segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Vi a despedida de Athila, por Sebastião de Sá Figueiredo

Foto: Reprodução

Publicado originalmente no site do CINFORM, em 10 de fevereiro de 2019

Vi a despedida de Athila
Por Sebastião de Sá Figueiredo*

Acho que foi ele, o menino lagartense Athila Paixão, que vi domingo passado no Aeroporto de Aracaju. Havia um bocado de pessoas, possivelmente familiares vindos do povoado Brasília, Lagarto, que estavam ao seu lado no saguão do lugar vestidas com a camisa do Flamengo.

Faço agora a associação, porque o noticiário da tragédia do Ninho do Urubu diz que ele viajou de volta no domingo à tarde para o Rio. Em algum momento me detive no rosto do menino, porque seu tipo físico chamava a atenção, além das pessoas ao seu lado.

Também olhava para outras pessoas além daquele grupo, igualmente jovens, supondo que algumas delas iam embora definitivamente de Sergipe.

Quase menino fui embora para buscar vida nova em outra cidade. Fui e voltei depois de rodar meio mundo afora. Alguns de meus irmão não voltaram, assim como outros parentes.

Enquanto ficava mais tempo no lugar, permita-me viajar entre aspas, chegava mais avião e provavelmente Athila Paixão estava despachando sua bagagem com a família ansiosa.

Ninguém sabia o que viria depois. Apenas estávamos ali, desdenhando da vida. Fazia tempo que não ia ao Aeroporto e àquele domingo tinha sido uma opção acertada e casual para me distrair.

Lembrei, fazia tempo, de uma despedida no Aeroporto de Maceió, quando viajei para um país da Cordilheira dos Andes e teria que ficar por quase um ano longe de meus dois filhos. Vendo-os de longe, sofregamente, enquanto subia pela rampa da aeronave, em 1983.

Depois de tanto mexer com a emoção, era hora de ir embora nesse domingo; afinal, meu filho me esperava para gozar os últimos momentos do dia e se preparar para a aula de segunda-feira.

Enquanto isso, imaginava que o rapaz de 14 anos, que vestia a camisa da base do Flamengo, deveria estar chegando ao seu destino. Lá, onde ele buscava a vida e acabou chegando, dias depois, à estúpida morte com mais nove jovens atletas, infelicitando a não só desportistas brasileiros.

Eita mundo não tão surpreendente!

Sobre o Autor:
* Sebastião de Sá é professor aposentado dos cursos de Comunicação Social na Universidade Federal de Sergipe. Ex-presidente da Adufs (gestão 1995), o entusiasta do radialismo ajudou a trazer e a inaugurar os cursos de Rádio e Jornalismo no estado.

Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br

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