segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Biografia de Leandro Maynard Maciel

Foto reproduzida do site: harpyaleiloes.com.br e postada pelo blog
"SERGIPE, sua terra e sua gente", para ilustrar o presente artigo.

Nome: MACIEL, Leandro

Nome Completo: LEANDRO MAYNARD MACIEL

Tipo: BIOGRAFICO

*const. 1934; sen. SE 1935-1937; const. 1946; dep. fed. SE 1946-1955; gov. SE 1955-1959; sen. SE 1967-1975.

Leandro Maynard Maciel nasceu em Rosário do Catete (SE) em 8 de dezembro de 1897, filho de Leandro Ribeiro de Siqueira Maciel e de Ana Maynard Maciel. O pai, abastado senhor de engenho em Sergipe, foi político militante desde 1871, tendo sido, durante o Império, diversas vezes deputado provincial e deputado-geral; após a proclamação da República (15/11/1889), foi deputado por Alagoas à Constituinte de 1891 e à primeira legislatura do Congresso Nacional (1891-1893), além de senador por Sergipe (1894-1902).

Fez os estudos primários e secundários no Colégio Salesiano de Aracaju e nos colégios Spencer e dos Irmãos Maristas, em Salvador. Ainda estudante, influenciado pela figura de Rui Barbosa, tomou parte, na capital baiana, da Campanha Civilista, movimento que promoveu, entre agosto de 1909 e março de 1910, a candidatura de Rui Barbosa à presidência da República em oposição à do marechal Hermes da Fonseca, afinal eleito no pleito de março de 1910.

Aluno do curso de engenharia da Escola Politécnica da Bahia, representou sua faculdade no Congresso dos Estudantes de Engenharia, realizado no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Ao terminar o curso, em março de 1922, apresentou uma tese que foi depois incorporada ao levantamento de um dos grandes problemas nacionais: O aproveitamento do potencial hidráulico do rio São Francisco na garganta de Paulo Afonso.

Recém-formado, ingressou nos quadros do Ministério de Viação e Obras Públicas, sendo designado para exercer suas funções na Paraíba. Ali trabalhou nas obras do porto da cidade da Paraíba, atual João Pessoa, capital do estado. Transferido para o Rio de Janeiro, trabalhou no Departamento de Portos, Rios e Canais.

Ingressou na política em 1926, com a chegada de Ciro Franklin de Azevedo à presidência de Sergipe. Com a morte deste, em 1927, assumiu o governo o coronel Manuel Correia Dantas, presidente da Assembleia Legislativa, a quem se ligou politicamente, ocupando em seu governo o cargo de diretor do Departamento de Obras Públicas do estado. Em 1929 filiou-se ao Partido Republicano (PR) de Sergipe e candidatou-se a deputado federal nas eleições de maio de 1930, sendo eleito com o apoio da Coligação Democrática Sergipana.

Em 3 de outubro de 1930 estalou a revolução. No dia 14, o capitão Juarez Távora, à frente dos revolucionários vindos da Paraíba, ocupou o estado de Sergipe e depôs o presidente Correia Dantas. Assumiu o governo o primeiro-tenente Eronides Ferreira de Carvalho, que ainda antes do final do ano foi substituído pelo capitão Augusto Maynard Gomes, nomeado interventor federal pelos chefes revolucionários. Leandro Maciel manteve o cargo de diretor de Obras Públicas do novo governo.

Em maio de 1933, elegeu-se deputado por Sergipe à Assembleia Nacional Constituinte na legenda do Partido Social Democrático (PSD) de seu estado, tomando posse em novembro do mesmo ano. Promulgada a nova Constituição em 16 de julho de 1934 e eleito, no dia seguinte, o presidente constitucional da República, Getúlio Vargas, até então chefe do Governo Provisório, os deputados constituintes tiveram os mandatos prorrogados até maio de 1935. Nas eleições de outubro de 1934, Leandro Maciel elegeu-se deputado federal na mesma legenda para a primeira legislatura ordinária após a Constituinte. Entretanto, com a instalação da Assembleia sergipana no início de 1935, foi eleito indiretamente senador por seu estado. Preferindo exercer o mandato no Senado, abriu mão de sua cadeira na Câmara dos Deputados. Com o golpe do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, que fechou todos os órgãos legislativos vigentes no país, teve porém o mandato de senador interrompido.

