Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 27 de junho de 2025
O legado de pai para filho
Por Luiz Hermínio de Aguiar Oliveira*
Na última sexta fieira (20/06/25) ocorreu na Academia de Artes e Letras de Neópolis (ALANE) uma solenidade muito especial, em que pai e filho foram homenageados por suas brilhantes trajetórias de vida. Naquela oportunidade, Carlos Hermínio de Aguiar Oliveira ex-superintendente regional da 4ª SR da CODEVASF (1990-2000), e atual Conselheiro Representante dos Empregados no Conselho de Administração da referida empresa, tomou posse na cadeira de número 24 daquele sodalício, cujo patrono é seu saudoso pai Luiz Alves de Oliveira, Ex-Inspetor Geral do Banco do Brasil que se notabilizou pela esplêndida obra de soerguimento da Cooperativa Mista de Agricultores do Treze (Lagarto-SE) na década de 60. Naquela oportunidade, o irmão do homenageado, o Ex-reitor da UFS professor Luiz Hermínio, foi escolhido para fazer saudação ao patrono da cadeira (transcrita abaixo), por ter escrito livros sobre a biografia do seu pai, cujos exemplares foram doados para compor o acervo bibliográfico daquela instituição cultural. A “Família dos Hermínios” lotou a auditório da “ALANE” e estava em júbilo pela homenagem que lhe fora prestada através de doação de exemplares da produção literária da academia, atualmente presidida pele Exmo. Sr. Excelentíssimo Senhor Manoel Humberto Gonzaga Lima. O ineditismo desta solenidade deveu-se não somente ao fato de terem sido homenageados numa sessão pai e filho, naturalmente unidos por laços de sangue, mas sobretudo pelo compromisso que ambos assumiram em defesa das parcelas da sociedade marginalizadas do benefício do desenvolvimento socioeconômico, valorizando sempre a competência técnica e respeitando os princípios morais que devem balizar o desenvolvimento de toda sociedade. Assim, nesta solenidade não foi celebrada apenas uma continuidade geracional, mas sobretudo a força de um legado que se perpetua no tempo através do exemplo de dedicação, honradez e amor ao próximo, seguido fielmente pela Família dos Hermínio.
Discurso do Prof. Luiz Hermínio
Hoje é uma data muito especial para a nossa família. Em primeiro lugar porque testemunhamos aqui o reconhecimento do valor acadêmico, cientifico e literário do nosso irmão Carlos Hermínio de Aguiar Oliveira, empossado na cadeira de número 24, que tem como como patrono nosso saudoso pai Luiz Alves de Oliveira, referencial maior de nossa família. Os atributos curriculares do recipiendário já foram destacados no discurso de saudação proferido pelo presidente da academia o Exmo. Sr. Manoel Humberto Gonzaga Lima, no entanto gostaria de acrescentar mais algumas qualidades do mais novo membro desta academia, registradas no brilhante prefácio do livro Luzes do Farol de Cordouan para o Rio São Francisco, escrito pela nossa irmã, a Dra. Anita Hermínia de Aguiar Oliveira, professora aposentada da UFS, onde ressalta o cuidadoso zelo, com que os pais do autor o prepararam para vida e o trabalho, alimentando em seu coração sentimentos de nobreza e gratidão, para não agir com estranheza e superficialidade diante da natureza, da terra, do mar e do ser humano e acrescenta, que a mencionada obra representa uma grande contribuição para o aprimoramento da gestão das águas da bacia hidrográficas do Brasil e expressa seu amor pelo rio São Francisco. Ressalta ainda, que na construção da referida obra fica patente a genialidade do autor e sua vocacionada atuação profissional expressa pela sua fibra, moral e ética, refletidas no compromisso com as leis, Instituições, parcerias e colegas.
Este registro da prefaciante, constitui-se num farol que lança luzes sobre a qualidade da formação de nossa família, a família dos hermínios, que nos foi proporcionada por nossos pais Luiz Alves de Oliveira e Maria Hermínia de Aguiar Oliveira.
