quarta-feira, 28 de maio de 2025
'Adeus, Padre Carvalho', por Lilian Rocha
Post compartilhado do Facebook/Lilian Rocha, de 27 de maio de 2025
Adeus, Padre Carvalho
Por Lilian Rocha
Ele me chamava de "mamãe", embora tivesse 32 anos a mais que eu. Ele dizia que era por causa do meu jeito, muito maternal.
Já ele me lembrava meu avô. Não fisicamente, nem tampouco no jeito de ser, mas sim, nas muitas vezes em que subi ao refeitório para almoçar com ele. Era naquele ambiente simples dele que eu reencontrava meu avô.
No papagaio que nos esperava na subida da longa escada, na mobília antiga, nas travessas em que eram servidas as comidas, na beterraba da salada e, principalmente, no guardanapo que ele amarrava no pescoço para não sujar a camisa, sempre impecavelmente branca e bem engomada.
Ali ele se despia da autoridade e se deixava ser como gostava. Ali, a conversa corria frouxa. Ele relembrava fatos de sua infância, repetia as frases cheias de sabedoria de sua avó (que eu já sabia de cor) e, entre uma garfada e outra, insistia para que eu comesse mais um pouco.
Mas tudo isso acontecia em meio a um entra e sai frenético de funcionários do colégio, que aproveitavam aquele horário para "despachar" com ele de maneira mais rápida.
Nunca o vi repelindo ninguém, nem pedindo pra voltar depois. Ele sempre atendia a todos, mesmo tendo que sacrificar alguns momentos do seu precioso horário de almoço.
O refeitório era, na verdade, a extensão do seu gabinete, ou, melhor dizendo, o "atalho". Se a gente quisesse lhe pedir autorização para alguma coisa mais urgente, ali era, sem dúvida, o melhor lugar.
Já saíamos dali com meio caminho andado e de barriga cheia, ainda por cima...
Mas nós nos conhecemos muitos anos antes. Entrei como aluna do 1 ano ginasial em 1969, com apenas 10 anos de idade. Quando o colégio era pequeno ainda, habitado também por seminaristas que moravam no segundo andar.
Entrei quando a farda ainda era saia plissada cinza, blusa branca e sapato preto Vulcabrás...
Quando o speedball do pátio das mangueiras era nosso maior sonho de consumo...
Quando Morena comandava a cantina e a doce e silenciosa Irmã Augusta enfeitava as capas dos nossos trabalhos com sua bela letra...
Vi a farda se transformar em calça jeans e tênis, vi o sino se transformar em música nos intervalos e as aulas de inglês se tornarem mais modernas com recursos de audiovisual.
Mas quando chegou o dia de ir embora, nem olhei pra trás. Saí como se o mundo fosse meu, aos 17 anos, achando que nunca mais voltaria ali.
Mas voltei. Vinte anos depois, formada, casada e com cinco filhos, todos crianças.
Voltei a convite dele. Queria que eu fosse professora de português e Literatura do Ensino Médio e, nas horas vagas, uma "espécie de mãe para os alunos".
Aceitei na hora.
Meu velho colégio agora tinha se transformado numa pequena "cidade", de 4300 alunos, que tinha piscina, quadra, auditório, capela, marcenaria, livraria e tantas coisas mais.
Mas a aluna que tanto queria ser professora nunca deixou de ser aluna.
Um pedaço meu havia ficado ali, naqueles antigos corredores de azulejos verde e amarelo, naquela enorme escada vermelha que tantas vezes me viu chorando as mágoas do primeiro amor.
E foi com esse mesmo amor de aluna que fiz gerar em mim a professora que eu sempre quis ser. Entusiasmada pelo meu trabalho, apaixonada pelos meus milhares de alunos e sempre atenta às necessidades do meu querido colégio.
Não fui apenas professora. Fui mãe também, como ele havia me pedido pra ser. Mãe de alunos, mãe de pais de alunos, mãe de professores e até de alguns funcionários que, vez ou outra, me pediam ajuda. Vezes sem
conta, subi ao refeitório para interceder pessoalmente por algum deles...
Tudo fiz para retribuir aquele singelo convite que mudaria a minha vida para sempre.
Fiz do Arqui a extensão da minha casa. Fui professora, orientadora, redatora de jornal, produtora de peças de teatro, diretora da associação de ex-alunos, criadora do Memorial do Arqui. Durante 20 anos esqueci de mim mesma para viver o Arqui.
Mas tudo passa, nada dura para sempre.
Hoje se foi meu velho Padre Carvalho, o último vínculo que me prendia ao Arqui.
Mas vai o homem, fica a história.
Mas eu não fui ali me despedir do fundador e diretor de um dos maiores colégios do estado, do homem que fez história na educação de Sergipe e que formou centenas de milhares de "cidadãos capazes, dignos e verdadeiros discípulos de Cristo".
Fui ali me despedir do homem simples do refeitório, que chupava laranja depois do almoço e que me lembrava meu avô.
E que vai me encher de saudade, sempre que eu encontrar alguém almoçando com um guardanapo amarrado ao pescoço...
Com a gratidão e o carinho da sua "mamãe",
Lilian Rocha (27.05.25)
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Lilian Rocha
terça-feira, 27 de maio de 2025
"Monsenhor Carvalho (93 anos)", por Antônio Samarone
Artigo compartilhado do BLOG DE SAMARONE, de 1 de dezembro de 2019
Gente Sergipana – Monsenhor Carvalho (93 anos).
Por Antônio Samarone
José Carvalho de Souza Nasceu em Lagarto, em 24 de novembro de 1926. Filho de Joaquim Vieira Souza e Maria Carvalho de Souza. A mãe faleceu durante o seu parto. O padre Carvalho foi criado pela avó materna, dona Joana Rosa do Amor Divino.
O Padre Carvalho apreendeu as primeiras letras com a professora Maria de Cerqueira Teles, na Escola Nossa Senhora Auxiliadora. Concluiu o primário no Grupo Escolar Sílvio Romero.
O menino José Carvalho tentou aprender o ofício de alfaiate, com seu Miguel, não deu certo. Não aprendeu chulear. Tentou ser sapateiro, com o mestre Sabino, também não conseguiu. Só encheu as pernas de calo, batendo sola.
José Carvalho aprendeu um pouco de música, chegou a tocar trompa, na Lira Popular de Lagarto.
Como não se deu com o artesanato, a avó mandou o menino para a fazenda do tio, conhecido por seu Maroto, para tomar conta de terras e gado. Também não deu certo.
Depois de tentar vários caminhos, José Carvalho resolve ser padre. A avó não acreditava, achava que ele não gostava de estudar. Mas o destino estava traçado, em 14 de fevereiro de 1946, aos 20 anos, matriculou-se no Seminário de Aracaju. O reitor do Seminário era o Monsenhor Olívio Teixeira.
Concluído o curso de humanidades no Seminário de Aracaju, transferiu-se (em 1950) para o Seminário da Paraíba onde cursou filosofia. Em 1953, procurando uma melhor formação, foi buscar o Seminário do Rio Grande Sul para estudar teologia. Ordenou-se sacerdote em 02 de dezembro de 1956, na cidade do Lagarto.
Dado a sua competência e interesse pela educação, o novo padre José Carvalho, no ano seguinte (1957), já seria nomeado vice-reitor do Seminário Diocesano de Aracaju. E no mesmo ano, assumiu a reitoria do Seminário. Começava uma carreira de educador.
Em 1960, o padre José Carvalho fundou o Educandário Arquidiocesano Sagrado Coração, depois Colégio, que organizou, tornando-o um dos melhores colégio de Sergipe. O Padre Carvalho foi o seu diretor até 2012, quando de forma nunca esclarecida, a Arquidiocese de Aracaju pôs fim a uma brilhante jornada. A decisão da Arquidiocese foi, no mínimo, uma profunda ingratidão.
