terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Morre o professor aposentado Afrânio José Bastos

Foto compartilhada do Facebook/Kleiton Bastos e postada pelo blog SERGIPE

Texto publicado originalmente no site da UFS, em 3 de fevereiro de 2025

UFS informa o falecimento do professor aposentado Afrânio José Bastos

Afrânio participou ativamente do processo de implantação do curso de Odontologia da UFS

A Universidade Federal de Sergipe (UFS) informa, com pesar, o falecimento do professor aposentado Afrânio José Bastos nesta segunda-feira, 3. Nascido em Salvador, em 10 de setembro de 1927, Afrânio exerceu sua profissão em Aracaju e participou ativamente do processo de implantação do curso de Odontologia da UFS, do qual foi professor entre abril de 1972 e maio de 1992, quando se aposentou.

Em sua trajetória acadêmica de três décadas de dedicação ao ensino da Odontologia, com ênfase na Dentística Restauradora, professor Afrânio ficou conhecido por inspirar seus estudantes a seguir o caminho da docência. Casado com Sylvia de Andrade Bastos, também cirurgiã dentista, teve quatro filhos: Marcia, Cristiane, Kleyton e Afrânio, sendo os dois últimos também professores da UFS.

O velório será realizado nesta segunda-feira, 3, na Organização Social de Assistência à Família (Osaf), às 19h.

Ascom UFS

Texto reproduzido do site: www ufs br

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

Artigo de Fedro Portugal (Filho de Dr. Fedro Portugal)

Post compartilhado do site INSTAGRAM/FEDRO POSTUGAL, de 1 de fevereiro de 2025

Durante esta semana, recebi inúmeras mensagens repletas de carinho e reconhecimento pelo meu pai, ressaltando suas qualidades como médico, professor e amigo. Cada palavra demonstra o quanto ele foi importante para todos que tiveram o privilégio de conviver com ele.

Mas hoje, gostaria de falar sobre Fedro, o esposo, o pai e o avô. O privilégio de compartilhar sua presença todos os dias, de ouvir suas opiniões, seus conselhos e até suas reclamações. Conversávamos sobre tudo: política, religião, futebol, música, cinema. Meu pai estava sempre atualizado, sempre curioso, sempre envolvido.

Homem simples e humilde, ele combinava liberdade com conservadorismo, carregando um profundo amor pela medicina, pela música, pelo cinema e, acima de tudo, pela família. Sua fé inabalável em Deus e sua dedicação incondicional a nós fizeram dele um verdadeiro guardião do lar.

Foram 5 anos de namoro e 55 anos de casamento com minha mãe, Selma. Sou testemunha viva de seu intenso amor por ela. Cumpriu fielmente cada promessa feita no altar, em momentos de alegria e desafios, sempre com respeito, carinho e cumplicidade.

Desse amor nasceram três filhos: eu, Glorinha e Joaninha. Depois vieram os netos – Fernanda, Flávia, Fedro Neto, Dioguinho e João Pedro – e os agregados, em especial Fabiana, minha esposa, quase uma filha, André e Diogo, os quais ele acolheu com o mesmo carinho. Meu pai sempre nos ensinou que família é um elo sagrado e inquebrável.

Como primogênito, herdei seu nome e, com ele, a responsabilidade de preservar os valores que ele tanto prezava. Ao longo da minha vida, incontáveis vezes ouvi relatos emocionantes de gratidão por seu trabalho como médico. Ele tinha o dom da cura, e para muitos, meu pai foi um verdadeiro super-herói.

Quando surgia alguma dúvida quanto a origem genealógica de alguma pessoa, bastava conversar com meu pai que ele desenterrava toda a ancestralidade da pessoa até chegar em gênesis.

Em casa, sua postura era de firmeza, mas sempre respeitando nossas escolhas, nos deixando livres para aprender com os próprios caminhos, sem jamais nos negar acolhimento e amor. 

Prático e avesso à burocracia, deixava as questões administrativas para minha mãe. Em troca, a enchia de carinho e reconhecimento, demonstrando o quanto ela era essencial em sua vida, o quanto eles se completavam.

Nos encontros familiares, ele nos unia ao redor da mesa, mesmo que não gostasse de pizza, apenas para ver a família reunida. Gostava de contar histórias, brincar com os netos e se manter presente em nossas vidas.

Como a família de minha mãe morava em Fortaleza/Ceará, quando éramos criança, viajávamos anualmente de carro até lá, para visitar meus avós e tios. Lembro que ele adorava fotografia, tinha uma câmera Olympus moderna que usava no trabalho, e levava na viagem para registrar nossos momentos de lazer em família.

Com a fé sempre fortalecida, participou ativamente da Igreja, dedicando-se ao Cursilho de Cristandade e ao Encontro de Casais com Cristo, onde testemunhou sua crença com amor e devoção. Rezava seu terço de seis mistérios, pois, segundo ele, era melhor pecar pelo excesso do que pela falta.

Como avô, foi um segundo pai para os netos, aconselhando, guiando e, sobretudo, demonstrando a importância da educação, da fé e dos valores éticos e morais.

E agora, cumprindo o ciclo da vida, meu super-herói partiu para os braços do Pai Celestial. Ficamos com a saudade de sua presença espirituosa, de suas apresentações musicais, das nossas reuniões familiares, da pizza aos domingos, do terço de seis mistérios, de seu pedido de ajuda com as tarefas administrativas, da sua voz forte e acolhedora. Mas, ficamos também com a imensa gratidão por termos tido a honra de chamá-lo de esposo, pai e avô.

Que sua luz continue brilhando em nós, inspirando-nos a sermos melhores, a valorizarmos a família, a fé e o amor incondicional.

Descanse em paz, meu querido pai.

Texto reproduzido do perfil instagram/fedroportugal

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sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

'Alegria e Saudade', por Odilon Machado

Dr. Fedro Portugal e as Polonaises de Chopin.
 

Legenda da foto: Eu e meu neto Pedro Henrique com cabelos alourados por Calourada do Colégio Master.

Artigo compartilhado do site INFONET, de 30 de janeiro de 2025 

Alegria e Saudade.
Por Odilon Machado (do blog Infonet).

No mesmo dia em que eu estava sepultando o corpo de meu amigo, Fedro Menezes Portugal, o meu neto, Pedro Henrique Cabral Martins, estava sendo aprovado pelo SISU, no Curso de Medicina da nossa Universidade Federal de Sergipe.

É, portanto, com esse sentimento duplo de alegria, muita alegria, e de tristeza, muita tristeza e saudade pela perda de um grande amigo.

Dos amigos, nunca o saberemos perfeitamente, se continuarão sempre, afinal a geografia insere distâncias, o tempo amortece afagos, e até as divergências costumam afadigar carinhos, sem falar das comuns separações, por fatos outros do pensar não convergente, do perfilar não partilhado.

Não foi assim com Fedro; um amigo, companheiro de muitas viagens, longas conversas, o riso sendo comum e a divergência, se houve alguma, nunca fora nem citada, nem lembrada.

Para quê falar do que nos separava, se havia tanta coisa boa para curtir e nos unir, ele sendo uma companhia perfeita para mim, e eu sendo, penso eu, um pouco para ele também; eu com o meu modo comum de ser, com as minhas dificuldades de riso e verve, por longas épocas nos fizemos companheiros em conversas alegres, curtindo o sorriso de viver, nas nossas férias conjuntas, aqui, ali, acolá, desfrutando a boa mesa, o apetite continuado, tudo aquilo que a vida nos propõe a fruir com a companhia que nos preenche.

Mas, se eu pretendo falar de saudades, eu preciso antes acenar para o “porvir”, aquilo que está para vir, o futuro se fazendo presente com as primeiras vitórias de meu 1º neto, Pedro Henrique, o meu Pepo, ou PH, como o chamamos em carinho, ele que agora está louro, com a basta cabeleira descolorida, como acontece nos rituais de ingresso aos cursos superiores das nossas Universidades.

Pedro Henrique, 1º filho da minha primogênita, Daniela Garcia Moreno Cabral Martins, e do Cearense, Mario Henrique Tavares Martins, ambos Médicos, abraça agora a profissão dos pais, ingressando no Curso de Medicina da nossa Universidade Federal de Sergipe, ele que também se vitoriou no Vestibular da UNIT e da Escola Bahiana.

Desnecessário dizer da nossa alegria, que acompanhamos seu esforço desde a infância, estudioso, caprichoso, sempre galgando os primeiros lugares de suas turmas do Infantil ao Colegial, angariando elogios em sua simplicidade e correção.

Eu, que tive alguma presença na formação de meus filhos, sobretudo em Ciências Exatas, alguma Literatura e um pouco de Humanidades, tentei algumas vezes lhe servir de reforço nos estudos, foi inútil, pois de tudo que eu explanava ou arguia, ele me respondia com tanta segurança e domínio, que me fazia seguir por outros caminhos ainda não percorridos em suas aulas de colégio, muito rápido captando o assunto discutido, sobretudo em Física e Matemática, eu lhe sendo se não totalmente, quase um estorvo inútil.

A destacar sobremodo, a sua disposição para o estudo, haja visto que existem duas dificuldade no humano, a saber: quando jovem, possuir a vontade de ler, e quando velho, como eu, a de ter disposição e o anseio para fazer os recomendados exercícios físicos.