Luiz Alves nasceu no dia 14.12.1926 em Aracaju, no Bairro Siqueira Campos, filho da família humilde, em um período precoce da sua juventude foi entregador de carvão e com o dinheiro que arrecadava comprava o livro do professor para ensinar aos filhos dos ricos e com esse salutar hábito se tornou professor de português, inglês, francês, matemática e ciências contábeis. Ele foi sempre um eterno estudante, auferindo conhecimento nas mais distintas áreas do saber, o que lhe conferiu capacidade intelectual para corrigir as teses de pós-graduação de seus filhos nas diversas áreas do conhecimento cientifico tais como medicina, odontologia, geografia, educação e administração. Foi um estudioso da religião católica, estudou várias encíclicas papais e escreveu um dossiê pela canonização do Papa Pio XII de quem era fiel devoto. Todo este cabedal cultural mostra a propriedade da sua escolha como patrono da cadeira 24 deste egrégio sodalício.
Luiz Alves aos 20 anos graduou-se em Ciências Contábeis e submeteu-se a 6 concursos para o Banco do Brasil, sendo aprovado em todos eles, nos primeiros lugares, escolhendo assumir o cargo em Penedo/ Alagoas por ser a localidade mais próxima de sua família, que residia em Aracaju. Posteriormente, se transferiu para Propriá onde conheceu o amor de sua vida a bela e virtuosa Maria Hermínia, por quem dizia nutrir um amor sobrenatural. Com ela construiu uma numerosa família de 14 filhos, aos quais lhe prestaram durante as suas existências, um atenção integral e uma formação eclética pautada nos respeito aos valores humanos inspirados na solidariedade, espiritualidade, e sobretudo amor ao próximo; plantou em todos nós a semente da meritocracia, ou seja vencer pelos próprios esforços, tanto é assim que todos os filhos são graduados e vários pós-graduados, colocados profissionalmente e respeitados na sociedade sergipana pela conduta moral e contribuição cientifica e profissional para o desenvolvimento da sociedade sergipana.
No Banco do Brasil alcançou o posto máximo da carreira profissional de inspetor geral daquela instituição. Sua maior obra, que o destacou nacionalmente e o projetou internacionalmente foi o projeto de soerguimento da Cooperativa do Treze em Lagarto /Sergipe, na década de 60, quando fora designado como supervisor administrativo financeiro daquela instituição, com a missão de reaver créditos investidos pelo Banco do Brasil naquela região. No entanto, ao chegar lá, ao constatar o estado de miserabilidade dos pobres agricultores, se compadeceu ao constatar que pelo precário estado de saúde do agricultor e da infertilidade da terra não tinham condições se quer de gerar recursos para sua subsistência quanto mais para pagar as dívidas ao Banco do Brasil e assim movido pela sua fé em Deus e inspirado no espirito de solidariedade humana decidiu por conta própria construir um projeto de desenvolvimento rural integrado com base no cooperativismo, que veio a transformar aquela cooperativa, que estava beira da falência na melhor cooperativa do nordeste brasileiro em 1970 segundo do parecer técnico da SUDENE. A partir deste espetacular resultado ele passou a ser uma referência nacional em termos de Cooperativismo, tornando-se consultor e palestrante sobre o tema em várias instituições do país incluindo universidades. Todo este maravilhoso esforço foi objeto de um livro que lancei em 2017 intitulado “O Salvador do Treze” numa referência ao cognome que recebeu dos moradores daquela região, que atribuíram aos seus esforços a salvação daquela cooperativa. Posteriormente em 2023 lancei um outro livro, desta feita versando sobre sua biografia intitulado “O Grande Homem”, numa referência ao desejo, por ele sempre propalado, para que todos se tronassem através dos seus próprios esforços grandes homens e grandes mulheres. Pelo exposto, achei oportuno presentear nesta solenidade o presidente desta academia Exmo. Sr. Manoel Humberto Gonzaga e a própria Academia com um exemplar de cada obra para que possam fazer parte dos seus arquivos.
Obrigado.
* Ex-reitor da Universidade Federal de Sergipe
Texto e imagens reproduzidos do site: www destaquenoticias com br
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