segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Itabaiana – 350 anos

Airton Mendonça Teles

Artigo compartilhado do site 93 NOTÍCIAS, de 22 de setembro de 2024

Itabaiana – 350 anos. Passos Porto, Maria Thetis, Fernando Nunes, Alberto Carvalho, Elias Andrade e Airton Teles.

Por Antonio Samarone*

Antes do Murilo Braga, os poucos itabaianenses que se formaram: Fernando Nunes, formado em Direito, pela Universidade do Brasil, no Rio de janeiro; Maria Thetis Nunes; Alberto Carvalho; Passos Porto, o primeiro da turma de agronomia em Cruz das Almas, na Bahia; Elias Andrade, o melhor aluno de engenharia em Salvador e Airton Mendonça Teles, médico formado na Bahia, em 1947.

Airton Mendonça Teles (foto) nasceu em Itabaiana, em 07 de outubro de 1924, filho do líder político Manoel Teles e Dona Pequena. Deputado estadual e federal. Faleceu em 25 de junho de 1960, aos 35 anos. Acidente aéreo, na Baia de Guanabara.

Passos Porto nasceu em Itabaiana em 28 de dezembro de 1923, filho de Eliezer Porto e Ana Passos Porto. Fez o primário em Itabaiana, com a professora Maria da Glória Ferreira, numa escola isolada, onde todo o primário era ensinado numa única sala.

Durante a seca de 1932, Passos Porto vivia em Itabaiana, e fez um relato realista:

“Eu era criança, tinha apenas 9 anos, quando assisti a maior tragédia de um povo solidário e isolado, sem água, sem comida, sem recursos, importando até farinha de mandioca que, naquela época, vinha de Minas Gerais e se chamava farinha de barca. Para resolver o problema de comida dos retirantes, Maynard Gomes, que era o Interventor Federal, dava para cada sujeito, dois litros de milho em troca do trabalho suado da construção das rodovias Itabaiana/Frei Paulo e Itabaiana/Aracaju.” Passos Porto – Jornal da Cidade, 16/02/1992.

Em 1936, Passos Porto deixou Itabaiana, para fazer o curso ginasial, interno no Colégio Salesiano, em Aracaju. Fez o científico no Atheneu. Formou-se em 1946, sendo o primeiro da turma e o orador oficial.

Othoniel Dorea, chefe politico em Itabaiana, era casado com uma tia de Passos Porto. A sua entrada na política ficou fácil. O caminho foi a UDN, sendo apadrinhado por Leandro Maciel. Foi Deputado Federal por 4 mandatos e Senador da República. Como diretor-geral do Senado, Passos Porto levou Cosme Fateira, irmão de Chico do Cantagalo, para Brasília.

Mesmo tendo feito politica fora de Itabaiana, as suas raízes eram profundas. Casou-se com uma conterrânea, Maria Terezinha Santos Porto, irmã de Juca Cego. Passos Porto faleceu em Aracaju, em 2010, aos 86 anos.

Alberto Carvalho, nasceu em Itabaiana, em 03 de novembro de 1932, filho Ivo Carvalho (Seu Vivi alfaiate) e Maria Elisa (Dona Iaiazinha).

Quando menino, Alberto vendeu as tradicionais balas de café da mãe, no cinema de Zeca Mesquita. Formado em ciências jurídicas em 1956. Alberto Carvalho foi o primeiro itabaianense a ensinar na UFS. Alberto é o autor da letra do hino do Tremendão e dar nome ao Campus da UFS. Faleceu em 24 de abril de 2002, aos 70 anos.

“Minha infância em Itabaiana foi igual a qualquer menino: peladas, brinquedos rústicos, brigas em que sempre levava a pior e uma biografia rica: caxumba, sarampo, tifo.” – Alberto Carvalho.

Elias Pereira de Andrade nasceu em Itabaiana, em 20 de julho de 1920, filho de Pedro Pereira Andrade (Pedro de Cesário) e Dona Josefa Andrade. Irmão de Seu Filomeno e irmão por parte de pai, da famosa professora Maria Pereira.

Elias Andrade fez o primário no Colégio Tobias Barreto e o ginásio no Atheneu. Formou-se em engenharia na Universidade da Bahia. Ficou conhecido como Elias 9,8… pois nunca tirou uma nota menor, em nenhuma prova. Faleceu precocemente, em 10 de novembro de 1950, com apenas 30 anos. Acidente de avião, sobrevoando o aeroporto de Fortaleza.

Fernando Barreto Nunes, irmão de Maria Thetis, nasceu em Itabaiana, em 26 de junho de 1924, filho de José Joaquim Nunes e Maria Anita Barreto Nunes. Fez o primário com a mesma professora de Passos Porto e Elias Andrade, Maria da Glória Ferreira.

No mesmo caminho, Fernando Nunes veio para Aracaju em 1935, fazer o ginásio no Colégio Tobias Barreto, do conceituado professor Zezinho. Também fez o científico no Atheneu. Formou-se em Direito, no Rio de Janeiro. Em novembro de 1998, Fernando Nunes falece em Aracaju.

Já a historiadora Maria Thetis Nunes, também de Itabaiana, irmã de Fernando, fez o curso primário, com a professora Izabel Esteves de Freitas, carinhosamente chamada de Dona Bebé, responsável pela cadeira feminina.

A vontade de estudar, a seca de 1932 e o medo de Lampião, expulsaram Maria Thetis de Itabaiana. Ela Fez o ginásio no Atheneu. Foi aprovada em primeiro lugar no vestibular da faculdade de Filosofia da Bahia, aos 19 anos. Com certeza, Thetis foi o grande nome de Itabaiana, no século XX. Faleceu em Aracaju, em 25 de outubro de 2009, aos 85 anos.

“Em 1930, havia em Itabaiana quatro escolas primárias na sede, sendo duas para o sexo masculino e duas femininas e nove nos povoados. O ensino restringia-se ao primário. Até esse período não havia grupo escolar, esse só foi construído em 1937, na administração de Silvio Teixeira, incorporando as crianças dispersas em escolas isolada.” – Adriana A. Santos.

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* Antonio Samarone – médico sanitarista.

Texto e imagem reproduzidos do site: 93noticias.com.br

domingo, 22 de setembro de 2024

Uma breve história do pioneirismo feminino na magistratura sergipana

 Josefa Paixão de Santana

Clara Leite de Rezende

Marilza Maynard de Carvalho 

Artigo publicado originalmente no site TJSE, em 6 de março de 2023 

8 de Março: Justiça e Igualdade – uma breve história do pioneirismo feminino na magistratura sergipana

Por Luiz Paulo Teixeira

“Naquela época havia o preconceito terrível de que ‘mulher não é para isso’. Pois, eu fui lá, me inscrevi, e graças a Deus, passei no concurso” relembra Josefa Paixão de Santana, primeira juíza estadual da história de Sergipe, ainda em 1970. Nesta reportagem especial da Diretoria da Comunicação do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) em celebração ao Dia Internacional da Mulher, confira um breve histórico do pioneirismo feminino no Judiciário Sergipano.

No projeto Vivas Memórias, organizado pela Presidência e Comunicação do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE), a magistrada aposentada conta que precisou lidar com a desconfiança da própria sociedade da época desde a sua nomeação. “O conhecimento jurídico eu tinha, tanto que fiquei em 3º lugar no certame. E o tempo mostrou o quanto valeu a pena”, ressalta a magistrada natural de Lagarto, que foi ainda professora de Direito na Universidade Federal de Sergipe (UFS) e Corregedora-Geral da Justiça (2003/2005), evoluindo o sistema de Correição Eletrônica.

