sábado, 20 de dezembro de 2025

"José Silvério Leite Fontes, a paixão pela história", por Gilfrancisco





Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 11 de dezembro de 2025

José Silvério Leite Fontes, a paixão pela história
Por Gilfrancisco*

Intelectual sergipano, conhecido por sua atuação como jurista, professor, historiador, escritor, além de professor da Universidade Federal de Sergipe – UFS, José Silvério Leite Fontes (1925-2005), nome de referência para estudiosos e pesquisadores. Participou de diversos congressos científicos de História, Filosofia e Direito, escreveu muito, com competência e profundidade, sua produção intelectual é apresentada em diversas áreas do saber.

Silvério Fontes completa 100 anos e uma série de eventos em sua homenagem foram programados:

A Ordem, dos Advogados do Brasil – Seccional Sergipe (OAB/SE), realizou em 8 de maio um Colóquio e Exposição em Homenagem ao Centenário de Silvério Fontes. O Colóquio aconteceu no Plenário da OAB/SE, promovendo um debate sobre a trajetória de José Silvério Leite Fontes e sua rica contribuição política, social e cultural para o Estado de Sergipe. Em seguida foi aberta a Exposição Itinerante, que permanecerá até dezembro do centenário, apresentando por meio de fotos, registros e objetos pessoais da família, em fim a história do professor, jurista e historiador.

O volume 2, nº 55/2025 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, apresentou quatro artigos escritos por professores: Magno Francisco de Jesus (Como obra de arte, cheia de beleza: o pensamento católico nos fazeres histórico gráficos de José Silvério Leite Fontes); Ibaré Costa Dantas (Minha convivência com o professor José Silvério Fontes); João Mouzart de Oliveira Júnior e Ana Carolina Fontes Mendes (Professor intelectual Silvério Fontes: 100 anos de memória, legado e saberes que moldaram gerações) e finalizando com Pedro Abelardo de Santana e José Vieira da Cruz, ambos organizadores da edição (Silvério Fontes: intelectual, humanista e cristão, 1925-2015).

Longa Caminhada

Filho de Silvério da Silveira Fontes, proprietário de uma salina na área de Socorro e Iracema Leite Fontes.  José Silvério Leite Fontes, nasceu em Aracaju, a 6 de abril de 1925. Batizado na mesma data do nascimento um ano depois, tendo como padrinhos João Junqueira Leite, tendo passado a procuração ao dr. Garcia Rosa e Celuta Fontes. Silvério tinha dois irmãos mais velhos, Cândida Maria Leite Fontes e Jorge Henrique Leite Fontes, fruto do casal.

Em 1932 fez a primeira comunhão com o padre Gervásio, na igreja Stº Antônio. Aos sete anos ingressa no Colégio Tobias Barreto, que mantinha segmento militar. Em 1940 fez o primeiro ano complementar no Colégio Atheneu Sergipense e no ano seguinte cursava o segundo ano complementar no Colégio da Bahia. Presta vestibular e aos 17 anos torna-se acadêmico da Faculdade de Direito da Bahia e conclui o curso em 1946.

Influência

Após estudar no Tobias Barreto, o secundário e concluir a primeira série complementar no Atheneu Sergipense, segue para Salvador e matricula-se no curso complementar do Ginásio da Bahia. Foi nesse período que José Silvério Leite Fontes despertou para a cultura, apesar de anteriormente ter sido tomado pela história, estimulado pelas aulas do professor e poeta Artur Fortes (1881-1944). Mas sem dúvida, foi o professor Herbert Paranhos Fortes (1897-1953) integralista e médico, formado em 1923, que nasce esse novo desejo:

O professor Herbert Paranhos Fortes contribuiu de duas maneiras: primeiro ele foi meu professor de História da Filosofia e Sociologia e a Filosofia.

Segundo, porque ele fazia uma apologia frequente do cristianismo nas aulas. Ele misturava o ensino da disciplina com a apologética cristã, no bom sentido da palavra. De modo que Herbert Paranhos Fortes teve para mim uma grande importância.