A vida do Monsenhor Carvalho foi o Colégio Arquidiocesano, 52 anos de dedicação.
Fui professor de ciências e biologia no Colégio Arquidiocesano por cinco anos. O ensino da teoria da evolução nos cursos de biologia em Sergipe é recente, data da década de 1970. O livro de biologia adotado passou a ser o “Biological Science Curriculum Study (BSCS)”, versão verde e azul, em português, onde a base teórica da biologia passava a ser a teoria da evolução e a genética.
Pensei, estou numa enrascada. Como ensinar a teoria da evolução, com a sua visão materialista da origem da vida, num Colégio Católico? Procurei o Monsenhor Carvalho, diretor do Colégio e expus o dilema. Ele foi sucinto e claro: “você ensina biologia e eu ensino o catecismo”. Uma aula de arejamento pedagógico.
Outro exemplo da grandeza do Monsenhor Carvalho se deu no episódio da expulsão de alguns alunos da Escola Pública (Atheneu) por “subversão”, durante os anos de chumbo da ditadura. Os meninos ficariam com o futuro comprometido sem acesso à escola. O Monsenhor Carvalho, um homem conservador, de imediato resolveu a pendência, aceitou a matrícula dos “subversivos” no Arquidiocesano.
O Monsenhor Carvalho engrandece a galeria dos grandes educadores de Sergipe.
Como Pastor, tenho saudade das suas missas ao final das tardes dos sábados, transmitidas pela Rádio Cultura. A sua voz arrastada, com ênfase nas sílabas finais das palavras, ecoavam nos quatro cantos de Sergipe, divulgando o evangelho.
Parabéns ao pastor e educador José Carvalho de Souza.
Texto e imagem reproduzidos do blogdesamarone blogspot com
Monsenhor José Carvalho de Souza: 50 anos de compromisso com a educação
Artigo compartilhado do site EM PAUTA UFS, 3 de dezembro de 2009
Monsenhor José Carvalho de Souza: 50 anos de compromisso com a educação
Por Catarina Schneider
Monsenhor José Carvalho de Souza, 83 anos, é um nome de referência em Aracaju. Conhecido por fundar o Colégio Arquidiocesano desde 1º de março de 1960 e pela sua visão cristã moderna, é tido como um grande educador. Nascido em 24 de novembro de 1926, é bem humorado e bastante acessível, dando-se muito bem com os adolescentes e as crianças. Nascido na cidade de Lagarto, órfão de mãe desde o seu nascimento, foi criado pelos avós e tios. Desde a sua infância já pensava em ser padre. Estudou em uma escola católica, “Dona Maria Teles”, e gostava bastante de prestar atenção nas pregações que os padres faziam e de ajudar as missas como coroinha, o que demonstra sua vocação para o sacerdócio. Porém, seus tios fizeram uma pressão muito grande e ele acabou desistindo da idéia. Quando completou 17 anos, teria que vir para Aracaju cursar o ginásio no colégio Tobias Barreto em regime de internato, já que não existia segundo grau na sua cidade. Como não queria, sua avó o mandou pra fazenda. Lá ele tomou gosto pelos animais e tornou-se muito apto naquilo. “Tinha 36 cabeças de gado e sempre trocava animais com meu tio”, conta todo orgulhoso. Em uma venda de ferreiro onde levava o material da fazenda para o conserto, perto da casa onde morava em Lagarto, tinham dois adventistas (religiosos que guardam o sábado ao invés do domingo) que ficavam criticando a igreja católica. Como tinha princípios religiosos, Monsenhor Carvalho, objetivava-os discordando do que falavam. Então, uma pergunta trouxe à tona o que estava adormecido. “Eles me perguntaram se eu já havia lido a Bíblia e eu disse que não, aí eles falaram que foi por isso que eu acreditava na igreja católica, pois ela deixou de pregar a língua de Deus para pregar a língua dos homens. Naquele mesmo dia eu comprei o Novo Testamento e comparei o que tinha aprendido na escola e na igreja”, relembra. Assim, foi se apegando à igreja, ao Evangelho e voltando a freqüentar as missas. No dia 8 de setembro de 1945, na hora do jantar, seu tio o interperou: “Eu pedi a preferência da fazenda pra você e você não disse se quer ou não comprá-la, então se decida porque venderá para outra pessoa”. Então, ele disse : “Se meu avô, Zacarias da Silva Junior, em vez de me dar a fazenda, quiser custiar a despesa no seminário, prefiro ir para lá”. Sua avó não apoiou muito, pois dizia que nunca gostara de estudar e nunca havia perseverado com nada.
Porém, aquilo era o que ele realmente queria e prometeu estudar e prosperar. Assim, seu avô cedeu para ele ir ao seminário. Foi uma bomba na cidade. Filho de fazendeiro, um menino novo como outro qualquer, abandonar tudo isso e ingressar no seminário aos 19 anos. No dia 20 de fevereiro de 1946 começou uma vida de estudo e dedicação que toda a sua vontade o fez chegar ao nível dos outros em um só semestre, terminando o seminário em apenas cinco anos. Em seguida, fez um curso de Filosofia na Universidade Católica de Pernambuco em dois anos. Logo depois, o bispo escreveu dizendo que queria que ele fizesse teologia em outro lugar para o sacerdócio, e o indicou para o Rio Grande do Sul para o Seminário Maior de São Leopoldo, para onde foi. Tendo ainda uma passagem pela Faculdade de Ciências e Letras de São João Del Rei (MG), onde recebera o Diploma de Administração Escolar (outra vocação latente que lhe serviria de base para mais tarde implantar uma das mais renomadas escolas de Sergipe – O Arquidiocesano). No dia dois de dezembro de 1956, o bispo o nomeou para ser vice-reitor do seminário que assumiu aqui em Aracaju. No dia 12 de março ele o transferiu para reitor do seminário e logo depois fundou o colégio Arquidiocesano com a intenção de trazer uma formação para jovens que também não se destinavam ao sacerdócio. O objetivo geral do seu trabalho é estimular os alunos para que e eles se tornem felizes, capazes e iluminados, para que prosperem aqui e na eternidade. “Ser uma pessoa justa, com fé, que queira bem ao trabalho, tenha o suficiente para viver, seja solidário e atenda as necessidades dos outros: isso é o que tento passar para eles”, conta. Coordenador e diretor do colégio mais antigo de Aracaju que completa no próximo ano 50 anos, tem sua história relatada num enorme acervo de placas, medalhas, prêmios e reconhecimento do excelente trabalho que vem exercendo para o Arqui e famílias que depositam sua confiança na educação que o Monsenhor Carvalho se propõe dar todos os dias.
Texto e imagem reproduzidos do site: empautaufs wordpress com
Nação Arqui presta homenagem ao Monsenhor José Carvalhode Souza
Artigo compartilhado do site COLÉGIO ARQUI, de 8 de novembro de 2022
Nação Arqui presta homenagem ao Monsenhor José Carvalhode Souza
No último dia 11 de outubro de 2022, terça-feira, nosso colégio prestou uma homenagem ao Fundador e Diretor do Arqui por mais de 50 anos, o Monsenhor José Carvalho de Sousa. Para marcar essa importante data, reunimos os novos Diretores do Colégio, a equipe de Gestão, ex-funcionários, ex-alunos e toda a nossa comunidade escolar. Os estudantes e equipe do 3º ano do Fundamental Anos Iniciais até o Ensino Médio, fizeram um lindo corredor humano, esperando ansiosos e emotivos a chegada do Ilustre homenageado, na entrada do colégio.
