sábado, 22 de agosto de 2020

"Raymundo Juliano Souto dos Santos, nosso pai, acordou para a outra vida"

Pai e filho: uma imagem de afeto que sempre seguiu estes dois 
nos caminhos da vida e dos negócios

Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 21 de agosto de 2020

Opinião - Raymundo Juliano Souto dos Santos, nosso pai, acordou para a outra vida   
 
Por Juliano Cesar Faria Souto * (da coluna APARTE)

Um hábito herdado de minha mãe, que consegui colocar em prática, foi o da leitura noturna. Na insone noite deste 20 para 21 agosto, estava eu lendo o famoso clássico da literatura mundial “Guerra e Paz”, de Liev Tolstoi (1828-1910) - alguns chamam-no de Leon Tolstoi - e, para minha surpresa, dentre as suas mais de 3 mil páginas, deparei-me exatamente às 3 horas da madrugada, na de número 1.173, com uma descrição do que é a morte na visão do personagem do príncipe russo Andrei.

Tomo aqui a liberdade de transcrever trechos do texto do Tolstoi: “Amor? O que é o amor? O amor atrapalha a morte. O amor é a vida. Tudo existe só porque eu amo. O amor é Deus, e morrer significa que eu, uma partícula de amor, vou voltar para a fonte universal e eterna”. 

Em sonho, o príncipe Andrei se vê num quarto rodeado de pessoas com os mais diversos afazeres e discutindo assuntos supérfluos. Aos poucos, as pessoas começam a desaparecer e tudo é substituído por uma só pergunta a respeito do fechamento de uma porta.

Andrei tenta fechá-la e “tudo” certamente depende de ele conseguir deter aquela porta. Ele emprega todas as suas forças físicas e ali está a metáfora do temor, do medo da morte: atrás da porta está “aquilo”. Aquela coisa, empurrando do outro lado, começa a abrir a porta.

Não é algo humano empurrando. Na pena livre de Tolstoi, é a morte que força a porta. Andrei agarra a porta, com suas últimas energias, e ela abre e fecha. Por fim, as duas partes da porta se abrem sem fazer ruído. Finalmente, “aquilo” entrou. E “aquilo” é a morte, essa senhora rigorosamente democrática.

Então, o príncipe Andrei conclui laconicamente: “Sim, era a morte. Eu morri - eu acordei. Sim, a morte é um despertar”. A ideia se acendeu de repente e a cortina, que até então ocultava o desconhecido, foi erguida diante de seu olhar espiritual.

Naquela leveza que não o abandonou mais a partir de então, ele sentiu como que uma libertação de energias antes presas dentro dele.

Esta cena, com a qual Tolstoi ritualiza a passagem desta para uma outra vida em seu “Guerra e Paz”, me acode solenemente nesta hora em que meu pai, Raymundo Juliano Souto dos Santos - 8 de julho de 1932/21 de agosto de 2020 - faz o “despertar” dele.

Nosso pai “acordou”, na figura de imagem do russo da minha leitura noturna herdada da minha mãe. Triste? Se há algo que pode nos confortar em tal momento esse algo é a certeza, clara, como o balançar de uma cortina, da existência da eternidade.

Sim, a certeza de uma eternidade que pode ser sentida nas lembranças, nos atos e nas lições dos grandes homens que nos deixam, como acaba de fazer o nosso pai. No caso dele, como gostava de frisar, foram “88 anos negociando e fazendo amigos”.

Aliás, essa herança de Seu Raymundo Juliano Souto dos Santos me permite até uma correção: gente como nosso pai jamais nos deixará com esse seu “despertar” de hoje. Porque, e de novo recorro ao romance russo, “morrer significa que eu, uma partícula de amor, vou voltar para a fonte universal e eterna”. Seu Raymundo Juliano inicia hoje a sua volta.

* Nesta hora, juntamente com mais Cynthia Faria Souto e Ana Suely Souto Teles, é apenas um filho de Raymundo Juliano Souto dos Santos! Vindo da cidade de São Paulo, o corpo do empresário Raymundo Juliano chegará às 17h no Aeroporto de Aracaju e de lá seguirá diretamente para o Cemitério Santa Isabel. Organizado pela Fecomércio, um cortejo de empresários deve seguir em automóveis o corpo até cemitério.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br

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