Legenda da foto: Petrônio Gomes, em foto reproduzida de vídeo
no Facebook/Memória do Rádio Sergipano e postada aqui pelo blog, para ilustrar o
presente artigo.
Publicação compartilhada da Linha do Tempo do Perfil do
Facebook de Paulo Roberto Dantas Brandão, em 22 de maio de 2021.
Por Paulo Roberto Dantas Brandão.
Conheci Petrônio Gomes desde que me entendo por gente. Primeiro porque fui colega de Denise, sua
filha 03, por toda a minha vida escolar.
Fomos colegas no Educandário Brasília do Curso Infantil ao 4º ano. Depois fomos para o GA onde permanecemos
colegas até o 3º ano Colegial.
Continuamos amigos até hoje, e sempre estamos em contato, principalmente
pela WhatsApp, ocasionalmente por telefone e algumas vezes na reuniões dos
colegas.
Já Seu Petrônio, como o chamava, era colega do meu pai no
Banco do Brasil. Num dos seus livros,
José Conde Brandão, meu pai, é citado como um dos graduados, da Casa Grande,
como ele chamava o banco. E Petrônio diz
que Seu Brandão era um dos gemados, como chamam nas casernas os oficiais
superiores. Tá bom, soube por ele dessa
graduação de meu pai.
Seu Brandão gostava de contar histórias sobre seus colegas
de banco, e um dos atores mais frequentes desses “causos” era Petrônio
Gomes. Histórias deliciosas sobre a sua
impaciência com perguntas impertinentes, e um mau humor que seria crônico (mas
que eu nunca observei na prática). Das
mil histórias contadas acho que a maioria era pura invenção dos seus colegas. Mas suas respostas sobre perguntas idiotas
eram folclóricas. Uma vez ele me
confirmou que pelo menos uma delas seria verdadeira. Ele estava de mudanças, com os móveis em um
caminhão, quando um incauto perguntou se ele estava de mudança. “Não! Estou colocando os móveis para
passear”.
Sempre ouvíamos seus programas na Radio Cultura, pois meu
pai era seu ouvinte assíduo. Depois, já
muito depois, eu editor da Gazeta, ele me consultou se poderia publicar seus
artigos. Ora, claro que sim, e com muita
honra. Diverti-me uma vez com um artigo
seu. Havia um prefeito numa cidade do
interior da Bahia fronteira com Sergipe, que foi assassinado, num caso de
pistolagem. O nome do camarada era
exatamente Petrônio Gomes. Seu Petrônio
foi rápido. Escreveu um artigo lá na
Gazeta dizendo “Não sou eu”. Li antes de
publicar, e morri de rir.
Um dia encontrei por acaso Seu Petrônio numa vídeo locadora
que frequentava, lá nos tempos dos videocassetes. Deparamo-nos acidentalmente em frente a uma
estante repleta das novidades. Ele já
estava com uma pilha de fitas nas mãos.
Eu cometi o desplante de dar minha opinião de cinéfilo bissexto querendo
ensinar padre nosso a vigário: “Seu Petrônio eu gostei desse aqui. Esse outro eu não gostei. Esse é muito bom. Aquele ali apreciei muito”. Quando vi, ele tinha devolvido todos os que
estavam nas mãos, e apanhava todos os que eu teria achado bons. Fiquei aflito: “Seu Petrônio, gosto é como
umbigo, cada um tem o seu. Vai que o
Senhor não goste desses filmes, e vai ficar com raiva de mim”. Ele me tranquilizou, e nunca reclamou. Deve ter gostado. Mas fiquei muito tempo preocupado.
Quando meu pai morreu, eu escrevi um artigo dizendo das
coisas que me lembrava. Uma delas era
ter assistido ao filme Gunga Din, no seu colo, quando era bem criança. E nunca mais tinha visto o filme. Ele fez um artigo emocionante, e
prontificou-se a colocar uma fita do seu arquivo a minha disposição. Não precisou.
Assisti pelo YouTube o lançamento do livro de Lilian Gomes
Rocha, a filha 04, sobre seu pai, Petrônio Gomes. Foi brilhante e recheado de emoções. Teve a participação
do jornalista Luciano Correia, e da própria filha de Lilian. Eu pensava que só eu era fã de Seu Petrônio,
mas vi que a legião é grande. Vou ler o
livro, e certamente me emocionar.
Texto reproduzido do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão
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