter sido infectada pela Covid-19 durante a fase aguda da pandemia.

Nascida em Aracaju, Aída Mascarenhas Campos era filha do saudoso advogado Laurindo Alves Campos e de Isaura Maria Mascarenhas Campos. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, em 1983, e durante anos foi uma advogada militante, tendo exercido na seccional da OAB Sergipana os cargos de conselheira, secretária geral, vice-presidente, presidente da Comissão de Direitos Humanos e membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal da OAB. Era procuradora autárquica do estado de Sergipe.

Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

domingo, 26 de outubro de 2025

'Expressão & cultura', por Neu Fontes


Artigo compartilhado do blog NEUFONTES, outubro de 2025

Expressão & cultura
Por Neu Fontes

Olá, gente boa!

Já comentei por aqui que comecei minha vida na música aos oito anos, cantando no coral do Colégio Sagrado Coração de Jesus da minha querida professora Maria José. Eu e Lula Ribeiro éramos a primeira e a segunda voz — e, muitas vezes, os solistas das canções de Roberto Carlos, como Jesus Cristo e A Montanha, entre os cânticos das missas.

O coral era regido por Manuelzinho, então ligado ao Colégio Arquidiocesano e, mais tarde, proprietário do Colégio Dinâmico, em Aracaju. Ele era o maestro e coordenador, e sempre elogiava as vozes dos meninos do Sagrado.

Minha mãe, Susete, ouvindo nossas cantorias, resolveu comprar um violão Estudante Di Giorgio da famosa Dona Caçula — uma vendedora nata, mãe do maestro Heribaldo Prata, da Escola de Música Carlos Gomes, onde eu estudaria anos depois.

Com o violão nas mãos e a voz afinada, comecei a estudar, aos nove anos, com o professor João Argolo, no Conservatório de Música de Sergipe. Por lá, já se falava nas bandas da Jovem Guarda e nos bailinhos da época: Los Guaranys e Sol Nascente; em Boquim, Os Nômades; em Tobias Barreto, a Orquestra Cassino Royale; em Estância, Os Cometas e a Orquestra Unidos em Ritmos; em Nossa Senhora das Dores, o Embalo D; em Propriá, os Átomos; e ainda Os Comanches, Los Tropicanos, Os Vickings, Brasa 10, R-Som 7, Topkap’s, Gerusa e seus Big Loys, a Orquestra do Maestro Medeiros e The Tops.

The Tops era uma das mais comentadas. Lembro que meus tios Sérgio e Moacyr falavam sobre os integrantes, que eram seus amigos. A banda era formada por Rubinho (órgão elétrico), Pithiu (contrabaixo), Marcos (guitarra base), Marcelo Brito (guitarra solo) e Pascoal Maynard (bateria). Teve ainda a participação de Tonho Baixinho.

Confesso que devo ter assistido a uma ou duas apresentações deles na Atlética — eu ainda era muito criança para frequentar os bailinhos da cidade. Mais tarde, na Academia Carlos Gomes, o professor Heribaldo falava com carinho de todos os músicos sergipanos, e sempre dizia: “Os meninos do The Tops são bons demais”.

Essas palavras ficaram na minha cabeça. Naquele tempo, a falta de registros fonográficos e midiáticos tornava quase impossível recuperar as performances dessas bandas — tudo ficava apenas na memória dos que tiveram o privilégio de ouvi-las ao vivo.

Anos depois, conheci alguns desses músicos: Marcelo Brito, Rubinho e o próprio Pithiu, que também é um grande artista plástico. Muito tempo depois, conheci o baterista Pascoal Maynard — mas, curiosamente, por intermédio do meu pai.

Foi ele quem me apresentou ao senhor e consagrado jornalista sergipano Pascoal D’Ávila Maynard, um nome que marcou a imprensa de Sergipe. Meu pai disse:

— Pascoal, esse é meu filho, ele quer ser músico.

E o jornalista respondeu, sorrindo:

— Tenho também um doido em casa… é baterista!

Perguntei:

— É o Pascoal Maynard do The Tops?

Ele riu e confirmou.

Assim soube que o “Pascoalzinho” trabalhava em banco, lidando com seguros, mas era um apaixonado pela música e pelo jornalismo. O pai comentou:

— Quem sabe um dia ele realiza essas vontades.

E realizou.

Pascoal D’Ávila Maynard Júnior foi corretor, bancário, jornalista e um dos grandes boêmios de Aracaju. Amigo e compadre do grande Ismar Barreto, ganhou dele uma homenagem na canção Viver Aracaju, interpretada pela também comadre Amorosa: “A noite vou lá no Fans, tomar chope com Pascoal, papo vai, papo vem, fofocar não faz mal.”

Pascoal Maynard é, antes de tudo, um ativista cultural. Com o tempo, tornou-se um verdadeiro agente da cultura sergipana: jornalista, produtor, cineasta, roteirista, assessor, gestor público e, acima de tudo, um incentivador incansável das artes.

Em 2005, criou o programa Expressão, que há 20 anos dá voz e visibilidade à arte, à cultura e aos artistas de Sergipe — um marco na comunicação cultural do estado.

Foi diretor dos teatros Atheneu e Tobias Barreto, chefe de gabinete e assessor da Secretaria de Estado da Cultura, assessor da Funcaju, diretor de Cultura da Funcap, e hoje preside o Conselho Estadual de Cultura. Também integra a Academia Aracajuana de Letras e o Movimento Antônio Garcia (MAC), da Academia de Letras de Sergipe.

Pascoal também participou da criação do lendário Grupo Memória, onde voltou a tocar bateria, unindo o amor pela música à paixão pela história e pelas tradições sergipanas. E até hoje ele se apresenta, com a mesma alegria e pegada firme, levando ritmo e sorriso por onde passa.

Dizem — e com muita graça — que Pascoal foi o grande incentivador musical de Edvaldo Nogueira, ex-prefeito de Aracaju, principalmente quando o assunto são os instrumentos de percussão. Falam por aí que foi ele quem botou o ex-prefeito pra sentir o balanço da zabumba, e de vez em quando ainda dá uns “toques de ritmo” nas rodas de conversa.