Ler e fazer exercícios físicos, devem ser hábitos continuados, dizem-nos alguns filósofos, por estetas e terapeutas, querendo no eximir da fadiga precoce, e da agridoce preguiça que nos afasta e contamina o existir.

Se não podemos ser bons atletas, sejamos pelo menos um pouco poetas, quem o sabe um pouco esteta, por bom asceta, quase um bardo ruim, um  antipoeta rústico, nunca um quase pateta.

“Nulla dies sine linea”, eis a lição de Apeles, celebre pintor grego, ao não menos famoso Plinio, o Velho, válida para sempre a nós todos: Nenhum dia sem uma linha, ou seja: estudar sempre e exercitar-se continuadamente. Eis a velha lição aos jovens e aos não tanto assim, na basta luta contra o vulgo e a senilidade.

Se não conseguimos ser em suficiência bom estetas e/ou atletas, sejamos, pelo menos toscos poetas, afinal a boa rima pode soar melhor no ouvido que a arrima e a acolhe, e não o daquele que mal a recolhe e desanima, por contamino de esvazio e da pouca utilidade.

Pior, muito pior que o esvazio, é o esvaziar-se no nada fazer.

O nada fazer não é de bom afino nem para o moço, nem é bom acorde para o longevo, em tantos encantos baldios de sereias.

E nesse perquirir de outras coisas difusas, colcheias e semicolcheias, alguém disse, e foi Nietzsche  que assim o fez em doutas ameias, clamando às portas de um cemitério, bradando aos túmulos o despertar de seus inquilinos residentes para uma nova vida, cheia de esperança e desafios, e a resposta sendo a acomodação indiferente nos jazigos em sono eterno, afinal “O nada fazer, ora, céus!, (“il dolce far niente”), o nada fazer tem aí os seus encantos!”

Sirvo-me deste mote, em louvação ao meu neto que vitorioso está com um meta concluída, em proximidade de novos desafios, firmando-o a preparar-se para ser como seus pais, Daniela e Mario Henrique, excelentes e dedicados Médicos, ela cuidando dos nossos Corações, mantendo-os no ritmo acertado, e ele vigiando as Vias Urinárias, sempre nos avisando que algo não vai bem e obstrui, o que é um caos e tanto incomoda..!

Você, Pedro Henrique, escolheu uma bela profissão, minorar as dores inerentes ao viver; lutar e pelejar sempre, mesmo sabendo que tudo será debalde, afinal ninguém vive eternamente, ao não ser na Crença e na Fé que cada um venha a possuir.

E nesse proceder, volto-me para o meu amigo Fedro Menezes Portugal, excelente Médico que nos deixou esvaziados com o seu convívio perdido, especialista notável nas moléstias de pele.

Se muitos já falaram da sua dedicação promovendo a cura de tantas enfermidades medicadas, desejo falar só de amizade, afinal o nosso convívio vem desde a adolescência, quiçá a minha infância, vendo-o colega de minha irmã, Nina Maria, morta tão cedo, já lá vão 47 anos passados, minha irmã que como Fedro, fora aluna de Piano de Dona Maria Guimarães Gesteira, esposa do Professor José Gesteira, ambos de saudosa memória, pais de Luís, um menino danado do segundo trecho da Rua de Pacatuba, onde eu lhes era vizinho.

Inserindo um parêntese na minha narrativa, apresento aqui um vídeo do Fedro se exibindo no seu velho piano, tocando uma das “Polonaises” de Frédérik  Chopin.

Fedro, para quem pouco dele conhece, era filho de Professores: o pai; Francisco Portugal, baiano de Canavieiras, era um homem volumoso e alto, uma presença de chamar atenção quando adentrava na Rua de Pacatuba, vindo da Praça Camerino onde morava, justo, sem ser mirado e admirado pela estátua de Silvio Romero, que ali está erguida ainda, única na cidade a contemplar, não o Sol Nascente, mas ao mesmo Sol no seu Poente, talvez por um acaso servil dos homens que a ergueram, mesurando o casario que lhes era então mais nobre, na Praça localizado, ou era um pouco assim por simples cortesia.

A senhora sua mãe, Professora Maria da Glória Menezes Portugal, ou Professora Glorita, deu ao “Fessô”, como assim o chamava, por seu antigo Mestre, os seguintes filhos: Eglantina, a mais velha, batizada assim como  espécie de rosa selvagem com cinco pétalas rubras, nativa da Europa e Ásia Ocidental, utilizada como símbolo da ideologia socialista, Bióloga de formação, servidora do Instituto Parreiras Horta, primogênita que faleceu  tragicamente num ataque de abelhas africanas em plena via pública, quando do seu retorno do trabalho entre a Rua Campo do Brito e a sua residência na Praça Camerino; Tornélia, segunda filha, outro nome de flor que também está falecida, Fortunato, homenageando o avô pai do “Fessô”, também falecido; Inácio, casado com Maria,  Fedro, o nosso amigo médico,  Eglélia, esposa do Professor Antônio Fontes Freitas,  e Verbena, a rosa caçula.

Se o Professor Portugal era um cultor de muitos idiomas e poliglota, chegara a brigar muitas vezes com a menina, Glorita, sua jovem esposa, querendo que ela estudasse continuamente, chegando mesmo a encolerizar-se quando esta queria nas suas horas vagas, perder tempo costurando e bordando, e cuidando das coisas do lar.

Por tal insistência de Portugal, Glorita se fez Professora do Colégio Tobias Baretto do Professor Alcebíades Vilas-Boas, prestando depois concurso para Professor Catedrático de Francês  do Colégio Atheneu Sergipense.

Do seu concurso para Professor Catedrático d Atheneu Sergipense,  Glorita defendeu a tese “Traits Biograpiques de Madame de Sévigné et Une Étude Minutieuse de L’accord du Participe Passé”, da qual possuo uma publicação, quando foi aprovada com louvor.

Dos que assistiram a defesa da tese sobre Madame Sévigné e o Particípio Passado, conta-se que um dos examinadores a quis arguir em português, “a fim de que o auditório bem melhor pudesse acompanhar o exame”.

Glorita respondeu-lhe, algo assim na bucha. “Pardonnez-moi, Votre Excellence! Cést ici na pas um test de portugais, c’est un test de de Français! Votre Excellence peut demander en portugais, il n’y a pas de problème. Pour ma part, je demande a monsieur le President de la cour pour me autorizer a vous repondre en français”. “Isso aqui não é uma prova de Português, mas de Francês. Vossa Excelência pode perguntar em português que eu lhe responderei em francês, sem problema. Por minha parte, Senhor Presidente da Banca , peço que me autorize a responder em francês”.

E assim aconteceu, inclusive para alguns risos mal contidos da plateia; o examinador questionando em português, eGlorita respondendo a todos com um francês fluente e castiço.

Do filho, Fedro Menezes Portugal, enquanto vestibulando, conta-se que foi o único postulante que escolheu o Alemão, como disciplina eletiva, já que aquele tempo o candidato podia escolher Inglês, Francês ou Alemão.

Conta-se, e isso ficou no seu folclore, porque foi um problema encontrar um examinador que se arvorasse a examiná-lo no idioma de Johann Wolfgang von Goethe, o poeta teatrólogo de Fausto.

Em fáustica indecisão, convocaram o Professor Lourival Bonfim, recentemente chegado da Alemanha para arguir aquele rebento do Professor Portugal.

E o resultado sou eu quem o diz, floreando o feito e alardeando o fato, relatando que Lourival Bomfim lhe dera a nota máxima sem mesmo o arguir, o que fazia Fedro sempre sorrir, quando eu assim contava, mesmo moribundo me dizendo, pouco antes de nos deixar: – “Não foi bem assim, Odilon!. Isso é conversa sua!”

Conversa ou não, há um fato acontecido quando Fedro ainda era solteiro, e acadêmico de Medicina, quando chegou em sua casa, na Praça Camerino, uma carta perfumada pelo correio.

A carte chamou logo muita atenção, porque além de odorante, era endereçada a “Fedro Portugal, expoente lúcido da juventude atual”.

Seria um feito inusual e olvidável, não fosse a missiva recebida por sua noiva, Selma, e por Verbena, sua irmã, que juntas abriram o envelope no vapor de uma chaleira, e depois a fecharam com esmerado cuidado, colocando-a bem a vista de destinatário que estava ausente.

Pelo conteúdo da carta e pela carranca de Selma, o destinatário da missiva viu que a mesma fora violada, e assim melhor seria não dar qualquer bandeira do que seria e conteria.

Levou então a carta para o Pronto Socorro do Samdu onde estagiava, e ali a abrira com alguns colegas de Faculdade, recompondo-a com novo texto, imitando até a letra e o floreado, agora com o desplante do novo bilhete conter uma curiosidade patranha da pretensa “autora da carta”, ousando querer saber até notícias de “Selma, sua noiva, tão querida!”

Desta carta famosa, novamente fechada e sem deixar vestígios ou largando muitos rastros, Selma veio a saber, ficando como fato e proeza do deleite do casal, tudo sendo perdoado e motivo de muitos sorrisos, para sempre, num feito pacificado em cinquenta e cinco anos de felicidade conjugal.

Ou seja, se a carta viera para tumultuar o noivado, só fez apressar o casamento, num feito sempre relatado pelo casal nas nossas muitas lembranças em risos.