A cerimônia aconteceu no Pátio das Mangueiras e foi transmitida ao vivo pelo nosso canal do Instagram com a presença da Banda da Polícia Militar de Sergipe. A Gerente de Marketing do Colégio Master, Thiara Meneses, iniciou a cerimônia convidando a Equipe Diretiva para recebê-lo na entrada do Colégio. Em seguida, o toque do antigo colégio foi tocado e numa emoção muito grande, todos bateram palmas e acenaram para o Monsenhor que passava por todos no corredor até a chegada deles no Busto, colocado no Pátio em homenagem também a ele.
Em seguida, o Diretor Geral, Jorge Mitidieri, proferiu a palavra: “ Existem certos fatos na nossa vida que, por tão inusitados que são, acabam por se apresentar como prova viva dos desígnios do Criador. Eu, assim, como muitos que aqui estão presentes, ex-aluno do Colégio Arquidiocesano, do 6º Ano à 3ª Série do Médio, ex-professor de Matemática da escola por 25 anos, jamais poderia imaginar que um dia seria procurado por corretores para sondar o interesse do Grupo Master em adquirir o Arquidiocesano, com 62 anos de existência. Isso se deu, de forma surpreendente, em meados do ano de 2021.
Após as tratativas com a Arquidiocese de Aracaju, oportunidade na qual expressei o duplo interesse de adquirir esta unidade da Farolândia e, mesmo sendo uma nova escola que se iniciava, manter o nome ARQUI, para dar continuidade a sua belíssima história, deu-se a confirmação do negócio, inédito na educação sergipana: a aquisição de uma escola por um outro grupo educacional local, grupo este que tem entre seus integrantes ex-alunos do Arquidiocesano.
Tenho falado muito, neste último ano, a alunos, pais, ex-alunos, da minha história no Colégio Arquidiocesano e também um pouco da grandiosidade desse exemplar estabelecimento de ensino, que foi fundado em 1960. ”
Seguiu falando de sua trajetória e ligação com o Colégio e com o Monsenhor: “ Por fim, a última mensagem que desejo transmitir, de coração, ao senhor é a da gratidão. Obrigado por tudo que o senhor fez para a educação sergipana. Obrigado por tudo que o senhor fez por mim e por minha família. Obrigado por tudo de bom que o senhor proporcionou a tanta gente, algumas delas aqui presentes. E jamais poderíamos prestar esta singela homenagem, com essas placas que acabamos de descerrar, sem a presença das crianças e jovens que foram sempre a razão de ser da sua existência. A propósito, há uma frase do Padre Carvalho, e com ela quero encerrar minhas palavras, que é de uma sabedoria imensa: “as crianças são a manifestação visível da face invisível de Deus”.
Muito obrigado, Padre Carvalho, Este momento não é nada em face da grandeza de sua vida dedicada à educação e ao Colégio Arquidiocesano!
Placas foram descerradas no saguão do Prédio A, o qual recebeu seu nome e uma linda homenagem com a seguinte frase: “A Nação Arqui existe, perpassando gerações inteiras desde 1960, porque teve à frente um visionário, um idealista: o Monsenhor José Carvalho de Sousa. E a expressão da sociedade sergipana para esse verdadeiro educador, dos maiores da nossa terra, é a Gratidão: Muito Obrigado por tudo!”
Em seguida, o Monsenhor falou muito emocionado e felicíssimo, segundo ele por estar participando da homenagem em vida e vendo que a promessa se cumpriu por parte dos novos diretores. Ao som da Banda, o Monsenhor foi conhecer os ambientes, salas, viu o corredor principal do prédio com sua foto e toda a sua trajetória no Colégio.
Por fim, os estudantes da Educação Infantil ao 2º ano, participaram da segunda parte da homenagem com a apresentação do Coral, entrega de flores e muitos registros com o Monsenhor. Foi uma manhã muito especial para todos que fizeram e fazem parte do Colégio Arqui!
Texto e imagem reproduzidos do site: colegioarqui cloudvp6 com br
Monsenhor Carvalho e o Colégio Arquidiocesano
Corpo do monsenhor Carvalho será sepultado em Aracaju
Velório e sepultamento do Monsenhor José Carvalho
Publicação compartilhada da ARQUIDIOCESE DE ARACAJU, de 26 de maio de 2025
Velório e sepultamento do Monsenhor José Carvalho serão nesta terça em Aracaju
Velório do monsenhor José Carvalho será realizado a partir das 7h desta terça-feira, 27, no Centro de Evangelização Cultura, localizado na Rua Propriá, nº 222, no Centro de Aracaju. O local funciona anexo à Rádio Cultura FM.
No mesmo horário, será celebrada a missa de corpo presente. A missa de sepultamento está marcada para as 14h30 e será presidida pelo arcebispo metropolitano de Aracaju, Dom Josafá Menezes da Silva.
O sepultamento ocorrerá às 16h, no Cemitério Santa Isabel.
Texto e imagem reproduidos do site: arquidiocesedearacaju org
Faleceu Monsenhor José Carvalho de Souza
Legenda da foto: Assim que tomou posse na Arquidiocese de Aracaju, Dom Josafá fez uma visita ao Monsenhor em agosto de 2024 - (Crédito da foto: Arquivo Arquidiocese de Aracaju).
Publicação compartilhada da ARQUIDIOCESE DE ARACAJU, de 26 de maio de 2025
Faleceu Monsenhor José Carvalho de Souza, uma das maiores referências do catolicismo em Sergipe.
O povo sergipano se despede de uma de suas maiores referências. Diretor do Colégio Arquidiocesano e voz marcante da fé no Estado, por meio da Rádio Cultura, o sacerdote deixa legado de mais de seis décadas de serviço religioso, educacional e cultural.
Faleceu nesta segunda-feira, dia 26, aos 98 anos, o Monsenhor José Carvalho de Souza. O religioso estava internado em um hospital particular de Aracaju, há cerca de dois meses, para tratar uma infecção respiratória.
O Velório está marcado para acontecer no Centro de Evangelização Cultura, Rua Propriá – 222, a partir das 7h da manhã. Neste mesmo horário será celebrada a Missa de corpo presente. Ainda não há informações sobre o sepultamento.
A Arquidiocese de Aracaju e a Rede Cultura de Comunicação lamentam com pesar o falecimento do Monsenhor José Carvalho de Souza
Seu Legado
Nascido em 24 de novembro de 1926, perdeu a mãe ainda na infância e foi criado pelo avô, o coronel Zacarias. Decidiu-se pelo sacerdócio nos anos 1940, contrariando as expectativas locais que apontavam o caminho da vida rural como o mais promissor para jovens da cidade.
Ingressou no Seminário Arquidiocesano de Aracaju e prosseguiu os estudos em centros de excelência, como o Seminário de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, e a Universidade Católica de Pernambuco. Também formou-se em Administração Escolar em Minas Gerais, área que o prepararia para uma de suas missões mais emblemáticas: a fundação do Colégio Arquidiocesano.
O Educandário Sagrado Coração de Jesus nasceu em 1959 em uma das salas do seminário, na Praça Camerino. Em 1960, mudou-se para a Rua Dom José Thomaz, consolidando-se como Ginásio Diocesano. Sob sua liderança, a escola tornou-se uma das mais respeitadas do Estado, referência de excelência acadêmica e formação cristã.
Afastou-se da direção em 2012, após mais de meio século à frente da instituição. Deixou, porém, marcas profundas e insuperáveis na memória de gerações de alunos e educadores.
Além da atuação no ensino, Monsenhor Carvalho ocupou cargos relevantes na vida eclesiástica e pública. Foi vice-reitor e reitor do Seminário Sagrado Coração de Jesus, membro do Conselho Estadual de Cultura, diretor-presidente da Rádio Cultura de Sergipe e cônego catedrático do Cabido Metropolitano da Arquidiocese de Aracaju.
