Publicado originalmente na Linha do Tempo, do Perfil do
Facebook de JORGE CARVALHO DO NASCIMENTO, em 6 de maio de 2021
Por Jorge Carvalho do Nascimento
Eu, meus irmãos e minhas irmãs não quisemos realizar o
sonho do meu pai. Antônio Ferreira do Nascimento foi mestre de obras e desejou
ardorosamente que um dos filhos abraçasse a Engenharia Civil como profissão.
Felipe Nascimento Garcia Moreno, 33 anos de idade, meu sobrinho, morreu hoje
levado pela Covid 19.
Coube a Felipe realizar o sonho do meu pai, seu avô. Tem
seis anos que colou grau em Engenharia Civil e vinha construindo sua carreira
profissional com responsabilidade, muito trabalho e solidez. Tem dois anos que
casou com Lícia, advogada, leve, profissional que ajuda seus pais a gerenciar
os negócios da família. Juntos, Felipe e Lícia, trabalhavam e construíam a
vida, cheios de planos para o futuro.
Meu pai já não vivia quando Felipe recebeu o seu diploma
de Engenheiro Civil, mas ele sempre dedicou ao avô a obtenção do título na
profissão com a qual passou a vida sonhando. Era alegre, bem humorado e
extremamente responsável. Cuidava não apenas de si, mas era uma espécie de
gestor da vida da sua mãe e do seu irmão, Igor.
Mesmo casado ajudava minha irmã Denise a cuidar das coisas
do dia-a-dia. Era uma espécie de pai que sempre tinha uma palavra doce para
com o meu sobrinho Igor. Nas reuniões de família era uma personalidade que
liderava as conversas e atraía os primos e os tios para perto de si, pela
leveza da sua conversa, pelo senso de humor e pela capacidade de ser expansivo.
Pena. Vivemos em um país no qual o chefe de Estado disse no
início da pandemia que tudo isto não passava de uma gripezinha, que reiteradas
vezes retardou a compra de vacinas, e somente comprou efetivamente depois que o
ministro Ricardo Lewandovski, do STF, deu prazo para que o governo federal
apresentasse um plano nacional de vacinação.
Até quando os jovens filhos do Brasil continuarão a morrer
em face desta desídia e a enlutar as suas famílias? Espero que minha irmã
Denise, meu sobrinho Igor, sua mulher (agora viúva) Lícia, meus irmãos, meus
sobrinhos encontrem a paz interior que necessitam para digerir a perda de
Felipe.
Em mim fica a indignação, a revolta, o nojo para com a
política conduzida pelo chefe de governo brasileiro e para com a pessoa desse
mesmo chefe que num dado momento, confrontado com as mortes dos brasileiros,
respondeu desdenhosamente de modo desrespeitoso: “E daí? Não sou coveiro”.
Até quando teremos de suportar este senhor?
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Jorge Carvalho Do Nascimento
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