Se eu conhecia Fedro desde a infância, o Rotary nos aproximou, afinal Selma era muito amiga de Tereza, minha mulher, desde a infância também, e juntos nos enfronhamos sempre nas viagens e roteiros Rotários ou não, as nossas famílias crescendo e convivendo, eles com Fedrinho, Glorinha e Joaninha e aqueles que deles chegaram, e nós com Daniela, Machado e Junior, e o que nos chegaram também.

Neste texto já muito alongado, eu não quis falar do Médico, nem mesmo também do Professor, de minha filha Daniela.

Deixo tal testemunho para os seus companheiros de classe, muitos o fazendo em pira ardente, até porque ele onde esteve foi de grande destaque: na Sociedade Médica de Sergipe; na Academia de Medicina; na Sociedade de Dermatologia, Secção de Sergipe; e na Sobrames, esta entidade única que enaltece, tantos bons Médicos Escritores.

Do Professor da Universidade Federal de Sergipe, com a UFS não muito presente nas homenagens prestadas, bom seria que lhe outorgasse, quem o sabe, um título de Professor Emérito “Post Mortem”, se é que isso seja permitido por seus Estatutos, já que são vastos os seus grandes merecimentos em longa vida docente.

E neste testemunhar professoral, estou a lembrar três alunas residentes, oriundas de outros Estados da Federação, que o visitando no seu leito final, reconheceu-as todas, nomeando-as e ouvindo delas a sua admiração e carinho, por tudo quanto haviam aprendidos com a sua inteligência.

Foi um presente que me emocionou sobremodo, por ser explicitado na presença minha e de outros circunstantes, de um agradecimento explicitamente exaltado de um dever cumprido, firmado para sempre, na sua formação médico-científica.

Se dos professores, maior é a missão de plantar nos jovens a semente de esperança, aquelas três alunas como boa causa plantada, o faziam como vasta geração de estudantes do Atheneu por início, do Curso Beta de Vestibulares que fundou e lecionou Biologia, e de tantos estudantes médicos e residentes, ele que foi um lidimo continuador da obra de seu mestre mais próximo, o Professor Décio Calheiros.

De Selma, sua companheira única de todos os momentos, direi que foi dela o fraquejar que mais o abateu e debilitou em sua lucidez, que tudo via acontecer ao seu redor, e nada podia fazer para melhor interferir.

Muitas coisas eu poderia dizer ainda, mas as palavras seriam insuficientes para traduzir tanta saudade.

Direi apenas que perdi um grande amigo.

Ele nos deixou e a muitos, como eu, bem menores, ou bem piores, na nossa menor dimensão apequenada!

Mas a vida é sempre assim, sempre eivada de alegrias e saudades.

Pedro Henrique calouro de Medicina com o Pai e o Avô orgulhosos.

Se a saudade nos baqueia, a alegria nos avisa que a felicidade nos conduz sempre em novos desafios e continuadas esperanças.

Se Fedro Portugal, o Médico e Amigo nos deixou muitos pesares, eis que surge o meu neto Pepo, meu futuro Médico, Dr.  Pedro Henrique, com a sua cabeleira ainda vasta por tingida de louro, nos dando imensas alegrias, em novo trâmite das calouradas renovadas, ingressando agora na UFS pelo próprio mérito, no elenco vitoriado pelo Colégio Master.

Ele será Médico, com os seus esforços com Fé em Deus!, que nos protege sempre!

Que seja também como Dr. Fedro Portugal, se imortalizando no feito e na memória!

Pedro Henrique, que por suas escolhas, irá amenizar a dor e o sofrimento, missão divina de tentar curar do homem os seus medos em tantos males.

Que Deus os abençoe, a ambos!

Texto e imagens reproduzidos do site: infonet com br/blogs

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

Dr. Fedro Portugal: O Médico, O Gênio, O Mito


Artigo compartilhado do site INFONET, de 27 de janeiro de 2025 

Dr. Fedro Portugal: O Médico, O Gênio, O Mito

Por Fausto Leite (do blog infonet)

Poucos homens conseguem deixar um legado tão imortal quanto Dr. Fedro Portugal. Ele não foi apenas um médico, foi um mestre, um cientista da medicina, um amigo leal, um marido apaixonado, um pai exemplar e um contador de histórias imbatível. Se Sergipe tivesse um panteão dos grandes nomes da medicina, o trono principal já estaria reservado para ele.

Esqueça aquela ideia de médico sisudo, de jaleco impecável e cara amarrada. Dr. Fedro era um furacão de sagacidade e inteligência prática! Ele não apenas entendia de medicina, ele vivia a medicina, dominando sua profissão com um conhecimento que parecia coisa de outro mundo. Mas o mais impressionante? Ele fazia tudo parecer fácil.

O paciente entrava no consultório apreensivo, achando que ia encarar um diagnóstico complicado, e saía dali rindo, curado e sem nem perceber como aquilo aconteceu! Era quase mágico. Se duvidasse, ele ainda soltava uma piada no final da consulta e te mandava embora mais leve, tanto na saúde quanto na alma.

Teve um caso clássico de um amigo que, insatisfeito com sua pele, resolveu procurar um especialista em São Paulo. Perguntou ao Dr. Fedro quem ele recomendava. Sem rodeios, ele indicou um nome de peso. O paciente pegou um avião e foi cheio de expectativas.

Ao entrar no consultório do dermatologista paulistano e mencionar que era de Sergipe, ouviu a seguinte resposta: — Rapaz, você perdeu sua viagem! Em Sergipe, vocês têm o melhor dermatologista que já conheci na minha vida: Dr. Fedro Portugal. Esse era Dr. Fedro: referência nacional, mesmo sem precisar bater no peito ou ostentar títulos. Ele era um patrimônio vivo da medicina.

Se tem uma coisa que Dr. Fedro Portugal fazia com maestria—além de curar almas e corpos—era cuidar de quem ele amava. E ninguém foi mais sortuda do que Dra. Selma, a prova viva desse carinho incondicional. Quem convivia com os dois sabia: aquele homem era um romântico nato, daqueles que já não se fazem mais!

Não precisava de flores ou declarações melosas—o amor dele estava nos gestos, no jeito de abrir a porta do carro, na paciência tranquila ao esperar por ela, no olhar cúmplice que dizia tudo sem precisar de palavras. Um verdadeiro cavalheiro, que não só conquistou o coração de Selma, mas também o respeito e a admiração de todos que testemunharam esse amor bonito de se ver.

Ele tinha um ritual sagrado: sempre abria a porta do carro para ela. Sempre. Não importava se estavam na porta de casa ou pegando vento na Orla. Era um gesto pequeno, mas carregado de respeito, amor e elegância. E, quando queria algo dela, não era qualquer chamado. Era um grito de guerra – mas daqueles cheios de afeto: — Ô, Selma!

Quem escutava até podia pensar que era uma bronca, mas quem conhecia sabia: era pura devoção.

Na pandemia, muitas pessoas se isolaram, mas Dr. Fedro e Dra. Selma seguiam seus rituais. Andavam juntinhos, de mãos dadas, pelos lagos da Orla, depois pegavam o carro, e lá vinha Dr. Fedro abrindo a porta para ela de novo. Esse era ele: um cavalheiro sem esforço, elegante por natureza.

A casa de Dr. Fedro era mais movimentada do que a sala de espera de um hospital. Fedrinho, Joaninha, Glorinha, os netos, os amigos dos filhos, os sobrinhos… Todo mundo encontrava abrigo lá. Ele não era só pai e avô. Ele era um porto seguro.

E, como todo grande patriarca, sabia a hora certa de ser brando ou firme. Quando tudo estava bem, ele deixava a turma seguir seu caminho. Mas quando alguém saía da linha, bastava um olhar firme e um suspiro profundo para todo mundo entender o recado. Sem gritos, sem exageros. A autoridade vinha do respeito e da admiração que todos tinham por ele.

E olha que ele sabia soltar o verbo quando queria! Mas até quando dava uma bronca, fazia isso com classe e humor. E ninguém nunca ficava magoado – pelo contrário, saía da conversa dando risada e refletindo ao mesmo tempo.

Dr. Fedro não era só um mestre na medicina. Ele era um mestre na arte de contar histórias e fazer rir. Seus amigos sabiam: qualquer encontro com ele vinha acompanhado de piadas afiadas e inteligentes. Não era aquele humor bobo ou sem graça. Era humor de nível elevado, daqueles que faziam a gente rir e ainda aprender alguma coisa no processo.

Além de sua trajetória brilhante como médico, Dr. Fedro Portugal também reinava nas reuniões do Rotary e da maçonaria como um verdadeiro mestre do conhecimento e do bom humor. No Rotary Club, ele não era do tipo que só aparecia para bater palma e comer canapés—ele arregaçava as mangas e fazia acontecer! Se tivesse um projeto social, lá estava ele, liderando, orientando e, claro, soltando uma boa piada no meio do caminho.

Na maçonaria, sua presença era lendária. Não era daqueles que falavam bonito, mas no fundo não diziam nada—quando Dr. Fedro abria a boca, todo mundo parava para ouvir. Sua sabedoria era tão natural que até os mais antigos olhavam para ele com respeito. E nas reuniões? Era aprendizado garantido, com uma pitada de sarcasmo e um humor fino que deixava qualquer ambiente mais leve. Ele não precisava forçar nada—sua inteligência e seu carisma falavam por si só.

Até quando fumava, ele sabia fazer com estilo. Nada de gestos desleixados ou exageros. Tudo nele tinha uma estética própria. Ele sabia se portar, se vestir, se expressar – um verdadeiro gentleman da velha guarda.

