sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Livro: "Jenner Augusto - Vida e Obra"

 Jenner Augusto (Foto  reproduzida do site: nordestebrasileiro.tumblr.com).

Obra Flagelados.
Fotos para ilustração de artigo, postadas por MTéSERGIPE.
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Livro “Jenner Augusto - Vida e Obra”.
Produção do livro e textos são de Mário Britto e do neto do artista o marchand Zeca Fernandes que também organizou...
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Publicado originalmente no site da Tribuna da Bahia, em 04/06/2012.

Jenner Augusto - vida e obra.
Por Fernando Freitas Pinto*

(...) Jenner nasceu em Sergipe, mas vivenciou a Bahia com entusiasmo, deixando um acervo grandioso com uma bela memória artística de grande valor, ficando assim imortalizado em suas obras. Jenner faleceu aos 78 anos de idade em março de 2003. Suas pinturas se destacam pelas pinceladas coloridas e luminosas nos trabalhos figurativos, abstratos e nos desenhos com caneta de feltro e nanquim, revelando sensibilidade, criatividade e técnica apurada.

Fez sua primeira exposição em Sergipe no ano de 1945. Fixando residência em Salvador, passou a trabalhar no atelier de Mario Cravo Jr, em 1950 fez sua primeira exposição na Bahia, quando integrou a mostra “Novos Artistas Baianos”, no Instituto Histórico e Geográfico da Bahia.

Participou do 1º Salão Baiano de Belas Artes e em 1952, realizou ampla mostra na Galeria Oxumaré com pinturas e desenhos, além de um grande mural no Centro educacional Carneiro Ribeiro, denominado “A Evolução do Homem”.

Ainda em Salvador, realizou grandes exposições individuais no Museu de Arte Moderna, no Escritório de Arte da Bahia, na Atrivum Galeria de Arte e no Espaço de Arte Jenner, criado em sua homenagem no ano de 1994, além de um currículo invejável. Expos nos Estados Unidos, Itália, Holanda, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, Portugal e em importantes cidades brasileiras.

Tem dezenas de catálogos e importantes livros que registram a sua vida e obra, a exemplo de “Jenner – A Arte Moderna na Bahia” de Roberto Pontual em 1974, “Jenner” de Bruno Furrer, “Jenner Augusto Desenhos”, em 2003, organizado por Claudius Portugal, e “Jenner da Natureza em Busca da Cor” editado pelo Palacete das Artes Rodin Bahia.

Nesse belo livro, com mais de 300 folhas, que acaba de ser lançado sobre a vida e obra de Jenner, tem duas centenas de fotografias de desenhos, pinturas e do artista com amigos e familiares. Têm depoimentos de Jorge Amado, Carlos Drummond de Andrade, Guel Silveira, Christine Gleiny, Ana Maria Medina, Ana Leonor Brandão, Mario Britto, Carlos Britto, Heloisa Galdino, Cesar Britto, Aglaé D’Ávila, Leonardo Alencar e Carlos Cauê. 


Cito um trecho do escrito do saudoso Jorge Amado sobre a obra de Jenner: “... Jenner Augusto, nascido na pobreza, resultante do latifúndio no pequeno Estado de Sergipe, fez-se artista na Bahia, pioneiro na arte moderna, pintor de suas paisagens e de sua realidade de beleza em longo, duro e incansável trabalho, sente-se uma qualidade brasileira, marca original que lhe dá uma presença no tempo e no espaço, que a torna inconfundível: pintura de Jenner Augusto e de nenhum outro pintor, não é a cópia da pintura europeia, nem a imitação de algum mestre; é um pintor brasileiro, amadurecido em sua experiência humana e artística, pintando com as cores de sua terra, com o jeito de sua vida nacional, com a preocupação de seus problemas, com os sentimentos de seu povo. Jenner Augusto, jovem mestre de nossa jovem pintura.

Desse pintor há que dizer ter ele construído a matéria de sua vela e poderosa arte com o céu, o mar e a terra brasileira e com a dor, e sofrimento e a esperança de seu povo. A paisagem quase mágica da Bahia, a vida se afirmando sobre a lama dos Alagados – a cidade de palafita e de miséria onde os homens comprovam sua capacidade de sobreviver e de marchar adiante mesmo em meio às mais terríveis condições -, eis a força desse moço vindo dos poços da humildade para o esplendor de uma luz que é de nosso sol e é também do coração dilacerado do artista.

Poucos artistas no Brasil com tão clara consciência de sua responsabilidade, de seu comprometimento e de sua dignidade criadora. Poucos com tão rica e pesada carga de vida e com tamanha força para transpô-la para o plano de arte e transformá-la em mensagem do mais puro humanismo.”

*Fernando Freitas Pinto é artista plástico e professor da UFBA.

Trecho reproduzido do site: tribunadabahia.com.br

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