Pascoalzinho, como gosto de chamá-lo, acaba de completar 75 anos. Sua história se confunde com a própria sergipanidade. Concordamos e discordamos em muitas coisas — e é assim que deve ser entre pessoas que pensam e vivem cultura. Mas o carinho, a admiração e o respeito pelo que ele representa superam qualquer divergência.

Pascoal é, literalmente, “Expressão”: o cuidado com a palavra, o abrigo do bom trato, o elogio generoso e o ouvido atento a todas as tendências artísticas.

Um amigo, um mestre, um companheiro de jornada.

Um símbolo vivo da cultura sergipana.

Leia, compartilhe e comente aqui no Blog do Neu!

Porque contar essas histórias é também manter viva a nossa memória e nossa identidade cultural

Texto e imagem reproduzidos do site: neufontes com br/expressao-cultura

sexta-feira, 24 de outubro de 2025

O que é SERGIPANIDADE ?

Foto: Ricardo Torres/www flickr com/photos

O que é SERGIPANIDADE ?

O que é a Sergipanidade que se comemora dia 24 de outubro? Vamos conhecer um pouco da nossa História. Em 2000 a Assembleia Legislativa de Sergipe, alterou o artigo 47 da Constituição Estadual, que estabelecia duas (02) datas de comemoração da Emancipação Política do nosso Estado, sendo uma 08 de julho, data do Decreto assinado por D. João VI, e a de 24 de outubro, que para os historiadores sergipanos é a data em que chega a Sergipe o Decreto e enfim os sergipanos puderam comemorar a sua independência. Dessa forma podemos ver que essa Emenda Constitucional deixou apenas o 08 de julho como data histórica e festiva. O que fazer com o 24 de outubro? Segundo o Prof. Luís Antõnio Barreto nós sergipanos somos - herdeiros de uma faixa de terra litorânea, irrigada até o interior pelos rios da história do Brasil - São Francisco, Cotinguiba, Sergipe, Vaza-Barris, Piauí e Real - aptos ao trabalho, criativos e inovadores no domínio do conhecimento os sergipanos compõem um povo que fez da luta o caminho da sua afirmação, e renova, a cada dia, a cada episódio de sua tragetória a mesma lição em defesa da liberdade contra todos os tipos de opressão, do direito como instrumento contra os privilérgios, da prosperidade, para evitar a indiginidade da vida, da justiça para com as hegemonias?. Então, sendo o povo sergipano tão forte e rico em suas produções, transformou-se o dia 24 de outubro, dia que a sociedade sergipana no passado, comemorou a sua liberdade, e transformou-se no dia da SERGIPANIDADE, palavra que foi usada pela primeira vez pelo ilustre sergipano Tobias Barreto. E o que é SERGIPANIDADE? É o conjunto de traços típicos da nossa cultura que torna a nossa identidade diferente das demais no Brasil, mostrando que temos uma relação muito especial com a nossa terra,e com a nossa cultura que é um mostuário de experiências, saberes e sensibilidade do povo que se orgulha de ser sergipano. Viva a nossa SERGIPANIDADE.

Fonte: www palacioolimpiocampos se gov br

Que Sergipanidade é essa?

Imagem reproduzida do Facebook/Fan Page/E-Sergipe Governo de Sergipe 
e postada pelo blog SERGIPE, para ilustrar o presente artigo

Artigo compartilhado do BLOG CLÁUDIO NUNES/INFONET, de 24 de outubro de 2025

Blog Cláudio Nunes: a serviço da verdade e da justiça

“O jornalismo é o exercício diário da inteligência e a prática cotidiana do caráter.” Cláudio Abramo.

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Um texto de Carlos Nascimento, Sergipaníssimo, Mestre em Gestão de Políticas Culturais, que merece uma reflexão profunda hoje, 24 de Outubro, Dia da Sergipanidade:

Que Sergipanidade é essa?

Quando décadas atrás Pinga e Walter, assim está gravado no compacto da Fonopress, compuseram “Sergipano Bom”, eles definiram o que, para eles, eram as características de um bom sergipano, e assim era cantado:

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“Para ser bom sergipano

É preciso ser bacana

Não dar bolas para o azar

É torcer pelo SERGIPE

Bater papo lá no Chic

Ir à praia farrear

Sergipano bom

Sergipano legal

Tem que gostar de praia,

Futebol e Carnaval”

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Naqueles tempos, a discussão sobre identidade cultural era restrita a uns poucos círculos acadêmicos. Não que hoje seja diferente, porém vez ou outra ela extrapola esses limites, e vem a inexorável pergunta: o que identifica um sergipano? Ou, muitas vezes, surge a afirmação: “Sergipano não tem identidade”.

A questão não é simples, até mesmo porque parte de dois termos abstratos e acadêmicos: identidade e cultura, os quais, juntos, expressam um conceito muito mais ideológico.

Quando em 2020 decidimos colocar no calendário cultural o Dia da Sergipanidade, o objetivo era muito mais provocar uma reflexão do que uma simples celebração em um só dia, ou semana. Assim estava no primeiro projeto que foi apresentado ao então Conselho de Turismo do Polo Costa dos Coqueirais. Hoje, a data se enche de discursos cheios de obviedades.

É preciso marcar que celebrar a sergipanidade é celebrar a contradição, pois a identidade de um povo não é monolítica. Ela é fluida, plástica, porém, em nome dessa fluidez, não se pode admitir que seja simplesmente diminuída por forças e interesses estranhos. Parafraseando Mahatma Gandhi: “Eu não quero que a minha casa seja murada por todos os lados e as minhas janelas sejam vedadas. Quero que a cultura de todas as terras seja soprada pela minha casa o mais livremente possível. Mas me recuso que ela seja derrubada por uma brisa qualquer”.

É necessário ter consciência que não existe cultura mais rica que outra, ou mais “certa” que outra, e que não podemos esconder o nosso modo de ser, porque há quem o ache mais pobre ou errado. Isso acontece especialmente no falar, que é mais mutável. Às vezes me estranham porque ainda falo palavras como “bola de assopro”, ao invés de “bexiga”, “sinaleira” no lugar de “semáforo”, “arraia” e não “pipa”, ou ainda “macacão” quando falam “amarelinha”. É sobre essa resistência que Gandhi falava.

Hoje, quando assisto aos programas locais de TV, muitas vezes não me reconheço na linguagem pasteurizada que é imposta pelas cabeças de redes às suas afiliadas, mas que nem todas aceitam, especialmente as do Sul e do Sudeste.