Dizer que Sergipe perdeu um médico brilhante é reduzir demais a grandiosidade de Dr. Fedro Portugal. A medicina perdeu um de seus gigantes. A sociedade perdeu um dos seus maiores intelectuais. E todos nós perdemos um amigo, um mentor, um exemplo.

Mas algumas pessoas simplesmente não morrem. Elas seguem vivas nas histórias, nas memórias e no impacto que deixaram no mundo. E Dr. Fedro Portugal foi uma dessas raras pessoas.

Seus ensinamentos ecoarão nas salas de aula, nos corredores dos hospitais, nas piadas contadas entre amigos e, claro, nos corações de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Obrigado, Dr. Fedro, por tudo que você fez, por tudo que você foi e por tudo que você continuará sendo na vida de quem teve o privilégio de te conhecer.

Texto reproduzido do site: infonet com br/blogs/fausto_leite

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

Corpo do médico Fedro Portugal será sepultado em Aracaju


Texto compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 26 de janeiro de 2025

Corpo do médico Fedro Portugal será sepultado em Aracaju

O médico Fedro Portugal era humanista, poliglota, amante dos clássicos e pianista

O corpo do médico Fedro Menezes Portugal será sepultado, às 16 horas deste domingo (26), no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju. Ele morreu, nesse sábado, (25), aos 81 anos de idade. Fedro Portugal presidiu a Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional de Sergipe, por quatro mandatos.

Fedro Portugal também foi professor de da disciplina de Dermatologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe. Profissional renomado, ele integrava o Colégio Íbero-Americano de Dermatologia, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Associação Brasileira de Hansenologia, Sociedade Médica de Sergipe, da Academia Sergipana de Medicina e da Academia Sergipana de Educação.

Doutor Fedro Portugal, nasceu na Praça Camerino, Aracaju, em 1º de julho de 1944. Filho dos professores Francisco Portugal e Maria da Glória. Ele se criou cercado de livros e antes da televisão, quando aprendeu a gostar da rua já tinha lido muita coisa. O seu pai era um agnóstico de profunda erudição, que lia Goethe no original. Fedro estudou com os melhores professores de Sergipe e desde cedo destacou-se intelectualmente. Junto com Luiz Daniel Baronto, fundou a Arcádia Gilberto Amado, disputando as iniciativas culturais com a Arcádia do Colégio Atheneu. Ainda no científico, Fedro já ensinava inglês no Colégio Tobias Barreto.

Prova em alemão

Fedro Portugal se aproximou da medicina por influência do Tio, Geraldo Magela, e pela presença frequente em sua casa do médico D´Ávila Nabuco. Durante o vestibular, na hora escolher a língua para a prova de língua estrangeira, Fedro escolhe o alemão, colocando a Faculdade de Medicina em dificuldades. Só os professores Hercílio Cruz e Lourival Bomfim estavam em condições de elaborar e corrigir uma prova em alemão.

O médico Fedro Portugal foi aluno da terceira turma de medicina, 1963, junto com Eduardo Garcia, Ildelte Caldas, Margaridinha, Agnaldo, Rollemberg, Délia, Antônio Santana, Lícia, Selma e Caetano Quaranta. A opção pela dermatologia foi influência direta do Professor Delso Calheiro. Imediatamente após a formatura (1968), Fedro ingressou na UFS como professor auxiliar.

Durante o curso de medicina, Fedro ensinou biologia no curso pré-vestibular Beta, o primeiro de Sergipe (1964). O curso era dele, Caetano Quaranta e Eduardo Garcia. O segundo pré-vestibular de Sergipe foi o do professor de Marcos Pinheiro, que originou o Colégio CCPA. O Dr. Fedro é casado com Selma (também médica) há 46 anos, e pai de três filho.

A doença fala

Fedro Portugal pertence à geração de médicos que sabia escutar, que tratava os exames como complementares. Também não faz a dermatologia cosmética. Humanista de elevada erudição, poliglota, amante dos clássicos, pianista. A elevada cultura geral era uma das marcas dos médicos antigos. Fedro era um remanescente desse período. Com o amadurecimento, tornou-se católico militante, fortalecendo a sua postura ética. Professor de Dermatologia, ao lado de Delso Calheiro, mantendo o elevado nível técnico da disciplina, e servindo de exemplo ético para os estudantes de medicina. Continuou ensinando na pós-graduação da residência em dermatologia do Hospital da UFS. O Dr. Fedro não amealhou riqueza com o exercício da medicina.

Texto reproduzido do site: destaquenoticias com br

domingo, 26 de janeiro de 2025

Descansou o grande Mestre, Fedro Portugal!

Foto reproduzida do Facebook/Fedro Portugal

Post compartilhado do Instagram/prof dr sousa, de 26 de janeiro de 2025

Descansou o grande Mestre, Fedro Portugal! Aqueles que tiveram o privilégio de desfrutar de seus ensinamentos, estarão a recordar as lições práticas de dermatologia, em que a palavra fácil, o raciocínio seguro e a profundeza de conhecimentos, enfeixam as virtudes intelectuais, que o fizeram merecedor das homenagens concedidas por sucessivas turmas, da faculdade de Medicina da UFS.

​Como pessoa humana, Fedro era comunicativo e sabia fazer e cultivar amizades. Dotado de invejável cultura humanista, impressionava a todos como um hermeneuta, ao participar de reuniões científicas ou sociais. Acatado entre os seus colegas, foi um médico digno e desinteressado. Não acumulou riqueza e estava sempre pronto a servir aos seus clientes, não só pelo seu saber, como, também, pelo seu coração e seu desprendimento. Era um homem de fé, firme nas convicções religiosas de um católico praticante. A Natureza e a Medicina eram para ele, um todo harmônico. Via nas duas, um reflexo da grandeza de Deus.

​Como aluno, médico, amigo, parente (primo carnal de minha esposa, Dorinha), confrade das Academias Sergipanas de Medicina e de Educação, deixa uma grande saudade. Para os seus conterrâneos, deixa um legado de ética, moral e amor ao próximo, que poucas vezes teremos a oportunidade de apreciar. Vá em paz, professor!

Sousa

Texto reproduzido do site: www instagram com/prof dr sousa

Morre Fedro Portugal, conceituado médico dermatologista

Publicação compartilhada do site RADAR SERGIPE, de 26 de janeiro de 2025 

Morre Fedro Portugal, conceituado médico dermatologista

Faleceu ontem (25), de morte natural, aos 80 anos, o médico dermatologista Fedro Menezes Portugal. Um profissional da medicina bastante conhecido e reconhecido pela sociedade sergipana e colegas médicos, pela sua generosidade, capacidade profissional e elevado espírito humanitário. 

O Dr. Fedro Portugal nasceu em 1º de julho de 1944, em Aracaju/SE, filho de Francisco Nascimento Portugal e Maria da Glória Menezes Portugal. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe, em 17 de dezembro de 1968. Especializou-se em dermatologia, tendo feito Curso de Mestrado na Santa Casa de Misericórdia no Rio de Janeiro/RJ, nos anos de 1975 a 1977.

Presidiu a Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional de Sergipe, por quatro mandatos. Professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Sergipe, da disciplina de Dermatologia, desde 1972, através de concurso público.   

Atuou, até recentemente, no Hospital Universitário de Sergipe. Participou como membro efetivo de outras sociedades de especialidades, entre as quais a de Geriatria e Gerontologia. Foi membro titular da Academia Sergipana de Medicina, onde ocupa a cadeira de número vinte e dois, que tem como patrono o Dr. José Aloysio Andrade.

É membro de várias entidades de renome nacional, tais como a Sociedade Brasileira de Dermatologia, tendo presidido a Regional de Sergipe, por quatro mandatos, Colégio Íbero-Americano de Dermatologia, Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Associação Brasileira de Hansenologia, Sociedade Médica de Sergipe e da Academia Sergipana de Medicina.

É fundador da Secção Regional da Bahia e de Sergipe da Sociedade Brasileira de Dermatologia, sendo detentor de diversos títulos e honrarias, tais como a de Honra ao Mérito da Sociedade de Cirurgia Plástica e de Queimados, da Sociedade Norte/Nordeste de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Casado com a também médica Selma Portugal, viveram um amor eterno, de cumplicidade e tiveram três filhos: Joana Angélica, Maria da Glória e Fedrinho, que ingressou no ramo da Gastronomia com o seu restaurante Baco, em Aracaju. O velório será na Capela C, do Jardim Colina da Saudade, onde será sepultado às 16h, neste domingo (26).

Texto e imagens reproduzidos do site: radarser com br

Homenagem ao médico Fedro Menezes Portugal (1944 - 2025)


Texto publicado originalmente no Facebook/Araripe Coutinho, em 11/09/2014.

Fedro Portugal.
Por Araripe Coutinho.

Fedro viveu a história de Sergipe como ninguém.