Na UDN

Em abril de 1945, foi criada a União Democrática Nacional (UDN), partido que nasceu da campanha pela redemocratização do país e que reuniu as forças políticas contrárias ao presidente Getúlio Vargas. Filiando-se à UDN, Leandro Maciel participou da primeira reunião de seu diretório nacional, realizada no dia 21, quando foram nomeadas as comissões para a elaboração do primeiro projeto de estatuto do novo partido. Coube-lhe participar da comissão incumbida do estudo dos problemas estaduais e municipais.

Em 29 de outubro desse ano, Getúlio Vargas foi deposto pelos chefes militares. No pleito de dezembro, Leandro Maciel elegeu-se deputado por Sergipe à Assembleia Nacional Constituinte, na legenda da UDN. Empossado em 19 de fevereiro de 1946, participou dos trabalhos constituintes e, após a promulgação da nova Carta (18/9/1946), passou a exercer mandato legislativo ordinário. Em 1948, foi eleito membro da Comissão de Obras Públicas e membro da Comissão Especial da Bacia do Rio São Francisco, na Câmara dos Deputados.

Em outubro de 1950, reelegeu-se deputado federal, sempre na legenda da UDN, para o período legislativo de 1951-1955. Nesse mesmo ano, concorreu pela UDN ao governo de seu estado, sendo derrotado por Arnaldo Rollemberg Garcez, lançado pelo PSD e pelo Partido Republicano (PR). Como deputado federal por Sergipe, canalizou verbas para seu estado, destinadas a obras de construção de açudes, estradas de rodagens, hospitais e escolas, e à aquisição de máquinas e geradores elétricos para diversos municípios.

Em outubro de 1954, venceu as eleições para governador de seu estado, na legenda da UDN e com o apoio do Partido Social Progressista (PSP), do Partido Social Trabalhista (PST) e do Partido Trabalhista Nacional (PTN), vencendo Edélzio Vieira de Melo, candidato do PSD. Deixando a Câmara em janeiro de 1955, assumiu o governo em fevereiro, tendo como vice-governador o médico José Machado de Sousa, que o substituiu de março a junho desse ano. Nesse período viajou ao Rio de Janeiro a fim de tratar de interesses do estado, ligados à usina hidrelétrica de Paulo Afonso, cuja expansão até Sergipe pleiteava.

Durante sua administração, realizou a dragagem e desobstrução do porto de Aracaju e a construção de mais de trezentos quilômetros de estradas de rodagem. Reconstruiu a rede de distribuição de energia elétrica e reformou o sistema de abastecimento de água do estado. Restaurou o palácio Olímpio de Campos ou das Secretarias, destinado ao funcionamento dos vários órgãos do governo, e vários edifícios e escolas públicas, inaugurando em fevereiro de 1958 o Instituto de Educação Rui Barbosa, em Aracaju. Concluiu e inaugurou igualmente o aeroporto de Santa Maria, também na capital estadual. Instituiu, finalmente, o sistema de mesas-redondas para debater assuntos de interesse público e obter maiores esclarecimentos sobre os vários problemas do estado. Findo o seu governo, passou o cargo, em 31 de janeiro de 1959, a Luís Garcia.

Em novembro de 1959, seu nome foi apresentado à convenção nacional da UDN como candidato à vice-presidência da República na chapa de Jânio Quadros. Nessa ocasião, derrotou o deputado Fernando Ferrari. Todavia, em abril de 1960, renunciou à candidatura, sendo substituído, em julho, por Mílton Campos.

