sábado, 15 de outubro de 2022

'Só um dia... é pouco!', por Lygia Prudente

Legenda da foto: Lygia à esquerda da professora - (Crédito da foto: Fotosom Stúdio)

Publicação compartilhada do Perfil no Facebook de Lygia Prudente, de 15 de outubro de 2022

Só um dia... é pouco!
Por Lygia Prudente

Criança ainda e eu já demonstrava que o ensinar seria um caminho futuro. As brincadeiras eram, na maior parte do tempo, de escola, onde eu estava sempre no quadro de giz, que ganhei de presente. E, finalmente, na hora de decidir que caminho seguir profissionalmente, sem surpresa alguma, o do magistério não deu chance a outras opções. Muito sonhadora, percebi logo que os bancos acadêmicos não iriam satisfazer às minhas ambições, no bom sentido, porque já pensava em fazer algo diferente daquilo que me rodeou como estudante. Enfim, sonhos à parte – mas não esquecidos – busquei, disciplinarmente, o exercício do ensinar e aprender, ansiando por conseguir resultados mais concretos e agradáveis de se trabalhar. Receitas não funcionam se pensarmos em adequá-las à uma relação que deve se estabelecer entre aquele que se propõe a ensinar e ao outro que se coloca, ou não, como aprendiz. Pois é, nem sempre aquele que ocupa um banco escolar está disposto, por N motivos, a aprEEnder alguma coisa e o papel docente é exatamente despertar a vontade para tal. Sei bem que ministrar aulas para aqueles que querem, os ditos bons alunos, não é tarefa difícil, mas provocar o interesse naquilo que você apresenta como conteúdo para os que se fecham, geralmente formam as trincheiras da turma do fundão, aí sim, é um desafio. E como é gratificante, como é prazeroso o resultado, muitas vezes, alcançado, a duras penas ou simplesmente, com um olhar diferenciado para as carências quase imperceptíveis, escondidas num olhar tristonho ou mesmo numa atitude rebelde. Sim, como é importante alimentar a nossa sensibilidade emocional e a intuição, que nos levam a conhecer um pouco do outro. Trago comigo boas lembranças de alunos bem sucedidos que não sentiram saudades do que eram e da sensação que tinham em dias de aula. Não é resultado de um só, mas da relação que construímos. Eu mesmo tenho saudades da “tia” Lygia, que, “sortuda” ela, que se achou e, construiu sem alarde, o seu  caminho profissional, onde se realizava fazendo o que escolheu. E hoje, aposentada, as boas memórias continuam presentes porque Professor será sempre Professor. 

"Até onde posso, vou deixando o melhor de mim...se alguém não viu é porque não me sentiu com o coração" (Clarice Lispector).

Texto e imagem reproduzidos do Perfil Facebook/Lygia Prudente

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