É o reconhecer-se, o sentido de pertencimento, independentemente do local de nascimento, que serve de amálgama para um povo. É ver-se refletido nos outros, compartindo modos de sentir e agir. É um conjunto de vários traços que define a sergipanidade, mesmo que nem todos eles sejam compartilhados em todos os rincões do estado, mas sempre haverá aspectos mais comuns que os outros que nos definem.

Texto reproduzido de post do blog Cláudio Nunes, hospedado no site: infonet com br

quinta-feira, 23 de outubro de 2025

Homenagem de Amorosa a Pascoal Maynard

Post compartilhado do Facebook/Antônia Amorosa Sergipana, de 23 de outubro de 2025 

Hoje(23), é aniversário de uma das pessoas que quero bem, tendo neste balaio de vivências, nossas virtudes e defeitos também; mas, tendo como princípio de vida, valores inegociáveis. 

Nossa amizade nasceu numa mesa de bar, sem que eu bebesse o chopp que ele sempre apreciou, com moderação. Foi através dele que eu conheci Ismar Barreto, e foi em seu apto, na Niceu Dantas, que conheci meu compositor predileto. Nossa amizade evoluiu para o nível de compadre/comadre. Sempre sonhei em vê-lo ocupando uma função pública de destaque porque em terras de Sergipe, sei quem ama, de verdade, a nossa cultura. Tentei levá-lo comigo na gestão municipal 2013/2016 - ele não quis. Em 2023, convidei novamente; ele aceitou o desafio. Obrigada, governador! No alto dos seus 75 anos, @pascoalmaynard é uma referência de dedicação ao registro da memória cultural do povo sergipano, seja através do programa que lidera, seja como jornalista/cinegrafista que não perde a cena da cena sergipana. Ao meu lado, acompanhou de perto minhas lutas e lágrimas, por amor à esta filha de tantos pais - a cultura sergipana. Ao vê -lo como presidente do Conselho Estadual de Cultura, assisto com gratidão a quem teve a sensibilidade de apoiar seu nome, como um ato de justiça a um dos mais ativos trabalhadores do pensar e do fazer cultural em terras de Aracaju e Sergipe. Hoje, meu amigo, meu irmão, meu compadre Pascoal Maynard, chega aos 75 anos, caminhando mais devagar, mas com uma mente atenta a tudo que acontece em nossa aldeia. Filho, irmão, pai, esposo, amigo, trabalhador pela cultura e do jornalismo cultural, Pascoal representa a essência mais nobre da nossa vivência social. Somos diferentes, algumas vezes, na percepção dos fatos; mas, não houve nada, nem ninguém que tirasse do meu coração, o amor fraterno que eu tenho por ele! Hoje, além de parabenizá-lo, quero agradecer a Deus por este amigo, que não ando "grudada", mas o tempo jamais conseguiu nos separar em amizade, respeito e gratidão. Te amo meu compadre! A bíblia diz que temos amigos mais chegados do que irmãos. Você é aquele irmão que eu escolhi como tal, porque Deus me mostrou sua integridade e, principalmente, seu lindo coração. Viva Pascoal!

Texto e imagem reproduzidos de post do perfil no Facebook/Antônia Amorosa Sergipana 

domingo, 19 de outubro de 2025

Bairro São José: Onde o Silêncio do Mangue se Transformou em Memória

Foto (legenda e crédito) postada pelo blog, para ilustrar o presente artigo
Vista aérea do Santuário São José, na Praça Tobias Barreto,
 no bairro São José, na cidade de Aracaju-SE.
Imagem: Canal do YouTube/Cineasta Fábio Jaciuk
Reproduzida do site: www youtube com

Artigo compartilhado do site ROACONTECE, de 4 de outubro de 2025  

Bairro São José: Onde o Silêncio do Mangue se Transformou em Memória

Por Emanuel Rocha*

Memórias de um bairro que cresceu sobre águas perdidas, onde fé, esporte, ciência e cultura se entrelaçam.

Nas semanas anteriores, navegamos pelas ruas do América e do Siqueira Campos, sentindo o pulsar de suas memórias e entendendo como cada bairro traça sua própria narrativa dentro do coração de Aracaju. Hoje, no São José, seguimos o mesmo fio de histórias, descobrindo como passado e presente se encontram nas margens de rios, praças e vielas, compondo a poesia viva da cidade.

Mais que um simples endereço na geografia de Aracaju, o bairro São José nasceu entre águas e memórias, onde o passado e o presente se encontram. Sua história começou com a união de duas localidades: a Fundição, situada ao sul do Centro da cidade, margeando o Rio Sergipe, onde funcionavam o depósito de inflamáveis e a sede dos primeiros clubes de regatas da cidade, o Cotinguiba Esporte Clube, o Clube Sportivo Sergipe, ambos fundados em 1909, e o Iate Clube de Aracaju, de 1953. E também o Bariri, área pantanosa nas proximidades do Carro Quebrado, atual Salgado Filho, com riachos que precisaram ser aterrados e canalizados. Hoje, essa região compreende o entorno da Paróquia São José e do Hospital São Lucas. Para que o bairro pudesse florescer, foi preciso silenciar o mangue. Ecossistemas inteiros foram destruídos, a água e a lama transformadas em ruas, praças e casarões. A beleza urbana custou caro à natureza, e o silêncio do mangue ainda ecoa entre as construções que hoje dominam a paisagem.

No coração espiritual do bairro está a Paróquia de São José, criada em 1924. Seus sinos marcaram casamentos, batizados, despedidas e esperanças. Em 11 de julho de 2023, o templo foi elevado a Santuário Arquidiocesano São José, celebrando em 2024 o centenário de sua fundação. Hoje, o santuário permanece como guardião da fé e da memória de um bairro que transformou águas em pedra e silêncio em oração.

Entre as joias do bairro floresceu o Cotinguiba Esporte Clube, fundado em 1909. Antes do futebol, veio o remo, esporte que marcou sua estreia e lhe deu supremacia. Com 38 conquistas estaduais, sendo dez consecutivas, o Cotinguiba desenhou nas águas do Sergipe a coragem e o ritmo que o eternizariam. O futebol chegou depois, e com ele as cores azul e branco, eternizadas nas conquistas de 1918, 1920, 1923, 1936 e 1942. Desde a primeira decisão estadual, o clube rivalizou com o Sergipe, conquistando corações e deixando um legado inesquecível.