1ª Presidenta

Pioneirismo e modernização também foram as marcas da carreira da desembargadora Clara Leite de Rezende, primeira mulher presidenta do TJSE (1995-1997) e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE/SE – 1990/93). “O concurso de 1970 foi o primeiro que as mulheres se interessaram em fazer e muitas ingressaram na magistratura. Pela minha classificação, era para eu assumir as minhas funções em Nossa Senhora dos Dores, mas acabei indo para Nossa Senhora da Glória, porque um desembargador da época, que depois se tornaria um amigo, não queria mulher por lá”, revela a desembargadora nascida em Riachuelo, no Vivas Memórias.

A magistrada relembra ainda toda a expectativa que antecedeu à sua eleição como presidenta do TJSE e a necessidade de modernização da corte. “Achando que não poderia ser eleita, fiquei muito reservada. Mas quando saiu o resultado, consegui montar uma equipe muito boa, que trabalhou em cima de um projeto que buscou modernizar a máquina judiciária, ampliar o número de varas, desenvolvendo a estrutura física dos prédios e capacitar os servidores. Tudo para ter um tribunal atuante, melhorando prestação judicial para a população”, ressalta a magistrada, cuja gestão no TJSE foi responsável pela obra do Fórum Gumersindo Bessa, maior do Estado, e instalação dos juizados especiais cíveis e criminais, desobstruindo a questão processual.

Múltiplas Funções

Também ex-presidenta do TJSE, ex-corregedora-geral e desembargadora aposentada, Marilza Maynard de Carvalho relembra que já no seu tempo de faculdade de Direito na UFS, as mulheres começavam a ocupar as vagas em sala de aula, mas a transição para as carreiras jurídicas ainda era difícil. “Elas ainda ficavam muito retraídas, mas a minha turma foi privilegiada, com muitas colegas assumindo postos importantes no sistema judiciário”, conta a magistrada laranjeirense no Vivas Memórias, que tomou posse como juíza no final de 1971.

Além da perda do pai pouco tempo antes da posse e do matrimônio recém-contraído, a desembargadora Marilza Maynard precisou assumir logo de início a prestação jurisdicional de 10 municípios ribeirinhos do São Francisco, por questões de saúde do juiz responsável pela outra comarca. “Um começo complicado, mas prazeroso. Uma verdadeira formação como magistrada, na prática”, destaca a desembargadora, que na presidência do TJSE (2005-2007) conseguiu desenvolver projetos reconhecidos nacionalmente que modernizaram e racionalizaram todo o sistema Judiciário Sergipano, como o Juizado Virtual, a Central da Conciliação e o Diário da Justiça Eletrônico, além de vários Mutirões de Conciliação.

Composição Atual

Em toda a sua história, o TJSE já teve 13 desembargadoras, sendo que sete destas assumiram a Corregedoria-Geral e três foram alçadas ao cargo de presidenta – desembargadoras Clara Leite de Rezende, Marilza Maynard Salgado de Carvalho e Célia Pinheiro. Na atual composição, das 13 vagas de desembargador, quatro são ocupadas por mulheres – desembargadoras Ana Lúcia Freire dos Anjos, Elvira Maria de Almeida Silva, Iolanda Santos Guimarães e Ana Bernadete Leite de Carvalho Andrade (atual Corregedora-Geral).

“Com a ampliação do acesso e igualdade de condições, é natural que as mulheres ocupem ainda mais espaços, não só dentro da magistratura, mas também no Ministério Público, nos cargos políticos e em outras carreiras”, explica a Desa. Iolanda Guimarães, atual Diretora da Escola do Judiciário de Sergipe (Ejuse) e que dentre as mulheres é a que está há mais tempo no TJSE.

A magistrada, que ingressou como juíza estadual ainda em 1989, diz que a maior participação feminina traz um novo olhar ao judiciário. “Mais inovação para as políticas públicas e uma outra atitude frente aos desafios do cotidiano. Temos lutado para reduzir todo tipo de violência contra as mulheres, como no assédio. Uma recomendação do CNJ que estamos colocando em prática, seja pela Coordenadoria da Mulher ou em outras ações”, destaca.

Desembargadoras no TRE-SE

Com a posse da desembargadora Elvira Maria na corte eleitoral, o TRE-SE chega em 2023 à sua sétima presidenta. “Um grande desafio que vamos enfrentar com muita felicidade e a realização de um sonho, porque antes de me tornar juíza estadual e desembargadora do TJSE, eu já havia ingressado como servidora concursada do tribunal eleitoral”, explica a magistrada itabaianense, que também já foi corregedora-geral da Justiça (2019-2021).

A desembargadora se tornou juíza estadual através do concurso de 1983 e diz que a missão é manter o TRE como um tribunal com padrão de excelência na justiça eleitoral. “Nós mulheres estamos ocupando o nosso espaço de direito e cumprindo muito bem as obrigações. Além de capacidade, temos muita intuição, coração e pé no chão para resolver as coisas”, ressalta a nova presidenta.

Compõe também a nova mesa diretora da corte eleitoral sergipana a desembargadora Ana Lúcia dos Anjos. “Quando era estagiária de Direito no TJSE e apenas sonhava em ser magistrada, tive contato com essas mulheres tão importantes. Juízas e desembargadoras, com capacidade e competência que nos inspiravam, abrindo o caminho para todas nós”, relembra a magistrada, que ingressou como juíza ainda em 1989.

A nova vice-presidenta e corregedora destaca a importância de Sergipe ter uma direção do TRE 100% feminina. “Ter duas mulheres a frente da corte eleitoral é um exemplo para a sociedade de que podemos ocupar qualquer cargo, seja dentro ou fora do judiciário. Um estímulo para que outras possam sonhar e colocar os seus planos de vida e carreira em prática. Nós podemos tudo!”, conclui.

Texto e imagens reproduzidos do site: www tjse jus br/portal

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Morrem os amigos e vizinhos da rua Socorro, BETO & DINHA

Beto, Robertinho, um dos filhos, a neta e Dinha.

Isabela, Beto, Dinha e a neta.

Postagem no instagram de Isabela Baptista, nora do casal.

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Comentário de Guilherme Maynard

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Faleceram no mês de agosto de 2024, os amigos e vizinhos, Beto & Dinha. Os mesmos moravam na rua Socorro esquina com Lagarto, no bairro São José (próximo ao Largo do Carro Quebrado), em Aracaju. O Beto era funcionário aposentado do Ministério do Trabalho, em Sergipe e Dinha, era filha do Seu Abílio e Dona Josefa, muito conhecidos na região, por terem sidos proprietários de um armazem, onde podia se comprar, as cocadas mais gostosas da cidade... (MD).

Sergipanos se despedem da ex-senadora Maria do Carmo Alves



Crédito fotos: f5news e Marcos Oliveira/Senado.

Publicado originalmente no site F5NEWS, de 1 de setembro de 2024 

Sergipanos se despedem da ex-senadora Maria do Carmo Alves

Familiares e autoridades valorizam sua atuação pelo desenvolvimento do Estado 
  
Por F5News

A ex-senadora Maria do Carmo Alves, 83 anos, foi enterrada na tarde deste domingo (01) sob muitas homenagens de familiares, amigos, admiradores e autoridades políticas. O sepultamento ocorreu no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju.

Centenas de pessoas estiveram no velório de Dona Maria para prestar condolências à sua família. Tanto o governo do Estado, quanto a Prefeitura de Aracaju e até mesmo o Senado Federal decretaram luto oficial pela morte da advogada, que foi a primeira mulher sergipana a ocupar uma cadeira na Casa Alta do Congresso Nacional.

Uma missa de corpo presente marcou o encerramento das homenagens póstumas antes do sepultamento. Maria faleceu após a descoberta repentina de um câncer de pâncreas, já em estágio de metástase, que a levou à internação hospitalar no final de agosto com um quadro de infecção.
Para a família, apesar da rapidez com que o quadro de saúde da ex-senadora se agravou, o legado construído ao longo de sua vida e a concretização dos seus últimos desejos servem de conforto neste momento de despedida.