Fedro Portugal faz parte de uma linhagem de médicos que dignificam o Estado de Sergipe. É um homem que merece ser biografado. Dono de uma memória privilegiada, Fedro viveu a história de Sergipe como ninguém, tendo marcado época em tudo que participou com brilho intenso e presença rara. Na Universidade Federal de Sergipe e no Hospital Universitário, ultrapassou os limites do afeto e do respeito, sendo endeusado pelos alunos e colegas sempre com aquele jeito europeu de ser. Além de sua atuação acadêmica percorrendo os corredores das didáticas, Fedro solidificou-se mesmo como médico, atendendo em consultório pessoas da sociedade, anônimos e celebridades sociais, que logo viam nele um amigo, um mestre a cuidar das feridas do corpo e da alma também. Agradável ao extremo, refinado, Fedro sempre foi adepto de uma boa mesa, de um aconchegante hotel e de um vinho de rara safra. Elegante em seus ternos cortados pelo alfaiate Valdir, era íntimo de pessoas nobres e importantes, como o monsenhor Claudionor Fontes, que o fez fiel depositário de seus bens. Casado com a também médica Selma Portugal, uma joia rara de pessoa, vivem um amor eterno, de cumplicidade. Tem três filhos: Joana Angélica, Maria da Glória e Fedrinho, que ingressou no ramo da Gastronomia com o seu restaurante Baco.

Ninguém nunca viu Fedro gritando com ninguém, sempre cordato, altruísta e humano ao extremo. Faz a liturgia de médicos como Augusto Cesar Leite, José Augusto Barreto, Dietrich Wilhelm Todt, Maria Luiza Dórea, Antonio Garcia Filho, pai do poeta Eduardo Conde Garcia, José Calumby Filho, Hyder Gurgel, Amilton Maciel, Cleovansóstenes Pereira de Aguiar, José Abud, Petronio Gomes, José Fernandes de Magalhães, José Machado de Souza, José Rezende, José Teles de Mendonça, João Machado de Aguiar Melo, Marcos Almeida, Almir Santana, Lucio Prado, William Soares, Ilma Fontes, Marcelo Ribeiro, Gélio Albuquerque, Raimundo Sotero, Zairson Franco, José Maria Rodrigues e tantos outros nomes. Fedro é uma pessoa extraordinária, com gosto para Arquitetura (sua casa tem portão de Osiris Rocha, projeto de Paulo Rehm), louco por ópera e cinema, admirador dos artistas sergipanos, incentivador dos mesmos - comprando livros, quadros, peças de antiquário. Fedro toca piano e é um memorialista de sua terra, tendo vivido os tempos áureos do Cine Guarany, Vitória, Rio Branco e Cine Pálace, a sorveteria Yara, a Cascatinha, o Cacique Chá com painéis de Jenner Augusto, a Cinelândia de seu Araujo com seu sorvete de coco, e Russo e seu sanduíche inesquecível de queijo do reino e pão de cachorro-quente, a Luzitânia com seu bolinho de bacalhau incrível até hoje, e as festas de Natal na Praça da Catedral, com a pipoca lírio do vale. Como Fedro sempre foi um intelectual, frequentou a fase áurea da Livraria Regina, onde podia-se encontrar livros de várias nacionalidades: italianos, franceses, espanhóis, além dos nacionais, em diversas áreas do conhecimento.

Vários intelectuais tiveram livros impressos pela Regina, como Mário Cabral, Santo Souza, Alberto Carvalho, José Calazans, Pires Wynne, entre outros com quem mantinha amizade. A tarde de autógrafos desses lançamentos não só era um entretenimento da Rua João Pessoa, mas, sobretudo, um encontro de intelectuais. Fedro também sempre foi um apaixonado pelo Jornalismo e comprava todo final de semana os jornais do Sul: "O Globo", "Folha de S. Paulo" e "Estadão", dando sempre uma passada na Charutaria Chic, de Moacir. Católico, Fedro é um admirador de Dom Luciano Cabral Duarte, ouvindo a hora católica da Rádio Cultura, sempre aos domingos, ao meio-dia.

Nasceu em Aracaju, Sergipe, no dia 1° de julho de 1944, sendo seus pais o famoso Francisco Nascimento Portugal e Maria da Glória Menezes Portugal. Fez o curso de Humanidades em sua cidade natal, onde frequentou o Colégio Tobias Barreto, conceituado estabelecimento de ensino da capital sergipana. Em 1962, ingressou na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Sergipe. No curso de seu tirocínio acadêmico, lecionou Biologia no Colégio Estadual de Sergipe, no Colégio Tobias Barreto e no Colégio Arquidiocesano. Quando estudante de Medicina, foi um dos fundadores do curso BETA, destinado à preparação de alunos para o concurso vestibular. No último ano de seu tirocínio médico, estagiou no Hospital das Clínicas Prof. Edgard Santos, da UFBa, e no Instituto de Dermatologia, sob orientação do Prof. Newton Guimarães, em Salvador, Bahia. Concluído o estágio curricular, diplomou-se na primeira turma de Medicina da Universidade Federal de Sergipe, UFS.

Em 1972, prestou concurso para professor auxiliar de ensino da Faculdade de Ciências Médicas, iniciando, assim, sua carreira docente em sua universidade de origem. De 1976 a 1978, fez residência médica na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ. Naquela ocasião, seu currículo profissional contava com 54 participações em congressos e 49 cursos de pós-graduação na área de Dermatologia, 34 participações como palestrante em eventos da especialidade, além de aprovação em concurso público para professor substituto de Dermatologia.

É membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, do Colégio Íbero-Americano de Dermatologia, da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, da Associação Brasileira de Hansenologia, da Sociedade Médica de Sergipe e da Academia Sergipana de Medicina. É fundador da Secção Regional da Bahia e de Sergipe da Sociedade Brasileira de Dermatologia. É detentor de diversos títulos e honrarias, tais como a de Honra ao Mérito da Sociedade de Cirurgia Plástica e de Queimados, da Sociedade Norte/Nordeste de Dermatologia e da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

Como ser humano, Fedro Portugal nos enobrece pelos gestos comedidos, coração grande, percepção humana invejável. Continua atendendo humildemente em seu consultório, dando aula aos residentes do Hospital Universitário, ministrando palestras pelo mundo afora e, recentemente, quando se encontrou internado, os seus alunos deram plantão no hospital, além de ter visitado o poeta no HU com as suas lindas alunas o acompanhando. Fedro é como dizem os mais velhos: não existe. É um mito, uma lenda. Um Bagavadguitá. Uma canção de Deus. O texto, escrito em sânscrito, relata o diálogo de Krishna (uma das encarnações de Vixnu) com Arjuna (seu discípulo guerreiro) em pleno campo de batalha. Arjuna representa o papel de uma alma confusa sobre seu dever e recebe iluminação diretamente do Senhor Krishna, que o instrui na ciência da autorrealização. Seria assim a alma de Fedro Portugal. Um diamante raro, de cuidadosa lapidação própria, esculpido no mais nobre amálgama do tempo e da vida. É um luxo ser amigo de Fedro Portugal. Uma honra tal como o diamante Koh-i-noor, o Diamante dos Imperadores.

Gostaria de ter a capacidade de falar deste homem. Mas escassa é a palavra e inútil o significado diante do amor que sentimos por ele. Tantas vezes atendendo meu pai em seu consultório, sem lhe cobrar nada. Quanto a mim (ah!, meu Deus!), quantos anos! Sempre me honrando com palavras imerecidas de apoio, numa discrição e polidez únicas. Tal como um filme de Luchino Visconti com o sensível e refinado "Morte em Veneza" (1971), protagonizado por Dirk Bogarde e baseado na obra de Thomas Mann. O filme conta a história de Gustav Aschenbach, um compositor que vai passar férias em Veneza, e acaba por viver uma grande e inesperada paixão, que iniciaria a sua completa destruição. O filme faz uma abordagem do conceito filosófico de beleza, assim como a passagem do tempo e a importância da juventude nas nossas vidas. Assim, em meio a tantas paixões em sua vida: pelas artes, pela ciência e pelo ser humano, Fedro Portugal pode repetir com Drummond: “As coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão.

Mas as coisas findas, muito mais que lindas, essas, ficarão”.

Texto reproduzido do Facebook/Araripe Coutinho.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Morre em Aracaju ex-miss Sergipe Ana Paula Mendes Rollemberg

Texto reproduzido do site do jornal CORREIO DE SERGIPE, de 17 de janeiro de 2025

Morre em Aracaju ex-miss Sergipe Ana Paula Mendes Rollemberg

Morreu nesta sexta-feira (17), aos 60 anos, a ex-miss Sergipe e miss Simpatia 1983, Ana Paula Mendes Rollemberg, A informação foi confirmada por familiares.

“Hoje o nosso estado perde mais uma representante no quesito beleza. Obrigada por tudo, obrigada pela sua amizade! Você fez parte da nossa trajetória de vida pessoal e nas passarelas [..] Que seu caminho seja de muita luz”, disse o amigo da família, Gladston Santos.

Segundo ele, ela faleceu em casa. A causa da morte não foi divulgada. Ana Paula deixa duas filhas.

Fonte: G1

Texto reproduzido do site: ajn1 com br

sábado, 28 de dezembro de 2024

Morreu na última terça-feira, 24, o médico geriatra José Abud

Publicação compartilhada do site NE NOTÍCIAS, de 26 de dezembro de 2024 

Câncer mata médico de Sergipe

NE Notícias

Morreu na última terça-feira, 24, o  médico geriatra José Abud, aos 86 anos, vítima de um câncer de bexiga.

Dr. Abud estava internado em um hospital particular de Aracaju há cerca de 30 dias.

Ele também foi professor da Universidade Federal de Sergipe, e membro da Academia Sergipana de Medicina e da Academia Sergipana de Letras.

Tragetória

JOSÉ ABUD, sergipano, descendente de sírios. Formou-se pela Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, em 1961. Médico, poeta e professor. Foi médico do Hospital de Cirurgia desde 1962.

