domingo, 5 de fevereiro de 2023

"Pedro e Pedrito Barreto...", por Igor Salmeron

Post compartilhado do Facebook/Igor Salmeron, de 27 de setembro de 2021

Pedro e Pedrito Barreto: 
Figuras essenciais no cenário político-social sergipano¹  
Por Igor Salmeron 

Ao estudar sociologicamente a formidável História de Sergipe, percebemos que dois briosos personagens se realçam com altivez no fascinante quesito progresso político-social: Pedro e Pedrito Barreto. Deixam legado de seriedade e, sobretudo, honestidade em tudo que se propuseram a fazer. 

Ao realizar diversos levantamentos junto ao excelente Arquivo do tradicional Jornal da Cidade, pude notar que duas sublimes figuras se demonstram fundamentais para compreendermos o próprio aperfeiçoamento político-social sergipano nas últimas décadas. De um lado, temos o saudoso Pedro Barreto de Andrade, cidadão realizador que se destacou pela sua exímia atuação nos diversos cargos e funções públicas por onde passou. De outro, seu célebre filho Pedrito Barreto, icônico comunicador, jornalista, advogado, colunista social dos mais atuantes em Aracaju que fez história e ainda se faz presente no universo societário de todos os sergipanos. 

Segundo dados histórico-biográficos auferidos, Pedro Barreto de Andrade nasceu em Simão Dias, num dia 23 de março do ano 1918. Filho de Pedro Barreto de Andrade e de D. Esther Dantas de Andrade. Deles, Pedro Barreto herdou espírito de retidão e integridade de caráter. Na seara escolar, prestou curso primário no Colégio Santa Inês, em Capela, coordenado pela exemplar professora Adelina da Silva Vieira, concluindo-o em 1928. O curso ginasial foi iniciado no Colégio Salesiano, em Aracaju, transferindo-se, depois, para o Liceu Salesiano, em Salvador, concluindo o 2º e 3º anos, retornando a Aracaju, para finalizá-lo no Colégio Tobias Barreto. 

Suspendeu os estudos no ano de 1937, árduo período em que passou a trabalhar no comércio, em Aracaju. Depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou com atividades comerciarias, sendo representante de remédios. Procedeu, em seguida, no Instituto de Organoterapia Brasileira S/A, sindicalizando-se como propagandista. Ingressou na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, graduando-se em Ciências Jurídicas e Sociais mais especificamente num dia 12 de dezembro de 1946. 

A convite do então governador do Estado de Sergipe, Dr. José Rollemberg Leite, retornou para Aracaju, vindo a dirigir, a partir do dia 30 de dezembro de 1948, o Serviço de Assistência Municipal. Promotor Público da Comarca de Itabaiana, em 1949, 2º Procurador da Fazenda Pública do Estado de Sergipe, em 1951, Secretário da Justiça e Interior do Estado de Sergipe e Presidente do Conselho Estadual de Serviço Social, em 1951. Foi também Chefe de Polícia do Estado de Sergipe (cargo correspondente a Secretário de Estado da Segurança Pública), em 1952, no governo de Arnaldo Rollemberg Garcez. 

Atuou na área docente como modelar Professor das disciplinas Direito Público e Privado e História das Doutrinas Econômicas, da Faculdade de Ciências Econômicas de Sergipe, em 1953. Foi Deputado Estadual nas legislaturas de 1954, 1958 e 1962. Foi nomeado idôneo Desembargador do vetusto Tribunal de Justiça de Sergipe, em 1964, representando o quinto constitucional da advocacia. Presidente do mesmo Tribunal em 1973. Comandou o Tribunal Regional Eleitoral de Sergipe, no biênio 1970 a 1972. Pedro Barreto de Andrade, homem que possuiu coragem pessoal e cívica, não à toa foi admirado dentre tantos notáveis, por Manoel Cabral Machado, seu amigo de infância e companheiro nos entraves políticos. 

Aposentou-se da magistratura em 15 de maio de 1980, retornando à atividade política partidária, passando a exercer o cargo de Secretário de Estado da Segurança Pública, no eminente governo do Dr. Augusto do Prado Franco. Foi admitido como sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe no ano de 1957. Representou, em 25 de março de 1950, o Estado de Sergipe no Congresso Nacional dos Municípios Brasileiros, no Rio de Janeiro, então Capital da República. 

Na gestão do Desembargador Manuel Pascoal Nabuco d’Ávila foi homenageado, post mortem, com o Colar do Mérito Judiciário. Recebeu o diploma destaque do ano de 1970, conferido pela o Organização de Pesquisa de Opinião Pública, em vista da sua extraordinária atuação como magistrado; recebeu diploma de membro honorário do segundo Seminário Sergipano do Mistério Público, em 1971; Diploma de Colaboração conferido pela Polícia Militar de Sergipe, pelos inestimáveis serviços prestados à corporação, em 1971. Angariou com louvor a Medalha de Mérito Universitário conferido pela Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas, em 1977.  Faleceu em Aracaju, no dia 14 de setembro de 1984.