“O seu principal ensinamento foi de que a gente tem que ser mais gente, sabe? A gente está nessa vida é pra ajudar aos outros, que quanto mais a gente divide, mais a gente tem”, disse José Luciano Filho, sobrinho neto de Maria do Carmo, que trabalhou com a ex-senadora em seu último mandato, acrescentando que “ela soube aproveitar bem todas as fases da vida dela”.

A morte da ex-senadora Maria do Carmo trouxe consternação aos mais diversos setores da sociedade sergipana e ganhou repercussão nacional por ter sido ela a primeira mulher a cumprir três mandatos consecutivos no Senado Federal. Foram 3 eleições, em 1998, 2006 e 2014, somando 24 anos ininterruptos como senadora.

“Tenho a honra de ter assumido a cadeira dessa mulher, que é um símbolo do protagonismo feminino na política. Seu legado ficará para sempre no coração de todos os sergipanos”, afirmou o senador Laércio Oliveira, ao manifestar pesar pela morte da antecessora no Senado.

“Ao longo da sua trajetória política, Maria sempre lutou pelos aracajuanos e sergipanos, em especial, os mais necessitados. Em seus três mandatos consecutivos como senadora, ela contribuiu de maneira significativa com as cidades, destinando emendas para diversas áreas, inclusive, para a nossa capital, durante as minhas gestões, sendo uma grande parceira”, publicou o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira.

Para o governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, o estado perdeu a baluarte das políticas públicas voltadas à assistência social. “Seu olhar técnico e trabalho sensível inspirou e abriu caminhos para as sergipanas na política.Como uma mãe, cuidou, ensinou e viverá para sempre nos corações de todos os sergipanos”, disse. 

Sua carreira política foi ligada à de seu marido, João Alves Filho, que foi duas vezes prefeito de Aracaju e três vezes governador de Sergipe. Ela deixa três filhos, netos e irmãos.

Texto e imagens reproduzidos do site: www f5news com brom br/cotidiano

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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Morre "Manoelzinho do Dinâmico"


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Legenda da foto: Professor e ex-presidente da Fenen Sergipe Manoel Francisco de Santana - (Foto: Reprodução)

Publicação compartilhada do site G1 SE., 9 de agosto de 2024 

Morre professor e ex-presidente da Fenen Sergipe Manoel Francisco de Santana

Velório e sepultamento serão realizados em Aracaju.

Por g1 SE

Morreu nesta sexta-feira (9), aos 82 anos, em Aracaju, o professor Manoel Francisco de Santana, conhecido como ‘Manoelzinho do Dinâmico’.

 Ele foi um dos fundadores do Colégio Dinâmico e ex-presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado de Sergipe (Fenen).

A unidade de ensino informou que o professor faleceu na casa dele, de causas naturais. Manoelzinho deixa esposa, dois filhos e três netos.

O velório será realizado a partir das 12h, e o sepultamento acontece às 17h, na Colina da Saudade, na capital.

Texto e imagem reproduzidos do site: g1 globo com/se

segunda-feira, 15 de julho de 2024

'Da Revolta de 1924 à Revolução de 1930', por Ibarê Dantas

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 13 de julho de 2024

Da Revolta de 1924 à Revolução de 1930
Por Ibarê Dantas *

Este artigo pretende lembrar a Revolta de 1924 em Sergipe, de forma sumária, no ensejo do seu centenário. Tomo por base principal o texto do meu livro, O Tenentismo em Sergipe (Da Revolta de 1924 à Revolução de 1930. Petrópolis/RJ: Vozes, 1974), lançado há 50 anos e que contou com duas reedições. A fim de facilitar a compreensão do significado do movimento, tratamos precedentes e da continuidade do tenentismo até 1930.

A Revolta

Entre a noite de 12 de julho de 1924 e a madrugada seguinte, um capitão e três tenentes controlaram a direção do 28º BC e dividiram a tropa em três companhias. Uma ficou no Quartel do Exército, outra tomou a direção do Palácio do Governo e a terceira seguiu até a Av. Rio Branco para atacar o Quartel da Polícia, sem dúvida o maior obstáculo. Ainda era madrugada quando as resistências do Quartel e do Palácio capitularam, resultando em duas mortes. A população de Aracaju, estimada em pouco mais de 40 mil habitantes, despertou assustada. Era o início da primeira revolta tenentista em Sergipe.

Os militares formaram uma Junta Governativa com quatro oficiais: capitão Eurípedes Esteves de Lima; primeiro-tenente Augusto Maynard Gomes; primeiro-tenente João Soarino de Melo; e segundo-tenente Manuel Messias de Mendonça.

Formada a Junta, lançaram uma “Proclamação ao Povo Sergipano” explicando as motivações e os objetivos da Revolta. O governador, que já havia prometido enviar tropas para ajudar a debelar a rebelião de São Paulo, foi preso com dois secretários.

O Telégrafo, a Telefônica, as Estações da Companhia Ferroviária e da Energia Elétrica tiveram suas atividades controladas. A Junta efetuou saques de numerário em duas repartições públicas.

Os rebeldes comunicaram a mudança de governo às autoridades municipais e colheram algumas manifestações formais. Mas houve gestos de solidariedade aos tenentes em Campo do Brito, Itabaianinha, Carira e, sobretudo, em Rosário, onde foi organizada uma companhia com cerca de 80 voluntários.

A grande preocupação dos revoltosos era a defesa. Mandaram apagar o farol, retirar a boia e criaram trincheiras na areia da Praia Formosa.

Contudo, o domínio dos tenentes durou pouco. Forças legalistas, com batalhões do 20º BC (AL), 21º BC (PE) e 22º BC (PB), provenientes da Bahia, desembarcaram próximo à cidade de Estância, sob o comando do general Marçal Nonato de Faria. Ao se aproximarem de Itaporanga fizeram as primeiras prisões e os revoltosos se dispersaram sem confronto.

Avaliando de forma idealista o governo tenentista em Sergipe, ouvi o dr. Jorge de Oliveira Neto, autor do livro Deus é Verde, dizer: “Fomos livres 21 dias separados do mundo.”

Uma pergunta se impõe: O que teria causado a Revolta?

Alguns precedentes

Na segunda década da Primeira República, o pacto do presidente Campos Sales (1898-1902) com os governadores gerou um sistema oligárquico que dificultava a democratização.

O presidente Hermes da Fonseca (1910-1914) tentou mudar o quadro, estimulando grupos de oposição com a presença de militares em alguns estados, mas encontrou dificuldades nas unidades mais fortes.

O Exército era uma instituição atrasada, razão por que antes da I Guerra Mundial (1914-1918) alguns militares foram à Alemanha para se atualizar. Em 1920 vieram ao Brasil instrutores da Missão Francesa, contribuindo para reformar a instituição. Uma orientação comum dos alemães e franceses era no sentido da manutenção dos oficiais do Exército como profissionais sem ativismo político.

Em 1915 uma revolta dos sargentos alcançou grande repercussão no Exército e no parlamento. Em 1917 aconteceu a greve operária que paralisou São Paulo por uma semana. Era forte indicação da premência da regulamentação do trabalho que a Constituição de 1891 não previa. As críticas ao sistema político se acentuaram. Os livros de Alberto Torres sobre Organização Nacional e o Problema Nacional Brasileiro (1914) viraram matrizes das tendências autoritárias.

Foi neste contexto de críticas ao sistema liberal-oligárquico que transcorreu a campanha eleitoral para presidente da República de 1919-20. A partir da divulgação de duas cartas falsas atribuídas ao candidato governista, criticando militares a quem chamavam de canalhas, os debates se exacerbaram. O postulante à Presidência negou e os falsários confessaram a autoria. Mas o ambiente estava tão conturbado que muitos não acreditaram. Queriam vingança. Certo general chegou mesmo a afirmar: “Se Bernardes for Presidente da República será preciso dissolver o Exército.”

Quando forças federais entraram em conflito com policiais locais de Pernambuco, o ex-presidente Hermes da Fonseca reclamou, o presidente Epitácio Pessoa mandou prendê-lo e fechou o Clube Militar. Foi o estopim.

