domingo, 9 de maio de 2021

'Adeus ao meu sobrinho Felipe', por Jorge Carvalho do Nascimento

Publicado originalmente na Linha do Tempo, do Perfil do Facebook de JORGE CARVALHO DO NASCIMENTO, em 6 de maio de 2021

Adeus ao meu sobrinho Felipe
Por Jorge Carvalho do Nascimento

Eu, meus irmãos e minhas irmãs não quisemos realizar o sonho do meu pai. Antônio Ferreira do Nascimento foi mestre de obras e desejou ardorosamente que um dos filhos abraçasse a Engenharia Civil como profissão. Felipe Nascimento Garcia Moreno, 33 anos de idade, meu sobrinho, morreu hoje levado pela Covid 19.

Coube a Felipe realizar o sonho do meu pai, seu avô. Tem seis anos que colou grau em Engenharia Civil e vinha construindo sua carreira profissional com responsabilidade, muito trabalho e solidez. Tem dois anos que casou com Lícia, advogada, leve, profissional que ajuda seus pais a gerenciar os negócios da família. Juntos, Felipe e Lícia, trabalhavam e construíam a vida, cheios de planos para o futuro.

Meu pai já não vivia quando Felipe recebeu o seu diploma de Engenheiro Civil, mas ele sempre dedicou ao avô a obtenção do título na profissão com a qual passou a vida sonhando. Era alegre, bem humorado e extremamente responsável. Cuidava não apenas de si, mas era uma espécie de gestor da vida da sua mãe e do seu irmão, Igor.

Mesmo casado ajudava minha irmã Denise a cuidar das coisas do dia-a-dia. Era uma espécie de pai que sempre tinha uma palavra doce para com o meu sobrinho Igor. Nas reuniões de família era uma personalidade que liderava as conversas e atraía os primos e os tios para perto de si, pela leveza da sua conversa, pelo senso de humor e pela capacidade de ser expansivo.

Pena. Vivemos em um país no qual o chefe de Estado disse no início da pandemia que tudo isto não passava de uma gripezinha, que reiteradas vezes retardou a compra de vacinas, e somente comprou efetivamente depois que o ministro Ricardo Lewandovski, do STF, deu prazo para que o governo federal apresentasse um plano nacional de vacinação.

Até quando os jovens filhos do Brasil continuarão a morrer em face desta desídia e a enlutar as suas famílias? Espero que minha irmã Denise, meu sobrinho Igor, sua mulher (agora viúva) Lícia, meus irmãos, meus sobrinhos encontrem a paz interior que necessitam para digerir a perda de Felipe.

Em mim fica a indignação, a revolta, o nojo para com a política conduzida pelo chefe de governo brasileiro e para com a pessoa desse mesmo chefe que num dado momento, confrontado com as mortes dos brasileiros, respondeu desdenhosamente de modo desrespeitoso: “E daí? Não sou coveiro”. Até quando teremos de suportar este senhor?

Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Jorge Carvalho Do Nascimento

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