sábado, 8 de janeiro de 2022

'O até breve de Luiz Soutelo', por Igor Salmeron

Legenda/Crédito da foto: arquivo G1 SE - reproduzida do site g1.globo.com e postada pelo blog 


Texto publicado originalmente no site AJN 1, em 5 de janeiro de 2022 


O até breve de Luiz Soutelo 

Por Igor Salmeron 


No último dia 03.01.2022, Sergipe fica órfão de um dos seus mais conspícuos intelectuais, Luiz Fernando Ribeiro Soutelo nos deixou aos 73 anos de idade. Nascido no Rio de Janeiro num dia 15 de junho do ano 1949, se criou na cidade sergipana de Santa Luzia do Itanhy, donde desfrutou de lúdica meninice. Passou depois a residir em Aracaju, cujos pais eram Seu Antônio Ribeiro Soutello, este de Santa Luzia e Dona Maria Luíza Ribeiro Soutello, vinda de Estância, figuras que o nortearam no mundo. 


O ano de 1935 marca a finalização do seu ginasial no Rio de Janeiro, depois prestando vestibular para Engenharia. Em 1952 passam a residir na célebre Fazenda Castelo, em Santa Luzia do Itanhy. A rotina da família se localizava na usina, enquanto Soutelo aprendia com sua avó materna o ABC. Estudou de maneira posterior na Escola Antônio Vieira, depois indo morar em Estância, onde prosseguiu no Instituto Dom Quirino, sendo nesse tempo amigo próximo do admirado médico Dr. Paulo Amado, figura referencial na atividade médica sergipana. 


Soutelo veio para Aracaju fazer o exame de qualificação, permanecendo. Frequentou o Ginásio de Aplicação, antiga Faculdade Católica de Sergipe, na Rua de Campos. Seu talento pendia para o Direito, mas resolveu fazer economia. A fagulha para que ingressasse na seara cultural se deu quando esteve a frente do jornalzinho do mural do Aplicação, aperfeiçoando suas atividades como redator. O ano de 1965 demarca seu ingresso no Colégio Atheneu, local em que fez o curso clássico. 


Luiz Soutelo nesse efervescente tempo foi membro destacado da Arcádia Estudantil do Colégio Estadual de Sergipe, ocupando a cadeira que tinha como patrono Joaquim Nabuco. Esteve no grupo que foi responsável por originar a Associação Sergipana de Cultura. Essa entidade promovia fecundas atividades culturais, das quais podemos enfatizar a primeira exposição de Adalto Machado. 


Entrou para a primeira turma de economia no ano de 1968 na Universidade Federal de Sergipe. Estagiou no CONDESE. Em 1969 trabalhou na Prefeitura de Aracaju, desempenhando função de oficial de gabinete do então prefeito Aloísio Campos, até o ano de 1970 que foi o período no qual esteve no Palácio do Governo, na Casa Civil. Foi Secretário de Imprensa no Governo Paulo Menezes em 1971, se originando aí sua marca indelével como cerimonialista dos mais brilhantes. 


É importante mencionar que nessa área de cerimonial Soutelo é paradigma. No Governo Djenal Queiroz em 1982, Soutelo atuou como chefe de gabinete do Secretário de Indústria e Comércio. Trabalhou em diversos governos, e ainda labutou com Luís Antônio Barreto, na Fundação Joaquim Nabuco. 


Sergipanidade tem em Soutelo um dos seus mais lancinantes estandartes. Entre 1972 e 1973 foi economista da antiga Telergipe. Ingressou no Conselho de Cultura no ano de 1974 convidado por Urbano de Oliveira Neto, permanecendo até 1980. Foi Presidente do referido Conselho Estadual de Cultura entre os anos de 1979 a 1986, e no ano de 2015 participou da derradeira administração João Alves Filho na Prefeitura. 


Figura ímpar na Academia Sergipana de Letras desde a década de 70, tornou-se seu notável membro em 1985. Sócio do Instituto Histórico de longeva data, Soutelo deixa legado de pesquisas mais que relevantes sobre a História de Sergipe. Conclui-se que Soutelo não nos dá adeus, mas sim um até breve pois permanece vivo pelo seu insigne legado intelectivo e na ambiência da memória coletiva sergipana. 


Texto reproduzido do site: ajn1.com.br 

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