Um grupo de jovens tenentes da Escola Militar de Realengo reagiu em 05.07.1922 com uma rebelião improvisada. Ancorados no Forte de Copacabana, desferiram tiros de canhão nos prédios do Ministério da Guerra e do Palácio do Catete. Resultado: 16 soldados mortos e dois tenentes feridos. O episódio ficou conhecido como os 18 do Forte, embora os participantes fossem apenas 10 ou 11. Restaram sentimentos de revanche entre os jovens oficiais.

Artur Bernardes, odiado por militares, tomou posse em 15.11.1922 e governou em estado de sítio. As prisões e os processos contra os rebeldes alimentaram os ânimos para nova Revolta que, em 05.07.1924, ocorreu em São Paulo, resultando em mais de 500 mortes, a maioria de civis.

Aderiram ao levante paulista as corporações de Bela Vista (MT), Óbidos e Belém (PA), Manaus (AM) e Santo Ângelo (RS). Algumas tiveram duração efêmera, outras resistiram por vários dias. A de São Paulo deixou a capital 22 dias depois com destino ao Sul, até se encontrar com os gaúchos e formar a Coluna Prestes.

Em Sergipe, após 21 dias de expectativas, vieram as prisões.

No dia quatro de agosto, Graccho Cardoso, que teve sua administração operosa interrompida, foi reempossado e baixou decreto considerando nulos todos os atos praticados pela Junta Governativa. Em dificuldades financeiras para pagar o funcionalismo, em face dos saques efetuados pelos rebeldes, contraiu empréstimo ao empresário Francino Mello.

Estabeleceu-se o estado de sítio no país. Três dos quatro membros da Junta Governativa foram presos, assim como os militares de baixa patente. Mas Maynard escondeu-se numa fazenda e desapareceu. Enquanto isso, falecia na prisão o bacharel Zaqueu Brandão, que se destacou na campanha por voluntários em Rosário, provocando comoção.

Atuaram no processo dois procuradores. O primeiro, Oscar Viana, denunciou 606 pessoas. Diante dos descontentamentos, foi substituído por Plínio de Freitas Travassos, que citou apenas 252, dos quais cinco cabeças: o general José Calazans e os quatro oficiais que compuseram a Junta. Os demais foram considerados coautores. O despacho de pronúncia do magistrado dr. Paulo Martins Fontes reduziu ainda mais o número dos acusados. Seguiu-se o alvará de soltura, pondo em liberdade os militares de baixa patente. Dos pronunciados, a maioria se encontrava desaparecida. Em fevereiro de 1925, uma notícia provocou muitas especulações: Maynard fora preso em São Paulo. Sua chegada a Aracaju foi vista com preocupação por uns e esperança por outros.

Dois recursos ao Supremo Tribunal Federal retardariam o momento de promulgar as sentenças.

Continuidade do Movimento Tenentista

Antes de o STF promulgar as sentenças dos revoltosos de 1924, em Sergipe aconteceu nova tentativa de rebelião. Diante da notícia de que a Coluna Prestes passava próximo de Sergipe, Maynard articulou uma nova aventura. O sargento Temístocles Leal entrou em sua cela e no abraço entregou-lhe uma arma. Ao tentar render a guarda, houve troca de tiros que repercutiu no Quartel da Polícia.

 Quando, por volta de 5h30 da manhã de 19.01.1926, Maynard, a cavalo, animava o ataque, recebeu um tiro que feriu seu pé e matou o seu animal. Fora do combate, o principal líder da nova revolta foi preso e operado. As forças legalistas, percebendo as dificuldades dos adversários, ampliaram a ofensiva e venceram. O tiroteio prosseguiu até 9h30. Atrás ficavam 11 mortos, envolvendo civis, policiais estaduais e do Exército, além de 23 feridos.

Recolhidos às prisões, os quatro participantes da primeira Junta Governativa e mais cerca de 100 militares (sargentos, cabos e soldados), na madrugada de 21.02.1926, foram conduzidos em porão de navio à Ilha de Trindade. Era uma área “situada a oitocentas milhas da costa brasileira”, próxima ao paralelo 20, que passa pelo Espírito Santo. O local foi descrito como desprovido de vegetação, com solo coberto de pedras. O grande problema dos desterrados foi a saúde. Vários oficiais e soldados adoeceram. Era a beribéri que se alastrava. Entre os sergipanos, dois faleceram.

Enquanto isso, houve sucessão no Executivo. Em Sergipe, Maurício Graccho Cardoso passou o governo a Ciro Franklin de Azevedo, cuja gestão teve curta duração (24.10.1926 a 16.01.1927). Com seu falecimento, assumiu o deputado usineiro Manoel Correa Dantas (05.03.1927 a 16.10.1930).

No âmbito nacional, saiu Artur Bernardes, e Washington Luiz o substituiu em 15.11.1926. O estado de sítio foi revogado e os degredados transferidos para o Rio de Janeiro, onde vários deles foram hospitalizados. Os soldados ganharam a liberdade, enquanto cabos e sargentos somente regressaram ao seu estado em inícios do ano seguinte. Quanto aos quatro oficiais participantes da Junta, voltaram para Sergipe em setembro de 1927 e foram recebidos por parte da população como heróis. Submetidos a júri popular, foram condenados a 10 anos. Com o recurso ao STF, a sentença baixou para dois anos. Em agosto de 1929, novo júri reduziu para um ano e quatro meses. Restava aguardar o resultado do novo recurso ao STF.

Enquanto isso, a Coluna Prestes, que significava a continuidade do movimento tenentista, chegou a contar com mais de mil combatentes e percorreu vários estados ameaçada pelas forças legalistas. Parte ficou pelo caminho, numerosos se exilaram na Bolívia e o pequeno grupo restante ingressou no Paraguai em março de 1927.

No período de 1927 a 1929, os tenentes revoltosos estiveram exilados ou presos e processados ou ainda isolados. Todavia, em Sergipe, vários civis e ex-militares que haviam participado das revoltas foram incorporados à administração do governo de Manoel Dantas, da qual participava Leandro Maciel, primo de Maynard e político com elevado prestígio.

Em 1929 o quadro nacional mudou. Na indicação do candidato situacionista à presidência, o nome de Júlio Prestes, apresentado pelos oligarcas de São Paulo, não foi aceito pelos políticos gaúchos, mineiros e paraibanos. Os dissidentes criaram a Aliança Liberal para respaldar a candidatura de Getúlio Vargas como titular e João Pessoa como vice.

Por esse tempo, os contatos dos líderes tenentistas com os oposicionistas prosperaram. O voto secreto, a revisão da legislação coercitiva e a questão social serviam de propostas aos postulantes da Aliança Liberal.

Apesar desses apoios e das propostas, a chapa oposicionista a presidente e vice foi fragorosamente derrotada. Em Sergipe, o candidato a presidente do estado da Aliança Liberal, o professor Artur Fortes, também teve pequena votação. Ao despedir-se dos seus leitores em O Liberal, escreveu: “O movimento que se anuncia é ação”. Eram as conspirações que já se desenvolviam país afora, onde a Revolução era vista como única solução para o Brasil.

Luiz Carlos Prestes, líder dos revoltosos, em processo de conversão ao marxismo, em maio de 1930, declinou da liderança e foi substituído na chefia do movimento pelo tenente-coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro (1889-1956). Alagoano ambicioso, foi aluno da Escola Preparatória do Realengo (RJ), da Escola de Guerra de Porto Alegre (RS) e da Missão Francesa. Integrando as forças legais, combateu a Revolta de 1924 em São Paulo e a Coluna Prestes em 1926-27. Ao passar para o comando dos revolucionários em 1930, ampliou as articulações, agregando políticos dissidentes e oficiais descontentes.