Em 2002, recebeu o título de Monsenhor, concedido pelo Papa João Paulo II, a pedido de Dom José Palmeira Lessa. No mesmo espírito de reconhecimento, foi homenageado pelo Governo de Sergipe com a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar (2007), a Comenda Daltro (2011) e o título de Honra ao Mérito Educacional (2015).
Publicou o livro Presença Participativa da Igreja Católica na História dos 150 anos de Aracaju, em 2006. Tornou-se imortal da Academia Lagartense de Letras em 2013, ocupando a cadeira número 10.
Figura marcante nas novenas de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Lagarto, teve o privilégio de encerrar as festividades por muitos anos. Era reconhecido pela retórica firme, pela voz grave e pelo domínio das Escrituras, traços herdados de seu mestre espiritual, padre Frederico Loufer. Sua vida também foi objeto de estudo acadêmico.
Em quase sete décadas de vida sacerdotal, Monsenhor Carvalho foi símbolo de fé, dedicação e serviço. Seu nome permanece vivo na memória dos que convivem com os frutos de sua obra — nos altares, nas salas de aula e nas páginas da cultura sergipana.
Texto e imagem reproduidos do site: arquidiocesedearacaju org
Nota de Pesar pelo falecimento do Monsenhor José Carvalho de Souza
Nota compartilhada da ARQUIDIOCESE DE ARACAJU, de 26 de maio de 2025
Nota de Pesar pelo falecimento do Monsenhor José Carvalho de Souza
Nota de Pesar
Com profundo pesar e esperança cristã na Ressurreição, a Arquidiocese de Aracaju comunica o falecimento do estimado Monsenhor José Carvalho de Souza, ocorrido nesta segunda-feira, 26 de maio. Aos 98 anos, Monsenhor Carvalho encerra sua peregrinação terrena, deixando um legado extraordinário de quase sete décadas dedicadas ao serviço religioso, educacional e cultural ao povo sergipano.
Diretor do Colégio Arquidiocesano e voz marcante da fé, por meio da Rádio Cultura, Monsenhor Carvalho foi um incansável anunciador do Evangelho, cuja vida e obra marcaram profundamente nossa Arquidiocese. Logo após assumir o pastoreio desta Igreja Particular, em agosto de 2024, tive a alegria e a honra de visitá-lo pessoalmente, testemunhando de perto seu testemunho de fé e compromisso sacerdotal exemplar.
Sua memória permanecerá viva em nossos corações e nos frutos de sua ação pastoral, educacional e cultural. Consola-nos saber que sua vida foi sinal de entrega e fidelidade. Acolhido agora nos braços do Bom Pastor, permanece entre nós o testemunho de um sacerdote que amou com intensidade a Igreja e o povo que lhe foi confiado.
Que Nossa Senhora da Conceição, padroeira desta Arquidiocese, interceda pelo descanso eterno de Monsenhor José Carvalho e conforte os corações de todos os que sentem sua partida.
Em Cristo Ressuscitado,
Dom Josafá Menezes da Silva
Arcebispo Metropolitano de Aracaju
Texto e imagem reproduidos do site: arquidiocesedearacaju org
segunda-feira, 19 de maio de 2025
A saga dos Paes Mendonça: de supermercados aos shoppings
segunda-feira, 12 de maio de 2025
O mundo visto pela lente da cultura: o perfil de Aglaé D’Ávila Fontes
Perfil compartilhado do site FAN F1, de 6 de maio de 2025
O mundo visto pela lente da cultura: o perfil de Aglaé D’Ávila Fontes
De Perfil
Por Larissa Gaudêncio
Quando o Centro de Criatividade de Aracaju ainda dava seus primeiros passos no atual bairro Getúlio Vargas, junto à comunidade da Maloca, de raízes quilombolas, houve quem compreendesse que o exercício da coletividade exige o conhecimento da própria história.
Naquele momento, sensível à efervescente e rica cultura sergipana, Aglaé Fontes escreveu a peça teatral “O Auto do Menino do Quilombo” e conseguiu mobilizar cerca de 40 moradores na atuação. A produção artística tomou forma por meio do engajamento dos próprios cidadãos locais. Foi reescrita e transmitida a partir das vivências compartilhadas.
Esse movimento, segundo Aglaé, idealizadora do Centro de Criatividade, reflete sua visão sobre a cultura popular: um espaço de memória e história.
“Eu não tinha o desejo de chegar de mala e bagagem numa comunidade, eu queria que ela crescesse comigo, que ela fosse descobrindo o valor que ela tinha”
E como não se pode plantar palavras e colher prática, sua própria trajetória revela um compromisso contínuo com a compreensão da cultura como tudo aquilo que é produzido para que as pessoas possam construir suas existências.
Hoje, aos 90 anos, entre os arquivos e documentos que fazem parte da história e estão preservados no prédio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGS), onde ocupa a presidência, Aglaé ainda observa o mundo com o mesmo vigor artístico que enxergou na Maloca.
A armação quadrangular dos óculos repousando sobre o nariz é quase uma metáfora: como se cada lente revelasse, com nitidez, o que muitos não enxergam: o mundo visto pela ótica da cultura.
Cultura em todo lugar ao mesmo tempo
Adjetivos não faltam para descrever a personalidade multifacetada de Aglaé D’Ávila Fontes, nascida no município de Lagarto, em 1934. Professora, escritora e teatróloga, teve sua vida entrelaçada com a educação e as artes.
Criou uma escola de música para crianças, transitou pelos meios de comunicação como o rádio e a televisão, escreveu livros, fundou e dirigiu grupos de teatro, sempre colocando em destaque a cultura popular sergipana.
A educação que incorpora a arte como uma de suas principais aliadas foi, segundo Aglaé, moldada por experiências da infância. Filha de Marieta d’Ávila Fontes, dona de casa, e Teófilo Fontes de Almeida, funcionário público federal, conheceu a dor e a beleza de mudar de cidade várias vezes. Passou por Riachuelo e Itabaianinha antes de se fixar na capital sergipana.
“Isso teve um lado ruim, que foi uma criança se acostumar numa escola e, daqui a pouco, o pai se mudar. Mas também teve um lado muito bom, porque morando em várias cidades do interior, depois de Lagarto, a gente foi conhecendo a cultura daquelas regiões e minha mãe era muito sensível para isso”
Foi nessa verdadeira jornada de aprendizagem que os folguedos e a história das cidades despertaram nela o desejo de estudar a cultura sergipana. Das apresentações de grupos folclóricos nas festividades religiosas ou em datas comemorativas, surgiram os questionamentos que viriam a fundamentar suas pesquisas.
“Quando você vai ficando adulto, vêm as perguntas: ‘De onde é que veio isso?’, ‘Como é que esses costumes se incorporaram no território sergipano?’. Vou dizer uma palavra até muito sergipana, vem uma ‘futucação’ de ideias. Isso constitui aquilo que nós chamamos hoje, sabiamente, de identidade cultural. E eu estava interessada nisso”
Ao relembrar os pais, destaca que o incentivo à leitura e aos estudos foi fundamental para sua formação artística.
“Quando minha mãe me colocou para aprender música, isso foi uma coisa muito importante. Ela e meu pai eram pessoas muito ligadas a gostar de ler, a que os filhos estudassem. Eu acho que a arte é um dos elementos, seja ela de linguagem musical, teatral ou plástica, uma forma de descoberta do mundo. E quando você é fisgado por esses estímulos, a sua tendência é cada dia mais você aprofundar”
A partir daí, para compreender Sergipe, Aglaé nunca deixou de considerar suas manifestações artísticas, seus gestos cotidianos e suas histórias populares. Esse olhar atento começou a aflorar quando ela se fixou em Aracaju, em 1955, e fundou uma Escola de Música na capital sergipana, após concluir sua formação pelo Instituto de Música e Canto Orfeônico de Sergipe.
