terça-feira, 11 de junho de 2024

Morre o popular “Cosme Fateira”, ex-vereador de Aracaju

Legenda da foto: Cosme Fateira (D) recebendo uma homenagem do irmão “Chico do Cantagalo”

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 11 de junho de 2024

Morre o popular “Cosme Fateira”, ex-vereador de Aracaju

Morreu em Brasília o itabaianense Cosme Fonseca de Oliveira, popularmente conhecido como “Cosme Fateira”. Segurança aposentado do Senado, ele morava na capital federal há muitos anos, mas costumava visitar Sergipe, principalmente nos anos de eleições. Cosme também era ex-carteiro dos Correios e ex-vereador de Aracaju, tendo sido eleito com o slogan “Ruim por Ruim, vote em mim”. O corpo de Ferreira foi cremado, nessa segunda-feira (10), no Cemitério da Esperança Asa Sul, em Brasília.

Muito amigo da família Franco, “Cosme Fateira” era irmão do saudoso desportista itabaianense Francisco Vilobaldo de Oliveira, o “Chico do Cantagalo”, ex-presidente do clube de futebol amador que lhe emprestou o apelido. O irmão de Cosme criou o Grêmio Literário e Esportivo de Itabaiana, com uma escola para os meninos pobres do Beco Novo e uma quadra esportiva com o piso de cimento, nos fundos do bairro Tanque do Povo. “Cantagalo” morreu assassinado, em julho de 2009.

Para homenagear “Cosme Fateira”, um sergipano sangue bom, uma pessoa sempre de bem com a vida, o site Destaquenoticias republica abaixo um texto sobre a passagem dele pela Câmara Municipal de Aracaju:

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O urubu quase virou ilustre cidadão aracajuano

Por Adiberto de Souza *

Segurança aposentado do Senado, o impagável Cosme Fateira foi vereador de Aracaju em pleno golpe militar. Na verdade, ele ficou na primeira suplência do MDB, tendo assumido o mandato com a renúncia do vereador Wilson Moura. Batizado Cosme Fonseca de Oliveira, este itabaianense boa praça ganhou o apelido na campanha eleitoral de 1966, por ter usado como bandeira política a defesa das vendedoras de vísceras bovinas do antigo mercado das carnes de Aracaju.

Na Câmara Municipal, continuou defendendo melhores condições de trabalho para as amigas fateiras. Para sua tristeza, a Prefeitura não lhe dava ouvidos, enquanto os colegas de parlamento só se preocupavam em conceder títulos de cidadão aos oficiais do Exército, que chegavam aos montes na capital sergipana para proteger a ditadura militar e prender os adversários do regime, todos tidos pelos de farda como comunistas, comedores de fígados de criancinhas. Invocado com a mesmice do legislativo, Cosme resolveu, de uma cajadada só, criticar a sujeira da cidade, defender as amigas fateiras e protestar contra a vergonhosa bajulação aos milicos. Claro, sem chamar muito a atenção dos guardiões do golpe militar para não ir em “cana” também.

Para surpresa de todos, o vereador Cosme Fonseca apresentou um projeto de lei concedendo um título de cidadão ao Urubu. Na justificativa, o polêmico parlamentar dizia que se a ave não fizesse a limpeza da cidade, ninguém suportaria tanta sujeira. O ex-parlamentar jura que, até por chacota, havia clima para aprovar a homenagem ao mascote do Flamengo, porém o comando do Exército ficou sabendo a tempo de obrigar a Câmara a rejeitar o projeto.

A rejeição da propositura, contudo, não evitou a repercussão do episódio pelos jornais do Sudeste do Brasil, despertando a atenção, inclusive, da imprensa internacional. Por achar que o vereador feriu as regras dos bons costumes, desmoralizando a sociedade com seu inusitado projeto de lei, o Exército proibiu o MDB de registrar a candidatura de Fateira à reeleição. Cosme, porém, sempre preferiu atribuir a castração de sua trajetória política à inveja dos aliados emedebistas, que mal saiam em notinhas na Gazeta de Sergipe, enquanto ele e seu urubu quase aracajuano ganharam um generoso espaço na famosa norte-americana Revista Time. Home vôte!

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* É editor do site Destaquenotícias

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias com br