O assassinato de João Pessoa, ex-candidato da Aliança Liberal a vice-presidente, em Recife em 26.07.1930, indignou a nação. O corpo da vítima foi conduzido de trem para o Rio de Janeiro. O crime, seguido por manifestações, inflamou a sociedade. As conspirações se aceleraram. A alternativa pacífica minguou.

Em três de outubro foi desencadeada a mobilização armada no Rio Grande do Sul e Minas Gerais. No Nordeste, o levante começou no dia seguinte em Recife sob a coordenação de Juarez Távora. A cúpula militar, pressionada pelo movimento civil-militar, sob o comando de Góis Monteiro, depôs o presidente Washington Luiz em 24.10.1930. Formou-se uma Junta Militar que cedeu o Executivo para Getúlio Vargas em 03.11.1930. Os tenentes rebeldes foram reincorporados ao Exército e ganharam influência na administração pública.

Em Sergipe, após alguns Executivos substitutos de curta duração, assumiu Augusto Maynard Gomes em 16.11.1930 como governador provisório e, em 19.12.1930, como interventor do estado.

No plano nacional coube a Getúlio Vargas, novo presidente da República, a difícil tarefa de administrar as pressões de vários grupos influentes, civis e militares, cada qual com projeto próprio e ambições de predominar.

Epílogo

O Exército brasileiro, interessado em atualizar sua estrutura com as práticas em voga na Europa, recebeu orientação do profissionalismo alemão e da Missão Militar Francesa. Uma recomendação básica dos instrutores foi a de priorizar a preparação para a defesa externa e evitar atuação na política interna.

Não obstante essa instrução, jovens oficiais, a partir da década de 1920, sensibilizaram-se com os debates públicos, infringiram os princípios da hierarquia e, com sacrifícios e riscos pessoais, se engajaram em revoltas contra os governos da República inseridos num sistema oligárquico.

O movimento perdurou, ampliou-se, juntou-se em 1930 a influentes grupos civis e terminou vitorioso. Coube ao novo governo federal a difícil tarefa de subordinar os tenentes considerados revolucionários à hierarquia legalista de comando centralizado.

Restou a controvérsia das duas faces do tenentismo. De um lado, a contribuição para as reformas de âmbito nacional. Do outro, sua tendência intervencionista no processo político democratizante, provocando efeitos imponderáveis.

Fontes

CARDOSO, Maurício Graccho. “Aos sergipanos”. Diário Oficial do Estado de Sergipe, 17.08.1924.

CARONE, Edgard. A República Velha (Evolução Política). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1971.

CARVALHO, José Murilo de. Forças Armadas e Política no Brasil. São Paulo: Todavia, 2021.

Correio de Aracaju, 11.11.1926 e 20.01.1927.

DRUMMOND, José Augusto. A Intervenção Política dos Oficiais Jovens. Rio de Janeiro: Graal, 1986.

IBGE. Censo de Sergipe, 1920. Quadros Estatísticos de Sergipe, Imprensa Oficial, Aracaju, 1938.

O Liberal, 07.05.1930.

RELATÓRIO apresentado ao Exmo. Sr. Marechal Ministro da Guerra, pelo general Marçal Nonato de Faria, in Diário Oficial do Estado de Sergipe, 16.10.1924.

ROCHA, Antonio de Oliveira. Aracaju Rediviva. Rio de Janeiro: Ed. Olímpica, 1963 (?).

SILVA, J. A. Ferreira da. Razões do Recurso do Despacho de Pronúncia. Aracaju: Typ. Labor, 1925.

SODRÉ, Nelson Werneck. História Militar do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.

TRAVASSOS, Plínio de Freitas. “Razões do Recurso”. In: O Movimento Subversivo em Sergipe. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1926.

* É cientista político e professor aposentado da Universidade Federal de Sergipe.

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terça-feira, 11 de junho de 2024

Morre o popular “Cosme Fateira”, ex-vereador de Aracaju

Legenda da foto: Cosme Fateira (D) recebendo uma homenagem do irmão “Chico do Cantagalo”

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 11 de junho de 2024

Morre o popular “Cosme Fateira”, ex-vereador de Aracaju

Morreu em Brasília o itabaianense Cosme Fonseca de Oliveira, popularmente conhecido como “Cosme Fateira”. Segurança aposentado do Senado, ele morava na capital federal há muitos anos, mas costumava visitar Sergipe, principalmente nos anos de eleições. Cosme também era ex-carteiro dos Correios e ex-vereador de Aracaju, tendo sido eleito com o slogan “Ruim por Ruim, vote em mim”. O corpo de Ferreira foi cremado, nessa segunda-feira (10), no Cemitério da Esperança Asa Sul, em Brasília.

Muito amigo da família Franco, “Cosme Fateira” era irmão do saudoso desportista itabaianense Francisco Vilobaldo de Oliveira, o “Chico do Cantagalo”, ex-presidente do clube de futebol amador que lhe emprestou o apelido. O irmão de Cosme criou o Grêmio Literário e Esportivo de Itabaiana, com uma escola para os meninos pobres do Beco Novo e uma quadra esportiva com o piso de cimento, nos fundos do bairro Tanque do Povo. “Cantagalo” morreu assassinado, em julho de 2009.

Para homenagear “Cosme Fateira”, um sergipano sangue bom, uma pessoa sempre de bem com a vida, o site Destaquenoticias republica abaixo um texto sobre a passagem dele pela Câmara Municipal de Aracaju:

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O urubu quase virou ilustre cidadão aracajuano

Por Adiberto de Souza *

Segurança aposentado do Senado, o impagável Cosme Fateira foi vereador de Aracaju em pleno golpe militar. Na verdade, ele ficou na primeira suplência do MDB, tendo assumido o mandato com a renúncia do vereador Wilson Moura. Batizado Cosme Fonseca de Oliveira, este itabaianense boa praça ganhou o apelido na campanha eleitoral de 1966, por ter usado como bandeira política a defesa das vendedoras de vísceras bovinas do antigo mercado das carnes de Aracaju.

Na Câmara Municipal, continuou defendendo melhores condições de trabalho para as amigas fateiras. Para sua tristeza, a Prefeitura não lhe dava ouvidos, enquanto os colegas de parlamento só se preocupavam em conceder títulos de cidadão aos oficiais do Exército, que chegavam aos montes na capital sergipana para proteger a ditadura militar e prender os adversários do regime, todos tidos pelos de farda como comunistas, comedores de fígados de criancinhas. Invocado com a mesmice do legislativo, Cosme resolveu, de uma cajadada só, criticar a sujeira da cidade, defender as amigas fateiras e protestar contra a vergonhosa bajulação aos milicos. Claro, sem chamar muito a atenção dos guardiões do golpe militar para não ir em “cana” também.

Para surpresa de todos, o vereador Cosme Fonseca apresentou um projeto de lei concedendo um título de cidadão ao Urubu. Na justificativa, o polêmico parlamentar dizia que se a ave não fizesse a limpeza da cidade, ninguém suportaria tanta sujeira. O ex-parlamentar jura que, até por chacota, havia clima para aprovar a homenagem ao mascote do Flamengo, porém o comando do Exército ficou sabendo a tempo de obrigar a Câmara a rejeitar o projeto.

A rejeição da propositura, contudo, não evitou a repercussão do episódio pelos jornais do Sudeste do Brasil, despertando a atenção, inclusive, da imprensa internacional. Por achar que o vereador feriu as regras dos bons costumes, desmoralizando a sociedade com seu inusitado projeto de lei, o Exército proibiu o MDB de registrar a candidatura de Fateira à reeleição. Cosme, porém, sempre preferiu atribuir a castração de sua trajetória política à inveja dos aliados emedebistas, que mal saiam em notinhas na Gazeta de Sergipe, enquanto ele e seu urubu quase aracajuano ganharam um generoso espaço na famosa norte-americana Revista Time. Home vôte!