O bairro São José é também polo de ciência, cultura, espiritualidade e cidadania. O ITPS, criado em 27 de junho de 1923 como Instituto de Química Industrial e transformado em 1948 em Instituto de Tecnologia e Pesquisa, abriga laboratórios de referência e o Museu de Química, fundado em 2006. O Instituto Parreiras Horta, criado através da Lei n° 836 de 14 de novembro de 1922, no governo de Maurício Graccho Cardoso, foi inaugurado em 5 de maio de 1924. Teve como primeiro dirigente o médico Dr. Paulo Parreiras Horta, que permaneceu à frente da instituição até 8 de dezembro de 1924. À época, sua missão era o preparo e a distribuição das vacinas antivaríola e antirrábica. Com o passar dos anos, o instituto expandiu suas atribuições, agregando exames laboratoriais que marcaram a consolidação da medicina científica em Sergipe.

No campo da cultura, o Teatro Atheneu, o mais antigo em atividade no Estado, acolheu gerações de artistas sergipanos e nacionais, tornando-se espaço de formação e memória da arte local. Já a Associação Atlética de Sergipe, fundada em 24 de maio de 1925, foi palco de grandes gritos de carnaval, competições esportivas realizadas nas quadras de futebol ou na piscina olímpica, além de aniversários, casamentos, gincanas escolares e momentos de lazer que marcaram a vida social sergipana.

O São José também recebeu importantes instituições. A sede do IPHAN esteve no bairro temporariamente, enquanto o IML funcionou ali por décadas, guardando registros de dor e lembrança que atravessaram gerações. É ainda sede da Secretaria de Segurança do Estado e do Centro de Treinamento da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica, reforçando a relevância contemporânea do bairro.

Na dimensão espiritual, além da força católica irradiada pelo Santuário São José, encontra-se a União Espírita Sergipana, fundada em 9 de setembro de 1930, onde Divaldo Franco realizou sua primeira palestra pública, marco do espiritismo em Sergipe e no Brasil.

No campo da memória arquitetônica, destaca-se o Casarão dos Rollemberg, construído em 1919 com forte influência do Art Nouveau. Foi residência de uma das famílias políticas mais influentes de Sergipe. Tombado como patrimônio estadual, hoje abriga o Memorial da Advocacia Sergipana, oferecendo exposições, palestras e visitas educativas, revelando o diálogo entre a arquitetura local e os padrões europeus, bem como a história da elite aracajuana do século XX.

Também de grande importância histórica está a Capitania dos Portos de Sergipe. A primeira foi criada em 12 de janeiro de 1848 pelo Decreto nº 549 do Império, extinta em 1850 e restabelecida definitivamente em 18 de outubro de 1854, pelo Decreto Imperial nº 1861. Desde então, mantém existência contínua, simbolizando a soberania marítima e a relevância estratégica de Sergipe nas rotas do Atlântico.

No campo educacional, o bairro consolidou-se como um verdadeiro celeiro de formação. O Colégio Atheneu Sergipense, o Colégio Arquidiocesano, o Colégio Patrocínio e o Colégio Dom Luciano formaram gerações de aracajuanos, unindo tradição e excelência. A essa herança soma-se o pioneirismo do Jardim de Infância Augusto Maynard, inaugurado em março de 1932 como Casa da Criança, na gestão do interventor federal Augusto Maynard. A instituição foi idealizada pelas jovens normalistas Helena Abud, Miran Santos e Raquel Cortez, que levaram a proposta ao interventor e mobilizaram recursos para concretizá-la. Inspirada nos princípios da Escola Nova, inovou ao unir pedagogia e arquitetura em um projeto moderno para a época. Em 1942, passou a se chamar oficialmente Jardim de Infância Augusto Maynard, permanecendo como símbolo de renovação educativa e esperança para a infância em Aracaju.

A urbanização do bairro avançou entre as décadas de 1950 e 1970. Praças e ruas calçadas se multiplicaram, abrindo espaço para o Estádio Lourival Baptista, o Batistão, e consolidando o bairro como polo de serviços médicos. Médicos, advogados e arquitetos migraram para bairros mais distantes, e antigas residências cederam lugar a consultórios, escritórios e hospitais. Ainda assim, núcleos residenciais permanecem, com idosos guardando memórias e histórias como verdadeiros guardiões do tempo.

Hoje, o São José é um bairro de contradições harmoniosas, memória e progresso, poesia e vida cotidiana. O mangue silenciado, as remadas do Cotinguiba, os carnavais da Atlética, os palcos do Atheneu, os laboratórios do ITPS, os sinos do Santuário, a força da União Espírita e os bancos escolares do Maynard e dos colégios históricos se entrelaçam, guardando em cada rua, praça e edifício a história viva de Aracaju.

Quando a noite cai, o bairro revela sua face mais serena. Entre o concreto e o asfalto, ainda ecoam as águas, as vozes, os passos e os sonhos. O São José permanece como guardião da memória, testemunha do tempo e poesia viva de uma cidade que cresceu sobre suas próprias escolhas.

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* Emanuel Rocha é historiador, coautor dos livros Bacias Hidrográficas de Sergipe, Unidades de Conservação de Sergipe e Bairro América: A saga de uma comunidade. Também atua como repórter fotográfico e poeta popular.