Depois na Faculdade de Direito, admirei sobretudo o professor Orlando Gomes, pois seu método de ensino e a sua capacidade de analisar os institutos jurídicos não apenas no aspecto de formação legal, mas também aprofundando a noção de cada instituto, a razão de ser de cada um deles.

Foram esses pontos iniciais da minha formação. Ao retornar a Aracaju, ingressei na Ação Católica, pois já fizera parte dela na Bahia, na juventude Universitária Católica. [1]

A Volta

Retornando à Aracaju na qualidade de bacharel em ciências jurídica, afirma ele em uma de suas entrevistas:

Não advoguei logo, inscrevi-me na Ordem dos Advogados em 1952 ou 1953. Não tinha entusiasmo pela advocacia. Gostava de ensinar.

Foi dessa forma que Silvério Fontes inicia as suas atividades no magistério. Por intermédio de José Rollemberg Leite, aceita convite para ser professor interino na Escola Normal, sendo efetivado anos depois através de concurso. Foi professor da Escola de Comércio, lecionando a disciplina Economia Política, na Escola Normal e no Atheneu, lecionando História do Brasil. Em 1962 ingressa na Escola Técnica Federal de Sergipe e logo em seguida, participa da fundação da Faculdade de Filosofia de Sergipe.

Foi secretário particular do Governador José Rollemberg Leite (1947-1951). Diretor do Colégio Estadual Atheneu Sergipense, na gestão do Governo João Seixas Dória (1917-2012       ), tendo-se exonerado do cargo antes do Golpe de 1964. Silvério exerceu os cargos de Procurador-Geral da Universidade Federal de Sergipe e Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, secção Sergipe, Sócio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e membro da Academia Sergipana de Letras.

Casamento

José Silvério Leite Fontes casa-se em 1954 com Elza da Silveira Fontes e juntos tiveram sete filhos: Luiz Carlos da Silveira Fontes (1955); Maria Ângela da Silveira Fontes (1956); Paulo Henrique da Silveira Fontes (1957); Ana Letícia da Silveira Fontes (1958); Rosa Myriam da Silveira Fontes (1960); Hélio José da Silveira Fontes (1963) e Mônica Maria da Silveira Fontes (1967).

Primeiras Teses

Segundo Silvério Fontes:

A primeira foi Jackson de Figueiredo, com a finalidade de concorrer à cátedra de História do Brasil na Escola Normal. Escolhi Jackson de Figueiredo porque era um líder católico sergipano, embora já naquela época eu não me afinasse tanto com seu pensamento propriamente dito, mas a sua personalidade que era incomum, merecia ser analisada.

Depois outra tese foi com um nome complicado: Formação do conceito de fato histórico na cultura ocidental, para concorrer à cátedra de História do Colégio Estadual de Sergipe. Nessa época publiquei quatro conferências: sobre Leão Blay personalidade religiosa, sobre Jacques Maritain, e a última intitulada Lutas Militares no Prata.

A terceira tese, “Quatro diretrizes de historiografia brasileira contemporânea, (Livre Docência) de 1975, revela o autor:

O interessante é que as Quatro diretrizes historiográficas não são todas de historiadores, porque as pessoas estudadas foram Darcy Ribeiro, antropólogo; Florestan Fernandes, sociólogo; Caio Prado Junior, historiador e economista; e Nelson Werneck Sodré, historiador, todos ligados ao marxismo. [2]

A Cruzada ouve líderes

Em 1951 A Cruzado (SE), procurou ouvir a palavra de dois dos maiores líderes católicos, sobre o último ano da vida social e religiosa de Sergipe: José Silvério Leite Fontes e Manoel Cabral Machado. Vejamos o que diz Silvério Fontes:

Que acha do ano que passou, para Sergipe do ponto de vista social ?