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* É editor do site Destaquenotícias

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sábado, 25 de maio de 2024

Sergipana, escritora, comunista e silenciada

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 25 de maio de 2024

Sergipana, escritora, comunista e silenciada

Por Adiberto de Souza *

Nascida em 1919 na cidade de Estância, no sul de Sergipe, Alina Leite Paim era professora por formação e romancista de mão cheia, prefaciada e elogiada por ninguém menos do que Graciliano Ramos e Jorge Amado. Embora tenha escrito 10 livros, alguns dos quais publicados fora do Brasil, esta comunista, feminista e atuante socialmente ainda é desconhecida do meio acadêmico e do público em geral. Alina faleceu no dia primeiro de março de 2011.

A professora Ana Leal Cardoso, da Universidade Federal de Sergipe, destaca o fato de as obras de Alina Paim estarem “repletas de personagens femininas e feministas que lutam por um mundo mais justo. De ‘Estrada da Liberdade’ (1944) a ‘A Correnteza’ (1979), a luta da mulher por um espaço mais democrático e inclusivo está presente. Sua narrativa é construída por uma sensibilidade artística bem trabalhada, capaz de traçar caminhos que levam o (a) leitor (a) a diferentes ‘mundos’: do Nordeste rural à vida de mulheres trabalhadoras”, explica.

Em um bem redigido artigo, o pesquisador e professor Gilfrancisco dos Santos relata que com três meses de idade, Alina Paim mudou-se com os pais para Salvador. Ao perder a mãe, foi para Simão Dias (SE), morar na casa dos avós paternos, “onde sofreu muito com a rigorosa educação dos parentes, principalmente pelas constantes e severas repreensões das três tias solteironas. A severa educação que recebera nesses primeiros anos, de certa forma contribuiria para sua aprovação em 1932, no primeiro ano do curso fundamental com distinção nos exames de suficiência do Colégio Nossa Senhora da Soledade, em Salvador”.

De acordo com a professora Ana Leal Cardoso, “considerando-se a abrangência temática da obra da escritora em tela, que aborda desde as questões políticas no Brasil (A Hora Próxima), a educação (Estrada da liberdade e Simão Dias), à situação do idoso na atualidade (A sétima vez), dentre outras, a luta das mulheres por melhores condições de vida parece ser o foco principal. Assim, entendemos que a obra e a vida desta escritora, incansável lutadora pelos direitos não só das mulheres, mas do ser humano na sua completude, está a exigir uma pesquisa que lhe dê visibilidade, colocando-a no patamar de algumas escritoras brasileiras já conhecidas no meio acadêmico, tais como Clarice Lispector, Lygia Fagundes Teles, Raquel de Queiroz, entre outras”.

Primeiro romance

A romancista sergipana casou-se em 1943, com o médico baiano Isaías Paim. Por influência do amigo e escritor Jorge Amado, o casal mudou-se para o Rio de Janeiro. Como na época não conseguisse trabalho, Alina foi ensinar na escola para filhos de pescadores, na Ilha de Marambaia. “Aí escreveu seu primeiro romance, ‘Estrada da Liberdade’, publicado em fins de 1944, com enorme repercussão nos meios literários e de público, esgotando-se em quatro meses a primeira edição”, conta Gilfrancisco.

E o pesquisador prossegue: “Publicado pela Editora Leitura, do Rio em 1944, o romance Estrada da Liberdade retrata a vida de uma professora cheia de idéias, em contato com a amarga realidade de sua comunidade de bairro proletário, onde tenta aplicar métodos modernos de aprendizagem. Alina baseou-se em sua infeliz experiência para escrever. Conheceu a fome e a miséria da infância baiana abandonada, de quem ela se apaixonou e que muito contribuiu para levá-la a colocar a sua arte a serviço do povo”.

A professora Ana Leal Cardoso escreve que “em ‘A sombra do Patriarca’ delineia-se também o perfil da escritora comprometida com a história, a partir do ponto de vista feminino, dando voz às personagens que são capazes de subverter os padrões sociais e estruturais e instalar o caos na ordem patriarcal do mundo rural nordestino. Trata-se de um romance muito bem escrito, que apresenta um elenco de personagens diversificado, vivendo em um mundo que parece pertencer tão somente ao patriarca do engenho Fortaleza, o Sr. Ramiro”.

E a professora da UFS continua a narrativa: “O núcleo dramático está centrado na visita que Raquel, sua sobrinha e a protagonista central, faz à fazenda. Chegando lá, a moça se depara com um mundo obscuro e opressor, bastante diferente daquele que conhece na cidade grande, em que a família urbana já se ajustou aos novos papeis que as transformações sócio-econômicas impuseram às mulheres. Dentre essas transformações destaca-se a extensão da instrução a crescentes contingentes femininos, alargando, assim, os horizontes culturais da mulher”.

Comunista e perseguida

Gilfrancisco relata, ainda, em seu artigo que, “como integrante do Partido Comunista, Alina Paim exerceu atividades políticas diversas, tendo convivido durante meses com mulheres dos trabalhadores ferroviários que participaram ativamente da grave da Rede Mineira, de grande repercussão nacional. Por isso sofrendo perseguições e pressões de toda ordem inclusive processo judicial”.

De acordo com a professora Ana Leal Cardoso, a sergipana Alina Paim “é mais um desses casos de escritoras esquecidas pela crítica literária e pelo público em geral. Só recentemente, essa romancista tem sido objeto de estudos no espaço acadêmico da Universidade Federal de Sergipe, graças ao pioneirismo das nossas pesquisas sobre as escritoras sergipanas do século XX, iniciadas no primeiro semestre de 2007”.

Autora da dissertação “O Imaginário da Educação no Romance Estrada da Liberdade, de Alina Paim”, a então mestranda da Universidade Federal de Sergipe, Fabiana dos Santos, conta que a romancista “permaneceu ao lado do psiquiatra Isaías Paim, companheiro e grande incentivador de sua obra literária, por cerca de quase 50 anos, vindo a divorciar-se no final da década de 80. Naquela ocasião, foi morar com Maria Luíza, filha adotiva. Por questões pessoais, transferiu-se para a cidade de Campo Grande (MS), passando a residir com Maria Tereza, filha legítima, até o dia do seu falecimento, em primeiro de março de 2011”.

Os romances de Alina

– A Estrada da Liberdade (1944)

– A sombra do patriarca (1950)

– A hora próxima (1955)

– Sol do meio-dia (1961)

– O círculo (1965)

– O sino e a rosa (1965)

– A chave do mundo (1965)

– Simão Dias (1979)

– A correnteza (1979)

– A sétima vez (1994)

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* É editor do site Destaquenotícias

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segunda-feira, 20 de maio de 2024

Artur Oscar de Oliveira Déda, pensamento e ação


Legenda da foto: Artur Oscar de Oliveira Déda (1932 -2018)

Publicação compartilhada do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 19 de maio de 2024

Artur Oscar de Oliveira Déda, pensamento e ação
 Por Gilfrancisco Santos*

O novo código não é uma obra perfeita. E como toda construção legislativa importante, tem recebido muitas críticas. Não poderia ser diferente. Assim também aconteceu com o velho estatuto, ainda em vigor. Quando ele surgiu, em 1916 alguns diziam que era obra muito avançada para o seu tempo. Outros, ao contrário que ele já nascia velho, em descompasso com a realidade. O certo é que em vista da amplitude da matéria e sua relevância o novo código não poderia colher o aplauso da unanimidade. As críticas mais severas dirigem-se principalmente à construção do Direito de Família.

Filho de José de Carvalho Déda e Maria Acioli Déda, nasceu em Simão Dias (SE) a 2 de março de 1932. Cursou o ginásio no Colégio 2 de Julho (BA) até 1950 e o colegial no Colégio Estadual de Sergipe e no Colégio Central da Bahia. Graduado em Ciências Jurídicas pela Faculdade de Direito de Sergipe, entre (1954-1958), em 1974 fez curso de pós-graduação na mesma instituição de ensino, com especialização em Direito Público e Direito Privado, da qual foi professor da disciplina Direito Civil.