Texto reproduzido do site: roacontece com br

sábado, 18 de outubro de 2025

Festas do Centenário de Emancipação Política de Sergipe, 1820-1920

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 17 de outubro de 2025

Alegrai-vos Sergipanos!: Festas do Centenário de Emancipação Política de Sergipe, 1820-1920

Por Amâncio Cardoso *

Uma das datas cívicas mais festejadas da História de Sergipe foi a comemoração do centenário de nossa emancipação política em relação à Bahia. A efeméride ocorreu em Aracaju, no dia 24 de outubro de 1920, rememorando o decreto de D. João VI (1767-1826), de 08 de julho de 1820. Mas, por tradição, desde pelo menos 1836, a independência era comemorada em 24 de outubro, pois teria sido a data em que a notícia do decreto chegara do Rio de Janeiro até Sergipe.[1]

No centenário, em 1920, os brios dos sergipanos ainda estavam feridos, devido aos insolúveis litígios pelas fronteiras sul e oeste de nosso Estado com a Bahia. Era a secular “Questão dos Limites”, cuja desvantagem sempre recaiu sobre a menor unidade federativa. Mas como registra o hino de Sergipe, em alusão à nossa independência frente à Bahia, ele conclama que “devemos festejar”.[2]

Assim sendo, a grande festa do centenário de independência de Sergipe ocorreu com relativa pompa, conforme os limites dos cofres públicos e particulares.[3] Dentre os empresários, os que mais contribuíram com dinheiro para os festejos foram Ribeiro Chaves & Cia (proprietários da fábrica de tecidos Confiança); Antônio do Prado Franco (um dos proprietários da Usina Central em Riachuelo) e Cruz, Ferraz & Cia (proprietários da fábrica de tecidos Sergipe Industrial). As famílias, por sua vez, se prepararam com o melhor vestuário. Para isso, o comércio varejista anunciou o recebimento de “lindo sortimento de sedas e artigos de armarinho para os festejos de outubro”.[4]

A iniciativa para comemorar o centenário surgiu entre os membros do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). A ideia, como vimos, foi encampada e financiada pelo governo, empresários e profissionais liberais. Comissões de trabalho foram formadas e a programação oficial publicada nos jornais. Ela continha cinco dias de festas: de 23 a 27 de outubro.[5]

No dia 23, teve início a Exposição-Feira dos produtos agropastoris e industriais dos municípios, no galpão do Entreposto do Estado. Nas praças Pinheiro Machado (atual Tobias Barreto) e da Estação Ferroviária (atual área dos mercados centrais) houve, à noite, cinema ao ar livre; fogos de artifício e bandas de música.

Já em 24 de outubro, o dia oficial, houve alvorada; cantou-se o Te Deum na catedral (hino em missa de ação de graças que exalta Deus); fez-se içamento da nova bandeira de Sergipe, que ainda é a atual, no mastro do palácio de governo; houve desfile militar na praça Fausto Cardoso; inaugurou-se a estátua do filósofo Tobias Barreto, na praça Pinheiro Machado (atual Tobias Barreto), como representação da intelectualidade sergipana no país; realizaram-se banquete e baile noturnos no palácio do governo e festejos populares nas praças. Enquanto no dia 25, ocorreram à tarde festas e inaugurações no posto zootécnico da Ibura, no município de Socorro; e à noite, houve baile por convite no Cinema Rio Branco.[6]

Por fim, nos dias 26 e 27 ocorreram bailes de gala; recepções exclusivas; inauguração da seção de pecuária no Depósito Municipal, na rua de Siriri; e eventos abertos, com destaque para as regatas no rio Sergipe, à tarde, com quatro páreos, sendo um deles disputado por “senhorinhas’, concorrendo à taça do Centenário.[7]

O governo do estado, para perpetuar as comemorações, publicou o Álbum de Sergipe, organizado pelo jovem escritor e advogado Clodomir Silva (1892-1932), que apresentou uma síntese histórica, socioeconômica, geográfica e político-administrativa, impresso na gráfica do Jornal O Estado de São Paulo, com imagens de Leone Ossovigi (SP), que fotografou os municípios para ilustrar a publicação.[8] Além dele, foram contratados os fotógrafos Fabian (RJ) e Guilherme Rogatto, que veio de Maceió. Ademais, também foram contratados artistas italianos, que estavam em Salvador, “para cuidar, entre outras atribuições, das obras de ampliação e reforma do palácio do Governo”.[9]

Outra forma de perpetuar a memória do centenário de independência de Sergipe foi a confecção e distribuição, pelo governo, de medalhas de ouro e bronze para autoridades e instituições científicas; bem como a realização de reformas arquitetônicas e urbanas na capital e no interior do Estado, a exemplo das reformas em vários prédios públicos; arrematação da empresa de bondes; aterramentos de ruas e construção de grupos escolares.[10]

Além de eventos cívicos, a festa do centenário também contou com a participação de artistas da terra. Neste sentido, a comissão central convidou o “Centro Artístico Sergipense” para apresentar espetáculo composto de monólogos, recitativos, cançonetas e mímica.[11] Também foi convidado para expor seus quadros o renomado pintor sergipano Oséas Santos (1865-1949), que morava em Salvador.[12]

A grande festa do centenário de emancipação política, em 1920, não se isentou da conotação ideológico-partidária do período. Afinal, o líder político de então era o próprio presidente do Estado, o experiente militar e ex-senador Pereira Lobo (1864-1933). Sua liderança se evidenciou, sobretudo, após o vácuo deixado pelas mortes de Fausto Cardoso (1864-1906) e Olímpio Campos (1853-1906); e também pela frágil saúde do seu antecessor e então senador, General Oliveira Valadão (1849-1921), que faleceria um ano depois dos festejos. Ao deixar o governo de Sergipe, em 1922, Pereira Lobo elegeu-se Senador da República pela segunda vez, de 1923 a 1930.[13]

Na efeméride do centenário, os organizadores queriam marcar na memória coletiva o potencial “material” de Sergipe, assim como o Estado era gigante no campo intelectual, representada pelo celebrado Tobias Barreto. Desta forma, houve um esforço para apresentar à nação o poder econômico do Estado, apesar de estar circunscrito em “território reduzidíssimo e com seu desenvolvimento por muito tempo tolhido [sobretudo pela Bahia]”, como anunciara um jornal à época.[14]

Dessa maneira, estava subjacente no discurso sobre o aludido centenário a ideia de que o passado inglório, sob a tutela da opressora Bahia, havia terminado; e que o então governo seria um marco divisor. Ou seja, Sergipe estaria experimentando uma nova fase de modernização material e autonomia moral, despertando o orgulho de ser sergipano nas novas gerações, simbolizado nos eventos programados nos cinco dias de festa e registrado no número especial da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, cuja diretoria idealizara e organizara o magno evento.[15]

Como vimos, as comemorações do centenário de independência política de Sergipe em 1920 foi um momento de reelaboração da identidade sergipana, capitaneada pela elite econômica e intelectual, como forma de manutenção do poder político, assentada em instituições estatais e científicas.