Mais tarde, ampliou ainda mais esse repertório cultural e intelectual com um bacharelado em Filosofia pela Universidade Federal de Sergipe e a pós-graduação em Educação Infantil.
Hoje, aos 90 anos, mas com a lucidez afiada de quem dedicou a vida ao saber, Aglaé integra a Academia Sergipana de Letras e a Academia Lagartense de Letras, além de presidir o IHGS. A apresentação de si, no entanto, é feita com simplicidade.
“Eu sou professora aposentada, claro, pela idade você já tá vendo, mas eu me chamo professora, porque eu sou professora a vida toda”
E é assim que ela se reconhece: professora, antes de qualquer título, cargo ou condecoração. Foi na UFS que construiu boa parte desse legado, após ser aprovada em concurso público para lecionar Psicologia da Educação, disciplina à qual se dedicou por décadas.
Essas experiências ganharam corpo, e palco, quando Aglaé foi convidada a idealizar um dos projetos culturais mais emblemáticos de Sergipe: o Centro de Criatividade de Aracaju.
O Centro de Criatividade
Localizado no Morro do Cruzeiro, no bairro Getúlio Vargas, na capital, o centro foi pensado como um espaço democrático, onde diversas linguagens artísticas se encontravam. Aglaé fala com emoção desse tempo fértil em que arte e comunidade se tornaram indissociáveis.
“O centro era de uma efervescência muito grande, mas ele foi projetado para trabalhar com várias áreas, várias linguagens de arte. Como teatro de palco, teatro de bonecos, a música coral, música instrumental, todos os tipos. O Centro era realmente um espaço com 1000 possibilidades”
Foi lá, por exemplo, que ela escreveu e dirigiu O Auto do Menino do Quilombo, um espetáculo com forte raiz africana encenado por 40 moradores da comunidade local, muitos deles pisando em um palco pela primeira vez.
“Tinha 40 pessoas daquela comunidade que tomavam parte. Então, eles não só aceitavam o Centro, mas eles se integravam na sua totalidade, nos fazeres do Centro”
Mas para Aglaé, mais importante que implantar um centro cultural era compreender e valorizar o território onde ele se inseria. Por isso, antes mesmo da primeira oficina, realizou uma pesquisa profunda sobre a história e os moradores da região.
E essa é, talvez, uma das maiores lições de sua trajetória. Cultivar o território é também cultivar a identidade de um povo.
Educação artística transformadora
No terceiro mandato como presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGS), Aglaé D’Ávila Fontes caminha pelos corredores com a mesma paixão com que entrou ali pela primeira vez, em 2018.
A presidência no Instituto é mais uma página de uma história repleta de protagonismo. Aglaé foi produtora e apresentadora do primeiro programa infantil no rádio sergipano, O Gato de Botas, transmitido pela Rádio Cultura, e ocupou funções de liderança em instituições fundamentais para a vida cultural do estado, como o já citado Centro de Criatividade, a Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju) e a Secretaria de Estado da Cultura.
Em 1978, estimulou a criação do Grupo de Teatro de Bonecos Mamulengo de Cheiroso, voltado à valorização das tradições populares nordestinas.
Depois de uma carreira dedicada à educação e à cultura, assumiu o desafio de preservar e valorizar a memória sergipana em um dos espaços mais tradicionais do estado.
A atuação de Aglaé no instituto vai muito além das funções administrativas. Com um olhar atento e sensível, para ela, a cultura não é um tema que deve ficar restrito a espaços de pesquisa. É parte essencial da formação do indivíduo, e deveria estar mais presente nas salas de aula.
“Eu acho que a escola não pode ser indiferente a isso. Eu acho que há muita falta de uma cultura sergipana na escola, para que a criança se habitue desde cedo a conviver com a literatura, através dos contos populares. Às vezes uma escola trabalha com temas muito fora do Brasil e se esquece que a gente tem uma cultura tão rica e tão diversificada”
No IHGS, a missão continua: ampliar o acesso ao conhecimento e, sobretudo, construir pontes entre gerações.
“Eu tenho um carinho muito especial por essa educação voltada para criança, eu também estou contando a história do meu jeito com brincadeira, com música, porque se você não alicerça nada na infância, você não pode cobrar do adulto. A escola é muito responsável por essa questão de conhecimento. O conhecimento é uma coisa muito importante”
Aglaé conta que a vontade de pensar, criar e compartilhar ainda se mantém viva, mesmo com as limitações físicas que a idade começa a impor. Por isso, ainda deseja colocar muitos projetos em andamento.
“Eu ando com algum problema, por exemplo, no meu joelho, mas a cabeça tá boa. Então eu quero aproveitar cada vez mais enquanto a minha cabeça estiver produzindo”
Com essa intenção, aparentemente simples, Aglaé reafirma sua missão: fazer da cultura um instrumento de pertencimento, e do conhecimento, um caminho de liberdade.
“Eu digo que o sergipano tem que ter orgulho da origem dele, da história dele e buscar cada vez mais a sua identidade. Isso aí só se tem com conhecimento. Então, estudar e pesquisar, para mim, é a coisa mais importante da vida”
Texto e imagem reproduzidos do site: fanf1 com br
quinta-feira, 8 de maio de 2025
Pedro Barreto de Andrade, promotor público e desembargador
Pedro Barreto de Andrade, promotor público e desembargador
Por Gilfrancisco*
É doloroso escrever sobre um amigo morto. Até porque todos nós sucumbimos um pouco quando os nossos companheiros desaparecem. A solidariedade no desenlace assume então motivações pessoais, eis que a morte extingue a presença amiga e fecha definitivamente a possibilidade do convívio. Acostumamo-nos à vida, crescendo-a permanente com suas expectativas e aspirações e, quando não esperamos, vem um choque violento – a velha Parca ceifa alguém ao nosso lado, advertindo-nos de que há um termo necessário no tempo, inevitável para cada um dos humanos.
Manoel Cabral Machado, Aracaju, 30 de outubro de 1984
Amigo de Manoel Cabral Machado desde a infância, prestou uma homenagem ao escrever um longo e judicioso artigo, marcando os traços fundamentais de sua valiosa existência. Esse artigo foi incluído no livro de Machado, “Brava Gente Sergipana e outros Bravos”, 1999, 2ª edição revista e aumentada, EDISE/TCE, 2016. Filho de Pedro de Andrade, Juiz de Direito de Riachuelo e depois de Simão Dias e de D. Ester Dantas Vieira de Andrade. Pedro Barreto de Andrade nasceu em Simão Dias a 23 de março de 1918, sendo batizado na igreja Matriz em 31 de março pelo Cônego Domingos Almeida.
Com pouco mais de um ano, ficara órfão de pai. A jovem viúva com três filhos menores (Maria Ester, Pedro e Cenira) retorna à Capela, passando a morar com o pai, Dr. Francisco Vieira de Andrade, Juiz de Direito e rico usineiro na Comarca. Fez o curso primário no Colégio Santa Inez, em Capela, dirigido pela professora Adelina da Silva Vieira, concluindo-o em 1928. Neste ano Domo Ester veio morar em Aracaju para melhor educar os filhos. Dois anos depois como interno no Colégio Salesiano encontra o amigo de infância Cabral Machado, mas em seguido, Pedro transfere-se para o Liceu Salesiano do Salvador, onde conclui o 2º e 3º anos ginasiais, vindo a terminá-lo no Colégio Tobias Barreto, dirigido pelo professor Zezinho Cardoso.