Professor de antropologia física na Faculdade de Filosofia de Sergipe. Em 1972, ingressou na Faculdade de Medicina de Sergipe como professor assistente de propedêutica médica. Nos tempos em que a clínica era soberana, a propedêutica era o seu principal recurso.

Geriatra e gerontólogo desde 1974, foi um dos fundadores e primeiro presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – secção Sergipe. Instalou em Sergipe o Conselho Estadual dos Direitos do Idoso, do qual foi presidente. Foi o idealizador e fundador da ONG Universidade da terceira Idade, em 1979.

Publicou como editor, durante 3 anos, no Jornal Gazeta de Sergipe o suplemento literário “Arte e Literatura”. Poeta e escritor, foi membro da Academia Sergipana de Letras, onde ocupou a cadeira de número 9.

Formou-se em Educação Física pela Universidade Tiradentes em 2007. Membro fundador da Academia Sergipana de Medicina, onde ocupou a cadeira de número dezoito, que tem como patrono o Dr.João Cardoso do Nascimento Júnior.

Academia Sergipana de Medicina

Texto e imagem reproduzidos do site: www nenoticias com br

sábado, 23 de novembro de 2024

Opinião - José Félix: um grande cidadão anônimo

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 22 de novembro de 2024

Opinião - José Félix: um grande cidadão anônimo
Por J. Cruz*

No último 15 deste mês de novembro Estância perdeu um cidadão bastante querido pelos estancianos. Um ser humano íntegro, que em vida dedicou-se ao trabalho e à construção de um legado de honradez e dignidade: José Félix dos Santos.

Mesmo sendo um lagartense, José Félix veio para Estância acompanhado de seus pais com apenas dois anos de idade. Em Estância, de criança chegou à vida adulta, onde estudou e começou a sua vida profissional trabalhando na antiga Fábrica Santa Cruz.

No início dos anos 1950 do século passado, ainda bastante jovem, resolveu tentar a sorte em São Paulo, onde trabalhou na Companhia Municipal de Transporte Coletivo - CMTC. Na década de 1970 retornou a Estância e voltou a trabalhar nas empresas da família Leite, onde exerceu diversas funções, chegando a ser diretor Administrativo das emissoras de rádio Esperança de Estância e a antiga Jornal de Aracaju e a chefe de Gabinete do ex-deputado Ivan Leite. 

José Félix era um cidadão de memória privilegiada e por isso um verdadeiro memorialista. Lembrava de fatos ocorridos desde o seu tempo de criança e até a idade adulta. Em suas lembranças, sempre relatava que começou a estudar “em 1938 com uma professora particular no sobrado do fundo da Catedral (Estância), cujo nome era Maria Constância”.

“Em 1939, passei para o grupo Escolar Gumercindo Bessa, professora Márcia conhecida por Sassá e professora Cremildes Freire e no Colégio do grande professor Azarias Santos, a faculdade dos pobres de Estância e aí, os pobres encerravam os estudos.

Após nove anos sem estudar, fiz o curso de Administração nível médio em São Paulo e outros cursos. Daí em diante, já casado, apelei para autodidata, Deus tem me ajudado muito. Tive uma ajuda grande, quem me despertou para leitura foi a Papelaria Modelo, localizada a Rua Capitão Salomão, vizinha a Padaria Lima, pertencia ao Senhor João Nascimento”.

Convém ressaltar que em 1938 quem andava por Estância era o famoso escritor Jorge Amado, que havia se tornado amicíssimo de João Nascimento. Entre as atividades políticas - chegou à Presidência de Diretório Municipal - e sociais de José Félix, podemos destacar que além de se envolver na administração do Esporte Santa Cruz e incentivar a criação de Associações de Moradores, fez parte da Diretoria do Rotary Clube de Estância chegando a ser presidente.

Colaborou com a Escola de Samba Mangueira e com a Liga de Futebol Amador da Zona Sul e em inúmeras participações em ações sociais. Outra paixão era a música, principalmente a Lira Carlos Gomes, sendo um músico exigente e também um grande clarinetista.

Começou sua vida musical na Filarmônica Recreio - atualmente extinta - e depois de muitos anos foi para Associação Musical Lira Carlos Gomes, onde passou 27 anos como presidente, vindo a se afastar do cargo em 2021, mas em assembleia a nova Diretoria lhe concedeu o título de Presidente de Honra. 

Outra paixão de José Félix era o Flamengo, e ele relatava que começou a ser flamenguista da seguinte forma: “Sempre que chegava à Padaria Lima, onde meu pai trabalhava, pela proximidade com a Papelaria, saindo de uma porta entrava na Padaria e vice-versa, que também vendia livros escolares. O senhor João Nascimento conhecia meu pai como funcionário da Padaria, dava-me bom dia que me foi ensinado por ele, este ensinamento foi muito importante na minha vida, tinha oito anos, me disse que bom dia, boa tarde e boa noite são a primeira saudação, daí para a leitura foi fácil. Ele permitia que eu lesse os jornais locais e os do Rio de Janeiro, Diário da Noite e à Tarde da Bahia. Por esse gosto pela leitura, me tornei um flamenguista desde 1942, início do primeiro tricampeonato carioca, 42-43 e 44, através do Jornal Diário da Noite, e também por outros jornais que chegavam à Papelaria”. 

Em seus relatos, ele comentava um fato bastante interessante. Vejamos: “Vou falar da prisão do Volta Seca. O massacre de Lampião foi em julho de 1938 na gruta do Angico, Poço Redondo. Nem todos do bando morreram, muitos escaparam, o exemplo foi Volta Seca, que foi levado preso para Salvador, conseguiu fugir utilizando as estradas próximas ao litoral, mais difícil de ser encontrado, com todos seus conhecimentos de ter vivido sempre fugindo chegou à cidade de Santa Luzia, em 1943, quando passava pela Usina Priapu, uns 14 quilômetros distante da cidade, um vaqueiro desconfiou e partiu a cavalo, para avisar aos policiais”.

“O cerco em Santa Luzia do Itanhy era fácil, foi mais ou menos às 14 horas, uma das estradas passava em frente à Igreja Matriz, não precisa dizer, os frequentadores sempre presentes, ao perceberem o movimento dos policiais, partiram para acompanhar, fomos contidos pelo cabo dizendo educadamente que era uma missão perigosa, nós meninos fomos para os quintais de algumas casas que dava para ver tudo nitidamente, os policiais estavam a mais ou menos 50 metros. Volta Seca jogou um saco que trazia no chão e levantou os braços caminhando em direção aos policiais, entregando-se, a essa altura na porta da Delegacia já havia uma multidão. Comentava-se que Volta Seca fazia dois anos que havia fugido, sofreu muito fome e frio nas matas, não cometeu um crime neste percurso, o que pedia era comida e roupa e queria mesmo era se entregar”.

Depois de algum tempo, em um evento bastante concorrido, em 13 de dezembro de 2017, foi realizada sessão solene para a outorga do título de Cidadania Estanciana ao Sr. José Félix dos Santos. A solenidade ocorreu nas instalações do Centro Educativo Gonçalo Prado, por propositura do então vereador João Antônio Neri, resolução n° 5, de 25 de novembro de 1999 e o título foi aprovado em 16 de novembro de 1999.

Durante a solenidade, o homenageado em seu discurso de agradecimento finalizou falando o seguinte: “Por essas atividades citadas, me credenciam a dizer que tenho muitos amigos, 165 afilhados, já apadrinhei dois casamentos de afilhados, inimigos nenhum, sou feliz em minha Estância. Estância, muito obrigado a todos irmãos estancianos, obrigado a todos os presentes, muito obrigado, obrigado mesmo aos ilustres vereadores João Neri pelo o Título de Cidadania Estanciana, e ao vereador Dionísio Almeida Neto pela Medalha de Honra ao Mérito, a primazia de ser o primeiro a receber, posso olhar todos os estancianos como irmãos de fato e de direito. Obrigado, que Deus nos abençoe!”   

Assim sempre foi José Felix dos Santos, um cidadão “boa praça” que sempre procurou servir a todos, independentemente de picuinhas, que recentemente nos deixou aos 92 anos. Que em vida sempre esteve preocupado com o Brasil, com Estância e seus amigos. Descanse em paz!

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* O articulista é estanciano, historiador, pesquisador e escritor.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica com br

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

O que dizer do livro “Memórias de um político” de João Augusto Gama?

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 21 de novembro de 2024

O que dizer do livro “Memórias de um político” de João Augusto Gama?
Por José Vieira da Cruz *

A leitura do livro “Memórias de um político”, de autoria de João Augusto Gama –, fizeram-me revistar os impactos da ditadura, os significados da resistência democrática e, de modo particular, os desafios políticos de um mundo no qual a democracia está sob constantes tensões, ameaças e disputa.

Em meio a este presente histórico, já na fila para receber o autógrafo do autor do mencionado livro de 167 páginas – observei o público formado por algumas personalidades do meio político, poucos pesquisadores e conhecidos do autor –, lá mesmo comecei a apreciar a escrita direta, objetiva e pontuada de memórias pessoais, estudantis, profissionais, empresariais e políticas do autor. A obra, além de falar do golpe de 1964 e da ditadura, também é perpassada pelas memórias políticas de João Augusto Gama narrando suas origens, cotidiano cultural e bastidores da política em Sergipe na segunda metade do século XX e primeiras décadas do século XXI.

