sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Maria Feliciana, a sergipana famosa por sua altura

 Foto: Arquivo UNIT.

Assuíres, Feliciana e Ozanito.
Foto: Arquivo Pessoal.

Jornal Gaúcho em matéria da jogadora Maria Feliciana.
Foto: Mairon Hothon.

Foto: Mairon Hothon

Publicado originalmente pelo blog Em Pauta UFS, em 03/12/2009.

Um destaque para Sergipe.

Famosa por sua altura, Maria Feliciana representou o Estado em diversos lugares. Foi das glórias, como mulher mais alta do mundo, para as necessidades pelas quais passa hoje.

Por: Mairon Hothon

Uma mulher humilde e muito receptiva, essa foi à impressão que tive após a conversa com Maria Feliciana. A famosa mulher, conhecida no Brasil inteiro por sua altura, relembrou marcantes momentos de sua vida, abriu seu arquivo pessoal de jornais e fotos e com saudade, relembra por onde passou e contou dos prêmios que conquistara. Representou o menor estado do Brasil em diversos níveis da fama. Hoje aos 63 anos, Feliciana se vê esquecida pelas autoridades locais, mas não perde as esperanças de conseguir um patrocínio para reformar sua casa. Com certeza, essa é a história de uma pessoa que foi da apoteose da fama para as reais necessidades por qual passa atualmente.

Maria Feliciana nasceu no dia 27 de maio de 1946, no município de Amparo de São Francisco. Filha única, seu pai medindo cerca de 2,40cm e sua mãe com estatura normal, eram muito pobres e por isso ela se viu na necessidade de começar a trabalhar, na roça, logo cedo para ajudar sua família. Sua infância e adolescência foram muito sofridas. Com 16 anos vem à Aracaju e encontra Josa, o “vaqueiro do sertão” – figura também marcante no cenário sergipano, que a introduz na vida circense. Chega a ir, na companhia de Dominguinhos e Luis Gonzaga, para São Paulo para participar do Programa de Calouros de Silvio Santos, e “Hora da Buzina” do apresentador Chacrinha onde ganha a faixa Rainha das Alturas como mulher mais alta do Brasil.

Ganhou muitos prêmios, dentre eles não só o da mulher mais alta do Brasil bem como o da mulher mais alta do mundo por seus 2,25cm. Chamada para jogar num time de basquete, da cidade de Porto Alegre, passou dois meses trazendo vitórias ao time. “Eu tirava e colocava a bola da cesta, fácil, fácil”, contou Feliciana. E esse fato chamou tanto à atenção, que ela foi convidada para jogar até nos Estados Unidos. Apresentou-se em muitos shows, como em circos, cinema, TV e touradas. Recebeu homenagem do Governador do Rio de Janeiro, Negrão de Lima. Aos 27 anos, casa-se com o locutor Assuíres José dos Santos, de sua cidade natal. Com ele tem três filhos.

Após o casamento, se separa do companheiro Josa, e começa a andar primeiramente com a dupla sertaneja Ozana e Ozanito, que depois de um tempo decidiram se tornar crentes e deixaram a carreira musical, e depois com Adauto e Adailto. Insta relatar também que nessa mesma época sua fama já estava bem conhecida por todo o país. “Sempre levei o nome de Sergipe, pelos lugares por onde passei”. Todavia uma gravidade começava a nascer, seu problema nos pés, que a fez aos poucos desacelerar seu ritmo de shows. Em 1998, seu esposo morre em um acidente de carro, na estrada que ia para Umbaúba. E é a partir desse acontecido que as limitações de Maria Feliciana começam a ofuscar seu brilho.

Hoje em dia Maria Feliciana ainda recebe homenagens e continua a representar o Estado. Em 2008, a equipe jornalística do Globo Repórter, em matéria sobre hormônios do crescimento a destacou. Em visita ao Estado, reportaram sobre a situação que ela vive, sobre o acervo que o Memorial de Sergipe guarda dela, como a faixa do Programa do Chacrinha e a estátua alusiva. Bem como o edifício Estado de Sergipe, construído em 1970 pelo então governador Lourival Baptista, mas que só é conhecido como Edifício Maria Feliciana por ser o maior do Estado.

E Maria também é lembrada na literatura através do livro: A Rainha Feliciana (livro baseado na história de Maria Feliciana) da escritora Jeane Caldas Hora. Para G. de Aguiar, seu pseudônimo, o mais interessante na história foi “relatar a vida de uma nordestina iletrada que atingiu o ápice do sucesso em nível nacional e também por ela ter trabalhado com Dominguinhos e Luiz Gonzaga”. Para G. de Aguiar o trabalho foi fácil, pois a “Rainha das Alturas” permitiu livre acesso aos documentos pessoais, e desta experiência ela tira uma lição: sempre lutar pelos sonhos. A escritora destaca a dificuldade em publicar o livro: falta de patrocínio.

Feliciana muito se emocionou ao relembrar sua trajetória e relata: “Não sei
do que seria de mim, se não fosse minha altura”. Se sente desprezada e esquecida pelas autoridades locais que não a ajudam nessa fase de sua vida. “Não quero viver no luxo, só quero um banheiro decente, que eu possa entrar.” “Também não quero que me homenageie só quando eu morrer” relata o destaque sergipano que passa por necessidades.

Texto e imagem reproduzidos do site: empautaufs.wordpress.com

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