Pedro não levava o estudo a sério, sendo seguidamente reprovado nos estudos, fazendo com que seus familiares suspendessem a mesada. Levado pela dificuldade financeira torna-se propagandista de remédios. Anos depois retornou os estudos na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, formando-se finalmente em 12 de dezembro do ano de 1946. A convite do então governador do Estado de Sergipe, Dr. José Rollemberg Leite, retornou para Aracaju, vindo a dirigir, a partir de 30 de dezembro de 1948, o Serviço de Assistência Municipal e no ano seguinte a Imprensa Oficial.
Pedro Barreto de Andrade assumiu vários cargos públicos: Promotor Público de Itabaiana no ano seguinte; 2º Procurador da Fazenda Pública do Estado de Sergipe (1951); Secretário da Justiça e Interior do Estado de Sergipe e Presidente do Conselho Estadual de Serviço Social (1951); Chefe de Polícia do Estado de Sergipe, no governo de Arnaldo Rollemberg Garcez (cargo correspondente a Secretário de Estado da Segurança Pública) (1952); Professor das disciplinas Direto Público e Privado e História das Doutrinas Econômicas, da Faculdade de Ciências Econômicas de Sergipe (1953). Deputado Estadual nas legislaturas de 1954, 1958 e 1962.
Em 1964 Pedro Barreto foi nomeado Desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe, representando o quinto constitucional da advocacia. E preside o mesmo Tribunal em 1973, além de ter presidido o Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, no biênio 1970 a 1972. Aposentou-se da magistratura em 15 de maio de 1980.
Posse no TJS
Com a presença do Governador Paulo Barreto, autoridades civil e militares, juízes, promotores e advogados, além dos senadores Lourival Baptista e Augusto Franco, o Desembargador Pedro Barreto de Andrade foi empossado em 7 de fevereiro de 1973, na presidência do Tribunal de Justiça de Sergipe. Vejamos o que informa a imprensa local:
Ao transmitir o cargo de Presidente do Tribunal de Justiça ao seu sucessor, o desembargador Prado Vasconcelos apresentou um relatório completo de sua gestão. Linguagem sóbria, elegante e enérgica, expressara a realidade de um Poder, cujo orçamento não correspondia às suas necessidades fundamentais. A dignidade da Magistratura exigira, todavia, uma economia exemplar, a fim de corresponder às reformas físicas e administrativas do Poder, em suas instâncias.
Em seu discurso de posse, que confirmou a sua imagem de magistrado íntegro, estudioso e hábil, o novo presidente do Tribuna de Justiça do Estado, pretende harmonizar o direito positivo com os ditames da moral e dom bem comum:
A solenidade de posse compreendeu ainda a investidura dos Desembargadores Antônio Vieira Barreto e Antônio Xavier de Assis como vice-Presidente e Corregedor Geral da Justiça Sergipana, que juntamente com o novo presidente foram saudados pelo seu colega Dr. Raimundo Rosa, pelo Procurador Geral do Estado, Dr. Eduardo Cabral Menezes, Dr. Antônio Ferreira, Juiz de Direito de Simão Dias, em nome da Associação dos Magistrados de Sergipe, advogados, e promotora Creusa Batalha Figueiredo, representando a Associação do Ministério Público.
Morte na Imprensa
Pedro Barreto de Andrade afirmara-se na vida, sobretudo, como um líder. Por sua inteligência e habilidade, fazia e conservava amigos em qualquer relacionamento, entre ricos e podres. Segundo Manoel Cabral Machado, era homem de caráter e firmeza, sobretudo com muita coragem pessoal e cívica, fez-se respeitado e até temido por pura perversidade, mas porque capaz e se defender e dar dignidade às funções públicas ocupadas.
O deputado Estadual e Desembargador aposentado, Pedro Barreto de Andrade, faleceu na Casa de Saúde São Lucas em 14 de setembro de 1984, deixando viúva, filhos e netos. O sepultamento ocorreu no Cemitério Santa Isabel, com o grande féretro sendo acompanhado por um grande número de pessoas, entre as quais, autoridades, familiares, amigos e ex-colegas.
Durante o velório do Deputado no Plenário da Assembleia, om colega Luiz Machado em nome da Casa, fez a seguinte elegia. Vejamos um trecho:
Deputado Pedro Barreto de Andrade
Vossa Excelência que se acostumou a me ouvir falar de improviso desta tribuna, nos arroubos de minhas orações, neste momento não poderia eu deixar de em nome do Poder Legislativo, saudá-lo pela última vez.
Sinto que a pobreza de meus vocábulos não me permita interpretar as profundas emoções que invadem os corações de todos nós, deputados, seus companheiros e funcionários, seus amigo e admiradores, em suma, do povo sergipano.
Dr. Pedro Barreto
Seus olhos se fecharam, hoje, para este mundo de realidades efêmeras. Seus ouvidos se cerram para sempre ao clamor de nossas vozes. Mas o seu espírito está vigilante.
Vigilante como sempre foi durante a sua vida.
Vigilante porque atento aos problemas do Estado e aos apelos da sociedade sergipana.
Vigilante como atalaia, em defesa e preservação da ordem pública. Guardião da Justiça e baluarte da Ciência Jurídica. Defensor dos direitos humanos dos cidadãos de qualquer categoria social.
São estas as marcas, os estigmas que V. Excelência, Pedro Barreto deixou impressos nas funções que exerceu e nos cargos que ocupou.
Relembrá-lo é evocar um passado honroso e um convívio saudável de um homem público íntegro e de um amigo sincero.
A data 23 de março de 1918 assinalou om começo de sua existência preciosa.
Vocacionado para a vida pública. Exerceu importantes e variados cargos no cenário da magistratura e da política sergipana, em todos se havendo com dignidade e honradez.
Foi Secretário de Segurança Pública non Governo Arnaldo Rollemberg Garcez.
Foi Desembargador emérito.
Presidente do Tribunal Regional Eleitoral, em 1974.
Corregedor Geral da Justiça.
Consolidou sua posição como magistrado emérito e respeitado por todos os sergipanos, exercendo a Presidência do egrégio Tribunal de Justiça do Estado.
Com seu prestígio e diplomacia, soube sensibilizar o Governo na administração José R. Leite para construção do atual Palácio da Justiça.
Foi Secretário de Estado da Segurança Pública pela segunda vez, no Governo do Dr. Augusto do Prado Franco, muito contribuindo para a manutenção da ordem pública em nosso Estado.
Suplente de Deputado, na atual legislatura, o Dr. Pedro Barreto, apesar de seu estado precário de saúde, sempre participou das sessões legislativas. E nunca se omitiu a oferecer sua parcela de contribuição para as decisões deste Poder Legislativo. (…)
Análise Política
Com a morte do Desembargado aposentado Pedro Barreto de Andrade, que vinha exercendo, o mandato de Deputado, a sociedade sergipana perdeu, segundo correligionários, amigos e pessoas da área, um dos seus mais importantes homens públicos. Pedro sofreu um acidente vascular cerebral (derrame). Levado imediatamente ao hospital, entrou em coma e não resistiu. Vejamos a crônica publicado no Jornal da Cidade. Aracaju, 15 de setembro de 1984:
Difícil formar uma biografia onde ressaltam a imagem do político partidário atuante, e também a figura do magistrado, Pedro Barreto de Andrade, quem ontem faleceu, conseguiu a proeza de deixar marcada a traços fortes na sua vida, a presença participante do cidadão, que vestiu a toga da magistratura, assumindo por isso, a postura serena e grave de quem julga. E ele foi também o parlamentar combativo, tendo atravessado uma das mais duras e atribuladas fases da política sergipana, quando as paixões partidárias com relativa facilidade extravasavam dos debates, da disputa ferrenha pela conquista do eleitor, para assumir características que deram a Sergipe, naquela época; a feição de um Estado violento.