Adianto que o texto escrito esculpe uma narrativa fluída, articulando lembranças afetivas, acontecimentos políticos e preocupações do autor tanto de sua trajetória biográfica e de geração de contemporâneos quanto dos desafios recentes enfrentados pela democracia.

A obra evidencia não ter pretensões acadêmicas formais mas enquanto texto de recordações, reminiscências e lembranças, como observado pela literatura especializada, evoca memórias afetivas, seletivas e constantemente (re)elaboradas a partir de momentos, acontecimentos, pessoas e significados vivenciados a partir do presente do fazer-se da escrita. E é nesta perspectiva que o leitor pode compreender o dito, o não dito e, sobretudo, aquilo que o autor deseja enfatizar de suas memórias, redes de sociabilidade e de interesses. Aos acadêmicos, por sua vez, resta reconhecer a quebra do monopólio da reserva escrita sobre o passado e analisar a obra enquanto mais fonte para estudo das apropriações acerca do passado.

Penso a respeito, que o texto, organizado em 21 capítulos e três outros textos (apresentação, iconografia e agradecimentos), cumpre a missão de trazer a lume o ponto de vista, do autor/político/cidadão João Augusto Gama, acerca de suas memórias sob o ponto de vista de um Aracajuano que desde o secundário atuou no teatro amador, em centros/movimentos/campanhas de cultura e de educação popular e em entidades estudantis como a União Sergipana dos Estudantes Secundaristas de Sergipe (USES) e do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe (DCE/UFS) – do qual foi seu primeiro presidente. Gama fala das prisões e das arbitrariedades políticas sofridas, da proximidade com os militantes do Partido Comuista Brasileiro (PCB), de seu ativismo político junto ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), das eleições que apoio e das quais participou da disputa, de sua gestão e legados à frente da prefeitura de Aracaju e, para descontentamento dos leitores mais críticos, faz algumas poucas revelações dos bastidores da política partidária.

A obra, é apresentada pelo tarimbado pesquisador Jorge Carvalho do Nascimento e conta também com um texto de orelha de Francisco Varela, ambos e a maneira de cada um, anunciam que o livro trata de um ponto de vista de um “homem comum” ou, como preferem alguns, “de uma pessoa no mundo”. Penso, ao meu juízo, que o livro trata de mais que isso, tem contribuições, limitações e provoca os contemporâneos de sua geração a também escreverem sobre suas memórias.

Uma limitação é o uso da iconografia como ilustração sem a devida contextualização, análise e discussão. A exploração contextualizada de fontes escritas acerca da atuação estudantil, cultural, empresarial e política do autor também ficou a desejar. Mas, por outro lado, deixa em aberto uma seara de possibilidades para outros estudos, cotejamentos e publicações.

O fato é que Gama esteve no centro de inúmeros eventos/movimentos/ações culturais, sociais e políticas desde a década de 1950/1960. Mas, nem por isso, sua narrativa se resume à tentação de promoção exclusiva de sua autoimagem – penso que esta perspectiva da publicação é muito importante e deve ser destacada.A respeito, em vários capítulos e oportunidades do texto ele se propõe a registrar, resgatar e reconhecer pessoas que marcaram sua trajetória biográfica e participaram de acontecimentos históricos com os quais ele compartilhou experiências, vivências, aprendizados e memórias. Entre estas destacam-se: Tertuliano Azevedo, Jaime Araújo, Paschoal Carlos Magno, João Costa, Luiz Antônio Barreto, Jackson Barreto entre outros.

Gama, sem constrangimentos, registra suas lembranças pessoais, denuncia os arbítrios da ditadura e compartilha suas memórias político-partidárias de próprio punho. Penso que este fato, independente de eventuais ajustes, complementos e críticas, deve ser estimulado e valorizado, sobretudo, como um alerta para aqueles(as) políticos(as) que pensam que sua estada no poder é eterna. Para estes fica a pergunta de como gostariam de ser lembrados(as)? E por quais atos, ações e posturas serão lembrados? Nem todos tem um biógrafo habilitado ou a disposição, iniciativa e ousadia de escrever sobre si.

Enfim, o livro “Memória de um político”, de João Augusto Gama, evoca memórias de discussões que nos fazem refletir, como dito pelo próprio autor quando autografou meu exemplar, diante do avanço reacionário da extrema-direita é necessário defender ainda mais a democracia. Recomendo aos interessados que façam sua própria leitura e alimentem suas conclusões.

* É historiador, professor do DHI/UFS e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

Texto reproduzido do site destaquenoticias com br

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. José Queiroz da Costa


Artigo compartilhado de Post no Perfil do Facebook de Antonio Samarone, de 1 de novembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. José Queiroz da Costa. 
Por Antonio Samarone*

O desenvolvimento de Itabaiana teve a participação de Zé Queiroz.

Na década de 1960, uma nuvem de pessimismo cobriu Itabaiana: a luta política pelo controle do comércio atacadista, terminou em um banho de sangue. As paixões foram estremecidas. 

A passagem de uma economia centrada na agricultura, para um polo comercial, foi traumática, seguiu o “vale tudo” da acumulação primitiva.

A cidade ganhou a fama de violenta e estava dividida pelo ódio e pelo ressentimento. Muitas famílias migraram para Aracaju. Nada unia os itabaianenses. 

Um grupo, liderado por Zé Queiroz, Dr. Pedro, Mozart, Resende, Zé de Gentil, Pedro Goes, Alemãozinho, Fefi, Faustino, Tonho de Dóci, entre outros, investiram no futebol. Encontrou-se um caminho de reunificação: Somos Itabaiana, "Cidade Celeiro”, diz o hino.

Zé Queiroz liderou uma revolução cultural, através do futebol, ajudando na reunificação da sociedade civil itabaianense. 

Infelizmente, a luta política continuou nos moldes coronelísticos. A modernização política, esperou pelo século XXI, com a chegada do grupo político liderado por Valmir de Francisquinho.

Em 10 de janeiro de 1960, Zé Queiroz casou-se com Maria do Carmo Monteiro, filha de Juca Monteiro, descendentes de Nicolau, um judeu russo, plantador de fumo. Carminha e Zé Queiroz tiveram seis filhos: Carmen, Zezinho, Norma, Ivan, Nana e Rui. 

A partir de 1968, Queiroz passou a contribuir com a Associação Olímpica de Itabaiana, levando a conquista de vários títulos estaduais. Inclusive, o penta campeonato de 1978-1982, e um título de campeão do Nordeste, em 1971. 

Queiroz realizou um sonho: a construção da Vila Olímpica, que levou o seu nome. Por tudo isso passou a ser conhecido como o “Patrono” da Associação Olímpica de Itabaiana.

José Queiroz da Costa, nasceu em 14 de julho de 1936, em Itabaiana. Filho único de Antônio Sacristão e Dona Rosinha. 

Zé participou de todas as traquinagens permitidas, naquele tempo, aos meninos do interior. No futebol, foi ponta esquerda do Cantagalo. Não chegou a ser um craque. Foi um ponta arisco, como se dizia.

O avô de Zé Queiroz, José dos Santos Queiroz (Cazuza), foi Prefeito de Itabaiana entre 1926/29. Seu Cazuza, um homem de posses, foi assassinado às pauladas, em frente a sua loja de tecidos, num sábado, as 10 horas da noite, no centro de Itabaiana. 

Nessa trágica noite, a Orquestra “Almas Latinas Marimbas Mexicanas”, animava um baile na Associação Atlética. Esse crime brutal nunca foi esclarecido. As fundadas suspeitas circulam a boca miúda. Todos sabem, mas ninguém comenta publicamente.

Queiroz passou pelo Grupo Escolar Guilhermino Bezerra. Fez o curso ginasial na primeira turma do Murilo Braga, sendo o orador na festa de formatura. Serviu ao Exército Brasileiro no Tiro de Guerra, em Itabaiana. Ao lado de familiares, trabalhou no comércio, na loja do avô, herdada por sua mãe, na venda de tecidos e produtos para vestuário.

Queiroz é a encarnação da alma itabaianense. Competitivo, inteligente, irônico, prático, só entra numa disputa para vencer. Se quiser responder rapidamente, qual a natureza do itabaianense, pode dizer: do jeito de Zé Queiroz.

Zé Queiroz envolveu-se muito cedo com a vida social em Itabaiana. Participou, como tesoureiro, do Centro de Ação Social Católica de Itabaiana, na paróquia de Santo Antônio e Almas, onde participou ativamente da Construção da Maternidade São José e do Colégio Dom Bosco. 

Foi funcionário do Banco do Brasil (1955), em Itabaiana, depois transferido para a capital sergipana, onde completou tempo de serviço para aposentadoria.

Outra grande contribuição de Zé Queiroz: em 13 de junho de 1978, criou a Rádio Princesa da Serra, a segunda do Interior sergipano. A emissora deu voz a Itabaiana. Levou a nossa versão, a nossa narrativa e os nossos valores. Antes, a Capital falava sozinha. 

A importância da Rádio Princesa da Serra para o desenvolvimento de Itabaiana, precisa ser estudada.

Queiroz foi o distribuidor exclusivo, em Sergipe, da Editora Abril, empresa que tinha como produto de livros e revistas. Tendo sido premiado como destaque na área de vendas. Foi representante do Baú da Felicidade, empresa do Grupo Sílvio Santos.

