Foto reproduzida do Facebook/Micheline Silva e
postada pelo blog 'SERGIPE, sua terra e sua gente'.
Texto publicado originalmente no Facebook/Paulo Roberto
Dantas Brandão, em 21/02/2018.
Tadeuzinho e o Elo Fusível
Por Paulo Roberto Dantas Brandão
Em 1995 eu era presidente da Energipe, então empresa
estatal. Belo dia entra esbaforido em minha sala Adalberto Moura, grande
figura, que era Diretor de Distribuição da empresa. Nem me cumprimentou e foi
logo dizendo: “Paulo! Vou parar a manutenção da rede na cidade. Não tem elo
fusível, acabou o estoque e ninguém toma providência”.
Ao que lembrava elo fusível era um fiozinho que como o nome
dizia serve de fusível, e devia custar menos de R$ 1,00 a unidade. Pedi
explicações, etc., e fiquei mais furioso que meu amigo Adalberto. Rumei para o
Suprimento, que funcionava onde hoje é a sede da Energisa. Exonerei logo os
responsáveis de suas funções. Telefonei para todo mundo que conhecia no
comércio que podia fornecer emergencialmente o material. Em menos de uma hora
tinha resolvido a crise.
Chamei meu amigo de infância Tadeu Monteiro, o Tadeuzinho, e
o nomeei chefe do suprimento. Na presença dele reuni todo mundo não só do
suprimento, do almoxarifado, da licitação, mas quem mais tivesse por perto. E
disparei: “No dia que faltar elo fusível, ou um material desses, podem trazer
suas carteiras do trabalho. Trago a segurança, cerco isso aqui, e demito todo
mundo”. Eu tava uma fera, e dei vazão a todo o meu eu autoritário. Só sei que
assustei meio mundo.
Uma semana depois, aplacada a raiva, resolvi ver como
Tadeuzinho estava se saindo lá no Suprimento. Cheguei de surpresa. Na sua sala,
pendurado em um lugar de honra, estava um “elo fusível”. Perguntei o que era
aquilo, e porque aquele material estava pendurado ali, ele se explicou: “Em
primeiro lugar eu comprei esse aí com meu dinheiro. Em segundo lugar está aí
para não esquecer. Todo dia que chego aqui a primeira coisa que faço é checar o
estoque de elo fusível. Tá doido, eu nunca vi você tão brabo”.
Lembrei desse episódio ontem, no enterro de meu amigo
Tadeuzinho. Ainda estou chocado. Quero fugir do lugar comum, mas o mundo será
menos alegre sem ele.
Texto reproduzido do Facebook/ Paulo Roberto Dantas Brandão.
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