Pedro Barreto de Andrade, com Djenal Tavares Queiroz ne alguns outros, formavam nas fileiras do velho PSD, uma espécie de grupo de “jovens turco”, os que desafiavam as restrições que eram impostas pelo poder quando o partido estava na oposição; os que chegavam primeiro aos locais onde se dizia que o partido não poderia fazer comícios.
Por trás de uma aparência e extremamente metódica e calma, Pedro Barreto tinha uma invulgar energia, uma capacidade de luta somente comparável à sua competência como articulador político, como homem para quem o diálogo era sempre uma forma de convencer e fazer amigos. E com essas qualidades, ele marcou a sua forma muito particular de liderança. Uma liderança que exerceu durante a vida política e que se manifestou também quando como Desembargador, foi no Tribunal de Justiça um dos seus integrantes mais destacados, uma experiência sempre requisitada, e uma inteligência arguta, ágil na descoberta de fórmulas, onde se mostravam compatibilizadas sua sensibilidade política e seu equilíbrio de Juiz.
Pedro Barreto foi por duas vezes Secretário de Segurança, a primeira quando a política sergipana era acirrada e polarizada no Governo Arnaldo Garcez, o primeiro que no PSD elegeu em Sergipe. Depois de passar pela Assembleia Legislativa e chegando a Desembargador nomeado no Governo Celso Carvalho, Pedro Barreto foi novamente Secretário de Segurança no Governo de Augusto Franco, numa fase em que os hábitos da política sergipana haviam sofrido uma transformação quase radical. Ao falecer, ele era outra vez deputado estadual. Como suplente, vinha sempre ocupando uma cadeira com as licenças de Cleonâncio Fonseca e agora de Francisco Passos. Com a morte de Pedro Barreto, desaparece um estilo muito particular de fazer política, uma característica que também parece ter desaparecido quando em 1966 o Ato Institucional nº 2 extinguiu os partidos políticos e em seu lugar criou ficções representadas pela ARENA e MDB.
Opinião dos Amigos
Pedro Barreto sempre foi um político muito inteligente. Desaparece um companheiro que fará muita falta ao Estado de Sergipe.
Augusto Franco
A passagem de Pedro Barreto na vida pública de Sergipe, deve servir de exemplo para as gerações futuras, pelo caráter e pela dedicação com que ele se houve em todos os cargos que exerceu administrativamente ne politicamente.
Reinaldo Moura
Pedro Barreto foi uma das mais importantes figuras que Sergipe teve em todos os setores em que atuou. Grande advogado, juiz exímio e político dos mais combativos.
Guido Azevedo
Pedro Barreto foi, antes de tudo um lutador que desenvolveu seu trabalho com garra e talento. Daí ter se imposto como político, como secretário de Estado e como Desembargador, pois as ações eram pautadas na ordem e na justiça.
Francisco Paixão
*Gilfrancisco é jornalista, escritor, Doutor Honoris Causa concedido pela Universidade Federal de Sergipe. Membro do Grupo Plena/CNPq/UFS e do GPCIR/CNPq/UFS
gilfrancisco.santos@gmail.com
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Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias com br
Ao mestre, com justiça e com muito carinho - Por Álvaro Maia - 17/04/2003
Artigo compartilhado do site RADAR SERGIPE, de 17 de abril de 2025
Hoje, o professor Valquírio Correia Lima faria 101 anos
O professor Valquírio Correia Lima, faleceu no dia 23/07/2008, aos 84 anos. Hoje (17/04/2025) completaria 101 anos. O RADAR SERGIPE publica um artigo escrito pro Álvaro Maria, em 2003, destacando o legado deixado para os sergipanos por esse admirado cearense.
Ao mestre, com justiça e com muito carinho - Por Álvaro Maia - 17/04/2003
Entendemos a primazia de uma homenagem a alguém quando ela é prestada em vida, pois, ao se extinguir a chama da existência, “Ninguém é ninguém”. O presente artigo poderia ser titulado com qualquer uma das designações seguintes, dentre outras: “Obrigado, Professor”; “Titã da Bondade”; “Dádiva Cearense”; “Construtor de Sucessos”; “Justa Homenagem”; “Preito de Gratidão”. Optamos pelo acima epigrafado por entendermos ser o mais completo para o que nos propusemos.
A história é a seguinte: vive em Sergipe, desde os idos de 1952 um Cearense especial que, egresso de Várzea Alegre – Ceará, cidade do arroz, mais conhecida como “Pérola do Vale do Machado”, ao cumprir a sua enobrecida missão de educador em nosso Estado, sempre ajudou a engrandecer, de forma excepcional, a educação e a cultura de muitas famílias sergipanas acatadas, caritativamente, com denodo, graça e amor, pelos bondosos corações seu e de sua excelsa esposa. – A sua cidade natal se sobressai em função, principalmente, de duas características distintas: A primeira, por servir de berço a ilustres personalidades do Brasil e do mundo, a exemplo de Flávio Primo, competente Agrônomo de 1ª linha, que foi um grande Líder na condução de Empresa Pública do Estado de Sergipe e da Agremiação Desportiva Confiança, que presidiu.
Ele continua a cultivar, com perseverança e galhardia, o que mais gosta: Boas e verdadeiras amizades, dentre as quais, modestamente, nos incluímos. Raimundo Ferreira, importante locutor da BBC de Londres; José Morões, Médico há mais de 40 anos no Rio de Janeiro; e Otacílio Correia (de saudosa memória), empresário e político de valor, além de ter sido um excelente contador de estórias. A outra distinção dessa cidade é o fato de ser conhecida como a “Terra dos Contrastes”. Lá, o “Zé Preto”, era branco e o “Zé Branco”, era preto; o Cruzeiro, ficava atrás da Igreja; o Juiz, era uma mulher (possivelmente, a primeira Juíza do Brasil); o Padre Otávio, era casado; o Avô paterno de Flávio Primo, militava na “UDN” e era inimigo do Avô materno, que pertencia ao PSD; A via de acesso ao cemitério da cidade chamava-se “Rua da Alegria”; E, para completar, o Padroeiro da cidade, São Braz, é São Raimundo Nonato. Vejam bem: “Nonato” – “Não Nascido!”.
A propósito, é de se registrar que o “Rei do Baião”, o inesquecível Luiz Gonzaga, gravou uma música em homenagem àquela povoação, intitulada “Contrastes de Várzea Alegre” – “Mas diga moço, de onde você é... Eu sou da terra que de mastruz se faz café”... Sobre esse bendito pedaço do Ceará, pode-se discorrer à vontade, pois assunto não falta. Todavia, retomemos à figura do nosso preiteado. No dia 17 de abril ele completa idade. Neste ano, chega ao seu 79º (Septuagésimo nono) aniversário. Que grandeza! Parece que foi ontem o seu nascimento à Rua Major Joaquim Alves nº 160. Essa homenagem, é nosso presente. Pinçamos do seu “Curriculum Vitae” alguns dados e tomamos a liberdade de publicar aqui, conforme segue: Filho dos renomados Professores Leandro Correia Sobrinho e Dona Clara Correia Lima, enveredou, desde cedo, também, pelo caminho da educação.
E induziu, ainda, sua prole a abraçar a carreira do magistério de modo que, todos os seus filhos e filha possuem licenciatura plena em pedagogia, mestrado em educação, letras em inglês, e educação física sendo que somente um, já falecido, não teve tempo de se tornar um educador, preferindo, em vida, a área contábil. A conquista amorosa à rainha dos seus sonhos, D. Bezinha, ocorreu num leilão realizado em São Vicente de Paula, Várzea Alegre/CE.