Queiroz se meteu com cinemas, chegando a controlar 15 cinemas simultaneamente, incluindo Cine Rio Branco e Cine Palace em Aracaju, Trianon em São Cristóvão, São José em Itaporanga D’Ajuda, etc. 

Iniciou as atividades com o Cinema Santo Antônio, em prédio de propriedade da Paróquia de Santo e Almas de Itabaiana, localizado na Praça João Pessoa, onde hoje funciona o Supermercado Nunes Peixoto. 

Posteriormente adquiriu o Cinema Popular, de Zeca Mesquita, que após fechar as portas, passou a funcionar os estúdios da Rádio Princesa da Serra FM e AM. Em Aracaju, adquiriu o Cine Aracaju, e construiu o Cinema Plaza, com 1.250 lugares. 

Na política, o neto de Cazuza Queiroz, foi eleito em 1986, Deputado Federal Constituinte, com maioria dos votos dos filhos de Itabaiana. Representou o Estado de Sergipe na elaboração da nossa Constituição, promulgada em 05 de outubro de 1988. 

Queiroz participou ativamente da política municipal, chegando a ser eleito em 1996, vice-prefeito.

Pela atuação na Constituinte, como destaque, além de diversos projetos sociais, recebeu o Diploma “Palavra de Honra” concedido pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP, em defesa dos interesses dos trabalhadores, e a “Medalha do Mérito Desportivo” concedido pelo Ministério da Educação, pela atuação em defesa do esporte.

Teve vida curta na política. A sua personalidade era incompatível com as virtudes políticas: conciliações, conchavos, composições, transigências, jeitinhos e fidelidade ao grupo. Sempre foi ele, depois ele, e, finalmente ele. Queiroz era a verdade. 

Entretanto, a maior contribuição de Zé Queiroz para Itabaiana foi imaterial. O seu sucesso e a sua autoestima servem de exemplo. A alma itabaianense foi reforçada: gente empreendedora, esperta no comércio, independente e cheia de ironias e narrativas. E mais, o nosso bairrismo passou a fazer sentido, se aproximou da realidade. 

O Itabaianense tem orgulho até das fragilidades. Como diz Fernando Pessoa: "o rio da minha Aldeia, (jacarecica) é maior que o Tejo." 

Zé Queiroz foi um intransigente. Nunca tergiversou. Nunca cedeu, com ou sem razão. "Nunca deu o braço a torcer"! Mesmo assim, foi um vitorioso. O verso de Gonzaguinha: “vence na vida quem diz sim”, não orientou Queiroz. 

Ele venceu, dizendo “NÃO”. 

* O articulista Antonio Samarone, é Secretário de Cultura do município de Itabaiana-SE.

Texto e imagem reproduzidos do Perfil no Facebook/Antonio Samarone

Itabaiana se despede de Zé Queiroz em cerimônia emocionante


Publicação compartilhada do site ITNET, de 18 de novembro de 2024

Itabaiana se despede de Zé Queiroz em cerimônia emocionante

A despedida contou com a presença de várias autoridades, que se uniram à população para honrar a memória de um dos maiores nomes da história de Itabaiana.

Por Redação Itnet

Foi sepultado na tarde desta segunda-feira, 18, no Cemitério de Santo Antônio e Almas, em Itabaiana, o eterno patrono do Tricolor da Serra, José Queiroz da Costa. Em um cortejo marcado por emoção e homenagens, o corpo de Zé Queiroz chegou em um carro do Corpo de Bombeiros, sendo recebido com aplausos calorosos por familiares, amigos, autoridades e admiradores que lotaram o local para dar o último adeus.

A despedida contou com a presença de várias autoridades, que se uniram à população para honrar a memória de um dos maiores nomes da história de Itabaiana. Durante o percurso, gestos de respeito e gratidão demonstraram o quanto Zé Queiroz era amado e admirado, não apenas por suas contribuições no esporte, na política e na comunicação, mas também pelo legado humano que deixou em sua cidade natal.

Uma missa foi realizada em sua homenagem antes do sepultamento, reunindo orações e palavras de conforto para a família. As ruas de Itabaiana, por onde o cortejo passou, refletiram o carinho de um povo que reconhece a grandeza de sua trajetória e a importância de suas conquistas.

Zé Queiroz deixa uma marca indelével em Itabaiana e em Sergipe, sendo lembrado por sua dedicação, visão e amor pela terra que tanto elevou. Sua ausência será sentida, mas seu legado permanecerá vivo nos corações de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e admirar sua história.

Texto e imagem reproduzidos do site: itnet com br/noticia/itabaiana-se

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

José Queiroz da Costa (1936 - 2024)


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Morre aos 88 anos o ex-deputado federal José Queiroz da Costa 
Balanço Geral Tarde/Fábio Henrique/TV Atalaia/Canal YouTube
Aracaju(SE), 18 de novembro de 2024

Morre o desportista e ex-deputado José Queiroz

Legenda da foto: José Queiroz estava internado em um hospital de Aracaju

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 18 de novembro de 2024

Morre o desportista e ex-deputado José Queiroz

Faleceu, nesta segunda-feira (18), o empresário José Queiroz da Costa, 88 anos. Ele estava internado em um hospital de Aracaju. O velório será realizado no OSAF Aracaju, de onde sairá às 14 horas para o Cemitério Santo Antônio das Almas, em Itabaiana. José Queiroz era aposentado do Banco do Brasil e residia à rua Campos, 810, em Aracaju. Queiroz era casado com Maria do Carmo Monteiro Costa, com quem teve seis filhos: Carmem, Zezinho, Norma, Ivan, Lana e Rui. Tinha 16 netos e quatro bisnetos.

José Queiroz da Costa nasceu em Itabaiana, no dia 14 de julho de 1936. Filho único de Antônio José da Costa, funcionário da Exatoria Estadual, e de Dona Maria Queiroz da Costa. Foi aluno da primeira turma do Ginásio Estadual de Itabaiana, depois denominado Colégio Estadual Murilo Braga. Em 1956, aos vinte anos, foi aprovado no concurso do Banco do Brasil e nomeado para trabalhar na agência de Itabaiana, sendo, tempos depois, transferido (a pedido) para a agência da Praça General Valadão, em Aracaju.

Irrequieto e contestador, ainda jovem, passou a gostar de política enveredando no agrupamento que fazia oposição a Euclides Paes Mendonça em razão de que, Euclides, líder udenista, perseguia todos os adversários, inclusive o seu pai, Antônio Queiroz, que era correligionário de Djenal Queiroz, do PSD.

Rádio Princesa da Serra

No dia 13 de junho de 1978, inaugurou a Rádio Princesa da Serra, a segunda emissora do interior sergipano, cuja concessão foi adquirida através do então Governador José Rollemberg Leite. A Rádio foi fundamental para divulgar as demandas da comunidade, revelar radialistas da região além de tornar-se um instrumento de apoio ao seu grupo político. Em 1982, Djalma Lobo, radialista irreverente e detentor de uma enorme audiência no agreste e sertão sergipanos, se elegeu deputado estadual, com a maior votação daquele pleito. Um campeão de votos, graças a força do rádio.

Em 1986, incentivado por Djalma Lobo, que queria Itabaiana com um deputado federal, José Queiroz foi candidato e elegeu-se para a Câmara Federal, sendo considerado pelos órgãos de pesquisa como o melhor constituinte sergipano, condição que lhe rendeu várias homenagens. Todavia, o seu ingresso na política partidária se deu no final dos anos 70, quando coordenou a criação da Arena Dois, uma sublegenda da Aliança Renovadora Nacional, partido criado no período pós-revolução.

No ano de 1988, o seu grupo político conquistou a prefeitura de Itabaiana, derrotando uma oligarquia que estava há cerca de 30 anos no Poder. Surgiu, então, um novo fenômeno político: Luciano Bispo, que seria depois deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Nesse ano (1988) o grupo de José Queiroz tinha o prefeito da cidade, um deputado estadual (Djalma Lobo), um deputado federal (Queiroz), o governador (Valadares) e um ministro de estado (João Alves Filho, do Interior).

Dono de cinemas

Como empresário, José Queiroz foi dono do primeiro cinema de Itabaiana, o Cine Santo Antônio. Expandiu a atividade para a capital sergipana, tendo sido proprietário dos Cinemas Rio Branco, Aracaju, Pálace e Plaza. Ele chegou a possuir 15 cinemas em todo o Estado de Sergipe.

Outras atividades empresariais que marcaram a vida empreendedora dele foram as representações da Editora Abril Cultural e do Baú da Felicidade, de Silvio Santos. Quando assumiu a Editora Abril, Aracaju tinha apenas 12 Bancas de Revistas. Ao deixar essa atividade, esse número pulou para cerca de 130 pontos de venda.

No futebol, foi o responsável pela ascensão da Associação Olímpica de Itabaiana. A partir de 1969, quando o tricolor conquistou o primeiro título estadual e enquanto esteve à frente da agremiação, foram quase duas décadas de vitórias. Sete títulos estaduais (um penta, inclusive), um campeonato do Nordeste e um vice do Norte/Nordeste. Para isso, gastou o que tinha e o que não tinha. Literalmente, deu tudo de si à Associação Olímpica de Itabaiana, ao lado de Antônio Rezende, Mozart Fonseca, e alguns outros abnegados.

Fonte e foto: Portal de notícias Radar Sergipe

Texto e imagem reproduzidos do site: destaquenoticias com br