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* É historiador.

Notas e referências:

[1] Embora os membros do IHGSE tenham proposto o 08 de julho de 1920 como dia da comemoração do centenário de emancipação, com base no decreto de D. João VI, o governador do Estado optou por celebrar os festejos no dia 24 de outubro de 1920, data reconhecida pelo povo. Essa divergência parece ter como pano de fundo uma animosidade entre Pereira Lobo e os intelectuais do Instituto, conforme FERRONATO, Cristiano; et al. Comemoração do primeiro centenário da emancipação política de Sergipe: Um olhar a partir das revistas do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). RIHGSE, Aracaju, nº 50, 2020, p. 52-65.

[2] Hino de Sergipe. Letra de Manoel Joaquim de Oliveira Campos; Música de Frei José de Santa Cecília, 1836. Disponível em:  www educadores diaadia pr gov br/. Acesso em: 04/06/2025.

[3] LOBO, José Joaquim Pereira. Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa. Aracaju, 07 de setembro de 1920. p. 05 et passim.

[4] Livro de Honra. Correio de Aracaju, 03 de setembro de 1920, nº 2.951, p. 02; Correio de Aracaju, 04 de setembro de 1920, nº 2.952, p. 01 e 04.

[5] Revista do IHGSE. Aracaju: Typ. Commercial, v. 5, nº 9, 1920.

[6] A estátua de Tobias Barreto é de autoria do escultor italiano, que vivia em São Paulo, Lorenzo Petrucci (1868-1928). Ele também havia esculpido em Aracaju a estátua de Fausto Cardoso, em 1912, e o obelisco a Inácio Barbosa, em 1917. Sobre a produção e o significado da ereção da estátua de Tobias Barreto, ver: ROCHA, Renaldo Ribeiro. A grande festa do centenário da independência de Sergipe. Revista do IHGSE, Aracaju, nº 48, 2018, v. 1. p. 159-176.

[7] “As festas comemorativas de nossa Emancipação política”. Correio de Aracaju, 02 de setembro de 1920, nº 2.950, p. 01; Correio de Aracaju, 03 de setembro de 1920, nº 2.951, p. 02; Correio de Aracaju, 10 de setembro de 1920, nº 2.956, p. 01; Correio de Aracaju, 11 de setembro de 1920, nº 2.957, p. 01-02; Correio de Aracaju, 15 de setembro de 1920, nº 2.960, p. 02; Correio de Aracaju, 17 de setembro de 1920, nº 2.962, p. 01.

[8] LOBO, José Joaquim Pereira. Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa. Aracaju, 07 de setembro de 1920. p. 10.

[9] José Joaquim Pereira Lobo. Disponível em: www palacioolimpiocampos se gov br/Acesso em: 05/06/2025; BARRETO, Luiz Antonio. Aracaju, festa e presentes. Gazeta de Sergipe. Aracaju, 17 e 18 de março de 2002, nº 12.943, p. B-4.

[10] LOBO, José Joaquim Pereira. Mensagem apresentada à Assembleia Legislativa. Aracaju, 07 de setembro de 1920. p. 10 et passim.

[11] Tomaram parte nos espetáculos os seguintes membros do Centro Artístico Sergipense: Misael Cardoso; Jordão de Oliveira; Milton de Assis; Nomizio de Aquino; Carlos Andrade; Ariston Ribeiro; Freire Pinto; Athico Marques; Heitor Leal. Ver Correio de Aracaju, 24 de setembro de 1920, nº 2.968, p. 01.

[12] CARDOSO, Amâncio. Oséas Santos: trajetória de um pintor sergipano. Disponível em: www f5news com br. Acesso em: 08/06/2025.

[13] Pereira Lobo. Disponível em: www25 senado leg br/. Acesso em: 07/06/2025.

[14] Correio de Aracaju, 25 de setembro de 1920, nº 2.969, p. 02.

[15] Revista do IHGSE. Aracaju: Typ. Commercial, v. 5, nº 9, 1920.

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Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Soutelo: A Discreta Elegância de um Homem da Cultura

Artigo compartilhado de Post do Facebook/Luiz Eduardo Oliva, de 9 de janeiro de 2022

Soutelo: A Discreta Elegância de um Homem da Cultura 

Por Luiz Eduardo Oliva *

Por quase quarenta anos o professor Luiz Fernando Ribeiro Soutelo foi uma referência ativa como intelectual, pontuando principalmente como um guardião das coisas da cultura sergipana. Recebo a notícia de sua morte, segunda, dia 03. Verifico-lhe a idade: 72 anos. Vou ao livro “Perfis Acadêmicos” da Academia Sergipana de Letras, escrito por seu presidente José Anderson Nascimento e vejo que desde 1985 ele já fazia parte daquela Academia. 

O que é de admirar é que Soutelo ingressou como acadêmico bem jovem, aos 36 anos, numa Academia repleta de intelectuais da maior grandeza, muitos com idade avançada. Portanto foi companheiro de nomes que marcaram definitivamente a cultura sergipana. 

Ao adentrar ao sodalício das letras sergipanas Soutelo recebeu a aprovação pelo voto e conviveu com nomes da estirpe intelectual do historiador Silvério Fontes, do médico e compositor Antônio Garcia, do professor Felte Bezerra, dos poetas Santo Souza, José Amado Nascimento, Clodoaldo de Alencar Filho, Wagner Ribeiro, Eunaldo Costa, das poetisas Núbia Marques, Gizelda Moraes, Carmelita Pinto Fontes da historiadora Thetis Nunes, da grande educadora Ofenísia Freire, do romancista Mário Cabral, do arcebispo Luciano Duarte, do jurista Bonifácio Fortes, do museólogo José Augusto Garcez, do intelectual multifacetado Luiz Antonio Barreto do poeta e crítico literário Manoel Cabral Machado, do jurista e ex-ministro Fontes de Alencar, do romancista e também jurista Artur Oscar de Oliveira Deda, dos escritores ex-governadores Seixas Dória e Luiz Garcia, do ex-senador e cartunista Gilvan Rocha, do historiador Acrísio Torres, do jornalista e escritor Ariosvaldo Figueiredo.  