Silvério Fontes – Assistimos ao contínuo desenvolvimento das obras de assistência social. O SAME conseguiu prosseguir em sua atividade benfazeja. O governo Estadual, por seu lado assistencial, sobretudo no plano sanitário a qual já deu início. Nota-se, entretanto, que em Sergipe há grande dispersão de obras, que assim se em pequecem, pela exiguidade dos recursos. Demais, falta-lhes coordenação. Também se observa que essas instituições se ressentem da insuficiência, no Estado, de elementos para organizarem o Serviço Social.

E, em nosso Estado, dificuldades de ordem social se agravam dia a dia. Continuam a subir os preços. O espírito burguês mostra-se impotente para solucionar a crise, antes a agrava pela inversão de valores que lhe é própria. Necessário, pois, que se encaminhem as reformas de base. Infelizmente, a configuração social e política do país, o estado de espírito das classes dominantes, não as permitem no momento.

E o ponto de vista religioso ?

Silvério Fontes – Quando comparamos a atual situação religiosa de Sergipe, com a de quinze anos atrás, damos graças a Deus. Éramos um povo indiferente laicista e anticlerical. A igreja recebia, apenas, as horarias de praxe, despojadas do seu conteúdo.

De então até hoje, passou um sopro de renovação. Há ainda inimigos ativos, mas a indiferença se está esvaindo.

No ano em curso, notamos, sobretudo, a transformação dos nossos meios intelectuais. Vários elementos de real valor exprimiram, publicamente, sua adesão à Igreja. Também à Faculdade Católica de Filosofia é uma realidade promissora. Cabe ressaltar ainda a posição de A Cruzada, esclarecendo a consciência católica sobre os problemas do dia. Houve um aspecto do movimento religioso em 1951, especialmente grato a Deus e a Igreja: o impulso crescente da renovação litúrgica. Multiplicaram-se as nossas dialogadas, os mistérios divinos foram abertos ao povo, cuidando-se, realisticamente, de adequar essa divulgação às condições psicológicas. Daí missas para homens, para crianças, etc.

Pouco a pouco se vai firmando uma mentalidade cristã inspirada na Liturgia, que, por conseguinte, é mais autêntica.

Noto apenas que há muita dificuldade de penetração na massa popular. O povo, embora radicalmente cristão, precisa de consciência mais esclarecida. Creio que os maiores obstáculos advêm dos defeitos da formação dos que poderiam dar início a um movimento popular. (…) [3]

Prisão

Informa a Tribuna da Imprensa, edição de 11 de dezembro de 1952, do Rio de Janeiro:

Aracaju – Por motivo de sua recente prisão o Centro Acadêmico e Democrático de Sergipe, transmite sua solidariedade ao ilustre e combativo jornalista, cuja pena está a serviço da grande luta contra a corrupção e a deturpação do regime democrático. Atenciosas saudações. Dr. Lucilio Costa Pinto, presidente; dr. José Silvério Leite Fonte, secretário, e dr. José Bonifácio Fortes Neto, tesoureiro.

Conforme O Jornal – órgão dos Diários Associados (RJ), informa está praticamente desarticulado o movimento comunista na zona rural do Nordeste (Alagoas e Sergipe), pois se encontrava em Alagoas o inspetor Jair de Souza Martins que apresentou um volumoso relatório ao delegado Brandão Filho, chefe da Divisão de Ordem Política e Social – DOPS, sobre os movimentos e articulações dos comunistas em quase todos os Estado do Norte e Nordeste. Na época da publicação desta Nota, não pode ser divulgada maiores informações secretas, em virtude do poder repressivo surpreende-los com a Operação, pois intencionava desbaratar de maneira definitiva toda articulação das células comunistas.

Prisões em Sergipe

Agora acabam de regressar de Sergipe o tenente Ávila e o escrivão do Departamento Federal de Segurança Pública que ali foram para orientar o processo movido contra os comunistas.