Artur Oscar de Oliveira Déda trabalhou como 3º Oficial de Secretaria da Assembleia Legislativa de Sergipe no ano de 1955, assumindo depois o cargo de chefe dos Anais da Secretaria da mesma Assembleia. Foi Promotor Público substituto na Comarca de Aquidabã, no anos de 1958, e Juiz de Direito das Comarcas de Riachão do Dantas em 1961, Maruim, 1964, Estância, 1968 e, finalmente, da 3ª Vara Cível da Comarca de Aracaju. Em maio de 1975 foi promovido para o Tribunal de Justiça, onde exerceu os cargos de Corregedor Geral (1977-1979), Presidente (1979-1981) e Vice-Presidente. Foi também Presidente do TRE-SE.

Artur Oscar iniciou-se no magistério jurídico em 1969, aposentando-se voluntariamente em 1992, ano em que recebe o título de Professor Emérito pela UFS. Em 11 de agosto de 1982 tomou posse na Cadeira nº 28 da Academia Sergipana de Letras, tendo como fundador o Desembargador Gervásio de Carvalho Prata (1886-1968), sendo saudado pelo acadêmico Luiz Carlos Fontes de Alencar (1933-2016). Em 20 de fevereiro de 2002 aposentou-se do cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe, permanecendo, porém, com a sua atividade cultural na produção de textos, artigos e ensaios em revistas jurídicas e especializadas. Dentre os livros jurídicos publicados figuram: “Questões de Direito Público e Privado” (1992); “A Reparação dos Danos Morais” (2000); “Alienação Fiduciária em Garantia” (2000); “A Prova no Processo Civil” (2006).

Discurso de Recepção na ASL

Recebido na Academia Sergipana de Letras pelo acadêmico Luiz Carlos Fontes de Alencar, em sessão solene realizada no dia 11 de agosto de 1982, no Auditório Governador José Rollemberg Leite, do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe. Artur escreveu outros livros de ficção e crônicas: “História de vários tempos” (2014); “Aconteceu em Santanápolis” (2015) e o romance “Intramuros do Poder” (2017).

Sobre Histórias de Vários Tempos

Desembargador aposentado de alta e meritória atuação na magistratura sergipana, o autor é um velho formador de jovens, professor de várias gerações de advogados, desde a antiga Faculdade de Direito de Sergipe, a vetusta escola da Rua da Frente.

Poder-se-á dizer ainda que o autor é um simão-diense (ou anapolitano, por longa briga), filho do jornalista, escritor, político eloquente e folclorista luminoso, José de Carvalho Deda, autor de Brefaias e Burundangas (folclore sergipano), Formigas de Asas (romance), Simão Dias, Fragmentos de sua história (onde há três Simão Dias e só um deles verdadeiro), e sua senhora Dona Maria Oliveira Deda.

Ainda se poderá dizer que seu nome, Artur Oscar, e de um seu irmão, Carlos Eugênio, lembram passagem da Guerra de Canudos, de generais que pisaram o solo de Senhora Santana no combate à “Guarda Católica”, do hoje santificado Bom Jesus Conselheiro.

Parando com a biografia do autor, antes tenho a declarar, que lhe tenho profunda admiração e ao seu irmão, o advogado Beto Deda, espécie de Cavaleiro Templário, fiel guardião zelador dos arquivos de “A Semana”, jornal simão-diense que precisa ser digitalizado para constituir arquivo de nossa história.

Mas, em “História de Vários Tempos”, é difícil sublinhar o melhor texto entre os oitenta listados por Artur Deda, Como não achar delicioso o texto “Sobre milagres”? Como não ficar feliz em sendo um torcedor derrotado do Club Sportivo Sergipe, saindo cabisbaixo e tristonho do estádio, em choro gerundial compulsivo, e ver que um milagre acontecera, e do pranto surgira o riso com o entorno universal alvirrubro, em euforia arrebentando: “… O pendão alvirrubro a vibrar…”, em pleno fervor como nem o poeta Freire Ribeiro o imaginaria em Troféus e archotes, e no próprio hino do “Bravo clube dos filhos do Norte”?

Que dizer das visitas à Cruz de Bela, e à santinha do Maruim, e do milagre realizado pelo autor “mordido pelo sentimentalismo pequeno burguês”, no dizer de seu mestre Orlando Gomes, e sendo santo, terno e bom, tão milagreiro, quão taumaturgo, igual ao monge menor de Voltaire, exercendo milagraria em terra estranha, em São Paulo, na desvairada Paulicéia, até para confirmar e reafirmar, que é bem mais fácil ser profeta em terra alheia? Como esquecer também da folheira convocação para se comprovar vivo, comezinho e corriqueiro chamamento, de obrigação anual do indivíduo aposentado, peregrinando por repartições, onde não valem o verso e o canto de Roberto Carlos; “Eu existo!… eu existo!… eu existo!…”?  Mas, que é preciso provar, estar vivo “sob as penas da lei”?  E que dizer da labiríntica procura por salas e corredores, como Teseu sem Ariadne e seu fio, na busca a fio do inexistente Departamento de Recursos Humanos, morto e enterrado sem lápide, só porque nas repartições públicas “existe a prática de abreviar tudo, inclusive os direitos e deveres?” Genial! Não?

Odilon Cabral Machado – Jornal do Dia

Eu sou suspeito para falar de um tio, de um irmão de minha mãe. Mas acredito que o estado de Sergipe conhece o talento, o valor intelectual, a trajetória profissional do cidadão Artur Oscar de Oliveira Déda. Para nossa família ele sempre foi uma referência; de cultura, estudo, seriedade, ética, respeito à sociedade, amor pelo estado e dedicação do Brasil. Durante sua vida, como juiz, construiu uma referência, que até hoje é lembrada em toda comunidade jurídica. Agora, na sua aposentadoria, deixou fluir, ainda mais o seu lado intelectual, produzindo crônicas que relatam, não apenas a sua memória, mais também, as suas observações sobre a atualidade.

Marcelo Déda – Governador, IMD, 2012

Homenagem Póstuma

O Desembargado Artur Oscar de Oliveira Déda faleceu na noite de 29 de junho de 2018, aos 86 anos. Estava internado por insuficiência hepática e não resistiu, deixando esposa, Maria Estrela de Aguiar Déda, quatro filhos, sete netos, um bisneto. O sepultamento foi realizado no cemitério Colina da Saudade, em Aracaju.

Com o artigo “Artur Déda, um mestre honrado e de alma generosa na magistratura”, a Revista Judiciarium, TJSE, julho de 2018, presta uma significativa homenagem ao Desembargador Artur Osório de Oliveira Déda:

Eu estava em viagem a São Paulo quando fui informado do falecimento do Desembargador Artur Oscar de Oliveira Déda. Realmente, foi uma notícia que me abalou, mesmo sabendo que a saúde do velho mestre já vinha bastante deteriorada nos últimos tempos.

Muito tem se falado sobre o Desembargador Artur Déda nesses últimos dias e decerto se fala ainda mais. Porém, vieram à tona lembranças do professor, como eu gostava de chama-lo, que para mim são marcantes. Todo profissional sofre a influência de noutros tantos com quem conviveu, e comigo não foi diferente.

Tenho em mim um pouco de vários magistrados com os quais convivi ao longo desses anos de profissão e posso dizer que o professor Déda, dentre os que me influenciaram, foi o meu modelo de magistrado. Seu porte, do aspecto intelectual, à forma de se conduzir no exercício das diversas facetas profissionais, sempre me encantaram.

Tive oportunidade de ser examinado pelo professor Artur Déda durante o meu concurso para ingresso na magistratura e lembro como ele nos fazia sentir à vontade durante a prova oral. Paciente, acolhedor, justo na atribuição das notas.

No exercício da magistratura na segunda instância, era magistral em seus votos ne, como decano, impunha um respeito natural aos seus pares, que se podia sentir no ar quando ele usava da palavra.