São remanescentes, na Academia, da época do ingresso de Soutelo somente Anderson Nascimento, José Abud, Francisco Rollemberg e Carmelita Fontes. Significa dizer que, literalmente e literariamente Soutelo representava uma testemunha viva do fazer cultural em Sergipe por quase meio século. Coube a ele a responsabilidade de suceder o médico e fabulista (um gênero raro) José Olino de Lima Neto na Cadeira de nº 30. 

Embora fosse dono de uma cultura invejável, Soutelo atuava mais na retaguarda dos órgãos que colaborou. O Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe é um deles, o Conselho Estadual de Cultura outro, onde foi seu presidente e um dos mais longevos conselheiros, tendo contribuído e muito para a preservação do patrimônios= histórico e artístico de Sergipe. Soutelo tinha a delicadeza de ligar para os amigos e emitir opinião sobre assuntos diversos. Não raro ligava-me para comentar meus artigos publicados neste Jornal da Cidade. Da ultima vez, perguntei por uma palestra que ele fez no início dos anos 1990, demonstrando porque São Cristóvão era a quarta cidade mais antiga do Brasil. Contou-me do parecer do historiador Hélio Vianna ao Conselho Federal de Cultura que oficializava a primeira capital dos sergipanos no patamar de 4ª cidade mais antiga e ficou de me enviar o texto, mas logo ficou enfermo.

A assistente social e professora Guadalupe Oliva, que foi colega dele quando ambos lecionavam da Universidade Tiradentes destacou sua personalidade ímpar: “inteligente, elegante, discreto e parcimonioso era um homem de educação fina e delicadeza peculiar. Era o que poderíamos descrever como ‘o bom moço’ um personagem dos Tempos do Imperador”. E completou:  “Soutelo era culto, amante da história e pesquisador nato, um homem admirável”.  

O corpo do intelectual Luiz Fernando Soutelo foi velado na sede da Academia Sergipana de Letras. Além da família, amigos, intelectuais, artistas estiveram presentes. Como bem disse sua irmã Luiza Maria, em discurso emocionado de agradecimento aquele momento não parecia um velório e sim um encontro cultural e um congraçamento de amigos. 

O ambiente, as conversas em torno da personalidade do acadêmico demonstrava o quanto Soutelo era querido e admirado. Soutelo, de fato, foi um homem aglutinador da cultura até no ultimo momento da sua despedida. Deixou uma obra vasta, em artigos que publicou, mas muita coisa inédita. 

Como sugestão, o Estado de Sergipe, através do Conselho de Cultura, bem que poderá prestar a justa homenagem publicando, quiçá pela Editora Diário Oficial – Edise, o que nos legou Luiz Fernando Ribeiro Soutelo. Será uma homenagem também à cultura sergipana. 

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* Advogado, poeta, ex-secretário de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania e membro da Academia Sergipana de Letras Jurídicas.

** Artigo Publicado no Jornal da Cidade/SE, edição nº 14.529 de 08  a 10  de janeiro de 2022, onde Luiz Eduardo Oliva escreve quinzenalmente.

Texto reproduzido de post do Facebook/Luiz Eduardo Oliva

terça-feira, 7 de outubro de 2025

Carmelita Pinto Fontes parte aos 92 anos...

Professora Carmelita Fontes: uma mulher à frente do seu tempo

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 7 de outubro de 2025

Carmelita Pinto Fontes parte aos 92 anos e deixa legado eterno na educação e cultura sergipana

Por Pascoal Maynard *

A manhã desta terça-feira, 7, trouxe uma notícia que entristeceu profundamente o meio acadêmico e cultural de Sergipe: faleceu, aos 92 anos, a professora e poeta Carmelita Fontes, uma das mais respeitadas educadoras e intelectuais do Estado. 

Nascida em Laranjeiras, em 1º de fevereiro de 1933, Carmelita Pinto Fontes formou-se em Letras pela Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe em 1957. Iniciou sua carreira docente em 1962, lecionando na mesma instituição e, posteriormente, na Universidade Federal de Sergipe, onde permaneceu até sua aposentadoria em 1991.

Com pós-graduação em Linguística, Literatura Francesa e Literatura Hispano-Americana, Carmelita se destacou como educadora, pensadora, poeta e defensora da cultura regional. 

Foi cofundadora da Academia Sergipana de Jovens Escritores e atuou em conselhos estaduais de Cultura e Educação. Sob o pseudônimo Gratia Montal, escreveu para jornais como A Cruzada, Diário de Aracaju e República de Lisboa. 

Produziu quase 20 peças de teatro infantil e publicou o livro de poemas Tempo de Dezembro, em 1982, considerado um marco da poesia sergipana.

Em 1984, foi eleita para a Academia Sergipana de Letras, ocupando a cadeira nº 38. Sua atuação como educadora foi tema de dissertações acadêmicas e recebeu homenagens públicas. Entre seus ex-alunos, destaca-se o ex-governador Marcelo Déda, que sempre reconheceu sua influência formadora.

O programa “Expressão” exibirá nesta sexta-feira, dia 10, o documentário “Carmelita Fontes” que tive a honra e o privilégio de produzir e dirigir.

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* É jornalista, documentarista  e produtor cultural. Atualmente exerce o cargo de Assessor Especial da Funcap, Presidente do Conselho Estadual de Cultura e apresentador do programa Expressão na Aperipê TV.

Texto reproduzido do site: jlpolitica com br/coluna-aparte

Morre a escritora Carmelita Pinto Fontes aos 92 anos

Publicação compartilhada do site INFONET, de 7 de outubro de 2025

Morre a escritora Carmelita Pinto Fontes aos 92 anos

Ela estava internada em um hospital particular da capital. A informação foi confirmada por familiares.

Morreu no fim da tarde da segunda-feira, 6, aos 92 anos, a professora, escritora e teatróloga Carmelita Pinto Fontes, em Aracaju. Ela estava internada em um hospital particular da capital, mas a causa da morte não foi divulgada. A informação foi confirmada por familiares.

Ainda de acordo com parentes, não haverá velório. O sepultamento será realizado às 9h desta terça-feira, 7, no Cemitério Colina da Paz, em Aracaju.

Nascida em Laranjeiras, Carmelita teve uma trajetória marcante na educação, literatura e cultura sergipana. Foi professora, poetisa, contista, cronista, jornalista e dramaturga, licenciada em Letras e com pós-graduação em Linguística, Literatura Francesa e Literatura Hispano-Americana.