O inquérito foi presidido pelo comandante da guarnição de Aracaju, tendo sido efetuado nada menos de 60 prisões, além de terem sido tomadas outras providências, visando evitar novas articulações. O tenente Ávila fez também substancioso relatório, apresentando uma cópia a Divisão de Ordem Política e Social e outra ao Serviço Secreto do Exército. 

Também este relatório é mantido em sigilo, sabendo-se, no entanto, que contém informações de grande valor sobre as atividades vermelhas no Estado. [4]

A ficha de José Silvério Leite Fontes, (Projeto Memórias Reveladas, Dossiês/DOPS), emitida pela Secretaria de Ordem Pública e Social, é de 1965, pois o identifica com 40 anos, advogado e professor, casado, residindo na rua Santa Luzia. Sem foto nem impressões digitais.

Durante a repressão militar (1964) o regime autoritário enviou a Universidade Federal de Sergipe (Luiz Bispo, Reitor durante o período de 1972-1976), ofícios (AI) solicitando informações sobre professores ou alunos, que não se enquadravam nas propostas do regime de exceção. Encaminhado sempre ao Magnifico Reitor, solicitou por várias vezes informações sobre as atividades do Professor José Silvério Leite Fontes.

Atendendo ao Pedido de busca nº 11/75-SI/01- DSI/MEC/71, datado de 17.9.1975, ASI/UFSE – Informação nº 47/75:

De acordo com o documento anexo o epigrafado foi enquadrado nos artigos 13 e 17 da Lei de Segurança Nacional e artigo 201 e 202 do Código Penal.

Entretanto o Professor José Silvério Leite Fontes é homem estudioso e conhece a matéria que leciona, cumpre os horários a que está obrigado na Universidade, é excessivamente rigoroso na avaliação da aprendizagem e é respeitado por seus colegas e alunos.

Homem de personalidade forte, defende suas opiniões com intransigência.

Pelos jornais locais tomamos conhecimento que foi eleito recentemente para 2º Vice-Presidente do Diretório Estadual do Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

É candidato a reeleição como membro da Federação Internacional dos Trabalhadores em Estabelecimento de Ensino (FITEE), no Rio de Janeiro. [5]

Congresso de Nova Friburgo

O IX Congresso Nacional dos Jornalistas da cidade de Nova Friburgo (RS), foi proveitoso para a unidade da classe jornalística do Brasil. Mostrou que os homens de imprensa do país se entendem perfeitamente na defesa dos ideais por uma imprensa livre, responsável, democrática e plenamente a serviço dos interesses do país.

O jornalista José Silvério Leite Fontes compareceu ao Congresso, que reuniu cerca de 400 jornalistas, chefiando a Delegação de Sergipe, nos dias de 21 a 27 de setembro de 1961. Segundo Silvério Fontes o conclave teve na pessoa do seu presidente, o jornalista carioca Jeferson Ávila, seu grande êxito:

Entre as proposições aprovadas destacou a indicação da Delegação de Sergipe, pleiteando do Governo o restabelecimento do câmbio privilegiado para importação do papel de imprensa, o que “virá trazer benefícios imediatos à imprensa, principalmente aos jornais que lutam com maiores sacrifícios”. [6]

O jornalista João Oliva Alves Redator-Chefe de A Cruzada, reparou que no Congresso os maiores oradores do plenário eram os do Norte, que levavam sempre à discussão através de moções e indicação, assuntos de interesses nacional ou regional:

Os do Sul era mais estritamente específico em relação às finalidades do Congresso procurando focalizar quase que exclusivamente os problemas da classe jornalística. Referiu-se também à organização do conclave, louvando no seu Presidente jornalista Jeferson Ávila.