Vale destacar que o honrado desembargador Pedro Barreto de Andrade antes de ingressar na magistratura sergipana teve papel destacado na advocacia e na política. Integrou o Partido Social Democrático, com uma expressiva liderança no interior do estado, valendo-lhe o exercício de importantes cargos públicos, em especial a Chefia da Polícia de Sergipe, cargo correspondente ao atual Secretário de Estado da Segurança Pública. Nessa efervescente época, as disputas partidárias entre os adeptos da União Democrática Nacional (UDN) e os do Partido Social Democrático (PSD) eram bastante intensas, exigindo-lhe bastante cautela e tirocínio para minimizar as tensões e as rivalidades existentes. Como deputado estadual podemos afirmar, indubitavelmente, que manteve uma postura de flexibilidade e honradez, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento de Sergipe. 

Seguindo os retilíneos passos paternos, Pedrito Barreto também já deixa herança de contribuições que marcarão vindouras gerações. Pedro Barreto de Andrade Filho, o famigerado Pedrito Barreto nasceu no Rio de Janeiro. Ainda criança, aportou em Aracaju, onde iniciou os seus estudos. O ano de 1964 marcou a sua vida profissional no já extinto Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM). Em 1965, foi convidado pelo governador Celso de Carvalho para assumir o relevante cargo de Controlador de Verbas do Palácio Olímpio Campos. Por seu eficaz desempenho e virtuosa temperança, foi nomeado para o Departamento Estadual de Infraestrutura Rodoviária de Sergipe (DER/SE). Dois anos após, em 1967 Pedrito Barreto assumiu a Assessoria de Comunicação Social do Departamento Municipal de Turismo. 

O ano de 1968 assinalou o prolífico início das suas atividades jornalísticas, sendo convidado para escrever no clássico Diário de Aracaju – Órgão dos Diários e Emissoras Associados. Paralelamente, apresentava um programa na Rádio Jornal. Em 1971 foi para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso de Direito nas Faculdades Integradas Estácio de Sá, mantendo seus trabalhos junto ao Escritório do Estado de Sergipe. Voltou para Aracaju em 1978, quando foi convocado para assumir o cargo de Assessor Jurídico do DER/SE, ocupando também os cargos de Chefe do Serviço Contencioso, Chefe da Assessoria Jurídica e Secretário Geral. 

Ainda nesse mesmo ano, voltou às atividades na imprensa sergipana, atuando de maneira magistral na Gazeta de Sergipe, Jornal da Cidade e Jornal de Sergipe, retornando depois à Gazeta de Sergipe e, posteriormente, assinando páginas do suplemento dominical do mítico Jornal Cinform. Também comandou um programa na TV Jornal. Além da mais que fecunda vida jornalística, Pedrito Barreto assumiu os cargos de diretor da Galeria de Arte “Álvaro Santos”, foi Chefe do Cerimonial do Palácio “Inácio Barbosa”, Assessor da Presidência do CDL-Aracaju e Chefe do Cerimonial do Palácio do Governo e Tribunal de Justiça. Pedrito se aposentou pelo DER/SE como decente Procurador Autárquico.

Dentre seus tantos feitos indeléveis na memória coletiva de Sergipe, podemos destacar com ênfase a criação do memorável Prêmio Pedrito Barreto, que prestava valorosas homenagens a inúmeras personalidades sergipanas. Durante toda sua áurea vida, Pedrito Barreto vem recebendo inúmeras homenagens, como títulos de cidadania aracajuana e cidadania sergipana, além de comendas e placas do Exército Brasileiro, Prefeitura de Aracaju, Secretaria de Estado da Cultura, Marinha do Brasil, Polícia Militar e Governo do Estado de Sergipe, entre diversas variantes honoríficas que atestam o seu inexaurível espólio.

Ao lado de atemporais nomes que marcam o conjunto dos inesquecíveis na História da Coluna Social e do Jornalismo em Aracaju, exemplificados por nomes como Carlos Henrique de Carvalho (Bonequinha), Wellington Elias, Ilma Fontes, Luiz Daniel Baronto, Ivan Valença, Clara Angelica Porto, Osmário Santos, Thais Bezerra, Maria Franco, Luduvice Jose, Sacuntala Guimaraes, Márcio Lyncoln Almeida, Yara Belchior, João Barreto Neto, Roberto Lessa, Laurindo Campos, Eduardo Cabral, Joana Santana, Maria Luiza Cruz, Tereza Newman, Daisy Monte, Paulo Nou, Karmen Mesquita, João de Barros, Lânia Duarte, Carmen Pacheco, Ledinaldo Almeida, dentre tantos outros inolvidáveis. Pedrito Barreto fulgura como àquele que mantém acesa a chama das boas relações e fortalecimento das mais edificantes memórias político-sociais desse nosso cativante Estado de Sergipe. 

Portanto, ao estudar sócio historicamente as carreiras desses dois ícones sergipanos, percebemos que suas obras e ações ainda irão reverberar e muito, tanto para as presentes quanto para as futuras gerações que sabem apreciar os nossos mais ilustres tesouros. Pedro e Pedrito Barreto possuem o sentimento do mundo, pois demonstram na prática que é caminhando e semeando generosidade que atingimos as benesses de uma vida debruçada ao coletivo, quesito este vital que lhes afiança a colheita merecida. 

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¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL). 

E-mail para contato: igorsalmeron_1993@hotmail.com

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Texto e imagens reproduzidos do Facebook/Igor Salmeron 

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