Teve atuação expressiva em instituições públicas e culturais, sendo membro da Academia Sergipana de Letras desde 1984, ocupando a cadeira nº 38, além de ter integrado o Conselho Estadual de Cultura, o Conselho Estadual de Educação e ter sido diretora da revista da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Sua produção intelectual e atuação como educadora foram alvo de homenagens, inclusive com dissertações de mestrado dedicadas à sua obra. Entre seus ex-alunos, destacou-se o ex-governador Marcelo Déda (In memoriam).

por João Paulo Schneider 

Texto e imagem reproduzidos do site: infonet com br

As marcas de um dia triste

Post compartilhado do Facebook/JorgeNascimento Carvalho, de 6 de outubro de 2025

AS MARCAS DE UM DIA TRISTE 

Dia muito triste. Acordei com a notícia da morte da querida amiga jornalista YARA BELCHIOR. O dia estava se encerrando e me chega a notícia da morte da professora CARMELITA PINTO FONTES. 

A professora partiu aos 92 anos de idade. Foi uma importante poetisa, jornalista, contista, cronista e teatróloga. Publicou muitos textos em jornais sob o pseudônimo de GRATIA MONTAL. 

Laranjeirense, teve uma longa carreira docente na área de Literatura, atuando na Faculdade Católica de Filosofia e no Departamento de Letras da Universidade Federal de Sergipe. Era membro da Academia Sergipana de Letras.

Triste 06 de outubro de 2025.

Texto e imagem reproduzidos do Post Facebook/JorgeNascimento Carvalho.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Professor Vilder Santos

Post compartilhado do Facebook/Antonio Samarone, de 1 de outubro de 2025

Professor Vilder Santos
Por Antonio Samarone

Ontem, após muitos anos, reencontrei um velho amigo. Uma surpresa! Um mal-assombrado tinha me contado: Vilder "bateu as botas" na Covid. Cheguei a rezar por sua alma. 

Engano!

O professor Vilder, formado em letras vernáculas e em direito, chegou aos oitenta. A mesma dignidade, a mesma altivez. 

Quando ainda existia opinião pública, o professor Vilder participava dos debates radiofônicos. Era uma voz acreditada. Participou da equipe esportiva da rádio Cultura, comandada por Raimundo Luiz e comandou o programa “a voz do magistério”.

O pai de Vilder, foi vereador por sete mandatos e dono do lendário “Carrossel do Tobias”. Hoje, nomeia o mercado do Augusto Franco.

Vilder é adventista e poeta (triversos). Ensinou moral e cívica no Atheneu e EPB na UFS, nos tempos sombrios. 

Em uma entrevista a Osmário, em 2005, Vilder afirmou ser: “legalmente solteiro, mas sonha aprender a tocar um instrumento musical. Comprei o pandeiro e, se aparecer alguma pandeirista para me ensinar, eu topo”(risos).”

Não sei dizer se a pandeirista apareceu.

Longa vida ao professor Vilder, rumo ao centenário.

Texto e imagem compartilhados de post do Facebook/Antonio Samarone

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Morre o sanfoneiro Zé Américo de Campo do Brito


Publicação compartilhada do site RADAR SERGIPE, de 25 de setembro de 2025

Morre o sanfoneiro Zé Américo de Campo do Brito

A música e a cultura sergipanas estão de luto, com a morte do sanfoneiro e comerciante Zé Américo de Campo do Brito. Dono de um restaurante no Mercado de Aracaju, era uma pessoa agradável e bastante receptiva.

A cultura sergipana e, em especial, o município de Campo do Brito, amanheceram de luto nesta quinta-feira, 25 de setembro de 2025, com a triste notícia do falecimento de José Américo Cavalcante de Souza, mais conhecido como Zé Américo de Campo do Brito. O sanfoneiro, que dedicou sua vida à preservação e celebração do autêntico forró nordestino, deixa um legado imensurável e uma lacuna profunda no cenário musical e cultural do estado.

Nascido em 1955, no pé da serra do município de Campo do Brito, no povoado de Caatinga Redonda, Zé Américo era filho de seu Albino e dona Laíza Albina. Desde a infância, o forró esteve presente em sua vida, moldando sua paixão pela música e pela cultura de sua terra. Sua trajetória musical começou de forma humilde, chegando a vender cabras e uma égua para adquirir sua primeira sanfona, um testemunho de sua dedicação inabalável à arte.

 Zé Américo não apenas tocou forró; ele viveu e respirou a essência do Nordeste. Suas canções, como a emblemática "A velha casa de farinha", retratavam com lirismo e autenticidade a vida na roça, o trabalho árduo e as tradições do povo sergipano. A música, gravada em 2005, é um retrato vívido da rotina de arrancar mandioca, tirar a manipueira e fazer beiju para vender na feira, um modo de vida que ele ajudou a eternizar através de sua arte.

 Após um período em São Paulo, onde buscou novas oportunidades, Zé Américo retornou a Sergipe em 1981, consolidando sua carreira no estado. Ele se tornou uma figura proeminente no cenário musical sergipano, participando de grandes festas e eventos, além de programas de televisão locais. O lançamento de seu CD "Sonho de um Agresteiro" marcou um ponto alto em sua carreira, projetando ainda mais seu talento e a riqueza do forró autêntico.

 Zé Américo de Campo do Brito era mais do que um sanfoneiro; ele era um embaixador da cultura sergipana. Sua música e sua presença eram sinônimos de orgulho para Campo do Brito, um município que, com aproximadamente 18.149 habitantes (censo de 2022), é um berço de tradições. Ele manteve vivo um vasto repertório que representava a alma do forró e a identidade cultural de Sergipe.

 A partida de Zé Américo deixa um vazio, mas sua voz e sua sanfona continuarão a ecoar nas memórias e nos corações de todos que tiveram o privilégio de conhecer sua obra. Seu legado, de dedicação, autenticidade e amor pela cultura nordestina, permanecerá como inspiração para futuras gerações de artistas e amantes do forró. Campo do Brito e Sergipe se despedem de um de seus maiores filhos, mas a melodia de Zé Américo será eterna.

Texto e imagens reproduzidos do  seite: radarse.com.br