Nós, que atuamos em órgão Colegiado, sabemos o quão difícil é se fazer ouvir e levar à reflexão os colegas durante uma discussão jurídica. Ele o fazia com uma naturalidade ímpar. Generoso com os colegas menos experientes, essa era uma das suas marcas.

Eu, particularmente, lembro de que certa feita substitui ao Desembargador Aloisio Abreu (outra grande figura) no ano de 1998 e me vi em apuros, quando em uma sessão da Câmara Civil dois membros me questionavam sobre aspectos do meu voto.

O Desembargador Artur Déda saiu em meu socorro e, com aquele ar tranquilo e professoral, fez uma intervenção dizendo que eu, em verdade, estava discorrendo sobre pontos que ele, sim, expôs brilhantemente, tirando-me daquele sufoco em que um substituto às vezes fica – Só almas generosas são capazes de gestos como aquele.

Elegante no trajar, no porte digno de um ministro de Corte Superior, o professor Artur Déda era dono de um senso de humor britânico, para não falar do seu dom peculiar de bom contador de histórias que acumulou ao longo de uma vida rica de episódios profissionais e pessoais enriquecedores para os seus interlocutores.

Aliás, isso se pode constatar em suas obras ne artigos semanais no Jornal da Cidade, onde discorria com uma leveza e elegância de fazerem igualar aos melhores cronistas do Brasil.

Poderia aqui falar muito mais sobre o meu eterno professor Artur Oscar de Oliveira Déda, mas não seria justo para com outros que poderão melhor descrevê-lo do que este pobre discípulo. Despeço-me, assim, do velho mestre, agradecendo o exemplo de exercício de magistratura e de honradez que trago comigo no mister desta profissão tão bela e tão difícil.

Cezário Siqueira Neto, Presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe (2017-2019)

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*Gilfrancisco é jornalista, escritor, Doutor Honoris Causa concedido pela UFS. Membro do Grupo Plena/CNPq/UFS e do GPCIR/CNPq/UFS gilfrancisco.santos@gmail.com

Texto e imagens reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

quinta-feira, 16 de maio de 2024

Jornalista Osmário Santos morre aos 72 anos. Ele não resistiu ao Parkinson

Publicação compartilhada do site JLPOLÍTICA, de 16 de maio de 2024

Jornalista Osmário Santos morre aos 72 anos. Ele não resistiu ao Parkinson

Por Jozailto Lima (da coluna Aparte) *

"Meu irmão, o jornalista Antonio Osmário Santos,  faleceu hoje as  06h30. O sepultamento dele será às 16 horas na Colina da Saudade, Capela  D".

Este anúncio foi feito logo cedo nesta quinta-feira, 16, pelo professor de Oclusão do curso de Odontologia da UFS - Universidade Federal de Sergipe - e irmão dele, Carlos Neanes, e traz o triste fim de um grande jornalista sergipano.

Até a década de 1990, começo dos anos 2000, Osmário Santos marcou o jornalismo sergipano com um modelo noticioso memorialístico de contar história de grandes figuras da vida do Estado.

O trabalho de pesquisa dele era publicado aos domingos no Jornal da Cidade, quando o JC tinha peso e vida. Ele criou o famoso bordão Eapois!

Tomado pelo Mal de Parkison, Osmário Santos foi aos poucos saindo de cena e conviveu com a doença por mais de 20 anos, até não resistir a ela na manhã desta quinta.

Osmário Santos tinha 72 anos - nasceu em seis de janeiro de 1952 - e deixa dois filhos - Lina e Paulo. A família informa que o velório dele se iniciará logo mais ao meio dia no Colina da Saudade.

Osmário Santos: se encerra aqui uma luta contra o Parkison

* É jornalista há 40 anos, poeta e fundador do Portal JLPolítica. Colaboração/Tatianne Melo.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica com br/colunas

Morre o jornalista Osmário Santos

Foto: Alese

Publicação compartilhada do jornal CORREIO DE SERGIPE, de 16 de maio de 2024 

Corpo do jornalista Osmário Santos será velado no cemitério Colina da Saudade

Da redação, AJN1

O jornalista Osmário Santos, de 72 anos, morreu na manhã desta quinta-feira (16), em sua residência em Aracaju, em decorrência de complicações do Alzheimer. O velório está previsto para acontecer a partir das 11h no Colina da Saudade, onde vai acontecer o sepultamento às 16h. Osmário deixa dois filhos.

Osmário fez história no jornalismo sergipano, se destacando como um dos colunista sociais mais influentes. Por muitos anos, assinou uma coluna Jornal da Cidade e do Portal Infonet. Ele também foi um dos primeiros jornalista de Sergipe s ter um site próprio.

Como escritor, publicou os livros “Oxente! essa é a nova gente” e “Memórias de políticos de Sergipe no século XX”.

Osmário foi um idealizadores do projeto “Aracaju de Tototó, evento ambientalista que tinha como foco chamar a atenção para a necessidade de se preservar o Rio Sergipe, um dos mais importantes do estado. Pequenas embarcações saíam do bairro Inácio Barbosa, das imediações do Bar do Cajueiro, e passeavam pelas águas dos Rios Poxim e Sergipe sempre no aniversário da capital.

Por questões de saúde, Osmário estava afastado do jornalismo há vários anos. Além do Alzheimer, em 2021, ele foi hospitalizado após sofrer um acidente vascular cerebral (AVC), seguido de um derrame pleural.

Repercussão

O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, usou as redes sociais para lamentar a morte do jornalista. “Com tristeza, recebi a notícia sobre o falecimento do jornalista e escritor Osmário Santos, aos 72 anos. Um dos mais influentes nomes do colunismo social sergipano, Osmário assinou, por muitos anos, colunas no Jornal da Cidade e no Portal Infonet. Ao longo da sua trajetória de sucesso, também foi um dos comunicadores pioneiros em Sergipe a ter o seu próprio site de notícias. Como escritor, publicou os livros “Oxente! essa é a nova gente” e “Memórias de políticos de Sergipe no século XX”. Ele também foi o idealizador do famoso passeio de tototó que, por muitos anos, marcou o aniversário da nossa capital e que contou com o nosso apoio em várias edições. Aos familiares e amigos, desejo os meus sinceros sentimentos e peço que Deus conforte os seus corações.”

“Foi com pesar que recebi a notícia do falecimento de Osmário Santos. O jornalista sergipano escreveu e fez história, sendo um dos colunistas mais influentes desde os anos 70. Que a passagem terrena de Osmário seja inesquecível nos corações de todos e que Deus o receba”, postou o governador Fábio Mitidieri em sua conta no X, antigo Twitter.

O senador Rogério Carvalho também usou as redes sociais para lamentar o ocorrido. “A notícia do falecimento do jornalista Osmário Santos deixa um vazio na imprensa e cultura de Sergipe. Sua trajetória será sempre lembrada com carinho e respeito por todos nós. Nossos sentimentos à família e amigos neste momento difícil.”

“Recebi, com muita tristeza, a notícia do falecimento de Osmario Santos, aos 72 anos. Jornalista e escritor, deixa um legado na comunicação sergipana. Aos familiares, amigos e colegas, minhas sinceras condolências e solidariedade nesse momento de dor.”, disse a vereadora Emilia Correa.

“Lamento profundamente o falecimento de Osmário Santos, ícone do jornalismo sergipano. Pioneiro e autor de obras marcantes, Osmário contribuiu imensamente para o jornalismo local. Sua ausência será sentida por todos nós. Meus sentimentos à família e amigos”, disse o ex-deputado André Moura.

A deputada federal Katarina Feitosa se solidarizou com a família e lembrou da importância do jornalista. “Amanhecemos com a triste notícia do falecimento do jornalista Osmário Santos, um dos pioneiros como colunista em nosso estado, além de escritor e idealizador do “Passeio de Tototó”. Meus sinceros sentimentos à família e aos amigos.”

Texto reproduzido do site: ajn1 com br/urbano