O casamento foi realizado no dia 25 de dezembro de 1948, de modo bastante e merecidamente solene, na Igreja Matriz de São Raimundo Nonato. Tivemos a honra e o privilégio de, convidados, assistir às suas “Bodas de Ouro” que aconteceu da forma mais bonita e elegante na igreja do Salesiano, em 1998, em nossa querida Aracaju. Iniciou sua formação acadêmica no Grupo Escolar São Raimundo Nonato/Várzea Alegre/CE, em 1931. Possui, dentre os seus vastos conhecimentos, curso superior de Comunicação Social – Relações Públicas, concluído em Recife (PE) – 1973.
Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, 1984, tendo prestado o exame da ordem OAB/Sergipe em janeiro de 1985. Dentre as atividades do magistério, é próprio relembrar: Professor do Curso para Idosos no Seminário São José – Crato/CE, 1940 e na Escola Apostólica Santo Inácio de Loiola S. J. – Baturité/CE – 1942, 1943 e 1944. Fundador, Diretor e Professor do Externato “São Raimundo Nonato” – Várzea Alegre/CE – 1946; Diretor, e Professor do Colégio “Dom José Thomaz”, desde 1952; Professor de “Introdução da Ciência da Comunicação” – Curso de Comunicação Social para as áreas de Relações Públicas e Jornalismo da Universidade Tiradentes – 1983 e 1984.
Em suas atividades públicas, vale anotar: Membro fundador do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino e de sua Diretoria, a partir de 1958; Assessor de Relações Públicas da superintendência Regional do Instituto Nacional de Previdência Social INPS e IAPAS – 1968 a 1980; Fundador da Associação Brasileira de Relações Públicas – SE/1976, da qual foi Presidente por quatro mandatos por “Eleição” e por “Aclamação”. No campo político, foi Fundador e Secretário Municipal do Partido Social Democrático (PSD), Várzea Alegre/CE – 1945. Tendo sido também Vereador e Secretário da Câmara Municipal desse Município – 1946/1949. Nas atividades esportivas, marcou presença como Presidente da Associação Desportiva Confiança ADC, nos períodos de 1961/1963 e de 1970/1972 (Aracaju/SE), sendo Presidente do Conselho Deliberativo dessa agremiação desportiva por diversos períodos.
Coleciona Diplomas e medalhas as mais diversas, a exemplo do Diploma de Cooperador da Estação PX – Ministério do Exército – IV Exército – 6ª Região Militar – 19ª CSM – 28BC – 10 a 25 de agosto – Exército Brasileiro – Fator de Integração Nacional”; Diploma de Eficiência como participante do X Congresso Nacional dos Estabelecimentos Particulares de Ensino, por mérito. Diploma de Cidadão Aracajuano – dez/1976 e Sergipano – out/1979; Medalha de Honra ao Mérito “Ao Mestre Companheiro”. Reconhecimento do Lions Clube – Aracaju – Salgado Filho – 1996; Medalha Tiradentes – Edição Especial “Memória de Uma Grande Missão” – 1992. Atuação em jornais e rádios: Repórter do periódico “O Tempo” – Várzea Alegre/CE – 1949/1950; Responsável pela coluna diária da “Gazeta de Sergipe” – “O Dia no Olympio Campos” – 1958/1960; Fundador e locutor da “Voz de Várzea Alegre” – Serviço de auto-falantes com alcance urbano e rural – 1948/1952 e locutor político da Rádio Liberdade – Aracaju (SE) – 1956/1958. Para não se omitir dos contrastes da sua terra natal, é de se observar que o nosso “Carrapicho” (Apelidado assim por causa dos cabelos), possui seis irmãos – Rita Valdeliz, José Walter, Geraldo Elpídio, Francisco das Chagas (O China, irmão que sempre o acompanhou “Pari Passu” com amor, dedicação, participação e destemor permanecendo, ainda hoje, fiel à sua amizade e carinho). José Jussué e Terezinha.
E a sua prole registra, também, seis pérolas, sendo cinco filhos e uma filha: Raimundo Valquírio Filho (de saudosa memória), Luiz Cláudio (também falecido); Lúcio Flávio, Ítalo Augusto, Francisco Hamilton e a linda Clara Isabel. O “Manchinha” (alcunha herdada dos tempos juvenis quando jogava futebol com os amigos conterrâneos por causa de uma pequena mancha na perna) tem o seu legado especial a Sergipe a partir da sua presença primordial como proprietário, dirigente e professor do Colégio “Dom José Thomaz”, (nome dado em homenagem ao primeiro Bispo de Aracaju) porque, por ali, até hoje exercita os bondosos anseios do seu esplendoroso coração, ajudando a muitas pessoas: Tanto na aprendizagem escolar, quanto no apoio a uma colocação de emprego, ou até e muitas vezes, no aconselhamento paternal e familiar. Pelo Colégio “Dom José Thomaz” cuja divisa era “Nosso Lema é o Estudo” e hoje, passou a ser: “Dom de Aprender” “Dom de Ensinar”, transitaram e ainda hoje o fazem, sob a benquista e generosa orientação do Professor Raimundo Valquírio Correia Lima e sua incansável senhora, Dona Isabel Sobreira Correia – a querida “D. Bezinha”, muitas das eminentes figuras que hoje tão bem representam as simpáticas camadas sociais deste glorioso Estado nas suas diversas áreas – educação, engenharia, medicina, economia, advocacia, serviços públicos, dentre outras, uma grande parte, como nós, de origem pobre que, muitas vezes, nem sempre podia pagar a mensalidade do Colégio, mas ia ficando ali, sob a égide do indulgente beneplácito do bondoso casal.
Todavia, é lamentável que, presentemente, o insigne par, enfermo, permaneça enclausurado em seu lar, no seio da família, sem contar com a visitação e gratidão de tantos quantos “amigos”, que foram por eles ajudados a atingir os pináculos da glória, talvez em função do “tempo” e das suas “ocupações pessoais”. (Questões estas que, sabidamente, são motivos de preferência; de prioridade), fatores que nunca impediram nosso homenageado e família de ser presentes à dó de terceiros, quando solicitados. Mas, por dever de Justiça, reconhecemos as exceções onde anotamos da gratidão do Magnífico Reitor da Universidade Tiradentes, Professor Jouberto Uchoa de Mendonça que, em respeito à amizade, gratidão e seriedade, num exclusivo preito de carinho, deu à Vila Olímpica da Universidade Tiradentes o nome do Professor Raimundo Valquírio Correia Lima. Grande Gesto! Aplausos!.
O emérito professor Valquírio, que realizou o maior sonho da sua vida – a formatura de todos os seus filhos, continua a ser o homem simples que sempre foi. Não amealhou riquezas materiais como poderia, por causa do seu grandioso coração. Continua a morar numa residência sem qualquer luxo à Rua Laranjeiras. Gosta de roupas esportes. Adora um “Baião de Dois”, seu prato predileto, embora sobreviva hoje à base de regime alimentar, por orientação médica. E permanece em paz com Deus, alegre e participativo. Vale a pena visitá-lo. Sempre que o fazemos, saímos de lá, renovados e muito contentes. Que Deus o abençoe e o faça permanecer sempre assim, para a felicidade de muitos. Ao completar seu pré-octogésimo aniversário, que ele receba, da nossa e da parte da nossa família, os mais efusivos Parabéns!
NOTA: Para produção deste artigo, foi imprescindível a colaboração especial do amigo Flávio Primo e do ilustre Francisco José, este, sobrinho do homenageado. Obrigado.
Álvaro Maia em 17/04/2003
Texto e imagens reproduzidas do site: radarse com br