Academia Sergipana de Letras

Em 7 de julho de 1969, José Silvério Leite Fontes, assume a cadeira nº 5 (patrono, Prado Montes Pires da Franca) da Academia Sergipana de Letras, em substituição ao fundador Dom Antônio dos Santos Cabral e saudado pelo poeta amigo Freire Ribeiro:

(…) Em corporação semelhante, no âmbito da província sergipana, sou hoje recebido por aqueles que me escolheram para ser de seus pares. E recebido numa cerimônia que reflete uma das praxes seculares da instituição, praxe começada em 1640, por Patru. Os primeiros sentimentos que experimento são de contentamento e alegria por permitirem, de tão ilustre ompanhi8a, manter com seus membros conversações espirituais, partilhar com ele reflexões sobre os problemas do ser, da sociedade e da arte, e juntos trabalharmos pelo aprimoramento das letras e do saber. Sou, por isso, especialmente reconhecido aqueles acadêmicos que me encorajam na apresentação da candidatura.  Também a todos os que sufragaram o meu nome, considerando-me digno e bom companheiro. Aos demais, se não tenho por que agradecer, manifesto respeito pelo ponto de vista que desposaram e espero com todos convivência boa e produtiva.

Confesso ser motivo de particular satisfação merecer a honrosa saudação de entrada dos lábios de Freire Ribeiro. Agora confrade, mas de muito tempo amigo e vizinho. Na rua Sta. Luzia, é a residência de Freire Ribeiro uma pequena academia de letras e artes. Pelo menos, preenche tais funções. Lá se reúnem poetas, músicos e pintores para os colóquios do espírito e ara publicar suas obras num círculo seleto.

Quando minhas tarefas o permitem, tenho a felicidade de estar presente, embora numa presença muda e contemplativa, pois não sou poeta, nem outra arte cultivo. Sirvo-me das letras, da melhor maneira que posso, como veículos de pensamento e convites à ação e ao aperfeiçoamento da personalidade. Mas admiro os desprendidos das exigências concretas e cujos sonhos e cantos tocam nas fibras do existente. Em Freire, vejo diariamente uma pessoa que vive para verter em vasos de beleza as suas instituições. Admiro-lhe a fluência e om colorido, assim como a vivacidade, alternada de melancolia, de comunhão de corações. [7]

Palavras do poeta Freire Ribeiro

Sobre Silvério Fontes, em certo trecho da Oração disse o poeta Freire Ribeiro quando o recebeu na Academia Sergipana de Letras:

O professor José Silvério Leite Fontes – aqui nascido, ali em “Santo Antônio”, junto à residência do inesquecível poeta Garcia Rosa: (Garcia, amigo – irmão do Dr. Silvério – via d’olhos risonhos, Silverinho no berço do nascimento, em 6 de abril de 1924) candidatou-se, em 1958, à cadeira de História Geral do Colégio Estadual de Sergipe “Formação de fato histórico na cultura Ocidental”, foi a tese apresentada para o concurso à douta congregação desse estabelecimento cultural que muito honra Sergipe. Noventa e oito páginas em que o professor Silvério põe a lume os seus conhecimentos no vasto campo da História, – espelho que reflete o homem nos caminhos do tempo nas jornadas da glória, e da morte. – Trabalho profundo. Passam aos nossos olhos nessa tese brilhante, à vida humana pelo espírito, as contribuições da antiguidade oriental, da hebraica-cristã, da Greco romana, de espírito Germânico, da idade média, média posterior, renascimento, século XVII, o iluminismo inglês, francês e alemão; do século XIX, tendência romântica e realista. Mostrou-nos ainda o douto conterrâneo, a fonte inesgotável dos seus conhecimentos nas citações em que alicerça tão empolgante trabalho através de noventa e quatro obras de autores de renome mundial, consultados e relidos. Trabalho de fôlego que não desmente as tradições do pensamento. Sergipano, fulgindo no seio da cultura do continente. [8]

Centro de Ação Democrática

Esse manifesto ao povo Sergipano, foi assinado por vários intelectuais, em 22 de outubro de 1952. Vejamos alguns:  Lucílio Costa Pinto, José Bonifácio Fortes Neto, Rosalvo José Calasans, José Silvério Leite Fontes, José Amado Nascimento, João Seixas Dória, José de Campos, Manoel Cabral Machado, Antônio Garcia Filho e outros:

Os abaixo-firmados vêm expor ao público sergipano algumas considerações sobre problemas da nossa comunidade, que julgam merecedoras da mais acurada atenção, ao tempo em que desejam exprimir seus propósitos de bem servir a Sergipe, esboçando neste Manifesto as linhas gerais, da conduta que pretendem assumir:

Todo cidadão sente os male da nossa vida pública: política, econômica e social. Percebe, primeiramente, a corrupção dos costumes, que a tudo invade, embora nosso Estado seja ainda dos menos atingidos pela terrível praga. No fundo dessa decomposição moral está um particularismo sem freios, que põe como única realidade o indivíduo. As posições políticas, econômicas e sociais são procuradas para servir ao egoísmo avassalador e demoníaco. A sede desmesurada de conforto, poder e glória não repugna o uso dos meios mais infames, como sejam: o suborno, a venalidade, a violência, o desrespeito à vida a deslealdade, a mentira, a exploração dos vícios, etc. (…) [9]

Morte (1925-2005)

Silvério Fontes foi sepultado no final da tarde do dia 6 de dezembro de 2005, no cemitério Santa Izabel. O corpo do professor, 80 anos, que morreu às 6 horas, no Hospital São Lucas, por conta das complicações causadas pelo diabetes, doença com a qual convivia desde os 18 anos de idade. Antes de ser sepultado, o corpo de José Silvério Leite Fontes, foi levado na casa da família, localizada na Avenida Augusto Maynard. Em seguida, foi levado para a sede da Ordem dos Advogados do Brasil, secção Sergipe e depois para a Academia Sergipana de Letras – ASL, instituições que estiveram intimamente ligadas.

Diversas pessoas foram se despedir do intelectual, , entre elas a professora Maria Thétis Nunes (1923-2009) que disse sobre o colega amigo:

Estudamos juntos no Atheneu Sergipense durante o antigo curso complementar. Depois fomos colegas de pensionato na Bahia, durante a fase da universidade. Mais tarde nos reencontramos no Atheneu Sergipense desta vez como professores. Fomos fundadores da Faculdade Católica de Filosofia, em 1951, e também colegas na Universidade Federal de Sergipe, pois ensinamos no Departamento de História. Antes tive a honra de ter sido recebida na Academia Sergipana de Letras por ele. Foi Silvério Fonte quem leu as honrarias de boas-vindas para mim naquela casa. [10]

Luiz Carlos seu filho, registra também algumas palavras saudosas:

Meu pai era uma pessoa que não se afastava do caminho da ética, tanto na vida pessoal quanto na pública, por isso sempre será uma pessoa importante para o Estado.    [11]

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*Gilfrancisco é jornalista, escritor, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Sergipe, Membro do Grupo Plena/CNPq/UFS, do GPCIR/CNPq/UFS e do Clic – grupo de pesquisa – Crítica Literária e Identidade Cultural. gilfrancisco.santos@gmail.com

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[1] A paixão pela história, José Silvério (Entrevista). Aracaju, Arte & Palavra, pg. 4-5

[2] A paixão pela história, José Silvério (Entrevista). Aracaju, Arte & Palavra, pg. 4-5

[3] A Cruzada. Aracaju, nº 732, 25 de dezembro de 1951

[4] O Jornal. Rio de Janeiro, nº 10.018, de 1º de janeiro de 1953.

[5] Documento em papel timbrado da UFS, assinado e carimbado pela Ass. Esp. de Segurança e Informação.

[6] A Cruzada. Aracaju, nº 1.222, 7 de outubro de 1961.

[7] Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju, maio, nº 24, 1974

[8] Revista da Academia Sergipana de Letras. Aracaju, maio, nº 24, 1974.

[9] A Ordem. Rio de Janeiro, 1953 pg. (53-55)

[10] Jornal da Cidade. Aracaju,7 de dezembro de 2005.

[11] Jornal da Cidade. Aracaju,7 de dezembro de 2005.

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Texto e imagens reproduzidos do site: destaquenoticias com br

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