Em fevereiro de 1961, foi nomeado presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), por Jânio Quadros, que então iniciava seu governo. À frente dessa autarquia federal, modificou o Plano do Álcool, fixando preços para o produto adquirido pelo instituto, modificando a sistemática de entrega do álcool às companhias de gasolina e estabelecendo a obrigatoriedade de as usinas receberem, para a produção de álcool direto, a mesma percentagem fixada para a produção do açúcar. Regulamentou ainda o pagamento de canas fornecidas às usinas associadas a cooperativas centralizadoras de vendas e alterou as datas de início e fim de safra de alguns estados do Nordeste. Extinguiu o Serviço Especial de Requisição e Destilação de Aguardente e criou a Divisão de Exportação do IAA, por decreto de 22 de junho de 1961. Em setembro de 1961, após a posse do vice-presidente João-Goulart na presidência da República em virtude da renúncia de Jânio Quadros (25/8/1961), deixou a presidência do IAA, sendo substituído, em caráter interino, pelo vice-presidente do instituto, Eduardo Rios Filho.

Em outubro de 1962, lançado pela UDN e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), voltou a concorrer ao governo de Sergipe, sendo, contudo, derrotado por João Seixas Dória, candidato do PSD e do Partido Republicano Trabalhista (PRT).

Na Arena

Com a dissolução dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2, de 27 de outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação criada em abril de 1966, formada pelas forças políticas ligadas ao movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart.

Em novembro de 1966, elegeu-se senador por Sergipe, na legenda da Arena. Nesse pleito derrotou o industrial Oviedo Teixeira, candidato do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar, e pai do deputado José Carlos Teixeira, presidente do diretório regional daquele partido em Sergipe. Durante seu mandato, iniciado em fevereiro de 1967, foi presidente da Comissão de Transportes, Comunicações e Obras Públicas, vice-presidente da Comissão de Redação, membro da Comissão de Finanças e Economia, e da Comissão de Minas e Energia, além de suplente das comissões de Indústria e Comércio, do Polígono das Secas, de Agricultura, de Justiça de Ajustes Internacionais, de Legislação sobre Energia Atômica e de Serviço Público Civil.

Concorrendo novamente às eleições de novembro de 1974 para o Senado na legenda arenista, não conseguiu reeleger-se, sendo derrotado por João Gilvan Rocha, do MDB. Ao terminar seu mandato de senador em fevereiro de 1975, retirou-se da vida política.

No exercício da vida pública, foi ainda fiscal do Serviço de Águas e Esgotos de Aracaju, diretor da Companhia de Serviços de Luz e Força de Sergipe (Energipe) e presidente das Usinas Nacionais.
Faleceu em Aracaju no dia 14 de julho de 1984.

Era casado com Marina de Albuquerque Maciel, filha de Otacílio de Albuquerque, médico, jornalista e político paraibano, que foi deputado estadual e federal e senador pela Paraíba (1923), e um dos articuladores no Nordeste do movimento revolucionário de 1930.


FONTES: ARQ. PÚBL. EST. SE; ASSEMB. NAC. CONST. 1934. Anais; BANDEIRA, L. 24; Boletim Min. Trab. (5/36); CÂM. DEP. Deputados; CÂM. DEP. Relação dos dep.; CISNEIROS, A. Parlamentares; COSTA, M. Cronologia; Diário do Congresso Nacional; Encic. Mirador; FRANCO, A. Escalada; FUND. GETULIO VARGAS. Cronologia da Assembléia; GODINHO, V. Constituintes; Grande encic. Delta; Jornal do Brasil (9/3/60, 27/7 e 16/10/66); LACERDA, C. Depoimento; NABUCO, C. Vida; NÉRI, S. 16; OLIVEIRA, H. Presidentes; Perfil (1972); PINTO, L. Pequenos; SENADO. Anais (1935); SENADO. Dados; SENADO. Dados biográficos (1974); SENADO. Endereços; SENADO. Relação; SILVA, G. Constituinte; WYNNE, J. História.

Texto reproduzido do site: fgv.br/cpdoc/acervo

Nenhum comentário:

Postar um comentário